Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

domingo, 23 de novembro de 2014

AS SETE CARTAS DE APOCALIPSE - LIÇÃO XI – A CARTA À IGREJA DE FILADÉLFIA



7  Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá:
8  Conheço as tuas obras—eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar—que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.
9  Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei.
10  Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.
11  Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.
12  Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.
13  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas ( Ap 3.7-13).

A cidade de Filadélfia: As únicas referências bíblicas a Filadélfia se encontram em Apocalipse. A cidade de Filadélfia gozava de uma localização estratégica de acesso entre os países antigos de Frígia, Lídia e Mísia. Foi fundada pelo rei de Pérgamo, Atalo, cerca de 140 a.C. Ele foi conhecido por sua lealdade ao seu irmão, assim dando origem ao nome da cidade (Filadélfia significa amor fraternal). A região produzia uvas e o povo honrava Dionísio, o deus grego do vinho. A cidade servia como base para a divulgação do helenismo às regiões de Lídia e Frígia. Filadélfia foi destruída por um terremoto em 17 d.C. e reconstruída pelo imperador Tibério. Em alguns momentos de sua história, a cidade recebeu nomes mostrando uma relação especial ao governo romano. Depois de ser reconstruída, foi chamada brevemente de Neocesaréia. Durante o reinado de Vespasiano, foi também chamada de Flávia (nome da mulher dele). Atualmente, a cidade de Alasehir fica no mesmo lugar, construída sobre as ruínas de Filadélfia.

Introdução

Entre as sete cartas às Igrejas no Apocalipse, encontramos duas que não contêm nenhuma crítica à Igreja: A carta à Igreja em Esmirna, uma congregação pobre que enfrentava perseguição, e a carta à Igreja em Filadélfia, uma congregação fraca e limitada que dependia de Deus. O que podemos aprender com isso é que os homens tendem a medir força e qualidade em termos de tamanho, poder e riqueza, mas Jesus vê as Igrejas de forma diferente, Ele olha para o caráter e o coração de cada discípulo em cada Igreja. Vamos ao estudo da carta.

1 – A Apresentação de Jesus à Igreja de Filadélfia

7  Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá

A Igreja de Filadélfia era uma igreja considerada fraca, sem forças e enfrentava muitas perseguições. Como é que Jesus se apresenta para uma igreja que era fraca do ponto de vista humano e perseguida por Roma e pelos judeus?

A – Jesus se apresenta como Santo

7  Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo ...

Cada apresentação de Jesus tem a ver com as dificuldades enfrentada pela Igreja. O que estava acontecendo em Filadélfia? Os judeus eram um dos perseguidores da Igreja. Eles diziam aos crentes que eles não eram salvos porque não estavam debaixo da Lei. Jesus, então, não se apresenta somente como Deus, mas destaca uma de suas características divina, dizendo que Ele é absolutamente separado, que possui santidade absoluta em contraste àqueles que mentiam em nome de Deus.
A santidade é uma das qualidades principais de Deus. Ninguém é igual ao Santo Deus. Ele não pode ser comparado a ninguém. Jesus não pode ser comparado aos judeus que perseguiam a Igreja e foram por Ele chamados de sinagoga de satanás. Com isso Jesus se apresenta como a única resposta para a Igreja. A resposta para a Igreja não é a Lei, não é Roma, mas a resposta para a Igreja é unicamente Jesus Cristo, o Santo.

B – Jesus se apresenta como Verdadeiro

7  Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz ... o  verdadeiro ...

Ser verdadeiro é outra característica divina. A palavra verdadeiro é usada frequentemente no Novo Testamento. Paulo, em sua carta a Tito, fala do “Deus que não pode mentir” (Tt 1.2). Nos livros de João este termo é usado em referência a Deus Pai e Deus Filho.
Esta característica de Deus enfatiza a sinceridade dele, em contraste com a falsidade dos judeus. Isso porque os judeus achavam que somente eles eram salvos, que aqueles que não seguiam os preceitos e o cerimonialismo da Lei, estavam fora do alcance de Deus. Mas, destes que se consideravam justos, Jesus diz que são sinagoga de satanás. Sempre que você encontrar um grupo religioso que pensa ser o dono da verdade, fique atento porque este é um sinal de que aí está uma seita.

C – Jesus se apresenta como aquele que tem a chave de Davi

7  Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz ...  aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá

Esta é uma palavra de garantia. Esta linguagem vem do livro de Isaías, em que a autoridade sobre Jerusalém e sobre Judá é transferida a Eliaquim.

20  Naquele dia, chamarei a meu servo Eliaquim, filho de Hilquias,
22  Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará, e ninguém abrirá (Is 22:20 e 22).

A chave representa autoridade e poder. Jesus, como descendente real de Davi, controla o acesso ao Reino de Deus. Ele abre, e ninguém é capaz de fechar. Ele fecha, e ninguém consegue abrir.
Um dia Jesus disse a Pedro: Dar-te-ei as chaves do reino dos céus (Mt 16.19). O que significa isso? Não significa que Pedro está lá no céu com as chaves e que ele é quem controla a entrada no céu. Isso é uma lenda e não é bíblico. Então, que chave é essa que Jesus deu para Pedro? É a chave da pregação do Evangelho. E foi exatamente Pedro que abriu a porta da pregação do Evangelho, lá em Jerusalém, logo após o Pentecostes em que se converteram quase três mil pessoas (At 2.41). É através de Pedro e João que impõem as mãos sobre os samaritanos e eles recebem o Espírito Santo, e o Evangelho, então, se espalha entre os samaritanos (At 8.17). É exatamente Pedro que tem a oportunidade de pregar aos primeiros gentios na casa de Cornélio e o Evangelho chega aos gentios (At 10.44). É Pedro abrindo as portas do Evangelho.
As chaves do Evangelho estavam nas mãos de Pedro quando ele evangeliza os primeiros judeus, os primeiros samaritanos e os primeiros gentios, mas as chaves da evangelização estão nas mãos de Jesus. É maravilhoso perceber a Soberania de Cristo na obra da evangelização. Quando Ele abre uma porta para evangelização ninguém pode fechá-la porque Ele tem as chaves. Herodes perseguiu a Igreja, mandou matar a Thiago, prendeu a Pedro e parecia que a Igreja estava completamente encurralada pelo poder de Roma. Mas Jesus tem as chaves. Ele foi lá e abriu as algemas de Pedro, abriu as portas da cadeia e a Igreja avançou.
Não estamos seguindo um projeto hipotético que pode ou não dar certo, estamos seguindo um projeto absolutamente vitorioso. O Senhor da Igreja não tem apenas as chaves da morte e do inferno, Ele tem também a chave da evangelização do mundo. Quando Ele abre a porta ninguém pode fechar. Ninguém pode entrar enquanto Ele não abre a porta e ninguém pode entrar quando Ele fecha a porta. Enquanto a porta é símbolo de oportunidade para a Igreja, a chave é símbolo da autoridade de Cristo.
A mensagem que Jesus estava passando para aquela Igreja era: Você é fraca na opinião do mundo, mas Eu Sou aquele que tem a chave de Davi, Eu abro e ninguém fecha e coloquei diante de ti uma porta aberta e ninguém pode fechá-la. Uma Igreja nunca é fraca se ela põe os seus olhos no Senhor Jesus Cristo, aquele que tem a chave de Davi.

2 – A apreciação de Jesus à Igreja de Filadélfia

8  Conheço as tuas obras—eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar—que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.

O que Jesus aprecia naquela Igreja?

A – Jesus aprecia as obras da Igreja de Filadélfia

8  Conheço as tuas obras ...

Como afirma em todas as cartas, Jesus conhece de primeira mão as obras dos cristãos em Filadélfia, mas aqui este conhecer é um elogio e não uma censura, porque os crentes em Filadélfia eram fieis.

B – Jesus aprecia a fraqueza da Igreja de Filadélfia

8  --- que tens pouca força ...

Jesus diz para aquela igreja que ela tinha pouca força, mas que ela era fiel. Fraqueza nem sempre sugere pecado. Jesus não condena esta igreja por nenhum erro, mas diz apenas que ela tinha pouca força. Pode ser que fossem poucos em número, ou de outra maneira limitados em capacidade.
Embora considerados fracos, aquela Igreja era forte na força do Senhor. Quando reconhecemos as nossas próprias limitações e fraquezas, devemos confiar mais em Deus e depender de sua força. Isso nos reporta às palavras de Paulo quando diz:

9  Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
10  Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte (2 Co 12.9,10).

Os fiéis em Filadélfia teriam sua vitória pela força de Jesus. Uma Igreja forte aos olhos de Deus não é uma Igreja forte em si mesma, mas sim uma Igreja fiel, comprometida com o Evangelho, que não nega o nome de Jesus Cristo. A força da Igreja não está nela. A força de uma Igreja está no seu Deus Onipotente.

C – Jesus aprecia a fidelidade da Igreja de Filadélfia

8  ... entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.

Apesar de suas limitações, a Igreja em Filadélfia se mantinha fiel. Guardava a palavra de Jesus. Eles defendiam o nome de Jesus e não o negaram.
Jesus empregou nesta carta a figura da chave e agora emprega a figura da porta. Que porta é essa que Jesus diz que ninguém pode fechar? É a porta da salvação. Jesus disse:

9  Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem (Jo 10.9).
6  Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).

E no sermão do monte Jesus disse:

13  Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela),
14  porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela (Mt 7.13-14).

Jesus está contrastando aqui duas portas, dois caminhos. Ele está dizendo que há duas portas e ambas estão abertas. Uma abre para um caminho largo em que caminha distraidamente uma multidão. Este caminho termina no inferno. A segunda porta, que também está aberta, abre para um caminho estreito, difícil, não muito povoado e esta porta vai conduzir aos que entram por ela ao paraíso de Deus, à vida eterna. Para entrar nesta porta estreita você tem que se curvar, não dá para levar bagagem extra e tem que passar um de cada vez.
Jesus diz à Igreja de Filadélfia que colocou diante dela uma porta aberta, a porta da salvação e que Ele tem as chaves desta porta. A cidade de Filadélfia fora fundada por Atalo II para ser uma embaixadora da cultura helênica, do idioma grego para a Ásia. Esta cidade fora estabelecida para ser missionária da cultura grega. Jesus pega este aspecto cultural da cidade e estabelece aquela igreja não para ser embaixadora da cultura grega, mas embaixadora e missionária do Evangelho.
Jesus é aquele que Abre portas de oportunidades para seus servos divulgarem a Palavra e quando Deus abre portas de oportunidade para nós, devemos aproveitá-las e não ficarmos acuados dentro do templo, olhando para as dificuldades e assustados por causa das perseguições dos inimigos da Igreja.
Jesus é a porta da salvação. Esta porta, hoje, está aberta, mas um dia esta porta vai se fechar e quando ela estiver fechada ninguém poderá entrar por ela. Por isso Jesus disse:

24  Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.
25  Quando o dono da casa se tiver levantado e fechado a porta, e vós, do lado de fora, começardes a bater, dizendo: Senhor, abre-nos a porta, ele vos responderá: Não sei donde sois.
26  Então, direis: Comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas.
27  Mas ele vos dirá: Não sei donde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais iniqüidades.
28  Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes, no reino de Deus, Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós, lançados fora (Lc 13.24-28).

Tais palavras nos exortam de como podemos participar da igreja, cantar, louvar, tomar a ceia e permanecer apenas nas exterioridades do Reino de Deus, e nunca entrar pela porta da salvação. Hoje esta porta está aberta, mas amanhã estará fechada.

3 – A reprovação de Jesus à Igreja de Filadélfia

Não há nenhuma reprovação de Jesus à Igreja de Filadélfia.

4 – A exortação de Jesus à Igreja de Filadélfia

11  Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.

Basicamente, a exortação de Jesus àquela Igreja era que permanecesse fiel, mas antes Ele estimula a perseverança dos crentes com algumas promessas.

A – Se a Igreja permanecer fiel Jesus a exaltará acima de seus inimigos

9  Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei.

Como em Esmirna, havia em Filadélfia uma sinagoga de Satanás, uma congregação de falsos judeus. Sabemos, pelo livro de Atos, que as primeiras perseguições à Igreja, tanto em Jerusalém como na Ásia, foram feitas pelos judeus. A igreja em Filadélfia sofria por causa desses falsos judeus.
Mas não é a Igreja que vai se prostrar ante aos judeus. Não é a Igreja que vai retroceder, recuar diante da ameaça da perseguição. Pelo contrário, Jesus diz que são aqueles que perseguem a Igreja que virão e se prostrarão diante da Igreja e reconhecerão que a Igreja é a amada do Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro povo de Deus.
Apesar de serem fracos, os discípulos em Filadélfia ficaram do lado do vencedor e por causa disso seriam exaltados acima dos seus inimigos. Esta honra serviria de prova do amor de Jesus para com os seus seguidores. Os falsos judeus os odiavam, mas o Senhor Jesus os amava! Os servos fiéis e vitoriosos reinarão com Cristo sobre as nações.

B – Se a Igreja permanecer fiel Jesus a guardará na hora da provação

10  Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.

Os discípulos em Filadélfia seriam guardados num período de provação que afligiria o mundo. Pode ser uma referência à perseguição que começou no reinado de Domiciano e que causou terrível sofrimento e a morte de centenas de milhares de pessoas. Independente da natureza específica desta provação, Jesus prometeu proteção (mas não isenção) aos fiéis em Filadélfia.
Uma igreja fiel a Cristo, Ele a guardará da tribulação. A Igreja guarda a Palavra, Cristo guarda a Igreja. Jesus é o protetor da Igreja. Ele é um muro de fogo ao redor da Igreja. A Igreja é o povo selado por Deus que o maligno não tem o poder de tocar.

C – Se a Igreja permanecer fiel não perderá a sua coroa

11  Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.

Ainda não havia terminado. Os cristãos em Filadélfia ainda enfrentariam tentações e provações e por isso precisavam vigiar e permanecerem fiéis até ao fim.
É claro que a coroa aqui não é a salvação. Ninguém pode tomar a salvação. Mas aquela igreja corria o risco de perder seu entusiasmo, sua alegria, sua motivação para fazer a obra de Deus se não permanecesse fiel.
A vinda de Jesus traria alívio para os servos que sofriam pelo nome dele, e castigo terrível para os perseguidores da Igreja. Para os inimigos da Igreja este dia será um dia de angústia. Para os cristãos que perseverarem até ao fim será um dia de alívio.

5 – A promessa de Jesus à Igreja de Filadélfia

12  Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.
13  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Quais as promessas de Cristo a esta Igreja que era considerada uma igreja fraca, de pouca força?

A – Jesus promete somente aos vencedores

12  Ao vencedor ...

Jesus não faz promessas ao covarde, ao que desiste, ao que não persevera. Jesus não faz promessa àquele que pendura a chuteira, àquele que joga a toalha, àquele que se perde no meio do caminho. Jesus não faz promessas àqueles que são sufocados pelos espinhos, àqueles que não aprofundam suas raízes por causa das pedras. Estes tais não terão herança no Reino de Deus.

B – Jesus promete vida eterna com Deus

12  Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá...

Os vencedores permanecerão no templo para sempre. Gozarão comunhão eterna com Deus. Não é a coluna do santuário da terra, é a coluna do santuário de Deus, um templo que jamais será abalado, ou seja, o santuário da nova Jerusalém. Jesus está dizendo que haverá estabilidade eterna aos vencedores.
A cidade de Filadélfia era altamente castigada por terremotos, de tal forma que seus habitantes tinham medo de se estabelecerem dentro da cidade e muitos moravam em tendas fora da cidade. Para uma cidade que não tinha estabilidade e segurança, Jesus promete que faria do vencedor colunas no santuário de Deus em que jamais seriam abaladas.
As colunas de Filadélfia racharam e caíram no terremoto algumas décadas antes, mas as colunas do santuário de Deus jamais serão destruídas. Se você permanecer fiel aqui, será coluna lá, e na nova Jerusalém não vai ter terremoto para te abalar. Aqui os terremotos nos abalam, mas quando chegarmos na glória seremos colunas inabaláveis no santuário de Deus.

C – Jesus promete pertencermos a Deus para sempre

12  Ao vencedor ...  gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.

Nomes gravados sugerem posse. O vencedor pertence a Deus:

9  Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
10  vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia (1 Pd 2.9, 10).

Você será conhecido como povo de Deus. Ainda que o mundo diga que você não é de Deus, Deus faz questão de selar você como povo de Deus. Isso é uma garantia de que você é herdeiro de Deus. O vencedor pertence à cidade de Deus, a nova Jerusalém. A nova Jerusalém é a noiva de Cristo. O vencedor faz parte da noiva, da Igreja que pertence somente a Jesus.

Interessante observar que a cidade de Filadélfia foi completamente destruída no ano 17 d.C. por um terremoto. Depois de reconstruída a cidade recebe um novo nome em gratidão ao Imperador Tibério. A cidade foi chamada de Neocesaréia, a nova cidade de César. Jesus promete um novo nome àqueles que forem vencedores. Eles receberão o nome de Deus, o nome da cidade de Deus e o novo nome de Jesus.

Conclusão

Qual a opinião dos homens sobre a Igreja de Filadélfia? Tu és fraca, tens pouca força. Esta era a opinião dos homens sobre aquela Igreja. Qual era a de Jesus? Coloco diante de ti uma porta aberta. Vou usar a pouca força que tens para a expansão do meu Reino.
A Igreja de Filadélfia preferiu ser pequena e fiel a ser grande e mundana. Esta mensagem é muito importante para nós hoje porque muitas igrejas tem deixado de lado a sua fidelidade para ter crescimento rápido, adotando um evangelho mais popular, centrado no homem e não em Deus.
Como identificar uma igreja boa? Seria a maior? A mais ativa? A mais conhecida? A mais rica? Certamente Jesus julga por critérios diferentes dos nossos. Ele pode ver uma igreja pobre ou fraca como uma congregação fiel, dedicada e perseverante. Ao invés de tentar impressionar os homens, devemos nos dedicar ao desenvolvimento do caráter que agrada a Deus.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia principal: Rev. Hernandes Dias Lopes

sábado, 22 de novembro de 2014

AS SETE CARTAS DE APOCALIPSE - LIÇÃO X – A CARTA À IGREJA DE SARDES



1  Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
2  Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.
3  Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.
4  Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.
5  O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
6  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (Ap 3.1-6).

A cidade de Sardes: A cidade antiga de Sardes, hoje apenas ruínas perto da atual vila de Sarte na Turquia, considerava-se impenetrável. Foi situada numa rota comercial importante no vale do Hermo, com a parte superior da cidade (a acrópole) quase 500 metros acima da planície, nos rochedos íngremes do vale. Era uma cidade próspera, em parte devido ao ouro encontrado no Pactolos, um ribeiro que passava pela cidade. A cidade antiga fazia parte do Reino Lídio. Pela produção de ouro, prata, pedras preciosas, lã e tecido se tornou próspera. Os lídios foram o primeiro povo antigo a cunhar regularmente moedas. Em 546 a.C., o rei lídio, Croeso, foi derrotado pelos persas (sob Ciro o Grande). Soldados persas observaram um soldado de Sardes descer os rochedos e, depois, subiram pelo mesmo caminho para tomar a cidade de surpresa durante a noite. Assim, a cidade inexpugnável caiu quando o inimigo chegou como ladrão na noite! Em 334 a.C., a cidade se rendeu a Alexandre o Grande. Em 214 a.C., caiu outra vez a Antíoco o Grande, o líder selêucida da Síria. Durante o período romano, pertencia à província da Ásia, mas nunca mais recuperou o seu prestígio. Era uma cidade com um passado glorioso e um presente de pouca importância em termos políticos e comerciais. 

1 – A apresentação de Jesus à Igreja de Sardes

Jesus se apresenta conforme o problema detectado na Igreja. Qual era o problema da Igreja de Sardes? A Igreja de Sardes era aquela Igreja que tinha o nome de que vivia, mas estava morta. Era uma Igreja que vivia de aparências. Tinha a aparência de uma Igreja avivada, de uma Igreja que celebrava com entusiasmo, mas estava morta. Ela mesma tinha uma alta opinião de si mesma: tem nome de quem vive. Talvez, entre as Igrejas da Ásia, era uma Igreja considerada grande e muito importante. E como Jesus se apresenta a uma Igreja com este perfil?

A – Jesus se apresenta como aquele que tem os sete Espíritos de Deus

1  Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus ...

Duas vezes vemos aqui o número sete e o número sete na Bíblia representa a totalidade e a perfeição divina. Portanto, a apresentação de Jesus vem a significar que Ele sabe tudo e vê tudo. Significa que nada em Sardes estaria escondido de sua visão e de seu conhecimento. Encontramos esta apresentação em outro texto:

5  Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.
6  Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra (Ap 4.5,6).

Às vezes aproveitamos a oportunidade de estarmos longe dos olhos das pessoas, do pastor, dos presbíteros, da esposa, do esposo, dos pais para fazermos coisas erradas e nos esquecemos que sempre vivemos diante daquele que vê tudo e sabe de todas as coisas. Podemos esconder nossos pecados dos homens, mas jamais os ocultamos de Deus.

B – Jesus se apresenta como aquele que tem as sete estrelas

1  Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem ... as sete estrelas...

A apresentação de Jesus não significa somente que Ele a tudo vê e sabe, mas significa também que Ele controla todas as coisas, que Ele tem sob a sua poderosa mão o controle de tudo. Ele segura os mensageiros das Igrejas na sua mão direita.

16  Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força (Ap 1.16).
20  Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas (Ap 1.20).

A apresentação de Jesus significa que Ele sabe, que Ele vê e, portanto, Ele pode julgar e pode até mesmo corrigir conforme a sua infinita sabedoria.

C – Jesus se apresenta como aquele que conhecia as obras daquela Igreja

1  Ao anjo da igreja em Sardes escreve:  Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.

Depois de dizer que conhece tudo e que nada pode ser ocultado de suas vistas, Jesus diz àquela igreja: Conheço as tuas obras. Como nas outras cartas, aquele que estava no meio dos candeeiros conhecia perfeitamente as obras e os corações das Igrejas. Na Igreja de Tiatira, estas palavras tinham um ar de elogio:

19  Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras.

Aqui em Sardes, estas mesmas palavras tem ar de censura, de reprovação, pois Jesus prossegue dizendo:

1  ... Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.

Esta frase ilustra perfeitamente a diferença entre reputação e caráter. A reputação é a fama da pessoa, o que os outros acham que ela é. O caráter é a essência real da pessoa, o que realmente ela é. As outras pessoas podem ver somente por fora, mas Jesus vê o homem interior e sonda os corações. Ele não pode ser enganado por ninguém. A Igreja de Sardes tinha a reputação de ser ativa e viva, mas Jesus sabia que estava quase morta.
Interessante observar que todas as demais Igrejas estavam sofrendo perseguições, Éfeso, Esmirna, Pérgamo, mas em Sardes Jesus não fala de perseguição, nem de conflitos com os judeus. Jesus também não cita nenhum caso de falsos mestres seduzindo o povo ao pecado, como em Pérgamo e Tiatira. Jesus fala de uma Igreja aparentemente em paz e tomada por indiferença e apatia. A boa fama não ocultou a verdadeira natureza desta congregação dos olhos do Senhor.
Sardes era uma Igreja morta espiritualmente. Somente quem tem o Espírito Santo na sua plenitude (pois os sete Espíritos de Deus significa o Espírito Santo em sua plenitude) pode trazer solução para a vida desta Igreja. Para a Igreja apática espiritualmente, para a Igreja morta espiritualmente a única solução é o reavivamento espiritual. Somente o sopro do Espírito, somente aquele que pode dar o Espírito é que pode tirar esta Igreja da estagnação espiritual.
Frequentemente julgamos os outros pela aparência. Jesus julga os corações. Ele vê o caráter verdadeiro de cada pessoa e de cada Igreja. Quando enviou esta carta ao mensageiro da Igreja em Sardes, Jesus contrariou a impressão popular daquela Igreja. Apesar de ter a reputação de uma Igreja forte e ativa, Jesus viu as falhas e sabia que aquela congregação já estava quase morta e se ela não voltasse a viver seria tomada de surpresa, porque seu Senhor voltaria como um ladrão. 

2 – A apreciação de Jesus à Igreja de Sardes

O que Jesus aprecia naquela Igreja?

A – Jesus aprecia àqueles que não contaminaram as suas vestiduras

4  Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras...

No meio de uma Igreja quase morta, Jesus encontrou algumas pessoas fiéis! Este fato nos lembra de que o julgamento final será individual.

10  Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo ( 2 Co 5.10).

Embora as cartas fossem destinadas às sete Igrejas, as mensagens precisavam ser aplicadas na vida de cada discípulo de cada membro da Igreja, pois a salvação não é coletiva, ela é individual, assim como o acerto de contas com Deus também será de forma individual.
A apreciação de Jesus nos ensina que as pessoas que vivem no pecado não podem ter vestiduras brancas, pois são desobedientes à Palavra de Deus.
Quem é a Igreja? São os crentes e em uma mesma comunidade você tem gente andando com Deus e tem gente descuidada com sua vida espiritual. Na mesma Igreja você tem gente buscando a Deus com todo fervor e tem gente que está frio, vazio, seco espiritualmente. Lá em Pérgamo, Jesus disse:

14  Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.
15  Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas (Ap 2.14-15).

Nem todos os de Pérgamo sustentavam a doutrina de Balaão. Havia lá gente fiel, crente, piedosa, mas tinha também gente que estava se desviando, se apostatando, que estava abandonando ao Evangelho. Outro exemplo disso é a Igreja de Tiatira:

20  Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos (Ap 2.20).
24  Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós;

Nem todos os crentes em Tiatira estavam sendo seduzidos pela falsa profetiza Jezabel, de tal maneira que na Igreja de Tiatira havia gente andando com Deus e gente se desviando de Deus. Também aconteceu na Igreja de Sardes:

4  Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.

Jesus faz uma avaliação da Igreja e diz que ela tem a fama de quem está viva, mas está morta. Entretanto, tem alguns que não contaminaram as suas vestes, pois havia alguns que estavam vivendo uma vida santa, pura, digna de Deus.

B – Jesus recompensará àqueles que permaneceram fiéis

4  ...  e andarão de branco junto comigo ...

Esta promessa é estendida a todos os fiéis em todos os tempos:

14  Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas (Ap 22.14).

E muitos são alcançados pela graça de Deus:

9  Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos;
13 Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?
14  Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro,
15  razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo.
16  Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum,
17  pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima (Ap 7.9, 13-17).

Hoje, aqui na terra, temos a oportunidade de lavar as nossas vestiduras no sangue do Cordeiro e termos as manchas do pecado removidas. E no futuro, no céu, aqueles que lavaram as suas vestes no sangue de Jesus andarão com Ele de vestiduras brancas, representando a vitória final sobre o pecado.

C – Jesus considera os fiéis pessoas dignas de Seu nome

4  ...   pois são dignas.

Estes fiéis são dignos, não por mérito próprio, mas por serem pessoas salvas pela graça, pessoas que andam nas boas obras determinadas por Deus. Isso nos lembra o que nos diz o autor de Hebreus quando fala dos mártires do passado:

37  Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados
38  (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra (Hb 11.37, 38).

A Igreja nunca deixou de produzir seus mártires, homens que valorizaram sua fidelidade até mesmo ante a morte, homens dos quais o mundo não era digno.

3 – A reprovação de Jesus à Igreja de Sardes

2  ... porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.

Para ter a reputação de ser uma Igreja viva, parece que ainda havia alguma atividade em Sardes. O problema não foi a ausência total de obras, mas a falta de integridade delas. É possível defender a doutrina de Deus sem amar ao Senhor. Vimos isso na Igreja de Éfeso. É possível obedecer aos mandamentos de Deus sem inteireza de coração. É possível fazer coisas certas com motivos errados. Os homens podem ver as obras, mas Deus vê as obras e os corações.
Jesus disse que alguns crentes daquela Igreja não estavam andando com vestes limpas e que suas obras não eram integras na presença dele.

4 – A exortação de Jesus à Igreja de Sardes

É dura e urgente a exortação de Jesus àquela Igreja:

A – Jesus exorta àquela Igreja a ser vigilante

2  Sê vigilante ...
3  ... se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.

Por falta de cuidado, Sardes caiu aos seus inimigos. Espiritualmente, discípulos e igrejas caem por falta de vigilância. Muitas passagens no Novo Testamento frisam a importância da vigilância, pois nossos inimigos nos ameaçam:

8  Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pd 5.8).

Não devemos descuidar. O bom soldado toma a armadura de Deus e vigia constantemente com perseverança e oração. 
Tinha membros desta Igreja que estava vivendo uma vida de desobediência, de impurezas, de vestes sujas, aí Jesus fala para ela o seguinte: Se vigilante, porque virei como um ladrão.
A figura de um ladrão encontrando pessoas despreparadas é comum nas Escrituras. Jesus empregou esta ideia várias vezes no seu trabalho entre os judeus e os apóstolos imitaram este exemplo nas suas cartas. Em Apocalipse, Jesus promete vir como ladrão, encontrando despreparadas as pessoas que não vigiam. 

B – Jesus exorta àquela Igreja a consolidar o resto que estava para morrer

2  ... e  consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.

Vemos aqui uma última tentativa de resgate. A Igreja em Sardes estava quase morta, mas ainda havia uma esperança e uma oportunidade de salvar alguns, ou talvez até de reavivar a congregação. 

C – Jesus exorta àquela Igreja a arrepender-se

3  Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te ...

A Igreja precisava lembrar as grandes bênçãos recebidas e voltar a valorizar a sua comunhão com Deus. Para nos firmar na fé, temos que lembrar do que temos recebido. Não é por acaso que a Ceia do Senhor foi dada como a celebração central das reuniões dos cristãos. Quando lembramos da morte de Jesus, do sacrifício que Ele fez por nós, ficamos mais firmes em nossos passos rumo ao céu. Mas não é suficiente lembrar das coisas que ouvimos; precisamos guardar as palavras do Senhor. O evangelho não é apenas para ouvir; é para ser vivido e obedecido. No caso do povo desobediente de Sardes, teriam de se arrependerem para voltar à obediência. 
O remédio para a Igreja é a Palavra. O que a Igreja precisa fazer para restaurar sua vida é compreender que Jesus está no meio dela, que Jesus é o remédio para ela e que a salvação, o caminho e a solução é voltar para a Escritura, para a Palavra de Deus.
A Igreja nunca deve se esquecer do que recebeu e ouviu do Senhor Jesus. E se ela vier a se esquecer, ela deve voltar-se para a Palavra de Deus, voltar-se para a Bíblia, voltar-se para as Escrituras Sagradas.

5 – A promessa de Jesus à Igreja de Sardes

E quais são as promessas de Jesus à Igreja de Sardes?

A – Jesus promete vestir ao vencedor de vestiduras brancas

5  O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas ...

A mesma promessa feita aos puros em Sardes se aplica ao vencedor. Terá vestiduras brancas de pureza e vitória. As pessoas de vestiduras brancas participam da grande festa das bodas do Cordeiro. 

B – Jesus promete não apagar o nome do vencedor do Livro da Vida

5  ... e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida ...

O Livro da Vida é mencionado várias vezes na Bíblia. Jesus disse que os nomes dos vencedores não seriam apagados deste livro. Em contraste, os que rejeitam a Palavra de Deus e servem a falsos mestres e adoram a falsos deuses não tem seus nomes escritos no Livro da Vida. No julgamento descrito no capítulo 20 de Apocalipse, são condenados ao lago de fogo os que não constavam seus nomes no livro da vida. Por outro lado, na cidade iluminada pela glória de Deus, somente entram aqueles cujos nomes estão inscritos no Livro da Vida. 
Jesus disse que alguns deles estavam mortos. Quando uma pessoa morre você vai ao cartório e tira um atestado de óbito. O nome dele não consta mais no rol dos vivos, o nome dele passa a constar no rol de mortos. Jesus está dizendo que para uma Igreja que era considerada morta espiritualmente, os vencedores, os que não se contaminaram terão seus nomes escritos no Livro da Vida e ninguém poderá apagar este nome do Livro da Vida.

C – Jesus promete confessar o nome do vencedor diante do Pai

5  ... pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.

Jesus prometeu confessar diante do Pai todo aquele que confessa o nome dele diante dos homens. Mas prometeu também negar os nomes daqueles que se envergonharem dele diante dos homens.

32  Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus;
33  mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus (Mt 10.32,33).

Conclusão

O processo de morte de uma Igreja pode acontecer lentamente, passando quase despercebido. As próprias pessoas na congregação, como outras pessoas olhando de fora, podem achar que esteja tudo bem. Jesus, porém, julga os corações e conhece o estado verdadeiro de cada Igreja e de cada discípulo. Quando Jesus nos chama para ouvir, devemos prestar atenção!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com