CONFLITOS COM A VONTADE DE DEUS

16 Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu, à sua voz, tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram, pois, em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que virá contra o povo que nos acomete.
17 Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,
18 todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.
19 O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. Ao mestre de canto. Para instrumentos de cordas (Hc 3.16-19).

Introdução

Muitas vezes somos incompreensíveis para com Deus. Basta passarmos por alguma dificuldade para já começarmos a lamentar e murmurar a nossa situação. Agimos como se Deus não fosse soberano; como se Ele não se preocupasse com o nosso bem. Esta atitude de inconformismo para com a vontade de Deus demonstra nossa incapacidade de sujeição à mesma. Mas, mesmo que as coisas não aconteçam conforme gostaríamos, a verdade é que Deus está no controle.

Quando passamos pela angústia, quando estamos diante das dificuldades, vivemos momentos em que esperamos que Deus faça alguma coisa para nos ajudar e nos livra da situação. Mas, quando parece que Deus não faz nada, somos pressionados a pensar que “Deus está morto”; que “Deus está longe”; que “Deus está inerte”; que “Deus não se importa comigo”. Quantas vezes você pensou assim?

Por que Deus permite que coisas ruins aconteçam no mundo e até com seus filhos? Por que parece que Deus não responde algumas orações e parece que não nos ajuda algumas vezes que contamos com Ele? Responder a essas perguntas é o objetivo de nosso estudo hoje.

Estudaremos a vida do profeta Habacuque, que enfrentou uma dessas crises de fé e vamos aprender que Deus tem o controle de todas as coisas que acontecem e que as dirige para o nosso benefício final. Sejamos, com isso, capacitados a nos sujeitarmos com alegria à vontade de Deus, mesmo quando esta vontade é contrária à nossa. Em nosso texto básico, Habacuque está submetendo-se inteiramente a Deus com louvor e gratidão, mas até que ele chegasse neste ponto, um longo caminho foi percorrido e grandes conflitos tomaram conta de seu coração, abalando suas estruturas e conduzindo o profeta a questionar Deus. Vamos ver quais foram estes conflitos:

1 – A INCONFORMIDADE DO PROFETA COM O SILÊNCIO DE DEUS

O profeta estava inconformado com a situação. A iniqüidade se multiplicou e quanto mais ele falava, menos o povo ouvia. Não havia justiça e parecia que os justos estavam sendo tragados pelos injustos. Habacuque estava achando que Deus estava inerte demais com tal situação, como que se Deus tivesse considerado a nação como uma causa perdida. Nesta situação ele se desabafa com Deus.

A – Parecia que Deus não ouvia a oração do profeta

2 Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? (Hc 1.2).

Habacuque cansou de clamar por Judá e não obter nenhuma resposta de Deus, não agüentava mais apontar as injustiças cometidas pelo povo e pela sua liderança e não ver nenhum retorno, nenhuma resposta positiva, não suportava mais mostrar a Deus tanta violência e não ver nenhum salvamento da parte de Deus.

Quantas vezes isso também acontece com a gente. Quantas vezes clamamos a Deus com o mais forte ardor de nosso coração, quando a angústia aperta tanto que parece nos sufocar, quando choramos tanto que nossos olhos mais parecem uma torrente de água, quando ansiamos por libertação imediata de Deus, mas Ele parece não ter pressa nenhuma, parece ter nos colocado no canto do esquecimento e nos sentimos largados, à mercê de nossas angústias.

B – Parecia que Deus não se importava com a iniqüidade do povo

3 Por que me mostras a iniqüidade e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita (Hc 1.3).

Habacuque viveu no final do reino de Judá, momentos antes do exílio babilônico. Provavelmente seu livro foi escrito na época do rei Jeoaquim, em 607 a.C. Era uma época de muita maldade em Judá. Os políticos, o povo e até os sacerdotes tinham se afastado de Deus e da sua vontade. Essa foi uma época de muita violência e injustiça. E sabe quem mais sofria por causa de tantas injustiças? Os pobres, as viúvas, os órfãos e aqueles que se mantinham honestos.

O profeta Habacuque era um homem que sofria por causa dessa situação. Ele tinha grandes angústias por causa do estado espiritual de seu povo. Habacuque só via injustiça. Ele só via  violência, iniqüidade e opressão. Toda essa falta de justiça, que deixava os perversos bem à vontade, e que deixava os justos num sufoco muito  grande, se tornou uma grande angústia para Habacuque. Ele ficou até confuso. Ele não entendia como  tanta falta de justiça, que só fazia os justos sofrerem, era possível no meio do povo de Deus! Ele questionou:

13 Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele? (Hc 1.13).

Habacuque era profeta e conhecia a vontade de Deus. Ele não se conformava com tantas coisas erradas acontecendo no meio do povo de Deus. Ele esperava que Deus fizesse alguma coisa para defender aqueles que estavam sendo prejudicados, roubados e até mortos. Mas, parecia que Deus não fazia nada.

C – Parecia que Deus não aplicava sua justiça

4 Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida (Hc 1.4).

Habacuque não podia entender como que um Deus bom e justo permitia que tantas coisas erradas acontecessem! Este não é um questionamento tão comum nos dias de hoje em que acontecem igualmente tantas coisas ruins? Quando olhamos para a multiplicação da iniqüidade em nosso tempo, somos levados a pensar como Habacuque. Vemos as dificuldades das pessoas de crerem e entenderem como que há um Deus justo que permite tanta violência, tantas injustiças e tanta crueldade. A insensibilidade humana quanto ao sofrimento alheio nos assusta, mas Deus está a par de tudo e tudo está registrado em seus livros e um dia todos nós veremos a aplicação de Sua justiça. Deus tem o controle sobre todas as coisas. Em Isaias lemos:

5 Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que não me conheces.
6 Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro.
7 Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.
8 Destilai, ó céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça; abra-se a terra e produza a salvação, e juntamente com ela brote a justiça; eu, o SENHOR, as criei.
9 Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem alça (Is 45.5-9).

Não importa como as coisas estão Deus está no controle. O relógio de Deus não funciona conforme nosso relógio, o horário de Deus não é paralelo ao nosso horário. Deus tem o Seu tempo e realiza Sua vontade de acordo com o Seu tempo. Deus nunca está adiantado e muito menos atrasado, porque dentro de Seu tempo Ele faz as coisas acontecerem na hora certa.

2 – A INCONFORMIDADE DO PROFETA COM A SOLUÇÃO DE DEUS

A partir do verso 5, Deus responde às perguntas de Habacuque e mostra que tinha preparado o castigo para os pecadores.

A – A resposta de Deus ao profeta

5 Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada (Hc 1.5).

Habacuque questionou Deus e queria uma resposta que lhe explicasse a tolerância sobre tantas injustiças. Deus respondeu ao profeta, mas ele não se conformou com a resposta e o que deveria ser esclarecedor para Habacuque, eis que o confundiu ainda mais.

Deus está dizendo que vai fazer algo tremendo na nação de Judá. Esta ação era tão extraordinária que não se limitaria apenas a Judá, mas alcançaria a todas as nações. E Deus ainda diz que o que Ele iria fazer era tão grande que as pessoas não iriam crer quando Habacuque fosse dizer a eles.

Quando olhamos para a história e vemos o que aconteceu depois disso nos maravilhamos com Deus. Os profetas transmitiram ao povo o recado de Deus sobre o que Ele iria fazer caso não se arrependessem, mas o povo não acreditou e Deus fez tudo conforme prometeu. Quando olhamos para a grandeza do Império Babilônico, seu alcance, sua dominação sobre as nações, entendemos esta revelação que Deus fizera a Habacuque “porque realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada”.

B – A solução de Deus revelada ao profeta

6 Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas (Hc 1.6).

A resposta de Deus ao profeta é que ninguém acreditaria no que Ele iria fazer e isso aconteceu com o próprio Habacuque. Deus disse ao seu  profeta que iria suscitar os caldeus. Eles são uma nação violenta. Eles marcham pela  largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas, ou seja, Deus iria enviar o povo dos caldeus, melhor conhecidos como babilônios, para julgar o seu povo. Os babilônios vão tomar posse do seu povo. E quem eram estes babilônios? O próprio Deus diz quem eles eram:

7 Eles são pavorosos e terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade.
8 Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, mais ferozes do que os lobos ao anoitecer são os seus cavaleiros que se espalham por toda parte; sim, os seus cavaleiros chegam de longe, voam como águia que se precipita a devorar.
9 Eles todos vêm para fazer violência; o seu rosto suspira por seguir avante; eles reúnem os cativos como areia.
10 Eles escarnecem dos reis; os príncipes são objeto do seu riso; riem-se de todas as fortalezas, porque, amontoando terra, as tomam.
11 Então, passam como passa o vento e seguem; fazem-se culpados estes cujo poder é o seu deus (Hc 1.7-11).

C – O espanto do profeta com a solução de Deus

Habacuque não podia acreditar na solução dada por Deus. Os caldeus, um povo extremamente maligno e violento, injusto e cruel, seriam usados para castigar os judeus opressores? Habacuque ficou atônito com a atitude de Deus, como seria possível um povo ainda mais injusto servir para castigar o povo de Deus?

Qual a intenção que Deus tinha com isso? Deus queria dar uma lição dura aos corruptos e perversos de seu povo. A intenção de Deus era destruir os ímpios, que estavam cercando os justos, mas precisava ser assim? Não havia outro caminho? Outra solução?

Ao receber esta revelação de Deus, ao receber este anúncio sobre o castigo de Deus, Habacuque ficou mais angustiado ainda. Essa cura não era pior do que a doença? Se os babilônios, que não tinham piedade de ninguém, dominassem Judá, a situação do povo de Deus não ficaria pior ainda? Se antes Habacuque estava confuso, agora muito mais. Aquilo nada tinha a ver com o Deus que ele conhecia e anunciava. Habacuque responde a Deus depois de ouvir o que Ele havia de fazer:

12 Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina.
13 Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele? (Hc 1.12-13).

Na verdade, Deus parecia mais injusto do que antes. Afinal de contas, os homens mais injustos de Judá nem chegavam aos pés dos caldeus quanto à impiedade.

Que problema! Você ora para que uma coisa errada seja corrigida e Deus responde com uma coisa pior ainda. Isso já não aconteceu com você também? Na hora da conta bancária negativa, em meio a tantas dívidas, espera-se salda-las e surgem, de repente, tantas outras inesperadamente. Na hora do desemprego, quando a dificuldade aperta ainda mais, aparecem, de repente, outras situações, como uma enfermidade ou um acidente para complicar ainda mais a situação.

Podemos entender as angústias de Habacuque. Podemos até ter experiências semelhantes, pois assim é a vida. Também no Brasil há falta de justiça. Há corrupção, violência e opressão. Às vezes, os filhos de Deus não vêem mais soluções. Às vezes, os filhos de Deus não vêem mais uma saída, pois o que prevalece são a corrupção e a violência. Desta mesma forma sofreu o profeta Habacuque. Vendo as imoralidades do povo de Deus, sabendo da vinda de um povo violento para julgar esse povo, ele ficou muito abatido. Ele não via mais soluções.

É difícil aceitar que Deus não responda nossas orações quanto as coisas boas como: A reconciliação de um casal separado; a conversão de um parente; de seu pai ou algum membro da família deixar de ser alcoólatra; de Deus preservar a vida de alguém que você amava. Todos nós, com certeza, já nos sentimos como Habacuque, esperando uma resposta de Deus em algum momento crucial da vida em que estamos enfrentando uma crise de fé.

3 – A COMPREENSÃO FINAL DO PROFETA SOBRE DEUS

A – A prontidão do profeta em ouvir

1 Pôr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa (Hc 2.1).

O que Habacuque ainda podia fazer? Ele não podia fazer mais nada senão orar. Todos os caminhos ficaram bloqueados, mas o caminho para Deus está sempre aberto. Por isso, Habacuque orou ao SENHOR. Ele depositou suas angústias e suas queixas diante de Deus. Ele disse na sua oração: SENHOR, eu não entendo como tu podes admitir tanto sofrimento. Eu não entendo como tu podes ser tão duro com teu povo. Tu não és o Deus eterno, o Todo-Poderoso? Então, depois de ter orado, Habacuque disse consigo mesmo: "Vou vigiar para ver o que Deus me dirá e que resposta terei à minha queixa".

Ao que parece, Habacuque foi para um lugar isolado e por algum tempo ficou esperando uma resposta de Deus. Ele poderia ser um conformista, se conformando com a situação, ou um fatalista, pensando que o que ia acontecer tinha que acontecer mesmo. Mas, ele quis compreender a vontade de Deus para se sujeitar a ela. Quando nos sujeitamos a Deus as coisas começam a se esclarecer. Então, veio uma resposta do Senhor ao profeta e sua concepção a respeito de Deus começou a mudar.

B – A revelação sobre Deus ao profeta

2 O SENHOR me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo (Hc 2.2).

Deus respondeu ao profeta e ia lhe mostrar o quanto Habacuque estava enganado a respeito dele e de Sua justiça e mandou o profeta escrever a resposta numa placa bem grande, uma espécie de out-door.

4 Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
5 Assim como o vinho é enganoso, tampouco permanece o arrogante, cuja gananciosa boca se escancara como o sepulcro e é como a morte, que não se farta; ele ajunta para si todas as nações e congrega todos os povos (Hc 2.4,5).

Deus disse que a alma do soberbo não é reta nele, que o arrogante não permanecerá, mas o justo viverá pela sua fé. Quer dizer: os perversos, os arrogantes que acham que podem tudo sem que ninguém faça nada contra eles, um dia irão ver o castigo de Deus. Deus os julgará! Desta maneira, Deus também prometeu julgar os babilônios. Aqueles babilônios tinham a tarefa de castigar o povo de Deus, mas eles próprios receberiam seu castigo merecido também. Porque toda a terra vai ter que se calar diante de Deus.

Deus disse que o justo (aquele que crê no Senhor Jesus, não aquele que é bonzinho) viverá, mas o ímpio colherá as conseqüências de suas ações (Hc 2.6-19). Esta é uma verdade que não podemos esquecer. É a maior promessa que Deus poderia fazer. Deus não é injusto. Ele sabe reconhecer quem é e quem não é do seu povo. Habacuque começou a entender isso.

E você pode ter certeza: O fim dos justos, dos filhos de Deus, é maravilhoso, é o céu, a vida eterna. Mas, o fim dos incrédulos é choro e ranger de dentes. Um futuro terrível aguarda aqueles que vivem na prática do pecado. Nenhuma injustiça deixará de ser duramente castigada por Deus no último dia. Paulo nos diz:

3 Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando,
4 a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais,
5 sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo;

6 se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam
7 e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder,

8 em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.

9 Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder,
10 quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho) (2 Ts 1.3-10).

As tristezas que enfrentamos no presente nem se comparam à alegria que Deus nos está preparando para o futuro. Mesmo que às vezes não seja possível entender por que Deus faz ou deixa de fazer certas coisas, Ele sempre está preparando o melhor para seus filhos. Se você crer nisso terá mais condições de aceitar a vontade de Deus. Foi isso que aconteceu com Habacuque:

B – A compreensão do profeta sobre Deus

Havia muita coisa que ele não entendia ainda, mas agora ele tinha certeza de que Deus estava no controle da situação. Foi depois de todos estes acontecimentos que ele diz aquilo que está em nosso texto básico:

16 Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu, à sua voz, tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram, pois, em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que virá contra o povo que nos acomete.
17 Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,
18 todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.
19 O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. Ao mestre de canto. Para instrumentos de cordas (Hc 3.16-19).

Nós também podemos sofrer as dificuldades que Habacuque sofreu. Podemos ficar angustiados pelos sofrimentos deste tempo presente. É possível estar na igreja e ter uma vida sofrida, onde há falta de justiça, violência e opressão. A vida pode ser tão difícil para os filhos de Deus que eles ficam abatidos e deprimidos. Podemos sofrer tanto com as aflições que nos acomete que chegamos a questionar a presença de Deus em nossas vidas. Podemos até entrar em desespero quando só vemos dificuldades, quando vivemos esquecidos no deserto e quando não há mais perspectiva e luz nenhuma no fim do túnel. Mas, em tudo isso, não devemos deixar de ter fé em Deus, pois temos as promessas de Deus. Deus nos prometeu a sua salvação. Ele disse: “O justo viverá pela sua fé”. Cristo nos prometeu a vida eterna. Esta promessa de Deus é segura. Devemos sempre confiar nesta promessa de Deus, mesmo que a nossa vida seja uma vida difícil e sofrida. Segundo as palavras de Paulo podemos ter por certo a vitória em Cristo:

33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.33-39).

Somos vencedores, pois ninguém poderá desfazer as promessas de Deus para nossas vidas. Pode até faltar tudo na vida dos filhos de Deus. Pode haver angústias e sofrimentos, mas Deus cumprirá as suas promessas. Ele salvará os seus e lhes dará a glória e a vida, como também diz o apóstolo Paulo:

17 Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.
18 Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós (Rm 8.17-18).

Esta é a verdadeira fé. A verdadeira fé é a que confia nas promessas de Deus, mesmo que não haja nenhum sinal externo de sua presença e de seu poder em nossas vidas. Esta é a verdadeira fé, a fé que confia em Deus independentemente das circunstâncias da vida.

Habacuque sabia que tinha muito sofrimento pela frente. Os babilônios viriam para acabar com tudo. Aquele povo acabaria com os frutos da terra. Não haverá mais frutos na videira. Não haverá mais ovelhas no curral. Não haverá mais paz, e sim, guerra. O sofrimento será enorme. Haverá fome, desemprego e miséria total. Tudo estava ruim e iria ficar pior ainda.

Conclusão

Apesar de todas as dúvidas que enfrentava, Habacuque estava certo de que Deus sabia o que estava fazendo. Por isso ele podia pedir que Deus realizasse a obra que tinha planejado.

2 Tenho ouvido, ó SENHOR, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó SENHOR, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia (Hc 3.2).

Habacuque não estava revoltado contra Deus, pelo contrário, nem mesmo seu corpo podia se manter firme diante de Deus. Ele estava completamente submetido ao poder de Deus e esperaria a ação do Senhor em silêncio. Seriam dias difíceis em que tudo pareceria perdido, mas ele podia sentir segurança, pois Deus estaria ao seu lado.

Muitos sofrem por causa da corrupção de outros. Muitos vivem gemendo, enquanto experimentam o que Habacuque experimentou: "A justiça nunca se manifesta". Mesmo assim não devem jamais perder a esperança. Não devemos jamais parar de louvar ao SENHOR Deus. Pois Cristo é nosso Salvador. Ele prometeu nos salvar e nos livrar de toda a nossa miséria. Ele é nosso Rei. Ele virá para nos salvar e para destruir todos os nossos inimigos. Cristo virá para julgar os vivos e os mortos e para dar a vida aos justos. Os arrogantes não permanecerão.

Não podemos evitar os problemas e as tristezas, mas podemos encontrar consolo em Deus. Quem tem a Deus como fortaleza está seguro contra todas as coisas. Deus não está morto! Nem indiferente! Ele está ativo e realizando dia-a-dia a sua vontade. Pode Ter certeza: Nada escapa do controle de Deus; e esse controle visa o melhor para você que é filho de Deus e crente no Senhor Jesus. Alegre-se muito por isso. Que Deus te abençoe!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com