Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o
que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos
pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós.
Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira,
assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira,
vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora,
à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes,
e vos será feito (Jo 15.1-7).
INTRODUÇÃO:
A união com Cristo é a base da
salvação dos eleitos de Deus. Ela é a origem de todas as bênçãos e em função
dela somos despertados para louvar a Deus e a viver de modo coerente com essa
união. Ou seja, Cristo é tudo em nós e sem Cristo nada somos e nada temos.
Quando eleitos em Cristo na
eternidade, fomos unidos a Ele em sua morte e ressurreição e assim permanecemos
unidos em todo o processo de salvação, que inclui a regeneração em Cristo, a
justificação em Cristo, a adoção em Cristo, a santificação em Cristo, a
perseverança em Cristo e a glorificação em Cristo.
Assim, dá para entender que a nossa
salvação depende absolutamente de nossa união com Cristo. Somos salvos porque
fomos feitos um em Cristo e permanecemos salvos porque permanecemos unidos com
Cristo e por permanecermos unidos a Cristo seremos um dia glorificados.
É muito importante entender nossa união
com Cristo. Caso isso não ocorra são grandes as possibilidades de cairmos no
legalismo, vivendo na dependência de regras externas para viver uma vida cristã
ou poderemos cair no descaso em relação à vontade de Deus, desprezando a sua
graça e até mesmo vivermos uma vida espiritual relaxada. O entendimento de
nossa união com Cristo nos leva a uma vida cristã verdadeira, pois ela é
motivada pela razão correta.
A união com Cristo é o ponto
distintivo do cristianismo em relação às demais religiões. Todas elas apontam
para algo que precisa ser feito pelo homem, enquanto que a Bíblia aponta
unicamente para uma pessoa: Jesus Cristo. E ela não aponta apenas para os
ensinos de Cristo, pois estes ensinos apontam para Ele próprio. Em Cristo está
a salvação de que tanto necessitamos. É por essa razão que Jesus disse:
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).
Note que Jesus não está dizendo que
sabe o caminho, por isso o está apontando, nem mesmo está dizendo que sabe como
ter a vida, mas sim está dizendo que Ele próprio, em si mesmo, é o caminho, a
verdade e a vida. Somente em Cristo podemos desfrutar a salvação. Mas como é a
nossa união com Cristo?
01 – NOSSA UNIÃO COM
CRISTO COMEÇA NA ETERNIDADE:
A base bíblica para a doutrina da
eleição é a união com Cristo, pois fomos escolhidos em Cristo. Portanto, nossa
história de união com Cristo não tem início no momento da conversão, pois antes
de criar o mundo Deus já havia planejado nossa salvação e determinado que ela
seja em Cristo. Paulo confirma este ensino quando diz:
Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual
nas regiões celestiais em Cristo, assim
como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor
nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,
para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no
Amado, no qual temos a redenção, pelo
seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que
Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,
desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo
o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na
dispensação da plenitude dos tempos, todas
as coisas, tanto as do céu como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados
segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua
vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão
esperamos em Cristo; em quem também vós,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes
selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança,
até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Ef 1.3-14).
Deu para notar como que Cristo é tudo
em todos? Percebeu que o plano de salvação foi arquitetado na eternidade? Todas
as bênçãos celestiais com que somos abençoados sobrevêm a nós por meio de
Cristo e quando ainda nada havia sido criado fomos escolhidos para sermos
santos e irrepreensíveis em Cristo. Por mais estranho que pareça, por mais
difícil que seja de crer que é assim não há outra forma de entender este texto
de Paulo.
E Deus nos escolheu para salvação não
porque Ele viu em nós algum mérito. Deus nunca escolheu uma pessoa por si
mesma, nunca olhou para qualquer um dos eleitos de forma isolada, antes, Ele viu cada eleito em Cristo, ou seja,
na obra que Cristo realizaria no futuro pelos eleitos de Deus. É isso que a
Bíblia quer nos transmitir quando diz:
E adorá-la-ão todos os que habitam
sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação
do mundo (Ap 13.8).
João está dizendo sobre a besta que
será adorada por aqueles que não foram eleitos, por aqueles cujos nomes não se
encontram no Livro da Vida, no qual estão registrados os nomes dos eleitos de
Deus. Nesta oportunidade ele diz que Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, foi morto desde a fundação do mundo. Ou
seja, a sua morte, o seu sacrifício estavam planejados desde lá. E Pedro diz:
Sabendo que não foi mediante coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil
procedimento que vossos pais vos legaram, mas
pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no
fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o
qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e
esperança estejam em Deus (1 Pd 1.18-21).
A redenção em Cristo foi manifestada
nos dias de Pedro e hoje eu e você podemos ser alcançados por esta redenção proclamada
em nossos dias, mas ela foi planejada na eternidade, quando nem Pedro, nem eu e
nem você havia nascido ainda. O sangue que nos resgata de nossa vida pecaminosa
já foi conhecido antes da fundação do mundo. Desde a eternidade Deus já havia
escolhido um povo em Cristo e decretado que Cristo morresse por este povo
escolhido. E se Deus escolheu um povo e determinou um salvador para este povo,
não há nenhuma razão para duvidar que Deus não execute seu plano ao longo da
História.
Deus executou seu plano de salvação
quando converteu a Pedro e assim Ele tem executado seu plano de salvação até
aos dias hoje e continuará executando até que o último eleito de Deus seja
convertido.
02 – NOSSA UNIÃO COM
CRISTO EM SUA MORTE E RESSURREIÇÃO:
Tendo sido escolhidos em Cristo antes
da fundação do mundo para sermos salvos, Deus também nos inclui em Cristo
durante seu ministério neste mundo. Neste ponto é necessário entender outro
assunto que diz respeito à nossa união natural com Adão.
Adão foi o representante da
humanidade no Jardim do Éden. A escolha que Adão fizesse afetaria toda a sua descendência,
pois ele era o cabeça da raça humana. Adão escolheu a rebelião e a consequência
disso é que toda a sua descendência foi envolvida nessa rebelião. Culpar Adão
pela escolha dele não adianta nada e não nos livra de nosso envolvimento com
ele, pois, diante de Deus, todos nós estávamos em Adão, de tal forma que,
quando Adão pecou, todos nós pecamos com ele. Paulo confirma isso quando diz:
Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado,
a morte, assim também a morte passou a
todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5.12).
E diz ainda:
Visto que a morte veio por um homem ... Porque, assim como, em Adão, todos morrem (! Co 15.21-22).
Todos os homens já nascem com a
realidade de estar em Adão. Porém, Deus resolver mandar um segundo Adão. Um
novo representante para seus eleitos: Jesus Cristo. E da mesma forma como fomos
incluídos por natureza nas atitudes de Adão, também somos incluídos
espiritualmente em Cristo. Paulo confirma este ensino quando diz:
Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos
mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo (1 Co 15.21-22).
E é isso que a Bíblia nos ensina
quando diz que morremos e ressuscitamos com Cristo:
Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida. Porque, se fomos
unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na
semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo
do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem
morreu está justificado do pecado (Rm 6.4-&).
Em nossa União com Cristo nós
morremos e ressuscitamos. Michael Horton diz algo interessante sobre isso:
É importante perceber que Cristo não vem para melhorar o
antigo eu, guiar e redirecioná-lo para uma vida melhor; Ele vem para nos matar,
a fim de nos ressuscitar em novidade de vida.
A morte de Jesus é a nossa morte e a
ressurreição de Jesus é a nossa ressurreição, porque tanto na morte como na
ressurreição de Cristo nós estávamos ligados a Ele. E tem mais, em Cristo já
estamos até mesmo assentados nos lugares celestiais, conforme diz Paulo:
Mas Deus, sendo rico em
misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,
e estando nós mortos em nossos
delitos, nos deu vida juntamente com
Cristo, — pela graça sois salvos, e,
juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais
em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da
sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus (Ef 2.4-7).
Após sua ressurreição Cristo subiu ao
céu e lá Ele está desde então. Se estamos unidos a Cristo e Ele está no céu
podemos dizer que nós estamos também. Você pode estar se perguntando: Mas como
assim? Ainda estou na terra! Sim, mas a vitória de Cristo é a garantia da nossa
vitória. Ele venceu por nós. A nossa vitória é a extensão da vitória de Cristo.
Por isso que podemos dizer que, espiritualmente, estamos assentados com Cristo
no céu. O fato de irmos até lá é só uma questão de tempo.
Nestes textos Paulo demonstra com
clareza a nossa união com Cristo. Portanto, ou estamos em Adão ou estamos em
Cristo. Se estamos somente em Adão o pecado de Adão é o nosso pecado. Mas se
estamos em Cristo a sua justiça é a nossa justiça. A sua vitória é a nossa
vitória.
03 – NOSSA UNIÃO COM
CRISTO E A VIDA CRISTÃ:
A excelência de nossa vida cristã
também depende de nossa união com Cristo. Paulo diz:
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
passaram; eis que se fizeram novas (2 Co 5.17).
Em Cristo somos nova criatura e as
coisas antigas ficam para trás somente porque foram anuladas na cruz de Cristo.
A nova vida que o cristão desfruta depois de sua conversão não tem origem ou
desenvolvimento em si mesma, pois ela depende exclusivamente de estar unida com
Cristo.
Esta novidade de vida é porque, pela
ressurreição de Cristo, podemos desfrutar de uma vida de ressurretos também,
pois estávamos mortos no pecado de Adão, mas como morremos com Cristo nossa
velha vida terminou nele, e como também ressuscitamos com Ele nossa nova vida
começa nele. Por isso a razão de nossa existência hoje já não é mais a vida
terrena, mas a vida do Espírito que nos é dada em Cristo.
Estar em Cristo, portanto, é a base
de nossa existência como cristãos, pois não existimos mais independentemente.
Existimos em Cristo, como se nossa existência se misturasse com a dele. Não é
que somos Cristo, mas sim que estamos em Cristo. Justamente por isso que Paulo
disse:
Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que,
agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo
se entregou por mim (Gl 2.20).
Esta é uma expressão maravilhosa. E
por que é importante que Cristo viva em mim? Porque quando Cristo vive em mim
Deus não olha para minhas obras, olha para as obras de Cristo. Deus não olha
para os meus pecados, olha para a justiça de Cristo. Quando deus olha para mim
Ele vê a Cristo. Por isso que o cristianismo não é uma religião, mas uma única
pessoa: Jesus Cristo. E todos os que nele crê fazem parte de Cristo. É isso que
João quer ensinar quando diz:
E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida
está no seu Filho. Aquele que tem o
Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida (1
Jo 5.11-12).
É simples assim. Ter a vida eterna
basta apenas ter o Filho de Deus. A vida cristã é viver a vida de Cristo unido
a Ele. Portanto, viver o cristianismo não é questão apenas de tentar fazer o que
Cristo mandou ou seguir ao seu exemplo, mas sim é questão de ter o Filho de
Deus e viver unido a Ele. Toda expectativa de nossa vida provém do fato de
Cristo estar em nós. Essa habitação de Cristo em nós é o segredo da vida
cristã.
04 – NOSSA UNIÃO COM
CRISTO EM TODO O PROCESSO DE SALVAÇÃO:
A salvação é um processo de Deus em
que a Trindade Santa realiza em nós e são diversos elementos que compõem este
processo, existindo nele coisas que Deus faz na vida daquele que crê. E cada
etapa de nossa salvação depende de Cristo, pois todas elas são realizadas em
Cristo. Portanto, todo o processo de salvação acontece unicamente por meio de
nossa união com Cristo. Calvino diz em as Institutas:
Enquanto Jesus permanecer exterior
a nós, e estivermos separados dele, tudo o que Ele sofreu e fez para a salvação
da raça humana permanece inútil e sem qualquer valor para nós.
A Igreja é comparada à Noiva do
Cordeiro, pois estamos unidos a Cristo como em um casamento. John Gerstner usa
esta ilustração do casamento para demonstrar como os benefícios de Cristo
chegam até nós por causa de nossa união com Ele:
Sendo a Igreja casada com Cristo,
tudo que é dele passa a ser de sua esposa. Uma esposa torna-se coerdeira de
tudo que pertence ao esposo simplesmente por ser sua esposa, por sua união com
ele pelo casamento.
Portanto, todas as bênçãos
espirituais de Cristo são nossas em nossa união com Ele. E Bavinck diz:
Para ser aceito diante de Deus,
para ser livre de toda culpa e punição e para desfrutar da glória de Deus e da
vida eterna, nós temos que ter Cristo, não algo dele, mas o próprio Cristo.
E quais são estas etapas que ocorre
em nossa salvação por estarmos unidos a Cristo?
a) A regeneração em Cristo:
Regeneração ou o novo nascimento é o
ato divino pelo qual o Senhor traz alguém à vida pela união com Cristo. Desta
forma, alguém que estava espiritualmente morto passa a estar espiritualmente
vivo. Paulo confirma isso quando diz:
Mas Deus, sendo rico em
misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com
Cristo, — pela graça sois salvos Ef 2.4-5).
Esse ato de dar vida ao que estava
morto é o que produz regeneração ou novo nascimento. É o nascer do Espírito
anunciado por Jesus à Nicodemos. E observe que Paulo diz que isso aconteceu
juntamente com Cristo. Isso quer dizer que estávamos espiritualmente mortos,
mas, em um dado momento, Deus nos tornou espiritualmente vivos ao
compartilharmos a vida de Cristo. Portanto, a regeneração acontece em Cristo.
b) A justificação em Cristo:
Justificação é o ato divino pelo qual
Deus atribui àquele que crê a justiça de Cristo, de maneira que o pecador passa
a ser declarado justo, e passa a ser visto assim por Deus. Paulo diz:
Aquele que não conheceu pecado, ele
o fez pecado por nós; para que, nele,
fôssemos feitos justiça de Deus (2
Co 5.21).
Mais uma vez Paulo nos inclui em
Cristo ao usar a expressão “nele”. Em Cristo fomos feitos justos, de tal forma
que nossa justificação depende inteiramente de nossa união com Cristo. Quanto a
isso Horton diz:
Somente Cristo possuía em sí mesmo,
em sua essência tanto quanto em suas ações, a justiça que Deus requer da
humanidade. Portanto, somente por meio da união com Cristo pode o crente gozar
da identidade de pertencer a Deus.
c) A adoção em Cristo:
Aquele que crê se torna filho de
Deus. O Senhor nos adota como filhos por meio de Cristo Jesus. Paulo diz:
Assim como nos escolheu, nele,
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor nos predestinou para ele, para a
adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua
vontade (Ef 1.4-5).
Mais uma vez, em mais uma etapa Paulo
nos inclui em Cristo. Note que a adoção foi decretada na eternidade e consumada
no tempo. Quanto a isso Paulo diz:
Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos
aos rudimentos do mundo; vindo, porém, a
plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois
filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama:
Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus (Gl 4.3-7).
Somos filhos em Cristo porque temos o
Espírito de Cristo em nós. E Paulo diz que se somos filhos somos também
herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo.
d) A santificação em Cristo:
Santificação é a atividade do
Espírito pelo qual o crente é renovado dia a dia em conformidade com a imagem
de Deus. É o ato de abandonar os pecados para viver em pureza na presença de
Deus. Paulo diz:
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da
parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que,
como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1 Co
1.30-31).
Além da justiça que temos em Cristo,
Paulo também diz que Cristo é nossa santificação. A santificação não é algo que
conseguimos por nós mesmos, como muitos pensam. Sei que é difícil entender e
aceitar isso, mas embora inclua nossos esforços, a santificação é algo que só
pode ser encontrado em Cristo. Nos escritos de João, Jesus deixou bem claro que
dependeríamos dele para podermos fazer alguma coisa. João escreveu:
Vós já estais limpos pela palavra
que vos tenho falado; permanecei em mim,
e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo,
se não permanecer na videira, assim, nem
vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.3-5).
Nada somos sem Cristo e nada podemos
fazer sem Ele. Somente em Cristo podemos ser santos.
e) A perseverança em Cristo:
Perseverança é a atitude de
permanecer fiel até ao fim, capacitado pelo Espírito santo. E podemos
perseverar até o fim somente se estivermos em Cristo. Paulo diz:
Porque eu estou bem certo de que
nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do
presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38-39).
Paulo está tratando sobre as
dificuldades da vida presente, quando o cristão deseja ser fiel a Deus ante às
dificuldades da vida. Seu argumento é que devemos permanecer fiéis mesmo em
meio às tribulações da vida porque elas não podem nos separar do amor de Deus.
E por que? Porque este amor de Deus está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Somente
em Cristo encontramos o amor de Deus que não vai permitir que sejamos perdidos,
pois desse amor nada poderá nos separar. Isso é promessa do próprio Senhor que
disse:
Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora (Jo 6.37).
Estamos seguros em Cristo.
CONCLUSÃO:
A nossa salvação, em todos os
sentidos, depende inteiramente de nossa união com Cristo. Nele nós fomos
eleitos, regenerados, justificados, santificados e guardados. É como Horton diz
que a união com Cristo é a roda que une
os aros da salvação e os mantém em perspectiva apropriada. Cristo é o maior
tesouro que podemos ter, pois nada se compara aos benefícios que temos nele em
função de estarmos ligados a Ele. E a união com Cristo é algo possibilitado a
nós exclusivamente pela graça de Deus.
Luiz Lobianco
BIBLIOGRAFIA:
Bíblia Sagrada. Traduzida em
português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil.
Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Expressão: A Essência da Fé. Autor: Leandro Antônio
de Lima. Editora Cultura Crista
Michael Horton. União com Cristo. Em “Cristo o Senhor”. Org. Michael Horton. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, p. 105,106, 108.
João Calvino. As Institutas. São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985.
John H. Gerstner. A Natureza da Fé Justificadora. Em
Justificação Pela Fé Somente. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, P.
33.
Hermann Bavinck. Teologia
Sistemática. São Paulo: SOCEP, 2001, p.499.