1 Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma
enfermidade mortal; veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe
disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não
viverás.
2 Então, virou Ezequias o rosto para a parede e
orou ao SENHOR.
3 E disse: Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que
andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e fiz o que era
reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo.
4 Então, veio a palavra do SENHOR a Isaías,
dizendo:
5 Vai e dize a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o
Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; acrescentarei,
pois, aos teus dias quinze anos.
6 Livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti
e a esta cidade, e defenderei esta cidade.
7 Ser-te-á isto da parte do SENHOR como sinal
de que o SENHOR cumprirá esta palavra que falou:
8 eis que farei retroceder dez graus a sombra
lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz. Assim, retrocedeu o sol os dez
graus que já havia declinado.
9 Cântico de Ezequias, rei de Judá, depois de
ter estado doente e se ter restabelecido:
10 Eu disse: Em pleno vigor de meus dias, hei de
entrar nas portas do além; roubado estou do resto dos meus anos.
11 Eu disse: já não verei o SENHOR na terra dos
viventes; jamais verei homem algum entre os moradores do mundo.
12 A minha habitação foi arrancada e removida
para longe de mim, como a tenda de um pastor; tu, como tecelão, me cortarás a
vida da urdidura, do dia para a noite darás cabo de mim.
13 Espero com paciência até à madrugada, mas
ele, como leão, me quebrou todos os ossos; do dia para a noite darás cabo de
mim.
14 Como a andorinha ou o grou, assim eu
chilreava e gemia como a pomba; os meus olhos se cansavam de olhar para cima. Ó
Senhor, ando oprimido, responde tu por mim.
15 Que direi? Como prometeu, assim me fez;
passarei tranqüilamente por todos os meus anos, depois desta amargura da minha
alma.
16 Senhor, por estas disposições tuas vivem os
homens, e inteiramente delas depende o meu espírito; portanto, restaura-me a
saúde e faze-me viver.
17 Eis que foi para minha paz que tive eu grande
amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção,
porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados.
18 A sepultura não te pode louvar, nem a morte
glorificar-te; não esperam em tua fidelidade os que descem à cova.
19 Os vivos, somente os vivos, esses te louvam
como hoje eu o faço; o pai fará notória aos filhos a tua fidelidade.
20 O SENHOR veio salvar-me; pelo que, tangendo
os instrumentos de cordas, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida, na
Casa do SENHOR.
21 Ora, Isaías dissera: Tome-se uma pasta de
figos e ponha-se como emplasto sobre a úlcera; e ele recuperará a saúde.
22 Também dissera Ezequias: Qual
será o sinal de que hei de subir à Casa do SENHOR? (Is 38.1-22).
Introdução
Ezequias é reconhecido como
um bom rei, um rei que confiou em Deus e obedeceu seus mandamentos, um rei que
realizou profundas reformas religiosas em Judá, eliminando a idolatria e
resgatando a adoração e o louvor a Deus. Mas, no apogeu de sua carreira ficou
doente de uma enfermidade grave e mortal. Deus, então, utiliza-se de um profeta
chamado Isaías para recomendar ao rei Ezequias que coloque em ordem a sua casa
porque a doença que ele havia acometido o levaria a morte. O que podemos
aprender dessa história? Que lições podemos tirar da enfermidade e da cura de
Ezequias?
1
– UMA NOTÍCIA NADA AGRADÁVEL DE RECEBER
1 Naqueles dias, Ezequias
adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com ele o profeta Isaías, filho de
Amoz, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás
e não viverás.
O profeta Isaías recebe de
Deus uma incumbência nada fácil de ser cumprida. Ele teria que ir até o rei
para fazer uma visita e anunciar que a doença o levaria rapidamente à morte e
que ele deveria por em ordem sua casa. Este é um tipo de visita que ninguém
gostaria nem de fazer e muito menos de receber, principalmente a um rei no auge
de seu reinado. Para Isaias também não era nada cômodo fazer esta visita, pois
nunca se sabe a reação de um rei, que poderia não gostar da visita e mandar
prende-lo e até matá-lo, como fez Acabe com o profeta Micaías. Esta doença de
Ezequias nos ensina algumas lições:
A
– Uma vitória não significa o fim da batalha
1 Naqueles dias, ...
Quais dias era estes? Depois
da grande vitória sobre o imenso exército da Assíria em que um único anjo do
Senhor matou 185.000 soldados assírios. Ezequias venceu a batalha sem precisar
que seu exército empunhasse a espada. Uma grande vitória! Depois disso vem a
sua doença, o que nos mostra que uma vitória não significa o fim da batalha. Nem
sempre, por se perder uma batalha, perde-se uma guerra. Mas, o contrário também
é verdade: Nem sempre, por se ganhar uma batalha, se ganha uma guerra. Israel
foi vitorioso em suas guerras, mas perdeu muitas batalhas. A verdade é que
estamos em guerra com o império das trevas e esta guerra é contínua, pois
termina uma batalha, seja ela com vitória ou derrota, podemos ter a certeza de
que logo haverá outra batalha a ser combatida, com outra situação, com outro
contexto, pois Deus nos coloca diante de adversidades diversas para ver nossa
reação diante de cada uma delas. Que venhamos a aprender com nossos erros e não
venhamos a insistir em estratégias que não funcionam.
Às vezes, nos cansamos de
lutar e sentimos vontade de desistir. Nos fragilizamos diante da intensidade
dos ataques malignos, nos rendemos diante dos desgastes provocados pelas batalhas,
mas um cristão jamais deve deixar de lutar, pois somente os corajosos
conquistarão o céu, os covardes serão lançados fora. Deus se alegra com os que
desenvolvem a valentia espiritual, que não se acovardam no meio do caminho e
que fazem dos momentos difíceis uma oportunidade para vencer o inimigo.
Satanás, nosso maior inimigo, sempre estará armando ciladas para nos derrubar,
e, se nós não estivermos preparados, perderemos não só a batalha, mas perderemos
também a guerra! Por isso a Palavra nos adverte a estarmos sempre alertas
quando nos diz:
8 Sede
sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar;
9 resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos
vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo (1 Pd 5.8,9).
A melhor notícia que temos
em meio à nossa guerra é que lutamos contra um inimigo derrotado, vencido por
Cristo lá na cruz, pois Paulo nos diz que:
13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas
vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida
juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
14 tendo cancelado o escrito de dívida, que era
contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o
inteiramente, encravando-o na cruz;
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz (Cl 2.13-15).
Jesus já conquistou, na Cruz
do Calvário, a nossa vitória sobre as trevas, porém, existe uma insistência
crônica por parte do inimigo em tentar nos esfriar em meio ao processo de
conquista. Nunca nos esqueçamos de que não existem caminhos fáceis, por isso
devemos trilhá-los passo a passo para não sermos apanhados de surpresa.
B
– Servir a Deus não significa ser imune contra o mal
1 ... Ezequias adoeceu de uma enfermidade
mortal; ...
Neste Mundo Todos Sofrem e
aqui está um exemplo disso: o rei Ezequias era uma excelente pessoa e um bom
rei. A Bíblia confirma isso ao relatar sua história:
-
Ele fez o que era reto perante o Senhor.
-
Ele removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo (combateu
a idolatria).
-
Ele confiou no Senhor (dependência).
-
Ele se apegou ao Senhor, não deixou de segui-Lo (intimidade).
- Ele feriu os filisteus
(Não fez aliança com os inimigos como o fez seu pai).
Mesmo com um histórico de
vida memorável, com tantas virtudes a seu favor, Ezequias adoeceu de uma
enfermidade mortal, jovem, na flor da idade, quando estava realizando uma obra
de restauração espiritual, ou como diríamos hoje, um reavivamento espiritual de
Judá. A realidade é que a doença alcança tanto os bons como os maus, tanto gente
nova como de idade avançada, tanto aqueles que estão sendo uma benção para a
igreja como aqueles que não são, tanto as pessoas que ofereceram tudo como
ainda as que têm muito a oferecer para Deus.
Fazer a vontade de Deus tem
o seu galardão, tem a sua bênção, possui suas vantagens, mas não nos isenta das
tribulações. O fato de sermos cristãos não significa que estamos assegurados contra
qualquer tragédia. Somos atingidos também pelas tribulações da vida. É a
condição financeira que entra em colapso, impossibilitando honrar os
compromissos; o emprego que não existe; a violência; assaltos; filhos
problemáticos e rebeldes; casamento que não anda bem; drogas; sexo; inimizades,
dentre outros que compõem uma longa lista.
Então, qual a diferença de ser ou
não cristão? A diferença é que nas
provações e lutas da vida não estamos sozinhos. Temos um Deus conosco. Temos
uma esperança que nos sustenta, a esperança de que a morte não é o fim, pois
Deus nos ressuscitará e nos dará a vida eterna. Quem não teme ao Senhor sofre
só e sem esperança. Morre em seu desespero. Somos mais do que vencedores por
meio de Cristo Jesus, porém não estamos isentos das batalhas e das guerras que
surgirão para forjarem o nosso caráter. Paulo fez um convite nada agradável a
Timóteo:
3 Participa
dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus.
4 Nenhum soldado em serviço se envolve em
negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o
arregimentou.
5 Igualmente, o atleta não é coroado se não
lutar segundo as normas.
6 O lavrador que trabalha deve
ser o primeiro a participar dos frutos (2 Tm 2.3-6).
Deus permite que Seus filhos
sofram, mas faz com que todas as coisas, tanto as boas como as ruins, cooperem
para o bem daqueles que O amam. Deus estava com José e abençoava a tudo que ele
fazia, mas este homem foi vendido pelos próprios irmãos a mercadores e, no
Egito, na casa de Potifar, foi acusado de algo que não fez e lançado na prisão
por causa isso. José saiu daquela prisão para ser governador do Egito. A
promessa de Deus é que nenhuma provação nos será maior do que podemos suportar:
13 Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação,
vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar (1 Co 10.13).
Não sei como você está
agora, mas se está atribulado saiba que Deus permitiu esta tribulação em tua
vida porque Ele confia em você e sabe que pode suportá-la. Sabe por que algumas
vezes perdemos uma batalha? Porque não utilizamos as armas da maneira correta e
nos desviamos das estratégias de Deus. Quando andamos pela nossa própria
estratégia, fazendo a nossa própria vontade, achando que já sabemos tudo,
ficamos soberbos, caminhamos pelo nosso próprio caminho e destinamo-nos à
queda. Fazemos isso quando achamos que os filhos de Deus não podem sofrer, não
devem ficar doentes, não devem ser pobres, não podem enfrentar dificuldades
financeiras. Fazemos isso quando achamos que Deus é rígido demais, que está
jogando pesado conosco, que não nos tem tratado com amor, mas com dureza.
Estratégias erradas! Estratégias malignas! A ordem de Deus é:
12 Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação;
porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor
prometeu aos que o amam (Tg 1.12).
As promessas de Deus são
para o vencedor e ele deve ser corajoso, guerreiro e preparado para a guerra,
para a vida difícil, árdua, porque não é aqui o nosso lugar de descanso.
C
– É necessário estarmos preparados para quando nossa hora chegar
1 ... veio ter com ele o profeta
Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua
casa, porque morrerás e não viverás.
Uma segunda provação, mais
terrível que a primeira, aflige agora o rei: A morte bate a sua porta. Ser
filho de Deus não garante perfeita saúde por toda a vida e não afasta a possibilidade
de morte súbita e nem de morte prematura. Quem era Ezequias? Um rei bom que
preferiu agradar ao Senhor com um reinado justo e realizou uma reforma
religiosa em Judá restaurando a adoração e o louvor a Deus, mas que de repente
a morte bate a sua porta.
A morte é uma
realidade com a qual somos confrontados diariamente através das notícias nos
jornais e na televisão. A pergunta importante é: estamos preparados para a
morte e para o que vem depois? Todos nós, sem nenhuma exceção, justos
ou injustos, estamos sujeitos a morte repentina em decorrência de alguma
anomalia no coração ou de outra enfermidade e, portanto é necessário que
estejamos preparados para a morte, seja ela demorada, súbita ou prematura. Colocar
a casa em ordem é estar espiritualmente preparado para morrer a qualquer hora. Se acharmos que com a morte tudo acaba, estamos enganados,
pois a Bíblia diz que:
27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois
disto, o juízo (Hb 9.27).
Não é o “nada”
que nos espera, ou uma vida em outra forma como muitas religiões e filosofias nos
querem fazer acreditar. Não! O que nos espera é o julgamento de Deus. Isto quer
dizer que vamos ter que prestar contas na presença de Deus de nossos atos e sobre
como reagimos em relação ao Seu Filho nesta vida. Isto decidirá onde passaremos
a eternidade: no céu ou no inferno. E se não quisermos acreditar que isso seja
verdade, seremos surpreendidos na nossa partida e teremos um arrependimento
tardio, como teve o homem rico que, em agonia no inferno, clamava por
misericórdia, mas era tarde demais. Se preparar para a morte
significa colocar sua vida com Deus em ordem. Para isso existe somente um caminho:
aceitar a salvação que Jesus Cristo oferece através de Sua morte na cruz:
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
17 Porquanto Deus enviou o seu
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo 3.16,17).
12 E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos
(At 4.12).
6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).
Não deixe para mais tarde a
sua decisão sobre onde você gostaria de passar a eternidade – com Jesus na
Glória ou longe dEle na perdição eterna? Dê este passo agora e entregue sua
vida para Jesus. Ele lhe receberá com os braços abertos, lhe perdoará toda culpa
e lhe dará vida eterna. Jesus lhe espera a tomar esta decisão há tanto tempo!
O rei Ezequias, em sua
angústia, mais uma vez se volta para o Senhor. Certamente não poderia entrar no
santuário como costumava fazer para orar, mas é sempre possível encontrar Deus,
mesmo em um leito de enfermidade. Ele apenas virou a cabeça e orou ao Senhor e
Deus lhe ouviu a oração. Quantas pessoas acamadas têm tido essa abençoada
experiência todos os dias!
O rei Ezequias, após uma
laboriosa vitória é novamente provado por Deus, agora através de uma
enfermidade mortal. Não vivemos em uma estância de férias, não existe trégua em
nossa guerra, não estamos imunes dos ataques e das atrocidades de nossos
inimigos, precisamos estar sempre preparados, fortalecidos na graça daquele que
pode nos sustentar.
2
– UMA ATITUDE CORRETA DIANTE DE UMA MÁ NOTÍCIA
O que fez o rei Ezequias
quando recebeu a má notícia de sua morte? A Bíblia diz que o rei chorou e abriu
seu coração a Deus. Pelas suas palavras vemos que estava preparado para morrer,
mas ele não se conformou em deixar este mundo na flor da idade, sem terminar
aquilo que havia começado no seu reinado. Desesperadamente clama ao Senhor. Esta
experiência de Ezequias nos ensina algumas lições:
A
– A oração sempre deve ser o nosso primeiro recurso
2 Então, virou Ezequias o rosto
para a parede e orou ao SENHOR.
Muitos, no lugar de
Ezequias, reagiriam de maneira bem diferente. Certamente, alguns, tomados pelo
desespero, se descontrolariam, enquanto que outros cairiam em profunda depressão,
chorando incessantemente e haveria os que blasfemariam culpando a Deus pela
situação. Provavelmente, alguns precipitariam ao suicídio, outros se culpariam
acreditando estarem sofrendo algum castigo. Enfim, muitas outras reações que
certamente difeririam da adotada pelo rei Ezequias. Só mesmo alguém tomado por
uma profunda convicção poderia agir como ele agiu. Com o corpo debilitado e
enfraquecido pela enfermidade, mas com o espírito forte, não conseguindo
levantar-se do leito em que se encontrava, ali mesmo virou-se e com o rosto
voltado para a parede e fez seu clamor através de uma oração ao seu Deus. Seu
primeiro e único recurso foi a oração.
Deus tem um propósito a
realizar em nossa vida, mas Ele deseja que o homem esteja disposto a orar, para
que se estabeleça a Sua vontade. Esta é a função da oração, preparar o caminho
para que Deus realize Sua vontade. Sendo assim o homem deve fazer com que sua
vontade seja conforme a vontade de Deus para que suas orações sejam respondidas.
Jesus disse que:
14 E esta é a confiança que temos para com ele:
que, se pedirmos alguma coisa segundo a
sua vontade, ele nos ouve.
15 E, se sabemos que ele nos
ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos
certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito (1 Jo 5.14,15).
A oração tem como objetivo
estabelecer a vontade de Deus em nossa vida, desta forma, devemos conhecer
melhor a vontade de Deus, para que nossas orações sejam agradáveis a Deus e
nossos propósitos sejam cumpridos.
A oração é o estabelecimento
de um diálogo do homem com Deus, sendo que, devemos estar atentos a resposta de
Deus, que vem através de Seu falar em nosso coração ou através de
circunstâncias exteriores. É através da oração que colocamos nossas ansiedades
nas mãos de Deus, crendo que Ele é poderoso para nos dar paz interior, e
resolver nossos problemas da melhor maneira possível para nosso crescimento
espiritual.
Devemos estar sempre orando,
para sermos guardados das tentativas de satanás de nos levar ao desânimo e ao
pecado. Podemos dizer que a oração é o nosso termômetro espiritual, pois quando
não conseguimos orar, indica que não estamos bem espiritualmente. Devemos ser
sensíveis a voz do Espírito Santo enquanto estamos orando para podermos
discernir se esse falar é ou não de Deus, pois o inimigo pode também tentar nos
enganar, lançando pensamentos em nossa mente que sutilmente nos induzirão ao
erro. Em princípio, o crente deve orar em todo o tempo:
17 Orai sem cessar (1 Ts 5.17).
18 com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para
isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos (Ef 6.18).
Orar sem cessar é um estado
permanente de comunhão com Deus, onde o seu pensar está ligado com as coisas
que são lá do alto:
2 Pensai
nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa
vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus (Cl 3.1-2).
Estar com os pensamentos
voltados para Deus é uma condição que não dá lugar para ser atingido pelos
dardos inflamados do inimigo, pois seu espírito está sempre alerta através da
oração.
A oração nos conduz à
presença de Deus para um diálogo íntimo, pessoal e restaurador com aquele que
deseja estar lado a lado com seus filhos. Quando estamos alegres, ela deve ser
nossa primeira expressão de gratidão, quando estamos chorando, ela deve ser
nosso primeiro recurso de clamor. Ezequias nunca se esquecia e nunca deixava
para depois o recurso da oração. Para ele a oração era o primordial.
B
– Devemos chegar ao Senhor com sinceridade e objetividade
3 E disse: Lembra-te, SENHOR,
peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e
fiz o que era reto aos teus olhos; ...
A oração não é algo formal a
ser usado para atrair a atenção dos homens, como faziam os fariseus, e por isso
foram condenados por Jesus. Eles estavam acostumados a orar formalmente 18
vezes ao dia, segundo as leis herdadas de seus antepassados e observavam com
rigor pontual os horários destinados à oração onde quer que estivessem. Por
isso, com freqüência eram obrigados a orar em público, e os judeus, admirados,
sempre os surpreendiam em sua prática nas esquinas das ruas. A oração passou a
ter para eles um caráter de mero ritualismo, sem consistência espiritual, onde
o que contava era a exterioridade sofisticada de palavras vazias para receber o
louvor humano.
A oração também não é como a
reza, uma repetição interminável de enunciados que não traduzem os sentimentos
do coração. Este era o costume dos gentios, adeptos das religiões politeístas,
que horas a fio repetiam mecanicamente as mesmas palavras diante de seus
deuses, o que mereceu a veemente reprovação do Senhor Jesus.
Muitos se acham no direito
de serem atendidos por Deus, mas Ele não atende uma oração se o coração que ora
está fingindo, dividido entre a luz e as trevas, que vive no erro, no engano e
na mentira, que não se humilha diante dele. Ezequias, mesmo sendo rei, se
humilhou diante de Deus e a sua oração que apresentou a Deus foi ouvida e
recebida.
C
– Diante da dor não devemos nos calar, mas apresentá-la ao Senhor.
3 ... e chorou muitíssimo.
A visita do profeta levou o
rei a pleitear diante de Deus, em oração, pela vida. Ezequias se humilhou
diante do Senhor não somente em oração, mas também com muito choro. Não se
desespere diante da dor, pois está nela a oportunidade de crescermos e evoluirmos
na fé. A verdade é que todos nós queremos o céu, mas nos esquecemos da
trajetória que temos a percorrer até lá e desejamos ter uma caminhada sem
aperto, nos esquecendo das palavras de Jesus o qual nos advertiu que o caminho
para o céu é estreito e apertado. Dor e sofrimento fazem parte da natureza que
habita em nós. Eles
nos incomodam e nos fazem reagir e através deles somos modificados por Deus,
que vai forjando em nós o nosso caráter, lavado muitas vezes pelas nossas
lágrimas. Há uma frase que descreve com propriedade as razões da aflição:
"Quanto mais numerosos os espinhos, mais belas serão as rosas".
Chorar é bom! Com o
sofrimento o choro chega e ele traz alívio. O choro é um amigo que conforta,
deixando clara a sua missão: expressar o que vem do âmago, e ao mesmo tempo
consolar. Quando precisarmos reduzir o sofrimento temos um recurso natural: o
chorar. Chore, e lembre-se da frase de Jesus: "Bem-aventurados os que
choram, porque eles serão consolados".
Somos o exército de Deus e
somos preparados por Ele para enfrentar situações extremamente adversas,
portanto, devemos resistir bravamente, afinal, fomos capacitados e enchidos com
o Espírito Santo. Entregar-se aos problemas é sinônimo de fraqueza e derrota. Por que
alguns são abalados? Porque edificaram suas casas sobre a areia! Sem o devido
alicerce da comunhão verdadeira com Deus. É a vida cristã aparente, desprovida
do Espírito e da genuína filiação. Estes, mesmo apresentando-se como pessoas
dinâmicas na igreja são desconhecidos pelo Pai. Quando os problemas vêm como um
forte vento, logo são abatidos e derrotados.
Os filhos genuínos do Senhor são fortes,
inabaláveis, preparados para vencerem as maiores dificuldades que possam
sobrevir à vida. Estes não negam a sua filiação e a exemplo de Cristo Jesus,
vão até as últimas conseqüências, esperando no amparo incontestável do Pai
Celeste, pois eles sabem que o Senhor, criador dos céus e da terra, sabe das suas
dificuldades e promete o amparo.
Chorar não é sinal de
fraqueza. Abater-se não é sinal de derrota. Apresentar sua queixa ao Senhor não
é sinal de rebeldia. Podemos chorar sim. Vamos nos abater muitas vezes sim e
devemos apresentar ao Senhor nossa dor. Jó fez isso! Ele falou muitas vezes
para o Senhor: Está doendo. Estou sofrendo. Não há espaço mais para dor. Não há
mais lágrimas para derramar, acabou, secou a fonte. Isso não é rebelar-se
contra Deus, mas é ser sincero diante dele. Veja a oração do salmista:
1 Ouve, SENHOR, a minha súplica, e cheguem a ti
os meus clamores.
2 Não me ocultes o rosto no dia da minha
angústia; inclina-me os ouvidos; no dia em que eu clamar, dá-te pressa em
acudir-me.
3 Porque os meus dias, como fumaça, se
desvanecem, e os meus ossos ardem como em fornalha.
4 Ferido como a erva, secou-se o meu coração;
até me esqueço de comer o meu pão.
5 Os meus ossos já se apegam à pele, por causa
do meu dolorido gemer.
6 Sou como o pelicano no deserto, como a coruja
das ruínas.
7 Não durmo e sou como o passarinho solitário
nos telhados.
8 Os meus inimigos me insultam a toda hora;
furiosos contra mim, praguejam com o meu próprio nome.
9 Por pão tenho comido cinza e misturado com
lágrimas a minha bebida,
10 por causa da tua indignação e da tua ira,
porque me elevaste e depois me abateste.
11 Como a sombra que declina,
assim os meus dias, e eu me vou secando como a relva (Sl 102.1-11).
Ezequias foi sincero e lhe
disse que não achava justo ter que deixar a terra dos viventes na flor da
idade, afinal, ele amava ao Senhor e era obediente. Lemos em Salmo 121, onde o
salmista Davi diz:
1
Elevo os olhos para os montes: de
onde me virá o socorro? (Sl 121.1)
Ele mesmo responde:
2 O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra (Sl 121.2).
Ezequias também esperava o
socorro do Senhor. Quando estamos na tempestade, precisamos recorrer a Jesus e
lhe suplicar que acalme a tempestade.
3
– UMA NOTÍCIA AGRADÁVEL DE RECEBER
Esta experiência nos mostra
que não há crise que Deus não possa reverter. No tempo dele, Deus poder
reverter o quadro que te assola. Não perca a esperança. Não desanime. Não
entregue os pontos. Levante a cabeça, pois Jesus te ama e Ele quer estar do seu
lado na hora mais difícil de sua vida. Ele quer ser seu amparo, quer ser seu
sustentador. Deus reverteu o quadro de Ezequias de morte para a vida e podemos
aprender algumas lições com esta provação passada pelo rei:
A
– Deus recolhe em seu odre as lágrimas de seus filhos
4 Então, veio a palavra do SENHOR a Isaías,
dizendo:
5 Vai e dize a Ezequias: Assim
diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; ...
Deus mandou um recado para
Ezequias: vi as tuas lágrimas. Deus não desperdiça as lágrimas de seus filhos,
Ele olha e recolhe em seu odre cada lágrima que derramamos. Se você não sabe um
odre é um recipiente de couro para guardar líquidos. Deus é um Pai amigo que
está sempre do nosso lado pelo caminho da vida. É Ele quem nos socorre. O
Senhor conhece o nosso entusiasmo, o propósito de nosso coração e as nossas
lágrimas escondidas. Ele vê as lágrimas ocultas que ninguém vê. Ele sente a
nossa amargura de alma como ninguém outro. Ele entende a nossa dor mais do que
imaginamos.
Quantas vezes sentamos e
choramos sozinhos, ou viramos para um canto para chorar. Choramos desde quando
nascemos, pois ao nascer nossa primeira reação é chorar, por isso podemos dizer
que:
Do
berço à sepultura, da maternidade ao cemitério,
as
lágrimas são a nossa companhia.
E em nossa companhia, as
lágrimas vêm e vão, às vezes com maior ou menor freqüência, mas sempre vêm e
vão. Mas as lágrimas se secam com um lenço, ninguém guarda lágrima, ninguém
carrega um vidrinho e vai guardando as suas lágrimas, mas Deus sim porque Ele recolhe
nossas lágrimas em seu odre e é na hora do choro, da amargura que Ele entra com
a sua misericórdia em nossa vida.
Davi havia passado por um
momento muito difícil na vida e vem contando isto no Salmo 56, mas quando Davi
chorou as suas lágrimas foram secas por Deus! De maneira poética Davi
ilustra:
8 Contaste os meus passos quando
sofri perseguições; recolheste as minhas
lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro? (Sl 56.8).
Deus está atento ao que se
passa conosco. Temos um Deus vivo que se importa conosco, que vê nossas
lágrimas de dia e de noite, até mesmo aquelas mais ocultas, que ninguém vê e
ninguém sabe. Mais do que isso, nossas lágrimas tem valor diante de Deus: não estão elas inscritas no teu livro?
Ele se importa! Deus se importa com tua dor, com teu coração, muito mais do que
você possa imaginar! Você tem lágrimas? Talvez suas lágrimas não sejam
visíveis, não cheguem a escorrer pela face, mas lá dentro, no coração, há um
choro seu. Deus vê estas lágrimas também e as recolhe em seu odre e as escreve
em seu livro.
Deus não desperdiça
sofrimento na vida de seus filhos. Os filhos de Deus não sofrem sem causa, sem
propósito, afinal, “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus” (Rm 8.28). Lembre-se de que o sofrimento é a escola superior do Espírito
Santo em que Deus
ensina aos seus filhos as mais profundas lições da vida. Quando Deus nos
permite sofrer, é porque está nos dando um curso avançado. Depois da
tempestade, passamos a conhecer Deus melhor.
As recompensas que Deus tem
para dar àqueles que confiam nEle são muito maiores do que os sofrimentos que
enfrentamos. Deus tem muito mais para dar do que o mundo tem para nos afligir
com dores. A Palavra nos diz que:
5 Os que
com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão.
6 Quem
sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os
seus feixes (Sl 126.5,6).
5 Porque não passa de um momento
a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl
30.5).
Deus não é uma energia
cósmica, um olho dentro de um triângulo, não é uma pirâmide, não é pedra de
cristal, mas é um Deus pessoal, presente, que ama as pessoas, que entra nas
suas vidas, que deseja participar da casa, da vida delas e que quer enxugar as
suas lágrimas, transformar as suas vidas! Deixe sua vida nas mãos deste Deus!
B
– Deus estende aos seus filhos a sua graça
5 ... acrescentarei, pois, aos teus dias quinze
anos.
6 Livrar-te-ei das mãos do rei
da Assíria, a ti e a esta cidade, e defenderei esta cidade.
Aqui está um exemplo de que
as coisas podem mudar. Tudo mudou na vida do rei com a oração. E se você
perceber a oração foi mais forte do que a própria profecia. A profecia era
clara: Ezequias põe em ordem tua casa porque você morrerá e não viverá. Mas
Ezequias ora e Deus ouve a sua oração e cancela a profecia. Deus era o autor da
profecia, com Ele está o dom da vida, Ele podia cancelar aquela ordem. Mas Deus
fez muito mais por Ezequias, pois além de dar a vida, prometeu livra-lo da Assíria
por todos os seus dias.
6 Livrar-te-ei das mãos do rei
da Assíria, a ti e a esta cidade, e defenderei esta cidade.
Deus estende a sua graça aos
seus filhos. Ele é um Deus de amor que ama seus filhos e os trata com misericórdia.
Ele é compassivo, paciente, benigno e tardio em irar-se e Ele nos trata com
todas estas virtudes. Deus nos trata como filhos que somos. Quando pedimos pão,
Ele não nos dá pedra, quando pedimos e não recebemos, não quer dizer que Ele
não nos ouviu, mas sim que a sua vontade foi diferente da nossa e significa
também que Ele tem um plano melhor para nós do que o nosso. Deus nos atende
além do que pedimos:
20 Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto
pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós (Ef 3.20).
Se você crê em Jesus, se
você já foi lavado pelo Seu sangue, se já foi remido pelo Seu sangue, você é
filho, você é herdeiro, você é ovelha, você é propriedade exclusiva de Jesus,
você é a menina dos olhos dele, você é extremamente precioso, Ele ama você, Ele
morreu por você, Ele verteu seu sangue por você, Ele morreu em seu lugar, em
seu favor, para dar a você perdão, para dar a você redenção, para dar a você
restauração, para dar a você vida eterna. Ele estende até você a sua graça.
C
– Deus tranqüiliza o coração de seus filhos
7 Ser-te-á
isto da parte do SENHOR como sinal de que o SENHOR cumprirá esta palavra que
falou:
8 eis que farei retroceder dez
graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz. Assim,
retrocedeu o sol os dez graus que já havia declinado.
O fiel e piedoso rei recebe,
além da cura, o mais extraordinário sinal ao retroceder a sombra no relógio de
sol que seu pai mandou fazer. Deus lhe mostra que aceitou a sua petição para adiar
sua morte e tranqüiliza seu coração com um sinal extraordinário.
Quando Pedro estava preso,
ele sabia que Tiago estava morto e que ele seria o próximo a ser executado;
sabia que a sua sentença de morte já estava lavrada. Mas, diz o texto que ele
dormia na noite em que, no dia seguinte, deveria ser executado. Isso é
maravilhoso! Possivelmente, qualquer outra pessoa ficaria desesperada, não
conseguiria dormir nem por um instante. Apesar de estar preso, apesar de estar
algemado, apesar de estar guardado por segurança máxima, Pedro dormia, porque
Deus tranqüiliza nosso coração na hora da tribulação. Pedro descansava na
Soberana Providência de Deus e naquela noite ele seria libertado pelo anjo de
Deus das mãos de Herodes.
Conclusão
A experiência de Ezequias
nos mostra que nunca devemos desacreditar na
oração, que nunca devemos deixar de orar.
Não sei qual é
o seu problema, mas se você está amargurado e aflito, Jesus pode
aliviar a sua alma e te trazer paz e descanso. Talvez você esteja enfrentando algumas lutas e algumas perdas em sua
vida. Quem sabe está sofrendo baixas em sua vida financeira e isso angustia
muito o coração. Talvez, esteja passando pelo drama de ver seus filhos fugirem
das suas mãos, do seu controle e isso esmaga o coração. Talvez, como Ezequias, esteja
enfrentando o drama de uma doença séria, grave, que se estabeleceu em seu corpo
e tem gastado seu tempo e seus recursos, mas não tem tido o retorno que
esperava. Talvez, esteja vivendo o drama de um casamento machucado, cheio de
incompreensão, enquanto esperava mais presença, mais companhia, mais compreensão,
mais carinho, mais amor. Talvez, esteja passando por noites muito longas
buscando respostas, explicações, mas a única resposta é o barulho da tempestade
que assolou sua vida. Deus pode reverter este quadro. Descanse nele e se
você se sente oprimido por alguma coisa, ou por alguém, levante os seus olhos
para o alto, coloque o joelho no chão, e clame Àquele que pode te dar descanso
alívio e paz.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com