9 Bem-aventurados
os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5.9).
Introdução
O
nosso Deus é o “Deus da paz”. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos
dou”, mas o que podemos notar é que não há paz no mundo. Tivemos, no século XX,
duas guerras mundiais e um incalculável número de conflitos internacionais. O
número de tentativas de reconciliação não foi inferior. Neste momento, diversos
conflitos armados estão acontecendo no mundo. Isto sem falar em conflitos
civis, religiosos e até familiares. Os chefes de Estado israelense e palestino
reúnem-se constantemente para um acordo de paz, mas não há progresso. Os
conflitos no Oriente Médio não cessam. Por que será que os esforços do mundo em
estabelecer a paz acabam sendo frustradas? A resposta a essa pergunta
certamente é a oposição de Satanás e a desobediência do homem.
Existem
na Bíblia cerca de 400 referências à paz. As Escrituras começam com paz no
Jardim do Éden, porque o homem, enquanto viveu lá, viveu em paz. E a Bíblia
termina com paz na eternidade, porque quando Cristo voltar, enfim estabelecerá
para sempre a Sua paz. O que podemos dizer é que o pecado do homem interrompeu
a paz no Jardim do Éden e, na cruz, Jesus Cristo se tornou a nossa paz, e um
dia Ele virá para estabelecer o Seu Reino de paz.
Enquanto
Jesus não volta somos chamados para sermos pacificadores. Ser pacificador é
algo um tanto estranho para a mentalidade humana. Quando dois meninos brigam,
geralmente as pessoas os separam, mas não sem antes deixar os dois trocarem
alguns sopapos, o que significa uma pacificação forçada pelas circunstâncias.
Isso não é ser pacificador! E o que é, então, um pacificador? Há relação entre
pacificador e paz? É o que veremos em nosso primeiro tópico.
1 – O PACIFICADOR E A PAZ
É
sempre interessante observar como as bem-aventuranças se encaixam. Como alguém
chega a ser pacificador? Primeiro ela precisa ter consciência de sua pobreza
espiritual, além de chorar por ela. Alguém que é sensível a ponto de chorar
pelos pecados não pode revidar, mas ter mansidão. Ele desejará muito a justiça,
sem, entretanto, abandonar a misericórdia. Tendo tudo isso, será puro de
coração e, então, ser pacificador não será tão difícil, pois não buscará seus
próprios interesses, mas os do Senhor. Com estas interligações, podemos definir
que o mundo não sabe o que realmente significa ser um pacificador. Pacificar é
buscar a paz. Por isso, vamos, primeiramente, ver o que é a paz.
A – O que é paz?
Paz
não é ausência de conflito. Algumas pessoas definem paz como ausência de
conflito, mas paz é muito mais do que a ausência de algo. Jesus, o príncipe da
paz, não evitou os conflitos, Ele jamais deixou de denunciar o erro, o pecado,
e o mataram porque Ele se recusou a aceitar uma paz a qualquer preço. Portanto,
a paz não é apenas a suspensão da guerra; a paz é a criação da justiça que
reúne inimigos em amor e reconciliação. É a presença da justiça que produz
relacionamentos verdadeiros.
E
paz também não é trégua. Há uma grande diferença entre trégua e paz. Uma trégua
quer dizer que você deixou o conflito de lado apenas por um tempo, mas ele
ainda existe e as batalhas podem voltar a qualquer momento. A paz vem quando o
problema é resolvido e as partes se abraçam.
Paz
também não é fuga do confronto. Sem confronto teremos apenas um cessar-fogo, um
tempo para recarregar as armas. A paz na Bíblia nunca se esquiva dos problemas
porque ela não ensina uma paz a qualquer preço. Apaziguamento não é paz porque
a paz, para ser conquistada, tem um alto preço a se pagar. A nossa paz com
Deus, por exemplo, custou o sangue de Cristo. Existe por aí uma espécie de paz
barata, proclamada sem qualquer custo. Não devemos nos esquecer de que proclamar
paz, onde não há paz, é obra do falso profeta. Mas a paz supera o problema e
superar não é sublimar nem enterrar o problema vivo, porque a paz constrói uma
ponte de reconciliação entre as partes envolvidas.
Paz
também não é sacrifício da justiça. Nunca se procura a paz à custa da justiça.
Você não conseguirá paz entre duas pessoas a não ser que elas tenham percebido
o pecado, a culpa e o erro da amargura e do ódio e tenham resolvido levá-los
diante de Deus e corrigi-los. Nem tampouco a paz é sacrifício da verdade.
Muitos, hoje, querem a paz e a união de todos, mas enterrando a verdade. Foi nesse
sentido que Jesus veio trazer não a paz, mas a espada:
34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada (Mt 10:34).
Não
há unidade fora da verdade. A paz com todos e a santificação precisam andar
juntas:
14 Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb
12:14).
O
ecumenismo é utopia. Não temos nenhuma ordem de Cristo para buscarmos a união
sem pureza de doutrina e de conduta. Uma união barata produz uma evangelização
barata. Esses são atalhos proibidos que transformam o evangelista em um
mercador fraudulento, que degrada o Evangelho e prejudica a causa de Cristo. A
Bíblia ordena:
14 Não
vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade
pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as
trevas (2 Co 6.14)?
A
paz nunca significa apenas a ausência de conflito. A paz inclui o bem estar
geral do homem. É a libertação do mal e a presença de coisas boas. A paz é um
estado de harmonia com Deus, consigo mesmo e com o próximo.
B – A necessidade da paz
O
homem é um ser em conflito. Ele está em guerra com Deus, consigo mesmo e com o
próximo. Por isso que a paz que saudamos hoje pode desmoronar amanhã. No mundo
não há paz. Não há paz política, econômica, social ou familiar. Não temos paz
em lugar nenhum porque não temos paz em nosso coração. Quero adaptar um ditado
nos seguintes termos: “O mundo tem inúmeros monumentos à paz, e depois de cada
guerra, constroem mais um”. Isso nos mostra que a paz é meramente aquele breve
momento glorioso na História em que todos param para recarregar as armas.
Depois da segunda guerra mundial, o mundo ficou preocupado em desenvolver uma
agência para a paz mundial, por isso, em 1945, surgiram as Nações Unidas com o
lema: “Libertar as nações vindouras do flagelo da guerra”. Desde então não tem
havido um dia de paz na terra. É ou não é uma utopia? Hoje vivemos terríveis
guerras étnicas, tribais e religiosas. O fato é que o mundo é um barril de
pólvora, qualquer faísca explode.
Os
homens estão em conflito uns com os outros. O século XX começou com profundo
otimismo humanista. Mas veio a primeira guerra mundial e cerca de 30 milhões de
pessoas foram mortas. Logo veio a segunda guerra mundial e 60 milhões de
pessoas pereceram. Não temos capacidade de conviver bem uns com os outros.
Existem dissoluções de famílias e discórdias nas escolas. O homem não tem paz
consigo mesmo, por isso o mundo ao seu redor está mergulhado no caos.
Tudo
o que Deus criou cumpre o seu propósito: Deus criou o sol para brilhar, as
árvores para encherem a terra de fartura, as sementes para nascerem,
florescerem e frutificarem. E Deus criou o homem para a vida e ele prefere a
morte; para a paz e ele prefere a guerra. Jesus disse que até mesmo o reino de
Satanás não pode sobreviver dividido. Será que nós somos os únicos que nos autodestruímos?
Sem
paz a sociedade se desintegra. Sem paz você é um ser em conflito, em guerra.
Sem paz a sua família se arrebenta. Sem paz a Igreja perde a comunhão e fica
estagnada. Sem paz a cidade vira uma arena de medo. Sem paz a nação mergulha em
densas trevas. Sem paz o mundo vive a síndrome do pânico. O problema que mais
nos assusta hoje é a falta de segurança. O nosso semelhante tornou-se nossa
maior ameaça porque falta paz na terra. E por que falta a paz? Porque o homem
não consegue superar os impedimentos a ela.
C – Os impedimentos à paz
O
maior deles é o de semear contendas. A Bíblia diz:
16 Não
andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do
teu próximo. Eu sou o SENHOR (Lv 19:16).
E
semear contendas é o pecado que Deus mais aborrece:
16 Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a
sua alma abomina:
17 olhos altivos, língua mentirosa, mãos que
derramam sangue inocente,
18 coração que trama projetos iníquos, pés que
se apressam a correr para o mal,
19 testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos (Pv
6:16-19).
O
mexeriqueiro é o correio do diabo por quem ele envia as suas cartas, disse
Thomas Watson. Ele é um mexeriqueiro. Ele sopra as brasas da contenda. Se a
Bíblia diz que o pacificador é abençoado, bem-aventurado, então, aquele que
quebra a paz é maldito. O diabo foi o primeiro a quebrar a paz, separando o
homem de Deus.
Outro
grande impedimento à paz é a soberba. A pessoa soberba pensa que é melhor do
que os outros e contende por superioridade. Amã mandou matar todos os judeus
porque Mordecai não se prostrou aos seus pés:
5 Vendo, pois, Hamã que Mordecai não se inclinava, nem se prostrava diante dele,
encheu-se de furor.
6 Porém
teve como pouco, nos seus propósitos, o atentar apenas contra Mordecai,
porque lhe haviam declarado de que povo era Mordecai; por isso, procurou Hamã destruir todos os judeus, povo de Mordecai,
que havia em todo o reino de Assuero (Et 3:5,6).
Só
uma pessoa que abriu mão da sua vaidade, pode ser um pacificador. Agora que
estudamos sobre a paz, podemos dizer que, como a paz, pacificar não significa
eliminar todos os conflitos. O próprio Senhor Jesus nos adverte que se alguém
deseja segui-lo deve dispor-se a enfrentar problemas:
34 Não
penseis que vim trazer paz à terra; não
vim trazer paz, mas espada.
35
Pois vim causar divisão entre
o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra.
36
Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa (Mt 10.34-36).
Este
conflito existe em função da verdade, porque, às vezes, nem todos da família
aderem à verdade, alguns preferem a mentira. Tal declaração de Jesus não
contradiz a sétima bem-aventurança. Há uma outra declaração do apóstolo Paulo
que pode harmonizar-se com o que o Senhor Jesus disse:
18 se
possível, quanto depender de vós, tende
paz com todos os homens (Rm 12.18).
Nem
sempre depende de nós, mas a paz deve ser motivo de nossos esforços
continuamente. Como filhos de Deus, somos chamados a viver uma vida de paz.
Temos paz com Deus por meio de Jesus e, por isso, devemos nos esforçar para
viver em paz uns com os outros.
Um
pacificador não é um fraco ou um covarde, que foge da batalha por medo do
conflito. Há muitas pessoas que estão dispostas a fazer qualquer coisa para não
entrar em conflito com outras, mas não são em hipótese alguma pacificadoras
segundo a concepção de Jesus.
Com
respeito ao significado preciso de pacificador, é necessário enfatizar que
estamos falando de uma obra divina. É por isso que os pacificadores serão
chamados de filhos de Deus. Ninguém pode ser um pacificador se primeiro não
tiver experimentado a paz em si mesmo. Estamos falando da reconciliação com
Deus, que foi tornada possível para nós pela cruz de Jesus Cristo. Somente quem
já experimentou a paz com Deus pode viver em paz com os homens.
Mas
não uma paz falsa, forçada pelas circunstâncias, nem uma paz que passa por cima
de princípios. Trata-se de uma paz real, que nasce de um coração transformado e
desejoso de viver de forma íntegra e obediente ao Senhor.
2 – A RAZÃO DE SER UM PACIFICADOR
Ser
pacificador não é uma tarefa fácil, mas necessária e, poderíamos até dizer,
obrigatória para alguém que tem Jesus no coração.
A – O custo de ser um pacificador
Não
é uma tarefa simples a de ser pacificador, nem barata. O custo não é baixo.
Para que a paz se instale, é necessário que alguma das partes em conflito abra
mão de suas reivindicações. Se os dois lados continuarem insistindo em ser
completamente atendidos, jamais haverá acordo. Obviamente, isto não é nada
fácil.
Em
geral as pessoas não estão dispostas a perder. Todas querem levar vantagem.
Frequentemente ouvimos alguém dizer: “Mas, o que eu vou levar nisso?” e “Se não
houver alguma vantagem para mim estou fora.” É a lei do mundo: “Não posso
perder de forma alguma.” O pacificador deve abrir mão de seus direitos. Esse
pode ser o custo necessário para que a paz se instale. E isto é confirmado com
as palavras de nosso Senhor Jesus:
25 Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele
que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna (Jo 12.25).
Ser
pacificador não significa abrir mão de tudo. Há coisas das quais não podemos
abrir mão: Nossa fé, nossas convicções teológicas, nossa santidade de vida. Mas
podemos abrir mão de benefícios, lucros, prazeres. Podemos até mesmo sofrer
perdas. As perdas, muitas vezes, podem se tornarem em ganho. Paulo diz:
7 O só existir entre vós demandas já é
completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça?
Por que não sofreis, antes, o dano?
8 Mas
vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos próprios irmãos (1 Co
6.7,8)!
O
pacificador consegue pagar o preço porque tem uma visão diferente do mundo.
Para as pessoas que não nasceram de novo, toda a esperança se reduz a esta
vida. Mas o crente sabe que esta vida é passageira e tem a mesma convicção do
apóstolo Paulo:
19 Se
a nossa esperança em Cristo se limita
apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens (1 Co
15.19).
Por
esta causa que Jesus nos adverte:
19 Não
acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem
corroem e onde ladrões escavam e roubam;
20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu,
onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;
21 porque, onde está o teu tesouro, aí estará
também o teu coração (Mt 6.19-21).
Há
mais sentido em acumular tesouros no céu do que na terra, pois da terra não se
leva nada. Mas não é fácil juntar estes tesouros, pois eles não são materiais,
são espirituais e é necessário pagar um alto preço para possuí-los, apesar de
eles serem gratuitos a todos.
B – Fomos chamados a sermos portadores
da paz
Jesus
é chamado de o Príncipe da Paz (Is 9:6). Ele entrou no mundo com uma música da
paz:
14 Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem
ele quer bem (Lc 2:14).
Ele
deixou o mundo com um legado de paz:
27 Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o
vosso coração, nem se atemorize (Jo 14:27).
Cristo
derramou seu sangue pela paz. Ele fez a paz pelo sangue da sua cruz:
20 e que, havendo
feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo
mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus (Cl 1:20).
E
Deus Pai é chamado o Deus da paz e o pacificador estampa na sua vida o próprio
caráter de Deus. Ele nos comissiona a sermos embaixadores em seu nome, rogando
aos homens que se reconciliem com Deus, pois Deus nunca nos chamou para a
divisão ou contendas. Nas palavras de Paulo Deus nos chamou à paz. Temos paz
com Deus, temos a paz de Deus e somos portadores dessa paz e devemos levar essa
paz adiante. Jesus disse:
5 Ao entrardes numa casa, dizei antes de tudo: Paz seja nesta casa!
6 Se houver ali um filho da paz, repousará
sobre ele a vossa paz; se não houver, ela voltará sobre vós (Lc 10,5,6).
Não
somos chamados à violência, mas tão somente à paz. Veja a resposta de Jesus
àqueles que querem fazer uso da violência em vez da paz:
51 E aconteceu que, ao se completarem os dias em
que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida
resolução de ir para Jerusalém
52 e enviou mensageiros que o antecedessem. Indo
eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada.
53 Mas não o receberam, porque o aspecto dele
era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém.
54 Vendo isto, os discípulos Tiago e João
perguntaram: Senhor, queres que mandemos
descer fogo do céu para os consumir?
55 Jesus, porém, voltando-se os repreendeu e
disse: Vós não sabeis de que espírito sois.
56 Pois o
Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.
E seguiram para outra aldeia (Lc 9.51-56).
E
a Bíblia diz:
7 Que
formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz
ouvir a paz, que anuncia coisas
boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina (Is 52.7)!
É
honroso ser um pacificador. A Bíblia ainda diz:
3 Honroso
é para o homem o desviar-se de contendas, mas todo insensato se mete em
rixas (Pv 20:3).
14 Como o abrir-se da represa, assim é o começo
da contenda; desiste, pois, antes que
haja rixas (Pv 17.14).
Quando
uma represa arrebenta, há uma inundação catastrófica que traz perigo, prejuízo
e morte. Jesus diz que feliz é o pacificador, aquele que não gera conflitos,
mas que acaba com eles, buscando reconciliação. E agindo assim o pacificador
poupa a si mesmo de tormentos. A Bíblia diz:
17 O
homem bondoso faz bem a si mesmo, mas o cruel a si mesmo se fere (Pv
11.17).
Um
gerador de contendas torna-se o seu próprio carrasco e algoz. Ele flagela a si
mesmo. A Bíblia ainda diz:
1 Oh!
Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!
2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual
desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.
3 É como o orvalho do Hermom, que desce sobre
os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre (Sl
133:1).
Somos
chamados a viver em paz uns com os outros e a proclamar a paz. Somos
embaixadores da paz.
C – O pacificador é aquele que promove a
paz
O
pacificador está em paz com Deus, anuncia o evangelho da paz, tem o ministério
da reconciliação e é um embaixador de Deus, rogando aos homens que se
reconciliem com Deus:
17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
passaram; eis que se fizeram novas.
18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio
de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões,
e nos confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por
nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com
Deus.
21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez
pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5:17-21).
O
pacificador é aquele que ama os seus inimigos, abençoa àqueles que lhe maldizem
e ora por aqueles que lhe perseguem. O pacificador anela pela vida eterna, em
que Deus será eternamente glorificado, mas se preocupa com a glória de Deus
também aqui neste mundo. É por isso que consegue pagar o preço da paz, abrindo
mão, muitas vezes de seus direitos.
38
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
39 Eu,
porém, vos digo: não resistais ao perverso;
mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;
40 e,
ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa.
41 Se
alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas (Mt 5.38-41).
Não
é deixar a cara para receber sopapos, mas é deixar de lado o direito de
revidar. Jesus diz:
19 não vos vingueis a vós mesmos, amados,
mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é
que retribuirei, diz o Senhor.
20
Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver
sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo
isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.
21 Não
te deixes vencer do mal, mas vence o mal
com o bem (Rm 12.19-21).
Esse
é um comportamento típico do cristão. Ele não busca os interesses particulares,
mas quer que a paz seja estabelecida. Não uma paz a qualquer custo, mas,
também, não sem custo algum. Há um preço a pagar.
3 – A RECOMPENSA DE SER UM PACIFICADOR
Jesus
Cristo foi o maior pacificador que já existiu e quem imitá-lo em tal prática
será grandemente recompensado por Deus. Ser bem-aventurado é a primeira grande
recompensa do pacificador, mas por que ele é bem-aventurado?
A – Será chamado filho de Deus
A
maior dificuldade de se conseguir a reconciliação é a busca pelos direitos. Se
Deus continuasse insistindo em seus direitos, não precisaria enviar Jesus a
este mundo. Poderia condenar toda a humanidade e tudo estaria resolvido. Ao
enviar Jesus para morrer pelos nossos pecados, Ele praticou um ato decisivo em prol
da paz.
20
Ora, o Deus da paz, que
tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das
ovelhas, pelo sangue da eterna aliança,
21 vos
aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que
é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o
sempre. Amém (Hb 13.20,21)!
O
próprio Jesus também não insistiu em seus direitos de ser igual a Deus, mas a
si mesmo se esvaziou deles, vindo a este mundo como homem para salvar os
pecadores.
5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus,
6 pois
ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a
Deus;
7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em
figura humana,
8 a si
mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp
2.5-8).
Quando
somos pacificadores, envolvemo-nos com a obra e o interesse do próprio Deus.
Precisamos ter em mente que, por mais que o mundo precise de paz no sentido de
ausência de conflitos, a maior necessidade que ele possui é de paz com Deus. Pregar
o evangelho, portanto, é o maior de todos os atos em prol da paz verdadeira. É
o maior ato de pacificação. Entretanto, de nada adianta eu pregar um evangelho
de paz se não viver em paz com meu semelhante, pois minhas atitudes desfazem
minhas palavras. Portanto, eu não posso apenas pregar a paz, mas esforçar-me por
vivê-la.
Portanto,
a recompensa de se ser um pacificador é ser bem-aventurado e ser um filho de
Deus. É desfrutar da paz e da vitória sobre o pecado e a morte. Esse título é
mais honroso do quer ser o mais exaltado príncipe da terra. A Bíblia diz que
somos a menina dos olhos de Deus. Os olhos é a parte mais sensível do corpo. É
a parte mais frágil e delicada que você mais protege. Deus age da mesma forma
com os seus filhos. Se você tocar em um de seus filhos, você está colocando o
dedo no olho de Deus. Vale a pena ser pacificador segundo os parâmetros
bíblicos.
B - São feitos filhos de Deus por adoção
Adoção
é a transferência de uma família para outra. Nós fomos transferidos da velha
família de Adão para a família de Deus. Éramos escravos, éramos cegos,
perdidos, filhos da ira. Paulo diz:
1 Ele
vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
2 nos quais andastes outrora, segundo o curso
deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua
nos filhos da desobediência;
3 entre os quais também todos nós andamos
outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e
dos pensamentos; e éramos, por natureza,
filhos da ira, como também os demais (Ef 2:1-3).
Agora,
somos membros da família de Deus. Deus é nosso Pai. Cristo é o nosso irmão mais
velho. Os santos são nossos irmãos e co-herdeiros, os anjos são espíritos que
nos servem. A adoção consiste também na desobrigação de todas as leis que nos
prendiam à família de Adão. Agora não somos mais escravos do pecado. Agora
fomos libertos do império das trevas. Agora somos novas criaturas.
A
adoção consiste ainda em uma legal investidura dos direitos da nova família.
Recebemos um novo nome. Antes éramos escravos, agora somos filhos. Antes éramos
um pecador, agora somos santos. Recebemos também uma gloriosa herança, pois somos
herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. Os herdeiros de Deus possuem tudo
o que é do Pai. Tudo o que Deus tem é nosso.
E
como podemos saber que somos filhos de Deus? Somos filhos de Deus quando temos
um coração sensível. Um filho chora ao ofender o seu pai. Pedro chorou ao negar
a Jesus. Somos filhos de Deus quando agimos de forma semelhante ao nosso Pai
celeste. Os judeus disseram para Jesus que eles eram filhos de Abraão, mas suas
atitudes indicavam que eles eram filhos do diabo (Jo 8:40). Não podemos chamar
a Deus de Pai e imitar o diabo. Não somos filhos de Deus por criação, mas por
regeneração. Não pelo primeiro nascimento, mas pelo novo nascimento. Somos
filhos de Deus quando nos deleitamos em estar na presença de Deus, pois onde
Deus está aí é céu e na presença de Deus tem delícias perpetuamente. Quem tem
prazer em Deus aqui, vai entrar no gozo do Senhor. Vai desfrutar e usufruir da
presença de Deus por toda a eternidade.
Conclusão
O
mundo fracassa em suas tentativas de fazer a paz porque não consegue deixar de
lado seus próprios interesses. Sempre que vemos alguém dando uma de
pacificador, logo perguntamos se não há algum interesse por trás, porque frequentemente
há.
O
mundo não está disposto a pagar o preço da paz. Não está disposto a abrir mão
de interesses particulares para promovê-la. A causa de ausência de paz no mundo
está no orgulho e no egoísmo que, por sua vez, originam-se no pecado. Portanto,
o maior inimigo da paz é o pecado.
O
verdadeiro pacificador é aquele que experimentou a obra de Deus em sua vida,
que recebeu a paz com Deus, e empenha-se de todas as formas para que as pessoas
possam também recebê-la, ao mesmo tempo em que tenta viver em paz com o
próximo. Que Deus nos abençoe a vivermos sempre na paz de Cristo e em paz com todos!
Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida.
Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes