Atos 27.1-44
INTRODUÇÃO:
Por que as pessoas que amam a Deus e são fiéis a Ele
enfrentam tantas tempestades na vida? Por que quanto mais procuramos agradar a
Deus mais as tempestades na vida se intensificam? Como conciliar minhas
vontades com a vontade de Deus? E como conciliar a vontade de Deus com minhas crises
e tempestades? Não é nada fácil encontrar respostas a estas perguntas. Até
porque as respostas exigirão de nós submissão, fé e esperança e todas estas coisas
se chocam com nosso imediatismo. Além do mais tem o agir de Deus que é muito
mais profundo do que o nosso conhecimento e vai além de nossas limitações, o
que nos faz compreender um pouco de nossas crises somente depois delas
passarem. E muitas vezes vamos entender as coisas somente quando cruzarmos a
linha de chegada à eternidade. Pensamos que ao chegar lá vamos ter muitas perguntas
para fazer e esperamos ouvir muitas explicações do Senhor, mas a eternidade é
autoexplicativa, ao adentrarmos lá já contemplaremos muitas respostas.
Enquanto isso, por aqui, é fato que mesmo nós andando segundo
a vontade de Deus enfrentamos nesta caminhada intensas tempestades, que muitas
vezes mais parecem verdadeiros tufões, que descobrem totalmente o telhado de
nossa razão, verdadeiros terremotos que tira o chão do nosso pé e nos faz sentir
vagando sem nenhuma sustentação. Isso é um fato que acontece em nossas vidas,
tanto é que, talvez, você esteja hoje com algumas tensões em seu coração,
enfrentando, quem sabe, uma grande tempestade na vida, uma imensa tristeza no
coração, uma profunda depressão que te faz perder o sentido da vida.
O texto acima fala de uma viagem de Paulo e de uma tempestade
que ocorreu nesta viagem, afetando tanto a vida de Paulo quanto daqueles homens
que estavam com ele. Podemos fazer uma analogia deste texto com nossas vidas e
tirarmos daí preciosas lições. Era desejo de Paulo ir a Roma? Sim, era. Era
propósito de Deus que Paulo fosse a Roma? Sim, era. Era desígnio de Deus que
Paulo chegasse à capital do Império Romano? Sim, era. Então, era natural que se
esperasse uma viagem tranquila até Roma, uma viagem segura, sem atropelos, sem
incidentes, afinal estavam todos debaixo dos propósitos de Deus. Mas não fora
assim a viagem, pelo contrário, ela foi muito turbulenta. Podemos tirar algumas
lições muito preciosas para nossas vidas desta viagem de Paulo.
01 – O PRIMEIRO CONTRATEMPO DA
VIAGEM: OS VENTOS CONTRÁRIOS:
Partindo dali, navegamos sob a proteção de Chipre, por serem contrários os ventos (At
27.4).
Apesar de Paulo estar dentro dos propósitos de Deus, vimos aí
a primeira contradição da viagem. O destino deles não era Chipre, era Roma, mas
os ventos não permitiam que seguissem a sua rota. Antes, Eles estavam navegando
por uma rota não planejada.
Você já enfrentou ventos contrários em sua vida? Quem nunca?
São ocasiões em que você tinha um propósito firme de andar em uma direção e
tudo te faz andar em uma direção oposta. É uma viagem que você tem que adiar.
São umas férias que você tem que interromper. São planos, projetos na vida que
pareciam tão certos e te traria resultados tão positivos e de repente são
frustrados. É um atraso na sua formação, naquela promoção tão esperada. É um
namoro, um noivado que tudo indicava que terminaria em casamento, mas de
repente tudo se acaba. É o casamento que entra em crise. É a frustação da
estabilidade financeira tão esperada depois da faculdade, mas de repente você
percebe que nada é como você pensava, planejou e esperava.
Há momentos em nossa vida em que parece que somente os ventos
contrários estão soprando sobre ela. São situações que perduram por um longo
tempo e isso desgasta seu ânimo, seu vigor, sua motivação, seus sentimentos. E
para piorar, quando estamos vivendo situação assim, parece que os problemas
nunca vêm sozinhos, mas sempre acompanhados de outro, chegando como em um
efeito cascata. Já viveu aquele mês apertado, negativo, e justamente naquele
mês o carro quebra, a geladeira dá pane, a máquina de lavar roupa estraga, o
motor do portão queima. Quem nunca viveu situação assim? Mas o que os ventos
contrários nos ensinam?
A – Os ventos são autônomos:
Falando
sobre o vento a Bíblia nos diz:
O vento sopra onde quer, ouves a
sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai... (Jo 3.8).
Isso significa que o vento sopra à nossa revelia! Não segue a
nossa vontade! Não obedece ao curso de nossas vidas! Ele é independente! Assim
são as dificuldades em nossas vidas. Nós não as queríamos, não as procuramos e muitas
vezes até tentamos evitar elas, mas elas insistem em aparecer de tal forma que
são inevitáveis na vida. Elas sempre farão parte de nossa vida de uma maneira
ou de outra.
Às vezes, as dificuldades em nossas vidas são frutos daquilo
que semeamos, consequências de uma desobediência, de uma atitude mal pensada,
de uma teimosia por não ouvirmos conselhos e não atendermos a muitos irmãos que
Deus envia para nos alertar. Mas, às vezes, você faz tudo certinho e elas
aparecem de repente e você não pode fazer nada para evitar que isso aconteça,
porque os ventos contrários são autônomos. O agir de Deus não está conectado à
nossa vontade, pois a Bíblia diz:
O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor (Pv 16.1)
O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos
(Pv 16.9).
A palavra final é de Deus. Contudo, existe algo muito
perigoso que muitos o fazem na hora da tempestade:
B - Soltar o leme e seguir a direção
do vento:
Muitas pessoas não suportam os ventos contrários de suas
vidas. Muitos não resistem à força do vento e se entregam, penduram a chuteira,
jogam a toalha. São pessoas que acham que estavam equivocadas, que acham não
valer a pena ser fiel e perseverar até o fim. São pessoas que desistem fácil de
seus sonhos, que mudam seus ideais conforme as circunstâncias, que não estão
dispostas a pagarem o preço da coroa que lhes espera no final.
Os ventos contrários provocam em nós duas situações: Ou a
submissão ou a revolta. Se nos submetemos à vontade de Deus somos fortalecidos
e transformados a cada dificuldade. Se nos revoltamos concluímos que não vale a
pena servir a Deus. Tanto é que, daqueles que não servem a Deus, creio que há
mais pessoas revoltadas com Ele do que incrédulos que nele não crê. Mas não é
assim que devemos agir nos ventos contrários, antes:
C – Devemos permanecer firmes para seguir
os propósitos de Deus:
Vale a pena persistir porque, apesar dos ventos serem
contrários, a vontade de Deus prevalecerá. O destino de Paulo não era o fundo
do mar, não era nenhuma ilhota, nenhum lugarejo, mas era Roma, a capital do
Império Romano. Este era o propósito de Deus na vida de Paulo e o inimigo pode
ter enviado ventos contrários para tentar afastar Paulo dos propósitos de Deus,
mas a Bíblia nos diz que:
... maior é aquele que está
em vós do que aquele que está no mundo (1 Jo 4.4).
Não
temas as coisas que tens de sofrer.
Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes
postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).
Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (Ap
3.11).
Nunca se esqueça de que a mesma tempestade que assola a sua
vida está sob os pés de Jesus a qual obedece ao seu comando. Deus é Soberano
porque em nenhum momento qualquer um de seus propósitos pode deixar de ser
cumprido. Se isso pudesse acontecer um dia Ele não seria chamado de Deus
Onipotente, o Deus ilimitado que pode todas as coisas. Mas há também um consolo
nos ventos contrários:
D – Eles não são permanentes:
Os ventos contrários não são para sempre. As tempestades não
perduram por toda a vida. Um dia a dificuldade cessa. A Bíblia diz que:
... Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a
alegria vem pela manhã (Sl 30.5).
É maravilhoso o equilíbrio de Deus! Ele não somente não
permite que sejamos tentados além de nossas forças, como também não permite que
vivêssemos em aflições constantes. Ele sempre prepara um descanso, um repouso
para seus filhos. O seu choro não vai durar a vida toda. Deus tem um odre em
que guarda todas as suas lágrimas e um dia ele vai assisti-las e vai enxugá-las
de seu rosto. Além dos ventos contrários, encontramos nesta viagem de Paulo:
02 – A SEGUNDA CONTRARIEDADE DA
VIAGEM: OS VENTOS PARADOS:
Navegando vagarosamente
muitos dias e tendo chegado com dificuldade defronte de Cnido, não nos sendo
permitido prosseguir...(At 27.7).
O que comanda a velocidade do barco a vela é o vento. Se eles navegavam
vagarosamente era porque não havia vento suficiente para dar velocidade ao
barco. Este incidente estava atrasando a viagem e assim eles demorariam mais
tempo para chegar ao seu destino.
Há dois ditados populares sobre isso. O primeiro diz: “Devagar quase
parando”. Às vezes, é dessa forma que segue a nossa vida! Você já enfrentou
ventos parados em sua vida? É quando entra ano e sai ano e tudo permanece a
mesma coisa, tudo vira uma mesmice. Você tem tantos objetivos, tem metas, tem
sonhos, mas parece que as coisas estão estagnadas e você está dando voltas em
círculos como se estivesse perdido em uma floresta. Isso te incomoda porque você
é uma pessoa arrojada, ousada, sonhadora, mas o tempo passa e você não avança e
as coisas não saem do lugar, enquanto que você gostaria mesmo era de avançar e
de ver resultados. São situações que permanecem as mesmas, conflitos que nunca
se resolvem, soluções que não chegam, o socorro que não vem e você não sabe o
que fazer. O sentimento que predomina é o de impotência, incapacidade,
frustação por não conseguir encontrar uma solução.
Outro ditado popular diz: “Devagar se chega lá”. É verdade! Se o
problema fosse apenas os ventos parados aquele navio teria chegado a Roma sem
nenhum outro incidente. O tempo realmente é um aliado tremendo na formação de
nosso caráter. Deus utiliza esta ferramenta de maneira sábia e de uma forma
impressionante para transformar nossa vida a cada dia e nos aproximar dele. Mas
quando você é uma pessoa arrojada, não é nada fácil de ver seus sonhos, seus
objetivos e suas metas paradas, estagnadas por motivos alheios à sua vontade.
Por outro lado, quando você não aceita o agir de Deus em sua vida, o sentimento
que predomina é a revolta e a mágoa, distanciando-se cada vez mais de Deus.
Quero te dizer uma coisa: Se os ventos estão parados em sua vida saiba
que Deus está no controle. É Ele quem domina o vento. Quando Jesus acalmou uma
tempestade no Mar da Galileia aqueles homens que estavam no barco disseram:
Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedece (Mt 8.27)?
Deus está querendo lhe dizer alguma coisa. Mostrar-te um caminho que
você está desprezando ou não está percebendo. Levar-te a enxergar novos
horizontes. Mesmo vagarosamente Deus está te levando para o destino glorioso
que Ele preparou para você. Tenha paciência e seja persistente na fé e não se
revolte com Deus. Nunca se esqueça de que os planos de Deus são muito melhores
e mais perfeitos que os seus. Depois de passar por ventos contrários e pelos
ventos parados, Paulo vai viver ainda outra situação, que na verdade era uma daquelas
armadilhas esperando por nós pelo caminho:
03 – O TERCEIRO TRANSTORNO DA VIAGEM:
OS VENTOS BRANDOS:
Soprando brandamente
o vento sul, e pensando eles ter alcançado o que desejavam, levantaram âncora e
foram costeando mais de perto a ilha de Creta (At 27.13).
Aqueles ventos brandos eram na verdade uma armadilha. Depois de
enfrentarem ventos contrários, ventos parados e passarem um tempo nos bons
portos, aqueles homens entram novamente ao mar e passam agora por ventos
brandos. Duas coisas aconteceram aqui:
A – Não ouviram os conselhos de
Paulo:
Depois de muito tempo, tendo-se
tornado a navegação perigosa, e já passado o tempo do Dia do Jejum, admoestava-os Paulo, dizendo-lhes:
Senhores, vejo que a viagem vai ser trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não
só da carga e do navio, mas também da nossa vida (At 27.9-10).
Paulo os exortava a não continuarem a viagem naquele momento,
mas eles não ouviram seus conselhos.
Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao mestre do
navio do que ao que Paulo dizia
(At 27.11).
Tanto é que saíram dali e tentaram chegar a outro porto:
Não sendo o porto próprio para invernar, a maioria deles era de opinião que
partissem dali, para ver se podiam chegar a Fenice e aí passar o inverno,
visto ser um porto de Creta, o qual olhava para o nordeste e para o sudeste
(At 27.12).
Este é o perigo dos ventos brandos. Geralmente, não ouvimos a
voz de Deus quando tudo está calmo em nossa vida. Como é difícil obedecer a
Deus na calmaria do mar! Muitas vezes são necessárias lágrimas, choro e dor
para finalmente ouvirmos a Deus. São necessários ventos contrários e parados
para nos chocar e nos levar a confrontar a nós mesmo nas atitudes que estamos
tendo e na forma de vida que estamos vivendo. Às vezes, é necessário naufragar
para enfim percebermos nossos erros e tomar um novo norte na vida.
Toda tempestade tem um propósito: Levar-nos ao arrependimento
e reavaliar nossas atitudes. As tempestades que enfrentamos na vida vão nos
ensinar a confiar no Senhor, por mais que muitas vezes tentamos jogar os
problemas que estamos passando no mar do esquecimento. Aqueles homens não
ouviram os conselhos de Paulo que queria tão somente que não passassem pela
tempestade. A maioria das tempestades de nossa vida são frutos de nossa
teimosia, de nossa desobediência, da recusa de ouvirmos conselhos.
B – Foram enganados pelos ventos
brandos:
Tudo de repente ficou calmo e assim acharam que os problemas
tinham acabado e não foram precavidos, porque de repente formou-se uma tremenda
tempestade. Eles estavam vivendo uma aparente sensação de paz e tranquilidade.
Os ventos estão brandos, até parecia que finalmente as dificuldades da viagem tinham
terminado, mas não!
Quando tudo anda bem em nossas vidas, quando o céu está azul,
sobe a nossa autoestima e os nossos planos, projetos, sonhos e desejos são
fortalecidos por esta onda azul. Nisso corremos o risco de nos envaidecer e não
ouvirmos aos conselhos, não agirmos com prudência, não sermos mais cautelosos.
De repente aparecem raios e trovões avisando que uma tempestade está surgindo e
ela varre as nossas vidas e nos coloca de pernas para o ar, porque nos pegou
desprevenidos. E foi exatamente isso que aconteceu aqui, porque depois dos
ventos brandos chegou a tempestade:
04 – O
QUARTO IMPREVISTO DA VIAGEM: O TUFÃO:
Entretanto, não muito depois, desencadeou-se, do lado da ilha, um tufão de vento, chamado
Euroaquilão (At 27.14).
Quando não se escuta os conselhos de Deus enfrentam-se verdadeiros
tufões na vida! O que são os tufões da vida? São aqueles problemas que nos
atingem de cheio e que nos deixam desnorteados, desequilibrados emocionalmente,
perplexos, sem rumo e sem chão. É um comunicado médico dizendo que a
enfermidade é grave. É a morte de um ente querido. É a falência nos negócios. É
o desemprego que bate a porta. É o casamento que entra em um processo de
separação. É o filho ou a filha que sai de casa. O filho ou a filha que se
rebela contra os pais. Filhos que se envolvem com drogas, com a criminalidade.
São situações sem controle. Nesta hora, muitos se revoltam contra Deus, como o
fez a mulher de Jó, que quando perderam seus bens, seus filhos e Jó a sua
saúde, ela disse a Jó:
... Ainda
conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre (Jó 2.9).
Aquela mulher estava acostumada com a fartura e não com a escassez, com
a saúde perfeita e não com a enfermidade, com a presença de seus filhos e não
sem eles. Muito diferente do posicionamento de Jó que, depois de perdeu tudo,
disse:
Nu
saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor (Jó
1.21)!
O que fazer quando nossa realidade parece virar pó? O que fazer quando a
fé e a esperança se esvaem. O que fazer quando tudo que construímos está sendo
destruído e/ou abalado? O que fazer quando um tufão atinge sua vida? O que
fazer nestas horas? Seguir o exemplo daqueles marinheiros:
A – Cessar a manobra:
E, sendo o navio arrastado com violência, sem poder
resistir ao vento, cessamos a manobra e
nos fomos deixando levar (At 27.15).
Na hora da crise o melhor a se fazer é parar tudo e esperar em Deus!
Tire a mão do leme e deixe tudo nas mãos de Deus. Não adianta agir por impulso
e nem tomar decisões precipitadas. A melhor maneira de se tomar uma decisão é
esperar o temporal passar, pois no temporal surgem perguntas sem respostas e
quando aparece uma resposta surgem outras perguntas. No temporal você está vulnerável
e não adianta se desesperar nesta hora, não adiante querer dominar a situação,
não adianta empreender esforços; deixe que o Senhor manobre a sua vida. Faça o
que o salmista disse:
Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre
as nações, sou exaltado na terra (Sl 46.10).
No momento da crise não é a melhor hora para se tomar decisões, mas é a
melhor hora de atentar seus ouvidos à voz de Deus, pois é nessa hora que nosso
coração se quebranta e a melhor coisa a se fazer é entregar-se totalmente nas
mãos de Deus.
B – Jogar fora toda
bagagem extra:
Açoitados
severamente pela tormenta, no dia seguinte, já aliviavam o navio (At 27.18).
É na hora da crise que temos uma visão muito clara daquilo que é
supérfluo na vida da gente. É na hora da crise que você pondera sobre suas
prioridades. É na hora da crise que você percebe que está levando uma bagagem
inútil, desnecessária. É no vale que enxergamos aquilo que realmente é vital em
nossas vidas. É nessa hora que as palavras de Jesus se encaixam como uma luva:
Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt
11.28-29).
Na hora da crise o melhor lugar para irmos é nos braços do Senhor Jesus.
Lá encontramos paz, descanso, esperança e alívio do pesado fardo que está sobre
nossos ombros. Precisamos lançar ao mar todos os empecilhos que estão nos
impedindo para esta viagem. Mas há algo que não pode ser desprezado:
c) A Soberania de Deus não isenta o esforço humano:
Paulo lutou na tempestade e, de certa forma, ele venceu, mas em muitos
momentos vemos a sua reação: Nos versos 18 e 19 eles mesmos aliviavam o navio
de sua carga. E nos versos 30 e 31, quando Paulo percebeu que os marinheiros
queriam abandonar o navio, advertiu o centurião que sem eles não conseguiriam
se salvar. Era necessário o esforço humano para superar a tempestade.
Às vezes, permanecemos em uma situação deplorável por falta de uma
reação, por falta de uma atitude sensata, e Deus fica esperando você tomar esta
atitude. Deus não hesita em dar nenhum passo até você, mas em certas
circunstâncias, Ele não dá nenhum passo em seu lugar. Existem passos que
pertencem a você e Deus está esperando você dar este passo para vir ao seu
encontro. Existem atitudes que é você quem tem que tomar. Reaja! E a viagem
continua trazendo situações desagradáveis:
05 – O QUINTO ABORRECIMENTO
DA VIAGEM: DENSAS TREVAS:
E, não
aparecendo, havia já alguns dias, nem sol nem estrelas, caindo sobre nós
grande tempestade, dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento (At 27.20).
O que representava para aqueles homens o sol e as estrelas? Tudo! Eles
eram norteados de dia pelo sol e a noite pelas estrelas. Eles não tinham
bússola! E mergulhados em densas trevas aqueles homens perderam a direção e não
sabiam onde estavam e nem para onde estavam indo. Era tão séria a situação que
se dissipou toda esperança de salvação.
Quem sabe você hoje não esteja também vivendo nesta mesma situação. Tão
perdido, tão desnorteado, que não sabe mais o que fazer. Acha que seu problema
não tem mais jeito, não tem mais solução. Acha que a vida perdeu o sentido, que
sua história chegou ao fim, que nada mais de novo acontecerá em sua vida. Quem
sabe você não esteja se sentindo no fundo do poço, sem nenhuma luz e com todas
as portas fechadas, mergulhado em uma depressão profunda, em uma tristeza
intensa, achando que nunca mais vai sair desta situação. Caso você esteja
vivendo uma situação assim você pode estar em trevas e quem está em trevas
precisa urgentemente de luz. Jesus um dia falou para uma multidão que estava em
trevas:
Eu
sou a luz do mundo; quem me segue
não andará nas trevas; pelo
contrário, terá a luz da vida (Jo 8.12).
Jesus é a nossa luz, é o nosso norte. É Ele quem conduz nossa vida ao
destino certo que é a presença de Deus. Jesus confirma isso quando diz:
Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).
Jesus é o único guia até Deus. E se você não tem Jesus ainda está em
trevas, pois assim Jesus falou:
Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão (Mt 6.23)!
Sem Jesus você estará vivendo uma situação semelhante àquele navio que
estava navegando às cegas, sem rumo certo. E se isso for uma verdade em sua
vida, saiba que neste caminho você jamais chegará ao Céu e seu destino final
será a perdição eterna. E sem norte não podia acontecer outra coisa aquele
navio:
06 – O SEXTO INCIDENTE
DA VIAGEM: O NAUFRÁGIO:
Dando, porém, num lugar onde duas correntes se
encontravam, encalharam ali o navio; a
proa encravou-se e ficou imóvel, mas a popa se abria pela violência do mar (At 27.41).
Foi no tufão que o incidente tornou-se um acidente! Eles naufragaram! Isso
nos ensina que nem sempre as vitórias vão fazer parte de nossas vidas, pois muitas
vezes teremos que experimentar o amargo sabor da derrota. Os propósitos de Deus
não nos isentam de derrotas. A vitória final está garantida, mas até lá muitas
batalhas poderão ser perdidas. Não há como evitar as tempestades em nossas
vidas e algumas vezes podemos até naufragar em uma destas tempestades, mas a
atitude que tomamos diante delas faz toda diferença.
Esta mensagem é muito diferente do que ouvimos hoje por aí, pois se
prega o evangelho da paz, da vitória somente e muitos dizem que o cristão não
pode experimentar derrotas. Dizem que é inadmissível e inaceitável que um filho
de Deus viva na miséria, seja pobre. Que se isso estiver acontecendo é porque
você é fraco na fé, é porque você está em pecado ou que você esteja vivendo
debaixo de maldições. Isso contribui para que muitas pessoas se decepcionem com
Deus e fracassam na fé. Não era essa a mensagem de Jesus, antes Ele diz:
No
mundo, passais por aflições; mas
tende bom ânimo; eu venci o mundo (Jo 16.33).
A vida aqui é regada a muitos sofrimentos. Jesus teve fome, teve sede,
chorou pela morte de um ente querido e foi acusado e morto injustamente. O
propósito de Deus na vida de José era ser o Governador do Egito, mas antes ele
passou pela amarga experiência da escravidão, sendo vendido pelos próprios
irmãos e foi jogado em um cárcere inóspito por anos. O propósito de Deus na
vida de Moisés era guiar no deserto o povo de Deus, mas antes disso Deus o
levou ao deserto por 40 anos para pastorear ovelhas. O propósito de Deus na
vida de Davi era o trono de Israel, mas antes do trono ele teve que viver nas
cavernas, fugindo de um homem louco e sanguinário. O propósito de Deus na vida
de Paulo era Roma, capital do Império Romano, mas antes ele teve que enfrentar
ventos contrários, ventos parados, um verdadeiro tufão em sua vida e finalmente
o naufrágio.
O propósito de Deus é te conduzir até aos portais eternos da eternidade,
para uma vitória gloriosa e te coroar com a coroa da vida, mas antes você terá
que passar por desertos e vales para depois Deus te receber na glória.
Finalmente aconteceu algo de positivo na viagem de Paulo:
07 – ALGO DE BOM DA VIAGEM: OS BONS
PORTOS:
Costeando-a, penosamente, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a
cidade de Laséia (At 27.8).
Louvado seja Deus, porque depois de enfrentar ventos contrários e ventos
parados Deus concede àqueles homens um tempo de refrigério para puderem refazer
as suas forças. Isso é algo muito bom! Quantas vezes os bons portos chegam a
nossa vida! É uma palavra de encorajamento de um irmão que chega naquela hora
em que você se sente tão fraco e derrotado. É uma mensagem tocante que ouvimos
naquela hora em que seu coração está em pedaços. É um texto da Bíblia que lemos
naquela hora em que estamos tão desesperados. É um hino que ouvimos naquela
hora em que estamos tão angustiados. É uma trégua da batalha que travamos, um
alívio de Deus para podermos respirar um pouquinho e renovar as forças.
Os bons portos são tempos que Deus reserva para estimular você, abençoar
você, renovar suas forças, suas esperanças e seus sonhos e nestes momentos Ele
te diz para você não desanimar. É aquele momento que Deus chega para você e te
diz:
Não
temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu
Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te
sustento com a minha destra fiel (Is 41.10).
Sabe por que Ele diz isso para você? Porque Deus é aquele que:
Faz
forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor (Is
40.29).
Ele te conduz a um porto seguro e lhe diz:
Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela
tua mão direita e te digo: Não temas,
que eu te ajudo (Is 41.13).
Mas cuidado! Há um grande perigo nos bons portos: Achar que ali é seu
destino final! Há pessoas que quando chegam aos bons portos não querem mais
sair de lá, não querem mais entrar no mar, não aceitam mais nenhuma tempestade
em sua vida. São pessoas que não querem mais desafios para sua vida. Pessoas
que acham que foram feridas demais, machucadas demais, que sofreram demais.
Quem nessa vida foi mais ferido que Jó? No meio de sua angústia ele pôde dizer:
Bem-aventurado é o homem a quem Deus
disciplina; não desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso. Porque ele faz a ferida e ele mesmo a ata;
ele fere, e as suas mãos curam (Jó 5.17-18).
Isso acontece porque Deus é fiel! Reveja sua vida e veja se você já foi
mais fiel a Deus do que é hoje, se você já leu a Bíblia mais do que lê hoje, se
você orou a Deus mais do que ora hoje, se você participava da Igreja mais do
que participa hoje, se você contribuía à Igreja mais do que contribui hoje.
Será que você não se acomodou em um bom porto? Será que você não acha que já
sofreu demais nesta vida? Será que você não contende com Deus por causa de seu agir
em sua vida?
É certo que podemos nos acomodar nos bons portos, mas para cumprir a
vontade de Deus é necessário prosseguir, entrar novamente em alto-mar e seguir
em frente, continuar a viagem, venha o que vier, aconteça o que acontecer.
Aquele não era o destino de Paulo. Para chegar ao seu destino final era
necessário ir novamente para o alto-mar.
CONCLUSÃO:
É propósito de Deus que sejamos salvos. É desígnio de Deus
que cheguemos ao Céu. Então, seria natural que se esperasse uma viagem
tranquila até lá, uma viagem segura, sem atropelos, sem incidentes, mas não é
assim nossa viagem, pelo contrário, ela é muito turbulenta.
Durante as
crises não queira correr para achar soluções da razão, não tente remar o barco
na tempestade, na hora dos ventos contrários, não queira conduzir o barco no
momento de trevas em que você se encontra completamente desnorteado, nestes
momentos deixem Deus agir, pois a Bíblia diz que o justo vive pela fé (Hb
10.38).
Deixe o
Senhor agir! Em dias de crises não use armas naturais, daquilo que é mais
imediato. Antes, deixe Deus agir a seu tempo, pois o tempo é dele, a hora é
dele, o momento é dele. Na hora da crise alimente-se da Palavra de Deus e dia-a-dia
conserte sua vida diante do Senhor e veja o que Ele vai fazer. E o que quer que
Ele faça, submeta-se e glorifique a Deus.
Que o
Senhor nos mostre a razão de cada crise, de cada luta, de cada tempestade.
Vamos esperar o agir de Deus e assim fortalecer a nossa vida no Senhor, na
leitura da Palavra e na oração. Quando as crises vierem sobre tua vida não
lance mão de recursos humanos, antes descanse em Deus e espera dele as soluções
para que você não sofra as consequências de atitudes impensadas. Que Deus te abençoe e lhe mantém perseverante em seu caminho, mesmo em
tempestades! Amém!
Luiz Lobianco
Deus o abençoe sempre por essa mensagem abençoadora do coração de Deus através do amado irmão.
ResponderExcluirAmém!
ExcluirLouvado seja Deus, porque depois de enfrentar ventos contrários e ventos parados Deus concede àqueles homens um tempo de refrigério para puderem refazer as suas forças.
ResponderExcluirQuantas vezes os bons portos chegam em nossa vida. É uma palavra de encorajamento de um irmão. É uma mensagem tocante que ouvimos. É um texto da Bíblia que lemos. É um hino que ouvimos. É uma trégua da batalha que travamos. Obrigado pelo refrigério Irmão da fé.
Amém! Muito confortante saber que o Espírito Santo usou esta mensagem como um bom porto para alguém renovar suas forças!
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