1 No ano décimo quarto
do rei Ezequias, subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades
fortificadas de Judá e as tomou.
2 O rei da Assíria
enviou Rabsaqué, de Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias, com grande exército;
parou ele na extremidade do aqueduto do açude superior, junto ao caminho do
campo do lavadeiro.
3 Então, saíram a
encontrar-se com ele Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, Sebna, o escrivão,
e Joá, filho de Asafe, o cronista.
4 Rabsaqué lhes disse:
Dizei a Ezequias: Assim diz o sumo rei, o rei da Assíria: Que confiança é essa
em que te estribas?
5 Bem posso dizer-te
que teu conselho e poder para a guerra não passam de vãs palavras; em quem,
pois, agora confias, para que te rebeles contra mim?
6 Confias no Egito,
esse bordão de cana esmagada, o qual, se alguém nele apoiar-se, lhe entrará
pela mão e a traspassará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que
nele confiam.
7 Mas, se me dizes:
Confiamos no SENHOR, nosso Deus, não é esse aquele cujos altos e altares
Ezequias removeu e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis?
8 Ora, pois,
empenha-te com meu senhor, rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se de
tua parte achares cavaleiros para os montar.
9 Como, pois, se não
podes afugentar um só capitão dos menores dos servos do meu senhor, confias no
Egito por causa dos carros e cavaleiros?
10 Acaso, subi eu
agora sem o SENHOR contra esta terra, para a destruir? Pois o SENHOR mesmo me
disse: Sobe contra a terra e destrói-a.
11 Então, disseram
Eliaquim, Sebna e Joá a Rabsaqué: Pedimos-te que fales em aramaico aos teus
servos, porque o entendemos, e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo
que está sobre os muros.
12 Mas Rabsaqué lhes
respondeu: Mandou-me, acaso, o meu senhor para dizer-te estas palavras a ti
somente e a teu senhor? E não, antes, aos homens que estão assentados sobre os
muros, para que comam convosco o seu próprio excremento e bebam a sua própria
urina?
13 Então, Rabsaqué se
pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do sumo
rei, do rei da Assíria.
14 Assim diz o rei:
Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.
15 Nem tampouco
Ezequias vos faça confiar no SENHOR, dizendo: O SENHOR certamente nos livrará,
e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria.
16 Não deis ouvidos a
Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as pazes comigo e vinde para
mim; e comei, cada um da sua própria vide e da sua própria figueira, e bebei,
cada um da água da sua própria cisterna;
17 até que eu venha e
vos leve para uma terra como a vossa; terra de cereal e de vinho, terra de pão
e de vinhas.
18 Não vos engane
Ezequias, dizendo: O SENHOR nos livrará. Acaso, os deuses das nações livraram
cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?
19 Onde estão os
deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Acaso,
livraram eles a Samaria das minhas mãos?
20 Quais são, dentre
todos os deuses destes países, os que livraram a sua terra das minhas mãos,
para que o SENHOR livre a Jerusalém das minhas mãos?
21 Eles, porém, se
calaram e não lhe responderam palavra; porque assim lhes havia ordenado o rei,
dizendo: Não lhe respondereis.
22 Então, Eliaquim, filho de Hilquias, o
mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, rasgaram suas
vestes, vieram ter com Ezequias e lhe referiram as palavras de Rabsaqué (Is
36.1-22).
Introdução
A história que lemos fala de
um rei que conquistou uma vitória tremenda por confiar em Deus e permanecer
fiel. Ezequias teve de enfrentar uma situação muito difícil: a invasão de seu
reino pelo rei da Assíria. Foi afrontado, ridicularizado, descaracterizado em
sua autoridade, quando o emissário do rei Senaqueribe, de uma forma humilhante,
motivou o povo a desacreditar no seu Deus e em seu governante. Mas, Ezequias
era um homem de fé, confiou em Deus e alcançou uma tremenda vitória. Este rei é
um exemplo de como permanecer firme na presença de Deus mesmo diante de
adversidades.
Ezequias foi um dos reis de
Judá que procurou agradar ao Senhor e andar nos seus caminhos. Ao contrário de
muitos dos reis perversos de Israel, ele decidiu confiar apenas em Deus para
superar os obstáculos que pareciam insuperáveis, bem como não se intimidar com
os desafios orgulhosos de um inimigo pavoroso.
1
– A invasão de Senaqueribe contra Judá e seu cerco em Jerusalém
Quando o rei Ezequias viu
que Senaqueribe tinha capturado todas as cidades ao seu redor, a fim de evitar
um ataque, ele enviou uma mensagem a Senaqueribe dizendo para se retirar dele
que ele pagaria tudo que lhe fosse proposto. A
resposta de Senaqueribe não foi uma pechincha. Ele exigiu uma quantia
extravagante de 300 talentos (17.100 quilos) de prata e uns 30 talentos (1.710
quilos) de ouro! (Um talento pesa 57 quilos). Ezequias fez tudo que pôde
para arrecadar este dinheiro, mas quando ele enviou o peso do seu tributo a
Senaqueribe, o rei Assírio exigiu mais e o advertiu de que as portas de
Jerusalém deveriam estar abertas porque ele a iria tomar.
A
– O rei Ezequias de Judá
1 No ano décimo quarto do rei Ezequias...
A história que lemos se deu
no décimo quarto ano de reinado do rei Ezequias. Quem foi este homem? Ezequias tinha
vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. Ezequias
era filho de Acaz, que reinou dezesseis anos em Jerusalém e não fez o que era
reto perante o SENHOR. Porém, Ezequias também era filho de Abias que era filha
de Zacarias. Este Zacarias foi o mesmo que instruiu o Rei Uzias até ele se
engrandecer e enquanto Uzias ouvia a Zacarias ele fez o que era bom aos olhos
de Deus. Abias deve ter instruído seu filho, Ezequias, a temer a Deus,
provavelmente comparando a falta de temor de seu pai Acaz com as desgraças da
nação.
B
– O rei Senaqueribe da Assíria
1 ... subiu Senaqueribe, rei da Assíria ...
Um outro rei entra nesta
história. Quem era Senaqueribe? Era o Rei da nação mais poderosa daquele tempo.
O Infiel Rei Acaz, pai de Ezequias, pagava tributos a Senaqueribe para que ele
não atacasse Judá. Porém, o Rei Ezequias decidiu confiar em Deus e se rebelar
contra Senaqueribe, que invade Judá. As fontes assírias e as descobertas
arqueológicas retratam o relato de Senaqueribe sobre sua campanha contra Judá.
Ele diz:
"Quanto
a Ezequias, o judaico, ele não se submeteu ao meu jugo. Eu montei cerco em 46
de suas cidades fortificadas e em incontáveis pequenas aldeias; a tudo
conquistei usando rampas de acesso que nos colocaram perto das muralhas (...).
Eu expulsei 200.150 pessoas, jovens e velhos, homens e mulheres, cavalos,
mulas, jumentos, camelos, gado grande e pequeno além da conta, e a tudo
considerei como pilhagem de guerra. Ele mesmo eu o fiz prisioneiro em
Jerusalém, na sua residência real, como um pássaro numa gaiola”.
C
– A estratégia de Satanás com esta invasão
1 ... contra todas as cidades fortificadas de
Judá e as tomou.
Por que está acontecendo,
neste momento, esta invasão de Jerusalém? O rei Ezequias começa seu reinado
priorizando a restauração da aliança da nação para com Deus, comprometida com o
reinado desastroso de seu pai. Ele sabia o que sua nação mais precisava. Restabeleceu
a vida espiritual do povo restaurando o culto ao Senhor em Jerusalém. Restabeleceu
o louvor e a adoração ao Senhor, pois louvor e adoração são atitudes naturais
dos que confiam em Deus. Ele
mandou os levitas purificarem suas vidas e o Templo, regulou as turmas dos
sacerdotes e levitas e depois convocou todo o povo a vir à Jerusalém celebrar a
Páscoa. O povo já não se lembrava mais do grande amor de Deus por ter libertado
seus antepassados da escravidão no Egito. Todas essas providências produziram
muita prosperidade e havia muita alegria no meio do povo.
Com as atitudes de Ezequias,
Deus restaurou a aliança com seu povo e os sarou. Até os dízimos e ofertas
foram restaurados e o Rei foi o primeiro a dar o exemplo. Depois de toda esta
transformação é óbvio que o diabo tentaria resgatar novamente aquilo que estava
em suas mãos, pois, depois destas coisas e desta fidelidade, veio Senaqueribe, rei
da Assíria, entrou em Judá, dominou as cidades fortificadas e intentou
apoderar-se de Jerusalém.
Senaqueribe é uma figura do
diabo, que vem matar roubar e destruir, porém Deus socorre, livra e fortalece
aos que O buscam com coração sincero e se entregam a Ele nos momentos de
provação.
Isso também acontece com
nossas vidas, pois quando começamos a dar os primeiros passos para seguir a
Jesus, o inimigo se levanta e tenta de todas as formas nos colocar novamente
debaixo de seu domínio. E sempre que alguém firma no seu coração o propósito de
servir ao Senhor com fidelidade, o inimigo se levanta furiosamente para atacar,
cercando a sua vida com problemas e dificuldades repentinas.
2
– A intimidação de Rabsaqué
O exército assírio tinha
passado sobre a Síria e Israel como um rolo compressor. Depois atacou Judá,
conquistou todas as suas cidades fortificadas e cercou Jerusalém, fechando esta
cidade, no dizer de Senaqueribe, “como um pássaro em uma gaiola”. A conquista
de Jerusalém parecia inevitável. Senaqueribe usou uma estratégia de intimidar
os israelitas para que se rendessem. Ele enviou Rabsaqué, seu principal
oficial, a Jerusalém para começar uma campanha destinada a persuadir os homens
de Judá a desistir sem lutar. O discurso foi engenhado para motivar os cidadãos
de Jerusalém e os dirigentes da cidade a julgar sua situação sem esperança e
permitir aos assírios tomar a cidade sem resistência. A tática assíria se
parece com as técnicas que Satanás usa conosco em suas tentativas para nos
levar a ceder e a servi-lo. Observemos estas técnicas:
A
– Rabsaqué tenta minar a auto-confiança do rei
4 Rabsaqué lhes disse: Dizei a
Ezequias: Assim diz o sumo rei, o rei da Assíria: Que confiança é essa em que te estribas?
Vencer Senaqueribe era algo
praticamente impossível para qualquer nação naquele tempo, porém, o Rei
Ezequias estava confiante de que seu Deus iria livrá-lo. Ezequias olhava para
Deus e não para o imenso exército de Senaqueribe, mas Rabsaqué tenta fazer com
que ele olhe para o tamanho do exército da Assíria, que olhe para a sua
pequenez e sinta haver uma impossibilidade de Deus livrá-lo. Rabsaqué não
engrandece a Deus e nem ao poder de força de Ezequias, mas somente o poder da
Assíria, de seu rei e de seu exército.
Vez ou outra, certas
situações em nossa vida se tornam inexplicáveis e, mesmo sem sabermos como,
temos de enfrentar inimigos poderosos, que vêm com táticas de enfraquecimento
contra nossa fé, tentando minar nossas reservas de confiança em Deus,
procurando nos passar a idéia de que tudo está perdido. Geralmente, nestas
situações controversas, deixamos que argumentos racionais, tais como o medo e a
perplexidade, passem a trabalhar a favor do inimigo, nos limitando e nos
levando a perder a certeza e a confiança de que maior é o que está conosco e
não aquele que faz as ameaças. Infelizmente, por muitas vezes o inimigo tem nos
ameaçado e nos tem feito tremer, apenas com suas táticas de propagandas
enganosas, baixando nossa moral e nossa confiança em Deus.
B – Rabsaqué tenta depreciar o poder de guerra
do rei
5 Bem posso dizer-te que teu conselho e poder para a guerra não passam de vãs palavras; em
quem, pois, agora confias, para que te rebeles contra mim?
6 Confias no Egito, esse bordão de cana
esmagada, o qual, se alguém nele apoiar-se, lhe entrará pela mão e a
traspassará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam.
8 Ora, pois, empenha-te com meu senhor, rei da
Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se de tua parte achares cavaleiros para
os montar.
9 Como, pois, se não podes afugentar um só capitão dos
menores dos servos do meu senhor, confias no Egito por causa dos carros e
cavaleiros?
Rabsaqué dizia ao rei
Ezequias: Você está perdido, não há ninguém que possa fazer alguma coisa por
você! Como em uma guerra de propagandas, visando enfraquecer a moral dos
exércitos de Judá, Senaqueribe envia mensageiros para estimular o povo a não
confiar no seu rei, no seu exército e no seu Deus. O rei da Assíria usou da
tática de mostrar aos moradores de Jerusalém que a confiança de outros povos
não redundara em nada e não evitara a destruição. Portanto, que não confiassem
em seu rei, na força de seu exército e nem na libertação de Seu Deus, pois o
exército da Assíria era imbatível. O inimigo tenta passar a idéia para Ezequias
de que ele já estava morto, faltava apenas cair: se não podes afugentar um só capitão dos menores dos servos do meu
senhor.
Ezequias não se atemorizou.
Ameaças e táticas de intimidação não foram suficientes para deter aquele homem
que confiava plenamente em
seu Deus. Ele cria em um Deus poderoso que está acima de qualquer
exército.
A despeito das afrontas, não
devemos oferecer ao inimigo a oportunidade de nos deixar perplexos e nem mesmo
nos sentir derrotados por ameaças. Devemos enfrentar com coragem e fé naquele
que nos fortalece, que é poderoso para operar um grande livramento e pode
desfazer as táticas do inimigo, pode aniquilar os dardos inflamados do maligno.
C
– Rabsaqué tenta abalar a fé do Rei
7 Mas, se me dizes: Confiamos no SENHOR, nosso
Deus, não é esse aquele cujos altos e
altares Ezequias removeu e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar
adorareis?
10 Acaso, subi eu agora sem o SENHOR contra esta terra, para a destruir? Pois o SENHOR mesmo me disse: Sobe
contra a terra e destrói-a.
Ezequias instituiu amplas
reformas na adoração em Judá.
Ele baniu a idolatria e se opôs à adoração nos lugares altos.
Rabsaqué usa estas reformas como ponto de partida para atacar e desacreditar
Ezequias. Tentou levantar um descontentamento entre os israelitas pelas
reformas de Ezequias, fazendo os judeus se sentirem inseguros por terem deixado
de adorar os ídolos nos lugares altos.
Ainda hoje Satanás ataca as
tentativas de volta ao padrão de Deus e de oposição às falsas doutrinas. Ele
inspira os modernos conceitos de tolerância, segundo os quais todos os caminhos
são certos, toda adoração é boa, e toda crença é válida. Ele faz com que
aqueles que se opõem a religião humana e a doutrina dos homens pareçam maus
sujeitos. O diabo é mestre na arte de chamar de mau o que é bom, e de bom o que
é mau. Precisamos ter a coragem de nos opormos ao erro mesmo quando somos
difamados por fazermos isso.
E tem mais. Rabsaqué ainda
declarou que tinha a aprovação de Deus. Ele declara que Deus o tinha enviado
para vencer. Os falsos mestres afirmam tipicamente que têm autorização de Deus.
Nos dias de Jeremias, o falso profeta Hananias predisse com confiança a volta
dos cativos e falou com autoridade pela "Palavra do Senhor":
1 No mesmo ano, no princípio do reinado de
Zedequias, rei de Judá, isto é, no ano quarto, no quinto mês, Hananias, filho
de Azur e profeta de Gibeão, me falou na
Casa do SENHOR, na presença dos sacerdotes e de todo o povo, dizendo:
2 Assim
fala o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Quebrei o jugo do
rei da Babilônia.
3 Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a
este lugar todos os utensílios da Casa do SENHOR, que daqui tomou
Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia.
4 Também a Jeconias, filho de
Jeoaquim, rei de Judá, e a todos os exilados de Judá, que entraram na
Babilônia, eu tornarei a trazer a este lugar, diz o SENHOR; porque quebrei o
jugo do rei da Babilônia (Je 28.1-4).
A ousadia desta "profecia"
tinha ares de verdade. Ela foi dita no estilo das verdadeiras palavras de Deus
e era convincente. Mas era falsa! Era uma mentira! Satanás é convincente, ele é
o mestre do disfarce transformando-se em até anjo de luz, mas é o mensageiro
das trevas. Ele afirma suas mentiras com tal ousadia que são facilmente
acreditadas.
A estratégia de Senaqueribe,
quando cercou e ameaçou Jerusalém, é a mesma usada pelo diabo hoje em dia. Quando ele cerca
algum servo der Deus, faz de tudo para enfraquecer sua fé e sua confiança no
Senhor, pois assim as coisas são facilitadas para ele. Se ele consegue
convencer o servo de Deus de que não há esperança, que o seu problema é grave, que
sua situação é irremediável, que ele está sem comunhão e que o Senhor não o
livrará da dificuldade, terá conseguido enfraquecer e abater este servo, dali
pra frente tudo estará praticamente perdido. Ao envolver o servo de Deus desta
forma, o inimigo revela claramente sua intenção de destruir sua vida.
D
– Rabsaqué tenta desestabilizar o reinado do rei
11 Então, disseram Eliaquim, Sebna e Joá a
Rabsaqué: Pedimos-te que fales em aramaico aos teus servos, porque o
entendemos, e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre os
muros.
12 Mas Rabsaqué lhes respondeu: Mandou-me,
acaso, o meu senhor para dizer-te estas palavras a ti somente e a teu senhor? E
não, antes, aos homens que estão assentados sobre os muros, para que comam
convosco o seu próprio excremento e bebam a sua própria urina?
13 Então, Rabsaqué se pôs em pé, e clamou em
alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do sumo rei, do rei da Assíria.
14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.
15 Nem tampouco Ezequias vos
faça confiar no SENHOR, dizendo: O SENHOR certamente nos livrará, e esta cidade
não será entregue nas mãos do rei da Assíria.
A maior força de Ezequias
era a sua fé! Não importava quanta força o inimigo tinha, Deus ia vir e lutar
pelo Seu povo. Ele sabia que a ajuda de Deus era muito mais do que as supostas
forças do inimigo. Ezequias falou ao povo e quando acabou de falar "o povo
descansou nas palavras do rei". Suas palavras eram fortes porque ele tinha
descansado no Senhor. Ele cobrou ânimo do povo, restaurou todo o muro quebrado
e sobre ele ergueu torres e fez armas e escudos em abundância. Pôs
oficiais de guerra sobre o povo, reuniu-os na praça da porta da cidade e lhes
falou ao coração, dizendo:
7 Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos assusteis por causa
do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com ele; porque um há conosco maior do que o que
está com ele (2 Cr 32.7).
E o povo recuperou ânimo com
as palavras de Ezequias. Então, chega Rabsaqué com o exército assírio e procura
desestimular os habitantes da cidade, dizendo que não deveriam confiar em
Ezequias nem no Senhor, pois Ele não os livraria das mãos de Senaqueribe,
afinal, eles eram mais fortes, mais poderosos, mais preparados para a guerra.
Nem o SENHOR poderia fazer alguma coisa para livrá-los. Até fizeram referências
aos deuses das nações conquistadas pelo rei da Assíria, os quais não puderam
fazer nada para livrá-las.
Rabsaqué exagerou seu
próprio poder. Do mesmo modo o diabo procura nos convencer que seu poder é
maior do que nossa capacidade de resistir. Exagerando sua força, Satanás tenta
desestabilizar nossa confiança no Senhor. Tenta nos intimidar diante de sua
força. Para derrotar a tentação precisamos ver o poder de Deus. Se fizermos como
Pedro, se fixarmos o olhar no vento e nas ondas vamos afundar com certeza, mas
se mantermos nossos olhos fixos em Jesus permanecemos firmes.
3
– A afronta da Assíria e a resposta de Deus
Ezequias foi vítima de
insultos e de grandes ameaças. Na perspectiva do emissário do rei da Assíria
não adiantava a Ezequias confiar em Deus, pois Ele não daria livramento. Os
deuses de outros povos não os livraram e não seria o Deus de Ezequias que o
livraria diante de seu poderoso e cruel exército. Rabsaqué utiliza táticas
milenares do inimigo:
A
– Rabsaqué oferece uma aliança ao povo judeu
16 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz
o rei da Assíria: Fazei as pazes comigo e vinde para mim; e comei, cada um da sua própria vide e da sua própria figueira, e bebei,
cada um da água da sua própria cisterna;
17 até que eu venha e vos leve para uma terra como a vossa; terra
de cereal e de vinho, terra de pão e de vinhas.
Rabsaqué estava tentando
fazer com que os israelitas se rendessem. Ele poderia ter declarado que a
rendição deles não levaria ao cativeiro, mas eles não teriam acreditado nele
porque a política assíria de exilar as nações conquistadas era bem conhecida.
Assim, ele fez uma abordagem diferente. Ele argumentou que seria um cativeiro
maravilhoso do qual eles realmente gostariam: Para uma terra como a vossa e lá cada um comeria de sua própria videira
e beberia água da sua própria cisterna.
Basicamente, os assírios
estavam dizendo que quando os israelitas se rendessem e fossem levados ao
exílio, eles achariam um lugar maravilhoso para viverem. O cativeiro seria mais
ou menos uma estadia em uma estância de férias. Eles queriam que o povo judeu
se conformasse com o estado de escravidão e não reagissem contra ele.
O diabo ainda tenta fazer o
pecado e suas conseqüências parecerem atraentes. Sua estratégia mais antiga é
negar o castigo pelo pecado e exagerar os benefícios dele. Aconteceu no Jardim
do Éden e acontece até aos dias de hoje. Nos anúncios da televisão promovendo
bebidas alcoólicas nunca é mostrado um bêbado trombando seu carro, destruindo
sua família ou morrendo de doença do fígado; em vez disso, mostram a glória, o
encanto e o prazer. Satanás faz isto com todo pecado. Ele monta cuidadosamente
a fotografia do pecado em seu fotoshop para que mostre somente os aspectos mais
atraentes e não revela as amargas conseqüências.
B
– A Assíria não desafiou o rei Ezequias, desafiou o próprio Deus
18 Não vos engane Ezequias, dizendo: O SENHOR
nos livrará. Acaso, os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos
do rei da Assíria?
19 Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade?
Onde estão os deuses de Sefarvaim? Acaso, livraram eles a Samaria das minhas
mãos?
20 Quais são, dentre todos os deuses destes países, os que livraram a sua
terra das minhas mãos, para que o SENHOR livre a Jerusalém das minhas mãos?
Os assírios buscavam corroer
a confiança do povo no Senhor. A argumentação de Rabsaqué é até irônica. Parece
que ele não tem muita memória, pois tinha acabado de afirmar que o Senhor era
aquele que o tinha enviado a conquistar Jerusalém. O Senhor mandou dizer para
Ezequias:
23 A quem afrontaste e de quem blasfemaste? E
contra quem alçaste a voz e arrogantemente ergueste os olhos? Contra o Santo de Israel.
24 Por meio dos teus servos, afrontaste o Senhor... (Is 37.23,24a).
O Senhor prometeu que poria
um anzol no nariz dos assírios e os mandaria diretamente de volta a sua casa e
que nenhum de seus soldados colocaria os pés em Jerusalém. O Senhor
enviou um anjo que feriu e matou a todos do exército do rei da Assíria, que
veio à Terra Santa de Israel com o propósito de destruir Jerusalém e afrontar o
Santo nome do Senhor Deus de Israel. Quando Senaqueribe soube do que aconteceu
com suas tropas, voltou para sua terra confundido e envergonhado, e quando
estava na casa de Nisroque, seu deus, Adrá-Meleque e Sarezer, seus filhos, o
feriram e ele morreu.
Satanás quer nos conduzir a
crer que o Senhor não é confiável, que os meios de Deus não darão certo. Ele
sabe que, sem confiança no Senhor, agiremos independentemente e tentaremos
resolver nossos problemas sozinhos. Paulo nos diz que o único meio para apagar
as setas incendiadas do maligno é usar o escudo da fé.
C
– A intimidação do inimigo é para nos fazer calar a boca
21 Eles, porém, se calaram e não lhe responderam palavra;
porque assim lhes havia ordenado o rei, dizendo: Não lhe respondereis.
Eles se calaram. É isso que
o inimigo quer fazer com você: Calar sua boca para que não fales. Limitar suas
ações para que nada faças. Abalar suas estruturas para que fique inativo, inútil,
imprestável e não faças nenhuma diferença. Para fazer isso em sua vida ele vai
usar de suas artimanhas, vai te enviar presentes, propostas de aliança e
mensageiros. Se você é ativo e útil na obra de Deus, se você determinar
trabalhar em prol da expansão do Reino de Deus, pessoas serão usadas não para
te estimular a fazer a obra de Deus, mas para te fazeres calar, emudecer,
pálido, atônito com as atitudes das pessoas. Por isso que nunca devemos nos
espelhar em homem algum, mas somente naquele que é perfeito: Jesus Cristo. Por
isso que nunca devemos esperar nada de homem algum, mas somente daquele que é
compassivo e misericordioso, que não esmaga a cana quebrada. Por isso que a Bíblia
nunca nos estimula a olhar para os lados, mas sempre para cima, porque lá está
aquele que te recompensará por cada esforço empregado em prol de seu Reino,
ainda que seja apenas um copo de água oferecido. Com o Senhor está o galardão,
a recompensa, o estimulo, a força e o ânimo para nunca desistir.
Conclusão
Os israelitas se recusaram a
dar atenção à propaganda de Rabsaqué. Eles se voltaram e oraram pela ajuda do
Senhor e Deus reverteu aquela situação em favor de Ezequias. Da mesma forma, em
nossas vidas, esse mesmo Deus que já tem se mostrado poderoso em tantas
situações pode operar grandes livramentos. Portanto, não se desanime e não se
deixe levar pelas ofensas e artimanhas do mal e nem por ameaças de quem possa
se mostrar poderoso como Senaqueribe. Sejamos surdos à propaganda de Satanás!
Quando confiamos no Senhor e
estamos na sua presença, Ele sempre nos socorre, por mais difícil e complicada
que seja a nossa situação. Os que se levantam contra os filhos de Deus e contra
a noiva do Cordeiro são confundidos, envergonhados e destruídos. Por isso,
ponha a sua confiança em Deus, e Ele vai salvar e proteger você, ainda que Ele
tenha que realizar milagres para fazer isso.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com