6 Ora, como recebestes
Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele,
7 nele radicados, e edificados,
e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças.
8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com
sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo (Cl 2.6-8).
Introdução
Já imaginou uma árvore
frondosa sem raízes? Seu destino é o chão no primeiro vendaval. A força e a
sustentação de uma árvore estão na raiz, que devem estar aprofundadas, não
superficiais e esparsas. Esta é uma metáfora que se encaixa muito bem na vida
cristã. Como uma árvore, se não aprofundarmos nossas raízes seremos derrubados
da fé no primeiro vendaval que surgir na vida. E para não cair da fé nos
momentos de tribulação é necessário estar firme, fortalecido e sustentado.
Lembra da parábola do
semeador? Ela nos faz lembrar da importância das raízes. A que caiu à beira do
caminho nem chegou a nascer, pois foi devorada pelas aves (nem teve a
oportunidade de enraizar); a que caiu em solo rochoso nasceu e logo morreu,
isso porque não pôde aprofundar as suas raízes por causa das pedras; a que caiu
entre os espinhos também nasceram, mas logo morreram sufocadas pelos espinhos
(por fatores externos ao das raízes, mas que provavelmente impediram sua
ramificação). Somente vigorou aquela que caiu e nasceu em boa terra. Por quê?
Porque foi a única que aprofundou as suas raízes.
E qual é a função das
raízes? As raízes têm três funções primárias. A primeira é para dar fixação da
planta ao solo, a segunda é absorção de água com sais minerais dissolvidos e
por último a acumulação de substâncias de reserva. O texto acima nos fala de
como devemos estar radicados em Jesus, edificados em sua Palavra para sermos
aprovados na fé. Em nosso estudo vamos fazer uma analogia entre as funções das
raízes em relação a vida cristã e abordaremos sobre a importância de estarmos
radicados em Cristo.
1
– A FUNÇÃO DA RAIZ É DAR SUSTENTAÇÃO
As raízes que se espalham a
partir da base do tronco estendem-se em todas as direções, prendendo, assim, a planta
ao solo. As raízes de uma árvore, em geral, estão estruturadas na mesma
forma que os galhos, as raízes mais grossas irradiam para fora da base do
tronco, depois bifurcam regularmente e terminam em aglomerados de raízes finas
nas pontas. Uma árvore com suas raízes bem fixadas e profundas não cai na tempestade.
Ela suporta o vento e todas as intempéries contra ela. Na parábola do semeador
temos dois exemplos da importância da sustentação das raízes:
A) Exemplo da semente que
caiu em solo rochoso
A Bíblia assim descreve
sobre ela:
5 Outra parte caiu em solo
rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra.
6 Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque
não tinha raiz, secou-se Mt 13 5,6).
E Jesus explica o seu significado:
13 A que caiu sobre a pedra
são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz,
crêem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam (Mt 13.13).
Não aprofundaram as suas
raízes e a falta de raízes provocou a sua morte. A semente no terreno rochoso
possuía raízes, porém superficiais. Ela nasceu alegre e radiante, mas logo
morreu. E por que morreu? Porque não desenvolveu raízes. É aquele cristão que ouve
a Palavra de Deus, aceita a salvação em Cristo e começa a frequentar com
assiduidade e alegria a igreja. Porém, ele não aprofunda as suas raízes e o que
acontece com o passar do tempo? O clima ameno passa e a seca atinge com força
esta plantinha que não se preparou para o clima seco. E debaixo de um sol escaldante
e impelida por fortes ventos, ela não suporta e morre porque as suas raízes
eram superficiais, ou seja, abandona a fé e deixa de frequentar a igreja.
Como uma planta nascida no
terreno pedregoso, um novo convertido sem aprofundamento na Palavra de Deus,
diante do primeiro problema vai se esquecer de toda alegria inicial e se
desviar da fé. Isso acontece porque muitos cristãos acham que Jesus é como a
lenda do gênio da lâmpada mágica que atende a todos os nossos desejos e nos dá
tudo que pedimos. Logo ele percebe que a fé não é a base do troca-troca: Eu
creio em Ti, eu te adoro e em troca o Senhor me abençoa com uma vida tranquila
e próspera. Depressa ele se decepciona e o Diabo é especialista em lançar e
trabalhar as decepções de nosso coração.
B) Exemplo da semente que
caiu em boa terra
A Bíblia assim descreve
sobre esta semente:
8 Outra, enfim, caiu em boa
terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um (Mt 13.8).
E Jesus explica o
significado desta alusão:
15 A que caiu na boa terra
são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes
frutificam com perseverança (Mt 13.15).
Esta não morreu e até
frutificou porque atendeu com agrado ao convite de Deus. A semente que caiu em
boa terra foi a única que não morreu e chegou a frutificar e a amadurecer o seu
fruto. Por quê? Qual foi o seu segredo? As suas raízes! Esta semente nasceu,
cresceu e aprofundou na terra as suas raízes e por causa disso pôde suportar os
vendavais. Quando chegou os momentos de tribulação ela não desistiu, pois pôde
resistir bravamente às intempéries porque havia nela uma força que a
sustentava.
Na Palavra de Deus encontramos
homens e mulheres de Deus que aprofundaram as suas raízes de tal forma que
aperfeiçoaram e desenvolveram a sua fé. Estes homens e mulheres passaram por
tempos de dificuldades, como provações, aflições, perseguições, mas eles
resistiram porque estavam sustentados pelas suas raízes. Os heróis da fé são
personagens bíblicos que suportaram todos os vendavais e estão lá como
exemplos, como placas de sinais de trânsito para nossa orientação. Isso nos
ensina uma importante lição:
C)
Somente em Cristo somos sustentados para não cairmos nos vendavais
Se a primeira função da raiz
é impedir que a árvore caia é estritamente necessário que estejamos radicados
em Cristo. O próprio Senhor Jesus nos advertiu quanto a essa necessidade:
5 Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer. 6 Se
alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará;
e o apanham, lançam no fogo e o queimam (Jo 15.5-6).
O segredo da nossa força, da
nossa resistência não está em nós, mas em Cristo. Precisamos nos enraizar em Jesus
para não tropeçarmos na fé. E para quem pensa que não precisa de força para
resistir, Paulo assim nos adverte:
Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia ( 1 Co 10.12).
E para não cair é necessário
que estejamos em Cristo, firmados nele, confiados em sua força e não em nosso
próprio entusiasmo. E acha que não há inimigos por aí a fim de nos tirar do
caminho e nos fazer prosseguir por outro estranho à fé? Quantos não nos
aconselham a pegarmos um atalho que é muito mais fácil e prático? Não devemos
nos esquecer de que Deus providenciou o caminho, mas o Diabo o atalho, que nada
mais é do que um desvio do caminho. E em tempos tão modernos, com tanta coisa
acontecendo em nosso cotidiano, podemos ter dificuldades de orientação. Como
discernir o santo do profano em meio a tantas vozes e tantos ensinos, cada um
deles parecendo ser mais verdadeiro que o outro? No terreno espiritual todo
cuidado é pouco. O que vemos e ouvimos deve ser julgado e pesado com muita
prudência. A Bíblia diz:
Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos
de morte (Pv 16.25)
Há caminhos que parecem
direitos aos nossos olhos, mas muitos deles são perigosos e podem nos levar à
morte espiritual, ao abandono da fé, à queda nos vendavais. Por isso mantenha
os olhos firmes em Jesus para evitar que sua fé morra de secura em cima da
pedra. Precisamos criar raízes em nossa vida cristã, aprofundarmos nossa fé
para que não venhamos a cair. Precisamos, impreterivelmente, permanecer na
videira, que é Cristo, porque não temos raiz própria e necessitamos do alimento
e da sustentação de suas raízes, de forma que sem Jesus não somos nada, sem
Jesus estamos perdidos, como diz aquele canto:
Quem tem Jesus tem tudo
Quem não tem, não tem nada.
Mas quem tem Jesus Cristo
No
céu já tem morada.
Ligar
a Cristo é o primeiro passo a ser dado na vida cristã, pois o Apóstolo Paulo
diz:
17 E, assim, se alguém
está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas (2 co 5.17).
É o momento da conversão, de
quando abandonamos nossos velhos e sujos caminhos e passamos a caminhar no
caminho de Cristo que nos leva direto ao Céu. É o momento em que rasgamos
nossas velhas e sujas vestes e nos revestimos de Cristo. É o momento em que
abandonamos nossas paixões carnais, os prazeres da carne e nos congratulamos em
Cristo. É quando a nossa natureza completamente humana
se transforma e se alia à natureza divina, porque tomamos uma decisão muito
consciente e determinada de comprometer totalmente a nossa vida com o Senhor Jesus
Cristo. Esta é uma fase tão primordial na vida cristã que, caso isso
realmente aconteceu na sua vida você jamais deixará de estar ligado a Cristo; este
cordão umbilical jamais será cortado!
2
– A FUNÇÃO DA RAIZ É RETIRAR NUTRIENTES E ÁGUA DO SOLO
A segunda função da raiz é
absorção de nutrientes que alimenta e mantém a árvore vigorosa. As espécies que
estão adaptadas para crescer em regiões áridas têm longas raízes de busca, que
sugam umidade de uma vasta área. As que vivem em solos úmidos e férteis têm
raízes finas e pouco profundas, que podem não se expandir para além da extensão
de seus ramos.
Uma planta sempre tem uma
raiz principal, chamada de pinhão da árvore. Esta provavelmente é a primeira
raiz produzida por uma semente e ela cresce diretamente para baixo em
busca de água e simultaneamente fortalece a estabilidade da planta. Esta raiz
continua a estender-se para baixo o suficiente para localizar uma fonte
constante de água e alimento.
Uma árvore com suas raízes
bem fixadas e profundas não se enfraquece. Ela retira os nutrientes necessários
para a sua sobrevivência e seu fortalecimento. Da mesma forma o cristão
radicado em Jesus Cristo não passa fome e nem sede, porque Jesus disse:
Eu sou o pão da vida (Jo 6.48).
Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o
que crê em mim jamais terá sede (Jo 6.35).
Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer,
viverá eternamente (Jo 6.51).
Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva (Jo 7.38).
Ele recebe o alimento e os
nutrientes necessários à sua sustentação e fortalecimento de Cristo, ele
desenvolve a sua fé na comunhão cotidiana com Deus. Na parábola do semeador
temos dois exemplos da negligência provocado pela não ramificação das raízes:
A) Exemplo da semente que
caiu à beira do caminho
Assim a Bíblia diz dessa
semente:
E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves,
a comeram (Mt 13.4).
E
Jesus explica sobre ela:
A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a
seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder
que, crendo, sejam salvos (Mt 13.12).
A semente à beira do caminho
praticamente não tinha raiz, sendo que algumas nem chegam a nascer, e por não
se alimentarem morreram desnutridas. Esta semente significa dar uma atenção
superficial a Deus e demonstra o desprezo do homem pelo Evangelho de Jesus
Cristo. Talvez, haja até certa curiosidade sobre o assunto, mas nada é levado a
sério. Talvez, o interesse foi proveniente de um momento difícil, uma busca de
socorro; vindo a bonança esquece-se do favor recebido. Talvez, tudo não passou
de um negócio, de uma troca de favores, eu te aceito e o Senhor me ajuda, eu te
sirvo e o Senhor me dê uma vida próspera; não vindo o resultado esperado a
decepção o faz repensar. E como tudo que é leviano desaparece o resultado final
é uma recusa ao chamado de Deus.
Isso acontece de diferentes
formas. Pode vir na pessoa de amigos, parentes, professores, colegas de
trabalho ou namorados e até mesmo do cônjuge, para fazer com que você desista e
perca o interesse pelo Evangelho. Eles apontam todas as desvantagens e perigos
que vai enfrentar se insistir em ser um crente em Jesus. Então, sem analisar o
outro lado, isto é, a salvação e todas as bênçãos que a seguem pela eternidade,
você pode ser levado a entender falsamente que ser um cristão é um atraso de
vida e assim recusa ao convite de Deus.
Quando alguém vem e diz que
o Evangelho é coisa de gente atrasada, pregado por espertalhões, não está
dizendo a verdade, mas está jogando areia na sua fé. A aceitação do Evangelho
nunca foi atraso de vida. Pelo contrário, já tirou, tira e sempre vai tirar
muita gente da miséria espiritual e da perdição eterna. Ter Jesus como Senhor
de nossa vida é a maior riqueza que se possa ter. Portanto, não de ouvidos aos
cochichos de quem não se importa com a sua salvação, não seja como uma semente
à beira do caminho que é pisada ou devorada pelas aves.
b) Exemplo da semente que
caiu entre os espinhos
A Bíblia assim diz sobre
esta semente:
Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a
sufocaram (Mt 13.7).
E Jesus explica seu
significado:
A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos
dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os
seus frutos não chegam a amadurecer (Mt 13.14).
A semente em terreno de
espinheiros é aquela que nasceu, cresceu e até frutificou porque aprofundou um
pouco as suas raízes, entretanto os seus frutos não amadureceram porque não
aprofundou o suficiente as suas raízes para se alimentar de Deus. Não se trata
mais de um novo convertido, mas de um cristão maduro. E quando o dono do
terreno (Deus) vai procurar seus frutos, simplesmente não os encontra. Uma erva
daninha cheia de espinhos cresceu junto à planta e a sufocou impedindo o
amadurecimento de seus frutos. Veja que não a impediu de frutificar, mas de
amadurecer o seu fruto.
Uma triste realidade hoje
são os cristãos de "banco". Passam a vida inteira assentados na
Igreja sem um propósito, sem o mínimo desejo de se envolver com a obra de Deus.
Apenas assistem ao culto, sem prestar a Deus o verdadeiro culto, a verdadeira
adoração. Não planejam nada em Deus e não se envolvem com os trabalhos da
igreja. Mesmo depois de muito tempo convertidos não passam de crianças. Paulo assim
diz sobre eles:
1 Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim
como a carnais, como a crianças em Cristo. 2 Leite vos dei a beber, não vos dei alimento
sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis,
porque ainda sois carnais (1 Co
3.1,2).
Eram velhos convertidos, mas
ainda crianças na fé. E o autor de Hebreus diz:
12 Pois, com efeito, quando
devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade
de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos
oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de
alimento sólido. 13 Ora, todo aquele
que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança.
14 Mas o alimento sólido é para os
adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas
para discernir não somente o bem, mas também o mal (Hb 5.12-14).
O cristão nunca deve
regredir e nem ficar estagnado na fé, na sua vida com Deus, mas deve prosseguir
rumo ao desenvolvimento, ao crescimento espiritual. O Crente não deve
simplesmente assistir aos cultos, mas prestar culto a Deus com sua vida. O
culto não é apenas aquelas duas horas onde se canta, ora, contribui e se ouve
uma pregação. Ele precisa cultuar a Deus todos os dias, em todos os momentos de
sua vida. Este é o padrão e este é o segredo para se crescer e se desenvolver.
O significado dos espinhos
está bem claro no Evangelho: Novas prioridades na vida e o abandono do
compromisso de fidelidade com a obra do Senhor. Isso pode ser a busca de
riquezas, o ingresso de pastores na vida política, crente enrolado até ao
pescoço pelas concupiscências da carne, dos olhos e da soberba da vida,
decepções e revoltas com Deus, com a igreja ou com pessoas. É a perda do
primeiro amor. Antes era tudo para Jesus e agora nem suporta falar do assunto e
nem suporta ver aqueles que não foram fracos como ele, antes, perseveram até ao
fim e seguem firmes no caminho. É muito atual para eles a exortação de Jesus:
Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das
primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu
candeeiro, caso não te arrependas (Ap 2.4,5).
Isso tudo nos ensina mais uma lição muito
importante:
C)
Somente em Cristo somos nutridos
Somente
Cristo pode nos alimentar e impedir que venhamos a morrer desnutridos. Jesus é o único alimento que nutre nossa
alma, Ele é o maná do céu:
32 Replicou-lhes Jesus: Em
verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o
verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. 33
Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. 34 Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre
desse pão. 35 Declarou-lhes, pois,
Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê
em mim jamais terá sede (Jo 6.32-35).
Nossa vida, nossa alma,
nosso coração precisam nutrir-se de Jesus, Ele deve ser o nosso principal
alimento, a nossa esperança, a nossa vida, o nosso vigor. E Ele tem alimento suficiente para nos alimentar até mesmo
no deserto. Há espécies de plantas que estão adaptadas para crescer em
regiões áridas. Elas têm longas raízes de busca, que sugam a umidade de uma vasta
área (o que sugere uma luta incansável em busca de água e alimento), enquanto
que as que vivem em solos úmidos e férteis têm raízes finas e pouco profundas.
É no deserto que buscamos e
ansiamos pelo alimento que vem de Deus. Podemos dizer que o sofrimento cria
anticorpos para aguentarmos as batalhas da vida. A força para viver está
exatamente na experiência do sofrimento. O sofredor é forte! Preparado para as
batalhas! E Jesus mostra que as vitórias são sempre antecedidas por lutas,
sendo exatamente o que muitos não compreendem totalmente e querem vitórias sem
lutas. Muitas vezes somos "amassados" por Deus, com o propósito de
nos fazer vasos novos. A Bíblia diz:
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de
Israel? —diz o SENHOR; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois
vós na minha mão, ó casa de Israel (Je 18.6).
Depois da tempestade, a
árvore fica muito machucada, folhas caem, galhos quebram, mas ela, permanecendo
em pé, logo se recupera e revigora a sua aparência. As provações nos fazem
chorar, chegam a abater o coração e as vezes achamos que não suportaremos, mas
permanecendo firmes, a tempestade passa e Deus manda a bonança.
Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida
inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30.5).
A Bíblia está cheia de
exemplos de pessoas que se tornaram vitoriosas, após terem passado por sofrimentos.
Os sofrimentos, bem vividos com intensidade e observação consciente, sempre
produzem saldos positivos. José chegou a ser o vice-governador do Egito, mas
antes passou na vida provações e sofrimentos, sendo até acusado injustamente e
preso. Paulo vivia preso, mas via vantagens nas cadeias que o prendiam. Ele
também tinha um espinho na carne, mas Deus lhe disse que aquele espinho era um controlador
da sua vanglória. Jesus sofreu e morreu crucificado e em função de seu
sofrimento brotou a Igreja.
Perseguições e provações são
experiências comuns aos cristãos. Essas coisas não devem ser estranhas, alheias
a nós, pelo contrário, são comuns, pois fomos designados para isto. É nosso
destino sofrer nesse mundo. É claro que esse não é o nosso destino eterno, pois
Deus não nos destinou a sofrer pela eternidade, mas certamente nos destinou a
sofrer neste mundo. Jesus falou:
Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros (Jo 15.20).
Cristo é o fundamento da
nossa fé. Precisamos estar ligados a Ele para sermos alimentados e
fortalecidos. Sem Cristo com certeza naufragaremos na fé. Sem Cristo com
certeza morreremos famintos e secos. Sem Cristo não suportaremos o sol
escaldante e os tempos áridos que se abatem em nossas vidas.
3
– A FUNÇÃO DA RAIZ É ACUMULAR SUBSTÂNCIAS DE RESERVA
A terceira função da raiz é
atuar como uma despensa para a árvore. Durante o verão as raízes armazenam substâncias
para sustentá-la ao longo dos meses de inverno. As raízes mais grossas atuam
como armazéns no inverno para os açúcares que as folhas produziram no verão. No
verão as raízes finas começam a bombear água para os novos brotos em
crescimento. Conforme a água passa para cima, através das raízes, para o interior
do tronco, o crescimento de novos rebentos e folhas é acelerado. Portanto podemos
afirmar que nos casos de plantas debilitadas, o seu problema está na formação
das raízes.
E será que a vida cristã não
necessita de reservas? Somos conscientes das intempéries da vida, que assim
como no clima há bonanças e vendavais, verão e inverno, na vida existe tempos
bons (em que tudo corre às mil maravilhas) e tempos ruins (em que até o chão
desaparece de sob nossos pés). Há momentos na vida em que estamos cruzando um
vale verde com abundantes fontes de água, enquanto que em outros passamos por
um árido deserto. O sábio Salomão nos adverte quanto a isso:
1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo
propósito debaixo do céu: 2 há tempo
de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se
plantou; 3 tempo de matar e tempo de
curar; tempo de derribar e tempo de edificar; 4
tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de
saltar de alegria; 5 tempo de
espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de
afastar-se de abraçar; 6 tempo de
buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; 7 tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de
estar calado e tempo de falar; 8 tempo
de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz (Ec 3.1-8).
No tempo de paz devemos
aproveitar a bonança para renovar as forças e se preparar para novas
tempestades que virão. Nossa vida é como um navio que cruza o mar revolto. Suas
provisões não são para sempre, de forma que de tempo em tempo precisa aportar
para renovar as provisões. Assim Deus não permite tempestade eterna sobre seus
filhos. Ele sempre abre o tempo e permite uma pausa para a paz, para a bonança,
não para que venhamos a cruzar os braços e nos acomodar, mas para que possamos
descansar e renovar as nossas forças, porque assim como as tempestades não são para
sempre, as bonanças também não o são, e assim como o navio não deve permanecer
aportado, assim devemos zarpar e enfrentar novamente o tenebroso oceano da
vida. Isso não deve nos incomodar e nem nos fazer revoltar com a vida e com
Deus, porque este fato é a normalidade da vida. Paulo nos adverte:
3 a fim de que ninguém se
inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos
designados para isto (1Ts 3.3).
Lembremos que Jesus jamais
prometeu uma vida tranquila, sem inverno e somente verão para seus seguidores.
Antes, ele dizia:
33 Estas coisas vos tenho
dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo (Jo 16.33).
Portanto, nos momentos de
tranquilidade devemos aproveitar para renovar a nossa fé, a nossa esperança e
as nossas forças, de forma que, quando chegar novamente a tribulação possamos
suportá-la e sair dela fortalecido. E enquanto ela perdurar, Paulo nos diz como
devemos agir:
12 regozijai-vos na
esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes (Rm 12.12).
Mas somente conseguiremos
ser pacientes se, durante o verão, abastecermos nossa dispensa com abundância
suficiente para reserva, porque se aproveitarmos a pausa para somente nos
divertir, certamente ficaremos sem provisões em nosso celeiro para passar o
inverno. E o resultado disso não será outro além da impaciência e revolta com
Deus e com a vida. Lembra de que devemos estar sempre ligados a Cristo porque
somente Ele nutre a nossa vida? Pois é, Paulo nos diz:
35 Quem nos separará do
amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou
nudez, ou perigo, ou espada? 38 Porque
eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor (Rm 8.35,
38,39).
Portanto, se estivermos
ligados em Cristo, nutridos pela sua força e pelo alimento espiritual que Ele
nos oferece, teremos prazer em nos prevenir no verão com abastecimento
suficiente que nos permitirá passar o inverno. E jesus assim nos adverte:
10 Não temas as coisas
que tens de sofrer ... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).
E Tiago nos diz:
12 Bem-aventurado o
homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido
aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam (Tg 1.12).
Portanto, sejamos como as
raízes e acumulemos substâncias de reserva durante o verão para que venhamos a
suportar com paciência e perseverança os invernos da vida e não venhamos a ser
uma planta que morra, mas uma planta que frutifique e que amadureça os seus
frutos.
Conclusão
A fé é uma semente de Deus
em nosso coração. O plano do Diabo, nosso adversário, é fazer o possível e o
impossível para roubá-la, arrancá-la e destruí-la. Esta semente, segundo a
parábola do semeador, pode cair em quatro terrenos e ter quatro
desenvolvimentos e a raiz tem um papel fundamental nestas quatro sementes.
Precisamos ter uma relação
de confiança e amor com Jesus, pois se posso sobreviver somente se estiver
ligado a Ele, como vou me radicar em alguém em quem não confio? Em quem não
amo? Em quem não descanso o suficiente para confiar a minha vida a Ele? Como
posso ser nutrido por alguém em quem não busco?
Em que ou em quem você tem
radicado a sua vida? Como você tem alimentado a sua fé? Jesus tem sido o seu
alimento? Ele tem sido a única esperança na sua vida? Nossa conduta deve ser
regida por Ele e por sua Palavra. Portanto, alimente e fortaleça a cada dia a
sua fé em Jesus. Aprenda com os acontecimentos de sua vida e permite que o
Espírito de Deus forje em você um caráter cristão. Que Deus assim abençoe a sua
vida! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e
Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.