Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A TUMULTUADA VIAGEM DE PAULO A ROMA

Atos 27.1-44

INTRODUÇÃO:

Por que as pessoas que amam a Deus e são fiéis a Ele enfrentam tantas tempestades na vida? Por que quanto mais procuramos agradar a Deus mais as tempestades na vida se intensificam? Como conciliar minhas vontades com a vontade de Deus? E como conciliar a vontade de Deus com minhas crises e tempestades? Não é nada fácil encontrar respostas a estas perguntas. Até porque as respostas exigirão de nós submissão, fé e esperança e todas estas coisas se chocam com nosso imediatismo. Além do mais tem o agir de Deus que é muito mais profundo do que o nosso conhecimento e vai além de nossas limitações, o que nos faz compreender um pouco de nossas crises somente depois delas passarem. E muitas vezes vamos entender as coisas somente quando cruzarmos a linha de chegada à eternidade. Pensamos que ao chegar lá vamos ter muitas perguntas para fazer e esperamos ouvir muitas explicações do Senhor, mas a eternidade é autoexplicativa, ao adentrarmos lá já contemplaremos muitas respostas.

Enquanto isso, por aqui, é fato que mesmo nós andando segundo a vontade de Deus enfrentamos nesta caminhada intensas tempestades, que muitas vezes mais parecem verdadeiros tufões, que descobrem totalmente o telhado de nossa razão, verdadeiros terremotos que tira o chão do nosso pé e nos faz sentir vagando sem nenhuma sustentação. Isso é um fato que acontece em nossas vidas, tanto é que, talvez, você esteja hoje com algumas tensões em seu coração, enfrentando, quem sabe, uma grande tempestade na vida, uma imensa tristeza no coração, uma profunda depressão que te faz perder o sentido da vida.

O texto acima fala de uma viagem de Paulo e de uma tempestade que ocorreu nesta viagem, afetando tanto a vida de Paulo quanto daqueles homens que estavam com ele. Podemos fazer uma analogia deste texto com nossas vidas e tirarmos daí preciosas lições. Era desejo de Paulo ir a Roma? Sim, era. Era propósito de Deus que Paulo fosse a Roma? Sim, era. Era desígnio de Deus que Paulo chegasse à capital do Império Romano? Sim, era. Então, era natural que se esperasse uma viagem tranquila até Roma, uma viagem segura, sem atropelos, sem incidentes, afinal estavam todos debaixo dos propósitos de Deus. Mas não fora assim a viagem, pelo contrário, ela foi muito turbulenta. Podemos tirar algumas lições muito preciosas para nossas vidas desta viagem de Paulo.

01 – O PRIMEIRO CONTRATEMPO DA VIAGEM: OS VENTOS CONTRÁRIOS:

 Partindo dali, navegamos sob a proteção de Chipre, por serem contrários os ventos (At 27.4).

Apesar de Paulo estar dentro dos propósitos de Deus, vimos aí a primeira contradição da viagem. O destino deles não era Chipre, era Roma, mas os ventos não permitiam que seguissem a sua rota. Antes, Eles estavam navegando por uma rota não planejada.

Você já enfrentou ventos contrários em sua vida? Quem nunca? São ocasiões em que você tinha um propósito firme de andar em uma direção e tudo te faz andar em uma direção oposta. É uma viagem que você tem que adiar. São umas férias que você tem que interromper. São planos, projetos na vida que pareciam tão certos e te traria resultados tão positivos e de repente são frustrados. É um atraso na sua formação, naquela promoção tão esperada. É um namoro, um noivado que tudo indicava que terminaria em casamento, mas de repente tudo se acaba. É o casamento que entra em crise. É a frustação da estabilidade financeira tão esperada depois da faculdade, mas de repente você percebe que nada é como você pensava, planejou e esperava.

Há momentos em nossa vida em que parece que somente os ventos contrários estão soprando sobre ela. São situações que perduram por um longo tempo e isso desgasta seu ânimo, seu vigor, sua motivação, seus sentimentos. E para piorar, quando estamos vivendo situação assim, parece que os problemas nunca vêm sozinhos, mas sempre acompanhados de outro, chegando como em um efeito cascata. Já viveu aquele mês apertado, negativo, e justamente naquele mês o carro quebra, a geladeira dá pane, a máquina de lavar roupa estraga, o motor do portão queima. Quem nunca viveu situação assim? Mas o que os ventos contrários nos ensinam?

A – Os ventos são autônomos:

Falando sobre o vento a Bíblia nos diz:

 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai... (Jo 3.8).

Isso significa que o vento sopra à nossa revelia! Não segue a nossa vontade! Não obedece ao curso de nossas vidas! Ele é independente! Assim são as dificuldades em nossas vidas. Nós não as queríamos, não as procuramos e muitas vezes até tentamos evitar elas, mas elas insistem em aparecer de tal forma que são inevitáveis na vida. Elas sempre farão parte de nossa vida de uma maneira ou de outra.

Às vezes, as dificuldades em nossas vidas são frutos daquilo que semeamos, consequências de uma desobediência, de uma atitude mal pensada, de uma teimosia por não ouvirmos conselhos e não atendermos a muitos irmãos que Deus envia para nos alertar. Mas, às vezes, você faz tudo certinho e elas aparecem de repente e você não pode fazer nada para evitar que isso aconteça, porque os ventos contrários são autônomos. O agir de Deus não está conectado à nossa vontade, pois a Bíblia diz:

O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor (Pv 16.1)

O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos (Pv 16.9).

A palavra final é de Deus. Contudo, existe algo muito perigoso que muitos o fazem na hora da tempestade:

B - Soltar o leme e seguir a direção do vento:

Muitas pessoas não suportam os ventos contrários de suas vidas. Muitos não resistem à força do vento e se entregam, penduram a chuteira, jogam a toalha. São pessoas que acham que estavam equivocadas, que acham não valer a pena ser fiel e perseverar até o fim. São pessoas que desistem fácil de seus sonhos, que mudam seus ideais conforme as circunstâncias, que não estão dispostas a pagarem o preço da coroa que lhes espera no final.

Os ventos contrários provocam em nós duas situações: Ou a submissão ou a revolta. Se nos submetemos à vontade de Deus somos fortalecidos e transformados a cada dificuldade. Se nos revoltamos concluímos que não vale a pena servir a Deus. Tanto é que, daqueles que não servem a Deus, creio que há mais pessoas revoltadas com Ele do que incrédulos que nele não crê. Mas não é assim que devemos agir nos ventos contrários, antes:

C – Devemos permanecer firmes para seguir os propósitos de Deus:

Vale a pena persistir porque, apesar dos ventos serem contrários, a vontade de Deus prevalecerá. O destino de Paulo não era o fundo do mar, não era nenhuma ilhota, nenhum lugarejo, mas era Roma, a capital do Império Romano. Este era o propósito de Deus na vida de Paulo e o inimigo pode ter enviado ventos contrários para tentar afastar Paulo dos propósitos de Deus, mas a Bíblia nos diz que:

 ... maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo (1 Jo 4.4).

Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).

Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (Ap 3.11).

Nunca se esqueça de que a mesma tempestade que assola a sua vida está sob os pés de Jesus a qual obedece ao seu comando. Deus é Soberano porque em nenhum momento qualquer um de seus propósitos pode deixar de ser cumprido. Se isso pudesse acontecer um dia Ele não seria chamado de Deus Onipotente, o Deus ilimitado que pode todas as coisas. Mas há também um consolo nos ventos contrários:

D – Eles não são permanentes:

Os ventos contrários não são para sempre. As tempestades não perduram por toda a vida. Um dia a dificuldade cessa. A Bíblia diz que:

... Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30.5).

É maravilhoso o equilíbrio de Deus! Ele não somente não permite que sejamos tentados além de nossas forças, como também não permite que vivêssemos em aflições constantes. Ele sempre prepara um descanso, um repouso para seus filhos. O seu choro não vai durar a vida toda. Deus tem um odre em que guarda todas as suas lágrimas e um dia ele vai assisti-las e vai enxugá-las de seu rosto. Além dos ventos contrários, encontramos nesta viagem de Paulo:

02 – A SEGUNDA CONTRARIEDADE DA VIAGEM: OS VENTOS PARADOS:

Navegando vagarosamente muitos dias e tendo chegado com dificuldade defronte de Cnido, não nos sendo permitido prosseguir...(At 27.7).

O que comanda a velocidade do barco a vela é o vento. Se eles navegavam vagarosamente era porque não havia vento suficiente para dar velocidade ao barco. Este incidente estava atrasando a viagem e assim eles demorariam mais tempo para chegar ao seu destino.

Há dois ditados populares sobre isso. O primeiro diz: “Devagar quase parando”. Às vezes, é dessa forma que segue a nossa vida! Você já enfrentou ventos parados em sua vida? É quando entra ano e sai ano e tudo permanece a mesma coisa, tudo vira uma mesmice. Você tem tantos objetivos, tem metas, tem sonhos, mas parece que as coisas estão estagnadas e você está dando voltas em círculos como se estivesse perdido em uma floresta. Isso te incomoda porque você é uma pessoa arrojada, ousada, sonhadora, mas o tempo passa e você não avança e as coisas não saem do lugar, enquanto que você gostaria mesmo era de avançar e de ver resultados. São situações que permanecem as mesmas, conflitos que nunca se resolvem, soluções que não chegam, o socorro que não vem e você não sabe o que fazer. O sentimento que predomina é o de impotência, incapacidade, frustação por não conseguir encontrar uma solução.

Outro ditado popular diz: “Devagar se chega lá”. É verdade! Se o problema fosse apenas os ventos parados aquele navio teria chegado a Roma sem nenhum outro incidente. O tempo realmente é um aliado tremendo na formação de nosso caráter. Deus utiliza esta ferramenta de maneira sábia e de uma forma impressionante para transformar nossa vida a cada dia e nos aproximar dele. Mas quando você é uma pessoa arrojada, não é nada fácil de ver seus sonhos, seus objetivos e suas metas paradas, estagnadas por motivos alheios à sua vontade. Por outro lado, quando você não aceita o agir de Deus em sua vida, o sentimento que predomina é a revolta e a mágoa, distanciando-se cada vez mais de Deus.

Quero te dizer uma coisa: Se os ventos estão parados em sua vida saiba que Deus está no controle. É Ele quem domina o vento. Quando Jesus acalmou uma tempestade no Mar da Galileia aqueles homens que estavam no barco disseram:

Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedece (Mt 8.27)?

Deus está querendo lhe dizer alguma coisa. Mostrar-te um caminho que você está desprezando ou não está percebendo. Levar-te a enxergar novos horizontes. Mesmo vagarosamente Deus está te levando para o destino glorioso que Ele preparou para você. Tenha paciência e seja persistente na fé e não se revolte com Deus. Nunca se esqueça de que os planos de Deus são muito melhores e mais perfeitos que os seus. Depois de passar por ventos contrários e pelos ventos parados, Paulo vai viver ainda outra situação, que na verdade era uma daquelas armadilhas esperando por nós pelo caminho:

03 – O TERCEIRO TRANSTORNO DA VIAGEM: OS VENTOS BRANDOS:

 Soprando brandamente o vento sul, e pensando eles ter alcançado o que desejavam, levantaram âncora e foram costeando mais de perto a ilha de Creta (At 27.13).

Aqueles ventos brandos eram na verdade uma armadilha. Depois de enfrentarem ventos contrários, ventos parados e passarem um tempo nos bons portos, aqueles homens entram novamente ao mar e passam agora por ventos brandos. Duas coisas aconteceram aqui:

A – Não ouviram os conselhos de Paulo:

Depois de muito tempo, tendo-se tornado a navegação perigosa, e já passado o tempo do Dia do Jejum, admoestava-os Paulo, dizendo-lhes: Senhores, vejo que a viagem vai ser trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga e do navio, mas também da nossa vida (At 27.9-10).

Paulo os exortava a não continuarem a viagem naquele momento, mas eles não ouviram seus conselhos.

Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao mestre do navio do que ao que Paulo dizia (At 27.11).

Tanto é que saíram dali e tentaram chegar a outro porto:

Não sendo o porto próprio para invernar, a maioria deles era de opinião que partissem dali, para ver se podiam chegar a Fenice e aí passar o inverno, visto ser um porto de Creta, o qual olhava para o nordeste e para o sudeste (At 27.12).

Este é o perigo dos ventos brandos. Geralmente, não ouvimos a voz de Deus quando tudo está calmo em nossa vida. Como é difícil obedecer a Deus na calmaria do mar! Muitas vezes são necessárias lágrimas, choro e dor para finalmente ouvirmos a Deus. São necessários ventos contrários e parados para nos chocar e nos levar a confrontar a nós mesmo nas atitudes que estamos tendo e na forma de vida que estamos vivendo. Às vezes, é necessário naufragar para enfim percebermos nossos erros e tomar um novo norte na vida.

Toda tempestade tem um propósito: Levar-nos ao arrependimento e reavaliar nossas atitudes. As tempestades que enfrentamos na vida vão nos ensinar a confiar no Senhor, por mais que muitas vezes tentamos jogar os problemas que estamos passando no mar do esquecimento. Aqueles homens não ouviram os conselhos de Paulo que queria tão somente que não passassem pela tempestade. A maioria das tempestades de nossa vida são frutos de nossa teimosia, de nossa desobediência, da recusa de ouvirmos conselhos.

B – Foram enganados pelos ventos brandos:

Tudo de repente ficou calmo e assim acharam que os problemas tinham acabado e não foram precavidos, porque de repente formou-se uma tremenda tempestade. Eles estavam vivendo uma aparente sensação de paz e tranquilidade. Os ventos estão brandos, até parecia que finalmente as dificuldades da viagem tinham terminado, mas não!

Quando tudo anda bem em nossas vidas, quando o céu está azul, sobe a nossa autoestima e os nossos planos, projetos, sonhos e desejos são fortalecidos por esta onda azul. Nisso corremos o risco de nos envaidecer e não ouvirmos aos conselhos, não agirmos com prudência, não sermos mais cautelosos. De repente aparecem raios e trovões avisando que uma tempestade está surgindo e ela varre as nossas vidas e nos coloca de pernas para o ar, porque nos pegou desprevenidos. E foi exatamente isso que aconteceu aqui, porque depois dos ventos brandos chegou a tempestade:

04 – O QUARTO IMPREVISTO DA VIAGEM: O TUFÃO:

Entretanto, não muito depois, desencadeou-se, do lado da ilha, um tufão de vento, chamado Euroaquilão (At 27.14).

Quando não se escuta os conselhos de Deus enfrentam-se verdadeiros tufões na vida! O que são os tufões da vida? São aqueles problemas que nos atingem de cheio e que nos deixam desnorteados, desequilibrados emocionalmente, perplexos, sem rumo e sem chão. É um comunicado médico dizendo que a enfermidade é grave. É a morte de um ente querido. É a falência nos negócios. É o desemprego que bate a porta. É o casamento que entra em um processo de separação. É o filho ou a filha que sai de casa. O filho ou a filha que se rebela contra os pais. Filhos que se envolvem com drogas, com a criminalidade. São situações sem controle. Nesta hora, muitos se revoltam contra Deus, como o fez a mulher de Jó, que quando perderam seus bens, seus filhos e Jó a sua saúde, ela disse a Jó:

... Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre (Jó 2.9).

Aquela mulher estava acostumada com a fartura e não com a escassez, com a saúde perfeita e não com a enfermidade, com a presença de seus filhos e não sem eles. Muito diferente do posicionamento de Jó que, depois de perdeu tudo, disse:

Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor (Jó 1.21)!

O que fazer quando nossa realidade parece virar pó? O que fazer quando a fé e a esperança se esvaem. O que fazer quando tudo que construímos está sendo destruído e/ou abalado? O que fazer quando um tufão atinge sua vida? O que fazer nestas horas? Seguir o exemplo daqueles marinheiros:

A – Cessar a manobra:

E, sendo o navio arrastado com violência, sem poder resistir ao vento, cessamos a manobra e nos fomos deixando levar (At 27.15).

Na hora da crise o melhor a se fazer é parar tudo e esperar em Deus! Tire a mão do leme e deixe tudo nas mãos de Deus. Não adianta agir por impulso e nem tomar decisões precipitadas. A melhor maneira de se tomar uma decisão é esperar o temporal passar, pois no temporal surgem perguntas sem respostas e quando aparece uma resposta surgem outras perguntas. No temporal você está vulnerável e não adianta se desesperar nesta hora, não adiante querer dominar a situação, não adianta empreender esforços; deixe que o Senhor manobre a sua vida. Faça o que o salmista disse:

Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra (Sl 46.10).

No momento da crise não é a melhor hora para se tomar decisões, mas é a melhor hora de atentar seus ouvidos à voz de Deus, pois é nessa hora que nosso coração se quebranta e a melhor coisa a se fazer é entregar-se totalmente nas mãos de Deus.

B – Jogar fora toda bagagem extra:

 Açoitados severamente pela tormenta, no dia seguinte, já aliviavam o navio (At 27.18).

É na hora da crise que temos uma visão muito clara daquilo que é supérfluo na vida da gente. É na hora da crise que você pondera sobre suas prioridades. É na hora da crise que você percebe que está levando uma bagagem inútil, desnecessária. É no vale que enxergamos aquilo que realmente é vital em nossas vidas. É nessa hora que as palavras de Jesus se encaixam como uma luva:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11.28-29).

Na hora da crise o melhor lugar para irmos é nos braços do Senhor Jesus. Lá encontramos paz, descanso, esperança e alívio do pesado fardo que está sobre nossos ombros. Precisamos lançar ao mar todos os empecilhos que estão nos impedindo para esta viagem. Mas há algo que não pode ser desprezado:

c) A Soberania de Deus não isenta o esforço humano:

Paulo lutou na tempestade e, de certa forma, ele venceu, mas em muitos momentos vemos a sua reação: Nos versos 18 e 19 eles mesmos aliviavam o navio de sua carga. E nos versos 30 e 31, quando Paulo percebeu que os marinheiros queriam abandonar o navio, advertiu o centurião que sem eles não conseguiriam se salvar. Era necessário o esforço humano para superar a tempestade.

Às vezes, permanecemos em uma situação deplorável por falta de uma reação, por falta de uma atitude sensata, e Deus fica esperando você tomar esta atitude. Deus não hesita em dar nenhum passo até você, mas em certas circunstâncias, Ele não dá nenhum passo em seu lugar. Existem passos que pertencem a você e Deus está esperando você dar este passo para vir ao seu encontro. Existem atitudes que é você quem tem que tomar. Reaja! E a viagem continua trazendo situações desagradáveis:

05 – O QUINTO ABORRECIMENTO DA VIAGEM: DENSAS TREVAS:

E, não aparecendo, havia já alguns dias, nem sol nem estrelas, caindo sobre nós grande tempestade, dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento (At 27.20).

O que representava para aqueles homens o sol e as estrelas? Tudo! Eles eram norteados de dia pelo sol e a noite pelas estrelas. Eles não tinham bússola! E mergulhados em densas trevas aqueles homens perderam a direção e não sabiam onde estavam e nem para onde estavam indo. Era tão séria a situação que se dissipou toda esperança de salvação.

Quem sabe você hoje não esteja também vivendo nesta mesma situação. Tão perdido, tão desnorteado, que não sabe mais o que fazer. Acha que seu problema não tem mais jeito, não tem mais solução. Acha que a vida perdeu o sentido, que sua história chegou ao fim, que nada mais de novo acontecerá em sua vida. Quem sabe você não esteja se sentindo no fundo do poço, sem nenhuma luz e com todas as portas fechadas, mergulhado em uma depressão profunda, em uma tristeza intensa, achando que nunca mais vai sair desta situação. Caso você esteja vivendo uma situação assim você pode estar em trevas e quem está em trevas precisa urgentemente de luz. Jesus um dia falou para uma multidão que estava em trevas:

Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida (Jo 8.12).

Jesus é a nossa luz, é o nosso norte. É Ele quem conduz nossa vida ao destino certo que é a presença de Deus. Jesus confirma isso quando diz:

Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).

Jesus é o único guia até Deus. E se você não tem Jesus ainda está em trevas, pois assim Jesus falou:

Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão (Mt 6.23)!

Sem Jesus você estará vivendo uma situação semelhante àquele navio que estava navegando às cegas, sem rumo certo. E se isso for uma verdade em sua vida, saiba que neste caminho você jamais chegará ao Céu e seu destino final será a perdição eterna. E sem norte não podia acontecer outra coisa aquele navio:

06 – O SEXTO INCIDENTE DA VIAGEM: O NAUFRÁGIO:

Dando, porém, num lugar onde duas correntes se encontravam, encalharam ali o navio; a proa encravou-se e ficou imóvel, mas a popa se abria pela violência do mar (At 27.41).

Foi no tufão que o incidente tornou-se um acidente! Eles naufragaram! Isso nos ensina que nem sempre as vitórias vão fazer parte de nossas vidas, pois muitas vezes teremos que experimentar o amargo sabor da derrota. Os propósitos de Deus não nos isentam de derrotas. A vitória final está garantida, mas até lá muitas batalhas poderão ser perdidas. Não há como evitar as tempestades em nossas vidas e algumas vezes podemos até naufragar em uma destas tempestades, mas a atitude que tomamos diante delas faz toda diferença.

Esta mensagem é muito diferente do que ouvimos hoje por aí, pois se prega o evangelho da paz, da vitória somente e muitos dizem que o cristão não pode experimentar derrotas. Dizem que é inadmissível e inaceitável que um filho de Deus viva na miséria, seja pobre. Que se isso estiver acontecendo é porque você é fraco na fé, é porque você está em pecado ou que você esteja vivendo debaixo de maldições. Isso contribui para que muitas pessoas se decepcionem com Deus e fracassam na fé. Não era essa a mensagem de Jesus, antes Ele diz:

No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (Jo 16.33).

A vida aqui é regada a muitos sofrimentos. Jesus teve fome, teve sede, chorou pela morte de um ente querido e foi acusado e morto injustamente. O propósito de Deus na vida de José era ser o Governador do Egito, mas antes ele passou pela amarga experiência da escravidão, sendo vendido pelos próprios irmãos e foi jogado em um cárcere inóspito por anos. O propósito de Deus na vida de Moisés era guiar no deserto o povo de Deus, mas antes disso Deus o levou ao deserto por 40 anos para pastorear ovelhas. O propósito de Deus na vida de Davi era o trono de Israel, mas antes do trono ele teve que viver nas cavernas, fugindo de um homem louco e sanguinário. O propósito de Deus na vida de Paulo era Roma, capital do Império Romano, mas antes ele teve que enfrentar ventos contrários, ventos parados, um verdadeiro tufão em sua vida e finalmente o naufrágio.

O propósito de Deus é te conduzir até aos portais eternos da eternidade, para uma vitória gloriosa e te coroar com a coroa da vida, mas antes você terá que passar por desertos e vales para depois Deus te receber na glória. Finalmente aconteceu algo de positivo na viagem de Paulo:

07 – ALGO DE BOM DA VIAGEM: OS BONS PORTOS:

Costeando-a, penosamente, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséia (At 27.8).

Louvado seja Deus, porque depois de enfrentar ventos contrários e ventos parados Deus concede àqueles homens um tempo de refrigério para puderem refazer as suas forças. Isso é algo muito bom! Quantas vezes os bons portos chegam a nossa vida! É uma palavra de encorajamento de um irmão que chega naquela hora em que você se sente tão fraco e derrotado. É uma mensagem tocante que ouvimos naquela hora em que seu coração está em pedaços. É um texto da Bíblia que lemos naquela hora em que estamos tão desesperados. É um hino que ouvimos naquela hora em que estamos tão angustiados. É uma trégua da batalha que travamos, um alívio de Deus para podermos respirar um pouquinho e renovar as forças.

Os bons portos são tempos que Deus reserva para estimular você, abençoar você, renovar suas forças, suas esperanças e seus sonhos e nestes momentos Ele te diz para você não desanimar. É aquele momento que Deus chega para você e te diz:

Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel (Is 41.10).

Sabe por que Ele diz isso para você? Porque Deus é aquele que:

Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor (Is 40.29).

Ele te conduz a um porto seguro e lhe diz:

Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo (Is 41.13).

Mas cuidado! Há um grande perigo nos bons portos: Achar que ali é seu destino final! Há pessoas que quando chegam aos bons portos não querem mais sair de lá, não querem mais entrar no mar, não aceitam mais nenhuma tempestade em sua vida. São pessoas que não querem mais desafios para sua vida. Pessoas que acham que foram feridas demais, machucadas demais, que sofreram demais. Quem nessa vida foi mais ferido que Jó? No meio de sua angústia ele pôde dizer:

Bem-aventurado é o homem a quem Deus disciplina; não desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso. Porque ele faz a ferida e ele mesmo a ata; ele fere, e as suas mãos curam (Jó 5.17-18).

Isso acontece porque Deus é fiel! Reveja sua vida e veja se você já foi mais fiel a Deus do que é hoje, se você já leu a Bíblia mais do que lê hoje, se você orou a Deus mais do que ora hoje, se você participava da Igreja mais do que participa hoje, se você contribuía à Igreja mais do que contribui hoje. Será que você não se acomodou em um bom porto? Será que você não acha que já sofreu demais nesta vida? Será que você não contende com Deus por causa de seu agir em sua vida?

É certo que podemos nos acomodar nos bons portos, mas para cumprir a vontade de Deus é necessário prosseguir, entrar novamente em alto-mar e seguir em frente, continuar a viagem, venha o que vier, aconteça o que acontecer. Aquele não era o destino de Paulo. Para chegar ao seu destino final era necessário ir novamente para o alto-mar.

CONCLUSÃO:

É propósito de Deus que sejamos salvos. É desígnio de Deus que cheguemos ao Céu. Então, seria natural que se esperasse uma viagem tranquila até lá, uma viagem segura, sem atropelos, sem incidentes, mas não é assim nossa viagem, pelo contrário, ela é muito turbulenta.

Durante as crises não queira correr para achar soluções da razão, não tente remar o barco na tempestade, na hora dos ventos contrários, não queira conduzir o barco no momento de trevas em que você se encontra completamente desnorteado, nestes momentos deixem Deus agir, pois a Bíblia diz que o justo vive pela fé (Hb 10.38).

Deixe o Senhor agir! Em dias de crises não use armas naturais, daquilo que é mais imediato. Antes, deixe Deus agir a seu tempo, pois o tempo é dele, a hora é dele, o momento é dele. Na hora da crise alimente-se da Palavra de Deus e dia-a-dia conserte sua vida diante do Senhor e veja o que Ele vai fazer. E o que quer que Ele faça, submeta-se e glorifique a Deus.

Que o Senhor nos mostre a razão de cada crise, de cada luta, de cada tempestade. Vamos esperar o agir de Deus e assim fortalecer a nossa vida no Senhor, na leitura da Palavra e na oração. Quando as crises vierem sobre tua vida não lance mão de recursos humanos, antes descanse em Deus e espera dele as soluções para que você não sofra as consequências de atitudes impensadas. Que Deus te abençoe e lhe mantém perseverante em seu caminho, mesmo em tempestades! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com



domingo, 26 de junho de 2011

BARTIMEU: O HOMEM QUE NÃO PERDEU A OPORTUNIDADE

46  E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho
47  e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
48  E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!
49  Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
50  Lançando de si a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus.
51  Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver.
52  Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora (Mc 10.46-52).
Introdução
Oportunidade é coisa que não se perde, que não se desperdiça, porque perder uma oportunidade pode significar perder até mesmo a alma. Não sei quantas oportunidades você já teve e não sabemos quantas oportunidades ainda teremos pela frente. Não sabemos qual é o tempo de Deus. Não sabemos quando o relógio de Deus vai parar de bater para nossa vida. Não sabemos se a oportunidade que estamos tendo hoje não seja a última oportunidade de nossa vida.
O texto que lemos nos fala de um homem que não desperdiçou a última oportunidade de sua vida. Jesus está indo para Jerusalém onde seria crucificado e morto e está passando por Jericó. Aquela era a última vez que Jesus passaria por Jericó. Nunca mais Jesus passaria por aquela cidade. Aquela era a última oportunidade de Bartimeu.
Jericó era o último posto de parada antes de chegar a Jerusalém. Era a cidade onde as caravanas se abasteciam e compravam provisões. Era onde as pessoas se reuniam em grupos para organizarem suas viagens em caravanas para subirem a Jerusalém.
Estava indo esta caravana, subindo para a cidade de Jerusalém e aqueles que não podiam ir, prostravam-se ao lado da estrada e saudavam aqueles que caminhavam para a festa. No meio da multidão, um homem que não pode ir à festa, percebendo o alvoroço, procura saber o que está acontecendo. Alguém então lhe diz: Jesus de Nazaré está passando por Jericó. Aquele homem começa a gritar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim. A multidão tentava calar a sua boca, mas ele clamava ainda mais forte: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim. E naquele momento Jesus parou para ouvi-lo. Jesus o curou, o salvou e ele tornou-se um seguidor de Jesus, porque ele não desperdiçou a sua última oportunidade.
1 – A SITUAÇÃO DE BARTIMEU ANTES DE SEU ENCONTRO COM JESUS
A – Era um cego mendigo
46 E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho
 Bartimeu estava assentado à beira do caminho. Quem era este homem? Diz a Bíblia que ele era cego e mendigo. Faltava-lhe luz nos olhos e faltava-lhe dinheiro no bolso. Estava entregue as trevas e a miséria. Ele vivia a esmolar na beira da estrada, dependendo totalmente da benevolência dos outros. Um cego que não sabe para onde vai e um mendigo que não tem para onde ir. Esta era a situação deste homem antes de se encontrar com Cristo.
B – Estava assentado à beira do caminho
46 ... Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho
Este homem não era apenas um cego e um mendigo, este homem estava com a sua imagem desvalorizada. Além de cego, além de mendigo, ele não tem valor, ele não tem dignidade, ele não é valorizado por ninguém. Ele é alguém desprezado, esquecido, ninguém lhe dirige a atenção a não ser para por a mão no bolso e jogar algumas moedas em sua capa.
Este homem não estava apenas sem saúde, sem dinheiro, ele estava também sem valor próprio. Ele não carregava apenas a sua capa, carregava também seus complexos, seus traumas, suas feridas, suas angústias.
Bartimeu estava assentado à beira do caminho. Ele não estava no caminho. Não estava entre a multidão que seguia para Jerusalém. Ele estava desprezado à margem do caminho e ninguém se importava com ele. O que um homem deste podia fazer? Mesmo estando desprezado na beira do caminho, Bartimeu tomou uma atitude que salvou sua vida:
2 – AS ATITUDES DE BARTIMEU DIANTE DA OPORTUNIDADE
A – Ele buscou a Jesus
47  e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno...
Ninguém é salvo apenas pelo desejo de ser salvo. Não basta apenas honestidade e sinceridade, é necessário buscar e buscar a pessoa certa. Os homens procuram muito mais outros deuses para buscarem a sua salvação, mas há somente um Deus que pode salvar. Os homens procuram muitos atalhos para o céu, mas há somente um caminho para o céu. Existem alguns ditados por aí que as pessoas usam, mas não param para refletir: “o que importa é ter uma religião”; “toda religião é boa, se você for sincero é o que importa”. Mas isso é uma mentira. Existe apenas uma verdade e tudo aquilo que não está em consonância com essa verdade, não é verdade. A Bíblia diz:
12  E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At 4.12).
Isso quer dizer que não existe salvação fora de Jesus. Qualquer outro que se apresente como salvador não vai poder salvar porque é impotente e incapaz de salvar. A Bíblia ainda diz:
5  Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1 Tm 2.5).
Portanto, se você buscar qualquer outro personagem, a não ser o Senhor Jesus, você não chega a Deus, por mais honesto que seja, por mais sincero que seja, por mais profunda que seja a sua busca.
Bartimeu não clama por Pedro, não clama por João, não clama por Tomé. Ele clama pelo Senhor Jesus. E olha como ele chama Jesus:
47  e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Esta palavra: filho de Davi é o termo messiânico de Jesus. Com a sua cegueira, Bartimeu enxergou mais do que os sacerdotes, os escribas e os fariseus que não reconheciam a Jesus como o Messias.
Encontramos no V. T. muitos milagres, mas não temos o relato de nenhuma cura de cego. Os judeus acreditavam que o milagre da cura de um cego, era um milagre só possível na era messiânica. Somente o Messias, quando viesse ao mundo, poderia realizar o milagre da cura de um cego.
18  Naquele dia, os surdos ouvirão as palavras do livro, e os cegos, livres já da escuridão e das trevas, as verão (Is 29.18).
Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos;
6  os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo (Is 35.5,6).
Por isso que os fariseus não podiam admitir que Jesus curou aquele cego de nascença no tanque de Siloé. Se admitissem a cura, admitiam que Jesus era o messias.
Bartimeu tem uma consciência profunda na frente de quem se encontra, de alguém que é mais do que um homem e que opera mais do que milagres. Ele entende que está diante do próprio Filho de Deus, diante do Messias tão esperado por Israel, o Salvador do mundo, a ponte que liga o homem a Deus, o único que poderia lhe trazer salvação. E ele repete este gesto quando diz:
51  ... Mestre, que eu torne a ver.
Essa palavra mestre não é a palavra comum que se usa para mestre no grego do N. T. A palavra que ele usa aqui só aparece mais outra vez no N. T.:
16  Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)! (Jo 20.16)
Bartimeu usou a mesma palavra que Maria Madalena usou lá no túmulo do Cristo ressurreto. Isso porque ele compreendeu que Jesus tinha poder e autoridade para lhe dar visão. Ele entende que Jesus era a resposta para sua busca, o pão para sua fome, a água para sua sede, o caminho para seus pés, o único que poderia levá-lo até Deus.
Bartimeu aproveitou a oportunidade que teve e buscou aquele que podia curá-lo. Se você quer ser salvo, você tem que procurar a pessoa certa, tem que ir a Jesus.
B – Ele busca com humildade
47  ... pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Bartimeu não chega apelando para direitos, mas ele chega clamando por misericórdia. Nenhuma pessoa pode ser salva a não ser que reconheça o seu pecado e clame por misericórdia.
Você pode ser uma boa pessoa, um bom pai, uma boa mãe, um bom filho, um bom empregado, um bom patrão, um homem honrado, uma mulher honrada, um filho honrado. Você pode ter alcançado vitórias maravilhosas na sua vida e ter conseguido sucesso na sua carreira profissional. Você pode ser uma pessoa admirada na sociedade pelo seu caráter, pela sua bravura, pelos seus méritos, mas você é um pecador. A Bíblia diz que as nossas justiças aos olhos de Deus não passam de trapos de imundícia e que não há nem um justo sequer:
Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam (Is 64.6).
10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
11  não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.10-12,23).
Nenhum homem e nenhuma mulher podem chegar para Deus e lhe dizer: Senhor, quero entrar no céu porque mereço, porque fiz por onde, porque tenho méritos acumulados, porque tenho obras suficientes para entrar ai. A Bíblia diz que ninguém pode alcançar esta posição. Somente aquele que reconhece que é pecador pode entrar no céu.
Talvez você esteja pensando: mas não me lembro de nenhuma coisa errada que tenha feito. Você não é pecador porque peca, você peca porque é pecador. Dentro de você há uma natureza inclinada para o pecado. A Bíblia diz que o homem é concebido em pecado, nasce em pecado e que o homem peca porque a sua essência, a sua natureza, a sua inclinação é para o pecado. Por isso que por você mesmo nunca pode chegar até Deus, nunca pode entrar no céu, nunca pode ser salvo, a não ser que reconheça que depende da misericórdia de Deus.
Bartimeu entendeu o quanto necessitava da clemência de Deus e clamou pela Sua compaixão, clamou pela misericórdia de Deus na sua vida. Ele se humilhou na presença de Jesus.
C – Ele busca com insistência
48  E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!
Ele não queria deixar a oportunidade passar mesmo enfrentando as dificuldades.
Quando você anseia por Deus e quer ir a Jesus, sempre haverá dificuldades tentando impedir sua ida até Ele. Para Bartimeu a dificuldade foi a multidão. Quando Jesus entrava em Jericó, Bartimeu quis encontrar-se com Jesus e a multidão o impedia. Bartimeu grita por Jesus e a multidão tenta calar a sua voz.
Isso acontecerá com você também, pois a multidão vai se opor a sua ida até Jesus. As pessoas vão lhe dizer: não faça isso. Amigos vão lhe dizer: você não pode buscar Jesus, tornar-se crente. Você não pode converter-se, ir para uma igreja evangélica.
E tem mais, você encontrará oposições até mesmo dentro de sua casa, de sua família. O maior obstáculo que uma pessoa tem para ir a Cristo é a tradição familiar. Meu avô foi desta religião, meu pai foi desta religião e eu quero pertencer também a está religião. Prefiro me perder a mudar de religião. Fica a idéia de que você está sendo infiel a Deus se mudar de religião. Digo a você que nenhuma religião pode levar uma pessoa para o céu, nem Presbiteriana, nem Batista, nem Assembléia, nem Católica e nem Espiritismo. Nenhuma denominação pode levar você para o céu, porque existe somente uma porta para o céu, que é Jesus. Existe somente um caminho para o céu, que é Jesus. A não ser que você recorra a Ele e não permita que nenhuma voz afaste você desta busca não há esperança para sua alma.
A busca por Jesus exige perseverança, insistência e Bartimeu assim agiu, venceu os obstáculos.
D – Ele busca com abnegação
49  Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
50  Lançando de si a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus.
O fato dele ter deixado a sua capa tem um grande significado. Sabe o que este homem possuía na vida? A capa. Ela era seu único pertence. Quando as pessoas lhe chamaram e lhe disseram que Jesus o estava chamando, este homem lançou de si sua capa, como que dizendo: vou me desvencilhar de qualquer coisa para ir até Jesus. Ele estava no meio de uma multidão, não queria se embaraçar, se enroscar em ninguém. Não queria que aquela capa fosse um estorvo, um impedimento para ir até Jesus. Ele se desprendeu da única coisa preciosa que possuía, estava pronto para abrir mão de qualquer coisa para encontrar-se com Jesus.
Algumas pessoas dizem: eu vou até Jesus. Eu quero a Jesus. Mas, primeiro preciso resolver algumas pendências em minha vida. Primeiro preciso deixar meu vício. Primeiro preciso acertar minha vida nisso ou naquilo. Primeiro preciso mudar nisso ou naquilo. Não! É agora! Lança a sua capa. Pare de arrumar desculpas. Pare de adiar. Pare de transferir responsabilidades. Deus quer que você tenha um encontro com Seu Filho hoje, agora, sem qualquer embaraço. Não de desculpas. Atenda agora mesmo.
E tem mais, lançando de si a capa, Bartimeu levantou-se de um salto e for ter com Jesus. Cego tem dificuldade de dar um passo, imagine dar um pulo. A atitude de fé de Bartimeu foi dar um salto para os braços de Jesus, e ele fez a escolha correta. Há muitas escolhas que se você fizer pode dar certo ou errado, mas jamais alguém se frustrou, fracassou, equivocou-se por tomar uma decisão de entregar sua vida a Jesus. Jesus disse:
Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem (Jo 10.9).
Vá até Jesus e Ele nunca te lançará fora. Ele te chama com uma voz tão doce:

28  Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29  Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30  Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11.28-30).
38  Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva (Jo 7.38).
Jesus tem para você uma vida plena, uma vida abundante, uma vida bendita, uma vida eterna.
E – Ele busca com objetividade
51  Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver.
Ele não pediu riquezas, ele pediu luz. Ele fez a coisa mais importante, mais sensata, mais urgente que um homem podia fazer na vida. Quantas vezes não gastamos todo o tempo de nossas orações com pedidos fúteis e egoístas e deixamos no esquecimento aquilo que realmente tem valor.
Jesus estava passando pela cidade de Jericó, cidade de Bartimeu, e ele clama por Jesus em sua última oportunidade. Se ele tivesse calado a sua voz, ele teria permanecido um cego, permanecido um mendigo na beira do caminho e permanecido em trevas espirituais. Faça como Bartimeu, busque a Jesus com humildade, com insistência, com abnegação e com objetividade.
Qual a sua necessidade? Qual o seu desejo? Bartimeu teve clareza: Mestre, que eu torne a ver. Ele podia pedir uma esmola. Ele podia pedir ajuda. Mas, foi no foco de seu problema: Mestre, eu vivo nas trevas, eu quero ver. Qual é a sua maior necessidade? O que você quer que Jesus faça na sua vida?
3 – OS RESULTADOS POR NÃO DEIXAR PASSAR A OPORTUNIDADE
Bartimeu não desperdiçou a oportunidade que teve e por isso obteve grandes resultados.
A – Ele encontrou a sua salvação
52  Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora.
Bartimeu chega a Jesus com fé em seu coração. Bartimeu chega a Jesus reconhecendo que Ele é o Messias, que Ele é o Mestre, que Ele é o Salvador, que Ele é a sua única esperança e por causa disso encontra a salvação.
E quando ele chega diante de Jesus as primeiras palavras que ouve é: a tua fé te salvou. Jesus viu naquele homem mais do que uma doença física, mais do que falta de luz nos olhos. Jesus viu nele uma cegueira maior, mais profunda, mais densa, mais pavorosa. Uma cegueira eterna, uma escuridão eterna. Jesus viu que este homem não estava salvo.
Deus pode nos abençoar. Deus pode nos dar vida, saúde, família, trabalho, inteligência, prosperidade. Tudo que temos é bênção de Deus, dádiva de Deus. Mas, a maior necessidade é uma dádiva espiritual: a salvação. Se você tiver todas as dádivas de Deus e não for salvo, tudo que você tem perece, fica aqui.
Jesus contou a parábola de um homem que viveu regaladamente em seus banquetes, com seus amigos, sem nunca parar para pensar no destino de sua alma, sem nunca se preparar para um encontro com Deus. Este homem viveu embalado pelo seu conforto, com suas festas, com seus requintes até ao dia em que ele morreu sem estar preparado para encontrar-se com Deus. Na eternidade, já no inferno, estando em tormentos, ele caiu em si, mas era tarde demais, não havia mais chance de reverter a situação. Desesperado, ele pede uma gota de água para aliviar seu tormento e nem isso lhe é dado, porque não aproveitou as oportunidades de sua vida.
Hoje você tem tempo. Hoje Deus quer salvar a sua alma. Hoje Deus quer perdoar seus pecados. Hoje Deus quer entrar em seu coração. Hoje Deus quer selar você com o Espírito Santo da promessa. Hoje Deus quer regenerar seu coração. Hoje Deus quer fazer de você um filho dele, um herdeiro dele. Hoje Deus quer tirar você das trevas para a luz. Jesus está te perguntando: Que queres que Eu te faça? Escolha a salvação de tua alma.
B – Ele também foi curado por Cristo
52  ... E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora.
Você que entrou aqui hoje, talvez tenha uma doença que esteja tirando seu sono. Talvez esteja muito aflito, porque está lidando a muito tempo com sua saúde e o diagnóstico dos médicos não é favorável, não é otimista. Talvez você esteja angustiado e até deprimido por uma causa que oprime, que machuca, que dói, que suga suas energias, que rouba seu sono, que tira seu apetite, que tira sua paz. Quero dizer para você que Jesus está aqui hoje, passando por nós. Ele perdoa, Ele salva e Ele também tem poder para curar. Que queres que Eu te faça? Talvez você saia daqui hoje com seu corpo curado, com sua alma perdoada, com sua salvação garantida.
C – Ele tornou-se um seguidor de Jesus
52  ... e seguia a Jesus estrada fora.
Para onde? Para Jerusalém. A Jerusalém do Getsêmani, das gotas de sangue, das cusparadas humilhantes, da multidão inflamada gritando: crucifica-o. Crucifica-o. Diz o texto que este homem põe o pé na estrada e assume que é um discípulo de Jesus. Ele não se acovarda a partir do momento em que é salvo. Ele não se esconde. Ele tem a coragem de seguir. Como? Louvando a Deus.
As oportunidades vêm e as oportunidades vão e é muito perigoso desperdiça-las. Se você não agarrá-la quando chega, você poderá perdê-la para sempre.
Conclusão
Você tem tido tantas oportunidades. Deus tem lhe preservado a vida, a saúde. Deus tem lhe dado o pão de cada dia. Deus tem lhe dado abrigo, as vestes, trabalho, a família e amigos. Deus tem lhe dado a sua palavra. Deus tem colocado diante de ti pregadores. Deus tem lhe dado a chance de ouvir sua palavra. Deus tem revelado para você seu amor. Deus tem lhe dado tantas chances e tantas oportunidades. Não brinque com essas oportunidades, porque não sei quantas mais você terá. Talvez, a oportunidade de hoje, seja à semelhante de Bartimeu, pois esta pode ser a tua última oportunidade. Jesus nunca mais iria passar em Jericó e Bartimeu agarra esta oportunidade. Ele entende que não pode deixar ir embora esta oportunidade de sua vida.
Jesus está passando por aqui nesta hora e esta é a sua Jericó, qual decisão você vai tomar? Esta decisão é sua. Não posso decidir por você, seu pai não pode decidir por você, sua mãe não pode decidir por você, seu marido não pode decidir por você, sua mulher não pode decidir por você, seu noivo não pode, sua noiva não pode, seu namorado não pode e sua namorada não pode. Esta decisão é intransferível, somente você pode tomar esta decisão. O que você vai fazer? Que decisão vai tomar? Que escolha vai fazer? Vai escolher a vida ou vai escolher a morte? Você pode escolher. Você hoje ainda tem tempo para escolher, amanhã pode ser tarde demais. Se hoje você ouvir a voz de Deus, não endureça seu coração.
Bartimeu aproveitou a última oportunidade de sua vida. Se Bartimeu tivesse calado a sua voz, se Bartimeu tivesse silenciado o clamor de seu coração, se Bartimeu não tivesse recorrido com urgência ao Senhor Jesus, possivelmente ele teria permanecido cego e em trevas pelo resto de sua vida. Mas ele clamou, mas ele gritou, mas ele buscou, mas ele insistiu e foi salvo e foi curado porque ele aproveitou a última oportunidade da sua vida.
Talvez você esteja tendo a última oportunidade da sua vida nesta hora. Este momento é a sua Jericó. Talvez Jesus esteja passando pela última vez pela Jericó da sua vida. Eu não sei o que você vai fazer, não sei qual vai ser a sua atitude, qual vai ser a sua reação, qual vai ser a sua resposta. Mas, você pode fazer o que Bartimeu fez. Hoje a porta está aberta, hoje o convite é feito e Jesus está passando por aqui. Depois que a oportunidade passa, não tem mais jeito, você não tem mais como pegá-la. Nesta hora Deus está te dando uma oportunidade. Aproveite-a!

Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes: Mensagem A Última Oportunidade.

sábado, 25 de junho de 2011

OS DOIS CESTOS DE FIGOS

1 Fez-me ver o SENHOR, e vi dois cestos de figos postos diante do templo do SENHOR, depois que Nabucodonosor, rei da Babilônia, levou em cativeiro a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e os príncipes de Judá, e os artífices, e os ferreiros de Jerusalém e os trouxe à Babilônia.
2  Tinha um cesto figos muito bons, como os figos temporãos; mas o outro, ruins, que, de ruins que eram, não se podiam comer.
3  Então, me perguntou o SENHOR: Que vês tu, Jeremias? Respondi: Figos; os figos muito bons e os muito ruins, que, de ruins que são, não se podem comer.
4  A mim me veio a palavra do SENHOR, dizendo:
5  Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Do modo por que vejo estes bons figos, assim favorecerei os exilados de Judá, que eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus.
6  Porei sobre eles favoravelmente os olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei, plantá-los-ei e não os arrancarei.
7  Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração.
8  Como se rejeitam os figos ruins, que, de ruins que são, não se podem comer, assim tratarei a Zedequias, rei de Judá, diz o SENHOR, e a seus príncipes, e ao restante de Jerusalém, tanto aos que ficaram nesta terra como aos que habitam na terra do Egito.
9  Eu os farei objeto de espanto, calamidade para todos os reinos da terra; opróbrio e provérbio, escárnio e maldição em todos os lugares para onde os arrojarei.
10  Enviarei contra eles a espada, a fome e a peste, até que se consumam de sobre a terra que lhes dei, a eles e a seus pais (Je 24.1-10).

Introdução

Na Escritura Sagrada encontramos muitos fatos e histórias marcantes. Um dos mais importantes é o que chamamos de Exílio Babilônico, acontecido no ano 587 a.C.. Este evento importante na história bíblica foi a deportação em massa dos judeus, do reino de Judá, para a Babilônia, por Nabucodonosor, seu rei. O reino do Norte de Israel já havia desaparecido em 722 a.C. com a destruição da capital, Samaria, em que a maior parte da população dispersou-se entre outros povos dominados pela Assíria. O reino do Sul também termina tragicamente com a destruição da capital Jerusalém e parte da população é deportada para Babilônia. Jerusalém é sitiada e Jeoaquim, Rei de Judá, rende-se voluntariamente. O Templo de Jerusalém é saqueado e destruído e parte da nobreza, inclusive o rei, são levados para o Exílio em Babilônia.
Os que permaneceram em Judá viviam em uma tremenda miséria, em que a fome e a insegurança eram constantes. E os que partiram para o exílio levavam a imagem de uma cidade destruída. As instituições foram desfeitas: o Templo, o culto, a monarquia e a classe sacerdotal. Todos viveram a experiência da dor, da saudade, da indignação e a consciência de culpa pela catástrofe que se abateu sobre o reino de Judá. Os exilados na Babilônia reportaram em um salmo a dor que viveram:

1 Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.
2  Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas,
pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião.
Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha?
5  Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita.
6  Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria (Sl 137.1-6).

A experiência vivida, tanto pelos que ficaram como pelos que saíram, era de provação, castigo e reconhecimento da infidelidade à aliança com Deus. Pouco a pouco foram retomando a confiança em Deus que poderia salvar o seu povo e os conduzir em um novo êxodo de volta a Sião. Quando Jeremias escreve texto básico acima, o cativeiro já havia acontecido, conforme descreve o verso primeiro. Deus, então, manda uma mensagem tanto para os que ficaram como para os que foram levados. Podemos tirar algumas lições desta mensagem:

1 – UMA PALAVRA QUE SE CUMPRIU

1 Fez-me ver o SENHOR, e vi dois cestos de figos postos diante do templo do SENHOR, depois que Nabucodonosor, rei da Babilônia, levou em cativeiro a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e os príncipes de Judá, e os artífices, e os ferreiros de Jerusalém e os trouxe à Babilônia.

O principal motivo para o exílio de Judá, que constituiu a perda da liberdade dos judeus, foi a quebra da aliança estabelecida entre Deus e o seu povo.

A – A aliança entre Deus e o povo

Quando Israel foi libertado da escravidão do Egito, Deus estabeleceu uma aliança entre Ele e o povo de Israel:

5  Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
6  vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa (Ex 19.5,6).

Deus lembrava, através de seus profetas, o teor desta aliança ao povo:

1  Palavra que veio a Jeremias, da parte do SENHOR, dizendo:
2  Ouve as palavras desta aliança e fala aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém;
3  dize-lhes: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Maldito o homem que não atentar para as palavras desta aliança,
4  que ordenei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo: dai ouvidos à minha voz e fazei tudo segundo o que vos mando; assim, vós me sereis a mim por povo, e eu vos serei a vós outros por Deus;
5  para que confirme o juramento que fiz a vossos pais de lhes dar uma terra que manasse leite e mel, como se vê neste dia. Então, eu respondi e disse: amém, ó SENHOR!
6  Tornou-me o SENHOR: Apregoa todas estas palavras nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém, dizendo: Ouvi as palavras desta aliança e cumpri-as.
7  Porque, deveras, adverti a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, até ao dia de hoje, testemunhando desde cedo cada dia, dizendo: dai ouvidos à minha voz (Je 11.1-7).

A aliança consistia em o povo obedecer a Deus, dar ouvidos a voz de Deus.

B – A quebra da aliança por parte do povo

Mas o povo não deu ouvidos à Lei de Deus, aos Seus mandamentos, aos Seus conselhos, antes viraram as costas ao Seu Deus.

Mas não atenderam, nem inclinaram o seu ouvido; antes, andaram, cada um, segundo a dureza do seu coração maligno; pelo que fiz cair sobre eles todas as ameaças desta aliança, a qual lhes ordenei que cumprissem, mas não cumpriram (Je 11.8).

13  Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas (Je 2.13).

O que significava esta quebra de aliança? Significava o abandono ao verdadeiro Deus e a autoconfiança do povo. Significava que o povo não queria ter O SENHOR como seu Deus. Significava que o povo não queria fazer as coisas que O SENHOR ordenava. Significava que o povo não queria ter os mandamentos de Deus como normas para regerem suas vidas.
Quais as evidências dessa quebra do pacto entre Deus e o seu povo? A idolatria do povo, o egoísmo crescente na nação, as injustiças sociais e governos opressores, os falsos profetas e sacerdotes corruptos e a crença na inviolabilidade do templo e da cidade de Jerusalém. Não queriam O SENHOR como Deus, mas o queriam como um talismã, estavam interessados somente na proteção e na segurança que O SENHOR lhes ofereciam. Deus chegou a indagar com o povo:

11  Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito (Je 2.11).

Eles quebraram a aliança com o seu Deus.

C – As conseqüências da quebra da aliança

Conforme as regras da aliança, assim como havia bênçãos sem medidas para a obediência, havia também duras penas para a desobediência:

3  Assim diz o SENHOR: Executai o direito e a justiça e livrai o oprimido das mãos do opressor; não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar.
4  Porque, se, deveras, cumprirdes esta palavra, entrarão pelas portas desta casa os reis que se assentarão no trono de Davi, em carros e montados em cavalos, eles, os seus servos e o seu povo.
Mas, se não derdes ouvidos a estas palavras, juro por mim mesmo, diz o SENHOR, que esta casa se tornará em desolação (Je 22.3-5).

4  Dize-lhes, pois: Assim diz o SENHOR: Se não me derdes ouvidos para andardes na minha lei, que pus diante de vós,
5  para que ouvísseis as palavras dos meus servos, os profetas, que, começando de madrugada, vos envio, posto que até aqui não me ouvistes,
então, farei que esta casa seja como Siló e farei desta cidade maldição para todas as nações da terra (Je 26.4-6).

Por isso que o motivo principal para o exílio babilônico foi a quebra da aliança por parte do povo. O exílio resultou na morte de muitas vidas e trouxe uma grande humilhação sobre toda a nação de Judá e tanto o templo como a cidade de Jerusalém se tornou em desolação. Tudo ficou em ruínas!
Antes de enviar o exílio, Deus advertiu inúmeras vezes o povo a se arrependerem de seus pecados e se voltarem para Ele. Até as portas do exílio, em uma última oportunidade, Deus envia seu profeta Jeremias em uma última tentativa de evitar o peso de Sua mão contra Judá:

2  Assim diz o SENHOR: Põe-te no átrio da Casa do SENHOR e dize a todas as cidades de Judá, que vêm adorar à Casa do SENHOR, todas as palavras que eu te mando lhes digas; não omitas nem uma palavra sequer.
Bem pode ser que ouçam e se convertam, cada um do seu mau caminho; então, me arrependerei do mal que intento fazer-lhes por causa da maldade das suas ações (Je 26.2,3).

Mas o povo não ouviu a Jeremias, antes o prendeu e quase o matou. Deus, então, envia o castigo e, no Seu furor, destrói o templo, a cidade de Jerusalém e leva cativo para Babilônia o Seu povo. Deus disciplina o Seu povo, mas não o abandona e esta é a mensagem que Jeremias leva agora para o povo:

2 – A VISÃO DOS DOIS CESTOS DE FIGOS

2  Tinha um cesto figos muito bons, como os figos temporãos; mas o outro, ruins, que, de ruins que eram, não se podiam comer.
3  Então, me perguntou o SENHOR: Que vês tu, Jeremias? Respondi: Figos; os figos muito bons e os muito ruins, que, de ruins que são, não se podem comer.

Jeremias viu dois cestos de figos. Um dos cestos tinha figos muito bons, enquanto o outro tinha figos tão ruins que não podiam ser comidos. Deus vai lhe explicar a visão. Ela significava uma mensagem que Jeremias deveria levar tanto para os que ficaram como para os que foram cativos, mas o teor da mensagem era muito diferente para ambos, para uns o favorecimento de Deus e para outros o desprezo pela sua desobediência:

A – O cesto de figos bons

Um dos cestos continha figos bons, figos temporãos, que são figos que amadure­cem antes do verão, são figos tratados como a mais fina iguaria. O que eles representavam?

5  Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Do modo por que vejo estes bons figos, assim favorecerei os exilados de Judá, que eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus.
6  Porei sobre eles favoravelmente os olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei, plantá-los-ei e não os arrancarei.
7  Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração.

Estes fi­gos muito bons representavam os cativos levados para a Babilônia. Por meio deles, no futuro, Deus restau­raria a nação de Judá. Daniel, Ezequiel, os três jovens hebreus lançados na fornalha e Jeconias (Joa­quim) estavam entre os bons figos.
Como essa profecia deve ter encorajado os desesperançosos exilados em Babilônia! Também serviu para repre­ender os que escaparam do cativei­ro, os quais deveriam estar julgando-se superiores aos exilados na Babilônia, mas segundo a mensagem de Deus, o cesto dos figos bons é que alcançaria o favor do Senhor, e ele representa aqueles que, mesmo exilados, viveriam debaixo de Sua proteção e guarda, sob os cuidados do Altíssimo. Deus ordena que Jeremias escreva e mande uma carta para os exilados em Babilônia e o teor desta carta dizia:

4  Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia:
Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto.
Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai esposas para vossos filhos e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; multiplicai-vos aí e não vos diminuais.
7  Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz (Je 29.4-7).

A bênção estava sobre aqueles que foram levados ao cativeiro, àqueles que se entregaram aos opressores. O povo queria fugir para o Egito a fim de preservar a vida ou, então, queria resistir aos invasores, mas Deus lhes diz que a única chance de sobrevivência é se entregar ao inimigo:

6  Agora, eu entregarei todas estas terras ao poder de Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo; e também lhe dei os animais do campo para que o sirvam.
7  Todas as nações servirão a ele, a seu filho e ao filho de seu filho, até que também chegue a vez da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis o fizerem seu escravo.
Se alguma nação e reino não servirem o mesmo Nabucodonosor, rei da Babilônia, e não puserem o pescoço debaixo do jugo do rei da Babilônia, a essa nação castigarei com espada, e com fome, e com peste, diz o SENHOR, até que eu a consuma pela sua mão.
12  Falei a Zedequias, rei de Judá, segundo todas estas palavras, dizendo: Metei o pescoço no jugo do rei da Babilônia, servi-o, a ele e ao seu povo, e vivereis.
13  Por que morrerias tu e o teu povo, à espada, à fome e de peste, como o SENHOR disse com respeito à nação que não servir ao rei da Babilônia? (Je 27.6-8, 12,13).

O que Deus nos diz, nesse texto, sobre uma situação ameaçadora, é justamente o contrário do que nossa natureza fala. Naturalmente, como seres humanos, queremos fugir da dor, da ameaça e do perigo, mas Deus diz que para mantermos a vida, em alguns momentos, é preciso passar pelo deserto!
Às vezes, o instinto de sobrevivência nos trai e nos faz fugir do lugar e da situação em que Deus quer que estejamos. Às vezes, pode parecer loucura para nós, mas o melhor lugar para estar, o único lugar em que estaremos com o Senhor, é no deserto! É onde, aparentemente, só nos espera dor e sofrimento, mas é somente lá que conseguiremos estar com o Senhor. Somente lá usufruiremos a Sua Presença. Somente ali, por mais difícil que seja, por mais que doa o coração, por mais amargura que se passe, por mais lágrimas que se verta, somente ali é o centro da vontade de Deus para nossa vida.
Por isso, não tenha medo de experimentar a realidade de estar no deserto. Não tenha medo de pertencer ao cesto de figos bons, onde podemos experimentar os cuidados, a bênção e a proteção do Senhor.
Hoje, o cesto de figos bons representa os chamados, os escolhidos do Senhor, os Seus filhos amados, arrependidos do pecado, que temem ao Altíssimo e por Ele são protegidos. Todos os filhos do cesto bom são luz na escuridão, onde as trevas não os alcançam. Não importa se estão no vale ou na montanha, em um deserto ou no jardim, os filhos da Luz sempre serão abençoados pelo Criador, pois Deus os escolheu para amar e proteger e nunca os desampara, conforme as palavras de Jesus:

15  Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal (Jo 17.15).

27  As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.
28  Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 10.27,28).

Para nós, que somos filhos da luz, quando as lutas e o mundo fazem de nosso coração um inverno, Jesus sempre renasce a primavera em nossa vida, a esperança das Suas promessas revigora nossas forças e nos dá ânimo para prosseguir até o fim. Para nós, que somos filhos da luz, quando uma de suas ovelhinhas é ferida, Ele a socorre com todo Seu amor, Ele a cerca de cuidados e não a desampara pelo vale. Para nós, que somos filhos da luz, mesmo com nossos erros o Senhor sempre reserva para nós os melhores cuidados. Se você é um filho da luz, lembra que o inimigo, o mundo, as tuas lutas não são e nunca serão maiores que o nosso Deus.
Perceba o valor que os filhos da luz têm para o Senhor quando Ele diz que há mais alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento (Lc 15.7). O céu se alegra quando um filho da luz deixa as trevas e vem para a luz. Não há amor maior, não há cuidado maior que o do Senhor nosso Deus. Lázaro canta um hino que diz:

Filho eu quero tanto
Enxugar teu pranto te fazer só meu.
Filho eu quero ser teu Deus
Eu te amo tanto, tanto, tanto, tanto
Filho vem ser meu, filho eu quero ser teu Deus. (Eu te amo tanto)

Se você ainda não é um filho da luz, ainda há tempo de se tornar um, basta aceitar aquele que hoje te oferece a oportunidade, basta abrir seu coração e entregar sua vida a Jesus. Se você é um filho da luz, mas está perdido nas trevas, ainda há tempo de voltar aos braços do Pai, que é o teu lugar. Cristo te chama! Ele nunca se esqueceu de ti, Ele te ama mesmo com tuas falhas e transgressões, mesmo quando dás as costas para Ele. Ele te espera de braços abertos com todo o Seu amor infinito. Ele conhece os anseios do teu coração. Ele só espera teu passo, a tua decisão.

B – O cesto de figos ruins

Ruim é uma palavra que abrange uma infinidade de sentidos de cunho negativo: inútil, sem mérito, estragado e deteriorado. Quando dizemos que uma fru­ta está ruim, em geral nos re­ferimos à qualidade do seu sabor e do seu estado, ao fato de não ser ou estar agradável ao paladar.
No cesto de figos ruins temos um símbolo dos cativos de Zedequias e daqueles judeus rebel­des que perma­neceram com ele em Judá. Sobre esses cairia o juízo divino.

8  Como se rejeitam os figos ruins, que, de ruins que são, não se podem comer, assim tratarei a Zedequias, rei de Judá, diz o SENHOR, e a seus príncipes, e ao restante de Jerusalém, tanto aos que ficaram nesta terra como aos que habitam na terra do Egito.
Eu os farei objeto de espanto, calamidade para todos os reinos da terra; opróbrio e provérbio, escárnio e maldição em todos os lugares para onde os arrojarei.
10  Enviarei contra eles a espada, a fome e a peste, até que se consumam de sobre a terra que lhes dei, a eles e a seus pais.

A situação daqueles que ficaram, que escaparam do cativeiro, ficaria cada vez mais caótica.
Que tragédia é pertencer ao cesto de figos ruins! Neste cesto estão aqueles que não foram cativos para Babilônia, aqueles que fugiram do deserto e não quiseram enfrentar as lutas do vale! Para eles sobraram a completa rejeição de Deus! Tire o nome de Zedequias neste texto e coloque o seu e pense na tragédia que seria?

8  Como se rejeitam os figos ruins, que, de ruins que são, não se podem comer, assim tratarei (ao Luiz), diz o SENHOR.
9  Eu farei (do Luiz) objeto de espanto, calamidade para todos os reinos da terra; opróbrio e provérbio, escárnio e maldição em todos os lugares para onde os arrojarei.
10  Enviarei contra (o Luiz) a espada, a fome e a peste, até que se consuma de sobre a terra, a ele e a seus pais.

Hoje, os que pertencem ao cesto dos figos maus são os ímpios, aqueles que praticam iniqüidades e adoram a falsos deuses. São os que não reconhecem que só o SENHOR é Deus! As suas maldades, as suas transgressões cairão em suas cabeças. Para todo o sempre estarão na angústia e na dor. Este é o destino dos filhos da escuridão. E seus nomes não estão escritos no livro da vida.
Os termos bons e maus são usados como comparação para mostrar a beneficência de Deus aos bons e o Seu castigo aos maus. Os bons eram olhados por Deus com favor e Deus os estimava e os viam como quem vê bons figos com bons olhos. Deus os salvaria da calamidade e os condu­ziriam em segurança. O mesmo não aconteceria aos figos maus.
A qual cesto você se enquadra? A qual cesto você quer pertencer? Qual o futuro da sua alma? Será que hoje você foge do deserto, afastando-se daquele que te oferece a vida? Será que hoje você rejeita as oportunidades que são oferecidas por aquele que tanto te ama? Se você se enquadra nos figos de cesto ruim, clame a Deus por misericórdia, faça alguma coisa, mude sua situação e volte para os braços do Pai porque hoje Ele te chama, porque hoje Ele te oferece a Sua salvação, hoje Ele te oferece os Seus cuidados, a Sua proteção, o Seu eterno amor.

3 – APLICAÇÕES PRÁTICAS

A – Deus nunca volta atrás com Sua palavra

Deus prometeu abençoar a nação de Israel. Deus prometeu que todas as nações da terra seriam abençoadas através de Israel. Deus prometeu jamais desamparar o Seu povo. O exílio não significou a quebra dessas promessas, mas a confirmação da presença real de Deus no meio de Seu povo. A nação não se perdeu, o povo não se misturou, voltaram e reconstruíram o templo, os muros e a cidade de Jerusalém e mais do que isso, trouxeram os utensílios de ouro e de prata do templo. Isso nunca aconteceu na história de um povo a não ser na história do povo de Deus. Deus prometeu que da descendência de Davi sairia o Messias. A família real foi levada cativa para Babilônia, perderam o trono, mas não perderam a promessa, pois Deus garantiu, lá no exílio, a subsistência da família real de Judá.

B – Leva a sério a tua aliança com o SENHOR

Deus advertiu a nação de Israel para se voltarem para Ele, mas Israel não deu ouviu a voz de Deus e foram levados cativos pela Assíria e nunca mais retornaram. Deus advertiu a nação de Judá para deixarem seus deuses e suas abominações, senão eles também seriam levados cativos, mas Judá também rejeitou a aliança com seu Deus e Deus mandou o exílio. Toda a nação sofreu. Toda a nação chorou. Toda a nação foi envergonhada pelos seus inimigos.
Um dia, quando você fez sua profissão de fé e se batizou, você fez também votos a Deus diante de toda a Igreja. Como estão os seus votos? Como está a tua aliança com o teu Deus? Ela está firme? Tuas palavras estão de pé? Está cumprindo tudo aquilo que prometeu? Leva a sério os teus votos!

C – Deus está presente nos desertos de nossa jornada

Os judeus foram arrebatados pelas feras, foram levados para o covil das feras, conviveram no meio das feras, mas as feras não lhes tocaram e lá não sofreram nem um arranhão, porque Deus os abençoava, os guardava e estava ali presente com eles, tornando os seus jugos mais suaves e os seus fardos mais leves. Não importa a secura de seu deserto, para Deus não faz diferença porque Ele é ilimitado em seu poder, não há nada que Ele não possa fazer por você.

Conclusão

Quando você não puder explicar o que Deus está fazendo na sua vida você precisa entender que Deus é Soberano e que Ele está com as rédeas de sua vida em Suas mãos. Pense que Ele pode estar te levando para algo maior e melhor, pois Deus não desperdiça sofrimento na vida de seus filhos. Os filhos de Deus não sofrem sem causa, sem propósito, afinal, “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” Rm 8.28. Lembre-se de que o sofrimento é a escola superior do Espírito Santo em que Deus ensina aos seus filhos as mais profundas lições da vida. Quando Deus nos permite sofrer, quando Ele nos leva para o deserto, é porque está nos dando um curso avançado. Depois da tempestade, passamos a conhecer melhor ao Deus que servimos.
Deus, em silêncio, está lutando por você. Tenha a certeza de que não há crise que Deus não possa reverter. Os desígnios de Deus não podem ser frustrados. Se você não encontra explicações entenda que o seu Deus é Onipotente. No tempo dele, Ele poder reverter o quadro que te assola. Não perca a esperança. Não desanime. Não fique prostrado no meio do caminho. Não entregue os pontos. Levante a cabeça, pois Jesus te ama e Ele quer estar do seu lado na hora mais difícil de sua vida, quer ser seu amparo, quer ser seu sustentador. Quer ser seu salvador. Quer ser seu libertador. Entregue-se nas mãos daquele que pode enxugar as sua lágrimas! Que Deus te abençoe! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com