Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

AS SETE CARTAS DE APOCALIPSE - LIÇÃO XIII – CARTA DE JESUS À IGREJA CONTEMPORÂNEA



13  Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,
14  no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15  Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
16  pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
17  Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
18  Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
19  porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20  e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
21  E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas,
22  agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis,
23  se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro (Cl 1.13-23).

Introdução

Vimos neste estudo que o Senhor Jesus envia sua mensagem às sete Igrejas da Ásia. Estas sete Igrejas não se referem apenas àquelas congregações locais, mas são também o retrato da Igreja de Cristo em todos os lugares e em todos os tempos.
E qual era o propósito desta mensagem? O propósito desta mensagem é confortar a Igreja militante em seus conflitos com a força do mal. É necessário que a Igreja entenda que o seu Senhor está assentado no Trono, que o seu Senhor tem o controle de todas as coisas e que as suas vidas estão seguras nas mãos deste Senhor vitorioso.
Nesta mensagem enviada por Cristo, para duas das Igrejas Ele tinha apenas elogios (para a Igreja de Esmirna e para a Igreja de Filadélfia). Para quatro delas Jesus tinha elogios e críticas (para a Igreja de Éfeso, de Pérgamo, de Tiatira e de Sardes). Para uma Igreja Jesus teve somente críticas (para a Igreja de Laodicéia).
O que podemos notar nestas cartas é que Jesus vê a Igreja não como vemos, pois Ele tem a capacidade de conhecer o que se passa dentro do coração de cada um. Isso nos mostra que o verdadeiro diagnóstico da Igreja quem tem não somos nós, mas é unicamente Cristo que o possui, porque estas Igrejas nem sempre são o que aparentavam ser.
Podemos notar isso quando olhamos para a Igreja de Éfeso, que era uma igreja ortodoxa, fiel a Palavra, fiel a doutrina, mas Jesus olha para esta igreja e descobre nela a falta de amor, vê nela uma igreja sem amor. A Igreja de Esmirna era uma igreja pobre, mas Jesus olha para ela e diz: você é uma igreja rica. A Igreja de Pérgamo era o local onde estava o trono de Satanás, mas Jesus olha para aquela igreja e vê ali membros dispostos a dar a sua vida pelo Evangelho. A Igreja de Tiatira, que estava situada em uma cidade completamente comprometida com a iniquidade, Jesus olha para aquela igreja e encontra ali alguém disposto a andar com Deus em santidade. A Igreja de Sardes, que era uma igreja que tinha fama de ser uma igreja viva, mas Jesus olha para ela e diz que ela estava morta. Jesus olha para a Igreja de Filadélfia e diz que aos olhos do mundo ela parece ter pouca força, mas que aos Seus olhos ela é uma igreja fiel, e por isso coloca diante dela uma porta aberta. Jesus olha para a Igreja de Laodicéia, uma igreja que se dizia rica e que não precisava de nada e diz que ela era pobre, miserável e nua.
E para a Igreja atual que mensagem Jesus mandaria? Qual seria o diagnóstico de Jesus? Como Ele se apresentaria? O que Ele apreciaria na Igreja? Que exortações Ele deixaria para a Igreja? E quais são as suas promessas para a Igreja?

1 – A apresentação de Jesus à Igreja

Como Jesus se apresenta hoje à Igreja? Se estão lembrados vimos que Jesus Cristo anda no meio das Igrejas e Ele não está estático no meio das Igrejas. Ele conhece as Igrejas! Ele tem o diagnóstico correto da saúde espiritual das Igrejas.
Por causa desse conhecimento profundo Jesus olha para uma e diz com autoridade: Você está abandonando o seu primeiro amor. Olha para outra e diz: Você está tolerando aí falsos ensinos. Olhando para outra diz: Você está tolerando a imoralidade. Ao olhar para outra diz: Você tem fama de Igreja que está viva, mas está morrendo. Olha para outra e diz: Você é considerada uma Igreja pobre, mas você é uma Igreja rica. Olha para outra e diz: Você é considerada uma Igreja que tem pouca força, mas você é fiel e coloquei diante de você uma porta aberta. Olha para outra e diz: você se diz rica, mas é pobre e miserável.
E ao olhar para a Igreja contemporânea o que Jesus diria? Vimos que a apresentação de Jesus sempre estava relacionada ao problema detectado na Igreja. Então, como Jesus se apresenta hoje à Igreja?

A – Jesus se apresenta como o Noivo da Igreja

9  Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro (Ap 21.9).

Quando Jesus se apresenta como noivo da Igreja está destacando a sua autoridade sobre a Igreja:

3  porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo (Ef 5.23).

Mais do que nunca a Igreja precisa reconhecer e submeter-se a autoridade de seu Senhor Jesus Cristo, pois a Igreja foi comprada por preço e este preço foi altíssimo: o sangue do Cordeiro derramado na cruz do Calvário.

B – Jesus se apresenta como modelo para a Igreja

15  Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13.15).

A Igreja de Cristo precisa seguir os passos de seu Senhor e Mestre:

21  Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos (1 Pd 2.21).

A Igreja de Cristo precisa ser modelo neste mundo. Primeiro ela precisa imitar o seu Senhor para depois se tornar exemplo. Quando ela imita se torna modelo para este mundo perdido e sem referências.
A Igreja de Cristo precisa imprimir nas pessoas seu exemplo, sua atitude, sua postura, sua ética, sua teologia. Quando ela se mantém modelo é como se estivesse imprimindo nas pessoas o exemplo de Cristo.

C – Jesus se apresenta como vencedor

55  Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (1 Co 15.55)

Jesus Cristo venceu a morte! Jesus Cristo é o Grande vencedor! Ele não voltará como salvador, mas como Senhor! Ele não voltará em uma estrebaria, mas as nuvens será o estrado de seus pés! Cristo está reinando em favor de sua Igreja para reinar com a sua Igreja de forma eterna, final e gloriosa.
O grande tema de Apocalipse é a vitória da Igreja. Todos os inimigos da Igreja que se aliam, que se mancomunam para perseguir a Igreja vão cair um por um. O dragão persegue a Igreja, o anticristo persegue a Igreja, o falso profeta persegue a Igreja, a grande meretriz, a grande Babilônia (este sistema mundial corrompido e maligno) persegue a Igreja. Todos estes inimigos vão cair por terra um por um, como em um efeito dominó, na manifestação triunfante do Senhor Jesus.
Ao longo da História da humanidade, a força demoníaca de Satanás, através dos braços da política, tem massacrado cristãos. O maior índice de mártires, por toda a história da humanidade, aconteceu no século 20. E quando se levantar o anticristo, este personagem maligno, perverso, ele vai matar muitos cristãos. Mas ao mesmo tempo em que os santos são mortos por este inimigo, eles vencem o Diabo e seus associados com suas mortes, através da palavra do testemunho. Ou seja, quando um crente, por causa de sua fidelidade a Deus, está pronto para morrer por causa de sua fé, o Diabo pode vencê-lo matando-o, mas ele vence o Diabo amando mais a Cristo do que a sua própria vida, preferindo à morte a negar ao seu Senhor. Um crente fiel ao Senhor Jesus é invencível! Mesmo que ele morra, ele é vencedor! A Igreja de Cristo, ainda que martirizada, é vencedora! E quando Cristo voltar vai vingar a morte de seus santos. O sangue derramado dos mártires finalmente será vingado:

9  Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.
10  Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?
11  Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram (Ap 6.9-11).

Quando Deus derrama as sete taças de sua ira sobre a Terra, a sua ira é final, é de consumação, e todos os ímpios, e o Diabo, e o anticristo e o falso profeta e a grande meretriz e todos aqueles que não foram selados com o selo de Deus e todos aqueles que receberam a marca da besta serão sentenciados ao fogo eterno para sempre. É a vingança do Senhor pelo que fizeram aos seus santos!

2 – A apreciação de Jesus à Igreja

O que podemos notar nas apreciações de Jesus é que a Igreja nem sempre é aos olhos de Jesus o que ela parece ser aos olhos dos homens. A avaliação que fazemos da Igreja pode ser uma avaliação bem distinta daquela que Jesus Cristo faz da Igreja. Não temos todos os elementos necessários para fazer um diagnóstico real da Igreja, do estado espiritual da Igreja. Jesus tem porque seus olhos são como chamas de fogo. Ele conhece tudo e a todos, Ele vê a tudo e a todos. Ele sonda as profundezas de nossa mente e de nosso coração, ninguém pode enganá-lo.
Nos próximos três pontos vamos analisar a mensagem que Cristo enviaria à Igreja sob a ótica de três elementos: A fidelidade da Igreja, a pureza da Igreja e o compromisso da Igreja. Isso porque o que Cristo reprova com certeza é a quebra daquilo que Ele aprecia e se Ele tiver alguma exortação a fazer com certeza estaria ligado ao que Ele aprecia.

A – Jesus aprecia a fidelidade da Igreja

2  Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel (1 Co 4.2).

Não há nada que Jesus mais aprecia do que a fidelidade. A fidelidade é um princípio básico da vida cristã. Quando olhamos para o povo de Israel não há como deixar de notar a infidelidade deste povo para com o seu Deus e percebemos o clamor de Deus à fidelidade de Seu povo.
Jesus aprecia a Igreja fiel. Fiel a Palavra e zelosa na doutrina. Jesus aprecia o mordomo que é encontrado fiel!

B – Jesus aprecia a pureza da Igreja

27  para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito (Ef 5.27).

A pureza da igreja é o seu grau de preservação da doutrina e a isenção de conduta errônea e o seu grau de conformidade com a vontade de Deus revelada à Igreja. Deus dizia à nação de Israel: sede santos porque Eu Sou Santo. Jesus manteve Sua Santidade quando viveu neste mundo e aprecia àqueles que se mantêm santos neste mundo perverso.

C – Jesus aprecia o compromisso da Igreja com a pregação do Evangelho

15  E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15).

Jesus deixou essa mensagem tão clara e objetiva para a Igreja. É o comprometimento com essa ordem que Ele espera da Igreja.
O Apóstolo Paulo tinha esta consciência quando dizia: aí de mim se não pregar o Evangelho (1 Co 9.16). Ele tinha a convicção do que tinha de fazer para agradar ao Seu Senhor. Se a Igreja quer expressar sua gratidão pela obra redentora de Cristo realizada em suas vidas ela deve agradar àquele que a redimiu e uma das maneiras de agradá-lo é não ficar com a novidade do Evangelho guardada entre quatro paredes, mas abrir os portões e ir às ruas para anunciar o Evangelho.

D – Jesus aprecia a capacidade da Igreja de se arrepender

A Igreja de Éfeso havia abandonado o seu primeiro amor. Esta Igreja é exortada a se arrepender e voltar à prática de suas primeiras obras. Caso ela não se arrependesse sofreria o dano pela dureza de seu coração.

5  Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas (Ap 2.5).

Arrependimento tem três elementos. Ele implica na sua razão, na sua emoção e na sua vontade. Deus toca o seu intelecto, toca a sua emoção e toca a sua vontade. Arrependimento é mudança de mente, é tristeza pelo pecado e é mudança de atitude, se faltar um destes elementos não houve arrependimento. Judas Iscariotes, quando traiu a Jesus, reconheceu o erro dele quando devolveu o dinheiro (a mudança de mente) e sentiu tristeza pelo que fez, mas faltou o terceiro elemento, tomar a atitude correta, dar meia volta e voltar-se para Deus. Ele preferiu o suicídio! Não houve arrependimento, mas sim remorso.
Pedro, ao contrário, arrependeu-se de seu pecado. Ele reconheceu seu erro, sentiu tristeza pelo seu pecado, chorou por ele e voltou-se para Jesus. Qual a diferença entre o pecado de Pedro e o de Judas? Nenhuma! Trair e negar são a mesma coisa! Mas houve grande diferença entre o arrependimento dos dois.
A Igreja de Cristo nunca morreu, mas a instituição Igreja já morreu algumas vezes. Em alguns lugares que a Igreja fora muito forte se acabou. Não tem mais Igreja! E sabe por quê? Porque Jesus foi lá e removeu o candeeiro de seu lugar. Sabe por que Ele fez isso? Porque a Igreja não se arrependeu.

3 – A reprovação de Jesus à Igreja

O que Jesus reprovaria hoje na Igreja? Certamente Ele reprova uma Igreja quando não encontra nela aquilo que aprecia.

A – Jesus reprova a infidelidade

24  Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
25  receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
26  Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
27  Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28  Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez.
29  Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30  E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes (Mt 25.24-30).

45  Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se,
46  virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis.
47  Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites.
48  Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão (Lc 12.45-48).

Hoje, os crentes estão quebrando os votos feitos em sua profissão de fé. Esquecem cedo da aliança que fizeram com Deus. Não estão dispostos a viverem uma vida de fidelidade, de obediência aos estatutos e preceitos da Bíblia. Muitas pessoas que se dizem cristãos não expressam ao mundo nenhuma transformação de vida que o Evangelho provoca naqueles que realmente se convertem.

B – Jesus reprova a impureza

9  Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas,
10  nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus (1 Co 6.9-10).

Jesus reprova tanto a impureza que lançará para fora dos portais celestiais todo aquele que não se manteve puro. Nenhum impuro entrará no Reino de Deus, ou seja, nenhuma pessoa que não tenha sido regenerada por Cristo.

C – Jesus reprova o descaso com a pregação do Evangelho

8  Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.
9  Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema (Gl 1.8,9).

Vivemos em uma sociedade imediatista que busca resultados rápidos. Infelizmente, pastores e líderes mal alimentados da Palavra de Deus tem caminhado nessa direção e, sucumbidos à tentação de mostrarem resultados rápidos, terminam por comprometer a qualidade da obra que deveria ser feita.
O Evangelho é a única solução para o problema do efeito destrutivo do pecado. Ainda assim, muitos evangélicos perderam sua fé no poder do Evangelho e imaginam que algo mais é necessário; sejam programas atrativos, aconselhamento psicológico ou novas revelações de profetas modernos. Paulo se referiu à "loucura da pregação" porque o Evangelho simples que ele pregava era desprezado. O mesmo acontece em nossos dias.
Em contraste com a simplicidade e pureza do Evangelho apresentado nas Escrituras, temos hoje novos métodos e inovações que estão sendo empregados. O Evangelho não é mais considerado como suficiente por si próprio. A Bíblia diz da transformação que o Evangelho provoca na vida de uma pessoa:

17  E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co 5.17).

Mas muitos pregadores tem surgido expulsando demônios de cristãos, negando essa clara verdade da Palavra de Deus.
A Igreja deve aproveitar as portas da oportunidade que Jesus coloca diante dela com a pregação do Evangelho, puro e simples como ele é, e se a Igreja não aproveitar a porta de oportunidade que Jesus coloca diante dela ela se torna inútil.

4 – A exortação de Jesus à Igreja

Em que Jesus exortaria a Igreja? Com certeza Ele exortaria quanto àquilo que aprecia porque não gostaria de ver nela aquilo que Ele reprova.

A – Jesus exorta a Igreja a ser fiel

10  ... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).

A fidelidade deve ser constante, até o fim, até à morte, ou seja, até morrermos ou até mesmo quando estarmos diante dela.

B – Jesus exorta a Igreja a se manter pura

15  pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento (1 Pd 1.15).

Jesus Cristo responsabiliza cada igreja local quanto ao zelo na purificação coletiva e na pureza pessoal de seus membros. Em nosso texto básico o Apóstolo Paulo lembra a Igreja de Colossos quem eles eram antes de conhecerem o Evangelho e em que eles foram transformados:

21  E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas,
22  agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis (Cl 1.21,22).

Dessa forma devemos nos manter diante de Cristo.

C – Jesus exorta a Igreja a ser luz no mundo

16  Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mt 5.16).

A Igreja precisa ser a caixa acústica de Deus, o alto falante de Deus, a trombeta de Deus, fazendo soar além de suas fronteiras a mensagem de Deus.
Mesmo sob um forte clima de hostilidade e perseguição a Igreja precisa manter seu testemunho e o verdadeiro testemunho é a propagação da Palavra de Deus, e não ensinos de homens, nem doutrinas de homens, nem costumes de homens e nem regras de homens. Os púlpitos não podem ficar pobres da Palavra. Os púlpitos não podem ficar vazios da Palavra.
A maior necessidade do mundo hoje é de receber a Palavra.  O povo está faminto porque os púlpitos estão pobres, porque não há Palavra nas pregações. O que tem predominado são as novidades que atraem multidões, mas estas novidades não são as boas novas do Evangelho, mas são novidades vazias, que não exigem mudança de vida, mudança de atitude. São novidades que passam, mas o mundo precisa ouvir a Palavra e não aquilo que agrada aos seus ouvidos.

5 – A promessa de Jesus à Igreja

Quais são as promessas de Jesus à Igreja? Muitas! Vejamos algumas delas:

A – Jesus promete voltar para buscar a sua Igreja

10  E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles
11  e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir (At 1.10-11).

A Igreja deve aguardar, em uma espera feliz, a volta de Cristo com fé e esperança. A Igreja não deve apenas estar aguardando a volta de Jesus, mas deve também estar preparada para a Sua volta.
É como aguardar um hóspede. O que você faz quando fica sabendo que vai hospedar alguém muito querido por você? Prepara a casa, prepara o quarto, disponibiliza tempo em sua agenda para estar com ele e prepara uma refeição especial. Este visitante quando chega não pega você despreparado, desprevenido, pois você está aguardando e por isso está preparado. É assim que a Igreja deve aguardar dos céus o Senhor Jesus Cristo.
Pare e pense: O que você gostaria de estar fazendo quando Cristo voltar? Estar preparado é estar fazendo, quando Cristo voltar, o que fazemos todos os dias, porque todo dia devemos estar esperando e estar preparado para a volta do Senhor Jesus. Esta é a convicção que devemos ter: a volta iminente do Senhor Jesus. A promessa de Jesus é para agora, é para hoje: Eis que venho sem demora. Eis que cedo venho.
Antes da conversão éramos pessoas sem esperança, mas agora recebemos uma viva esperança. Temos que ter plena confiança, plena esperança e devemos aguardar a volta do Senhor Jesus com o coração feliz, com o coração alegre.
Jesus prometeu voltar para buscar a sua Igreja. Temos que ter a expectativa da volta de Cristo porque esta expectativa é o principal elemento que vai nos fazer viver em santidade, aguardando e apressando a volta do Senhor.

B – Jesus promete livrar a Igreja da ira vindoura de Deus

10  e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura (1 Ts 1.10).

O que é a ira de Deus? A ideia que as pessoas tem de Deus é que Deus é amor. E a ideia que temos de ira está relacionada a nossa natureza pecaminosa. Ira para nós é uma emoção forte, fruto de um orgulho ferido, uma explosão de fúria, muitas vezes uma explosão descontrolada. Mas para Deus ira não é isso, pois Deus não é temperamental, Deus nunca perde o controle e Deus nunca fica com o orgulho ferido. A ira de Deus é uma justa reação de Deus diante do mal. A ira de Deus é dirigida contra o mal.
A Bíblia diz que o cálice da ira de Deus está se enchendo e quando Jesus voltar aqueles que viveram longe dele, que zombaram dele, que escarneceram dele, que rejeitaram a Sua Santa Palavra, todos eles enfrentarão a ira do Cordeiro.
Quando olhamos para Apocalipse capítulo 6 e vemos o mundo entrando em colapso, vemos os ímpios desesperados buscando cavernas para se abrigarem, o que notamos é que eles não estão com medo de que o mundo está desabando, mas eles estão desesperados porque chegou o grande dia da ira do Cordeiro. Este dia será de trevas e não de luz, será de juízo e não de livramento.
De que maneira você pode ser livre da ira vindoura? Quando você aceita a Jesus e confessa seus pecados com arrependimento você é justificado e a ira de Deus é retirada de você e o favor de Deus é colocado sobre você. Não tem mais ira! Não tem mais juízo! Não tem mais condenação! Jesus promete livrar a Sua Igreja da ira vindoura de Deus.

C – Jesus promete estar sempre presente

20  ... E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mt 28.20).

O que notamos no estudo das cartas é que Jesus conhecia de perto as tribulações da Igreja. Ela estava sendo perseguida, massacrada, mas crescia a cada dia porque Jesus estava presente. Os cristãos morriam pelo testemunho do Evangelho, mas o faziam com alegria por causa da presença de Jesus. Ele jamais abandonou e jamais abandonará a Sua Igreja.
Isso nos serve de consolo porque nos mostra que Cristo vê as lágrimas da Igreja e enxuga estas lágrimas. Aliás, esta é a sua grande promessa:

4  E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram (Ap 21.4).

A despeito de todas as fraquezas, defeitos e pecados, Jesus Cristo nunca abandona a sua Igreja.

Conclusão

Pare para refletir e pergunte: Jesus, qual é o diagnóstico que o Senhor faz hoje da minha Igreja? Se Jesus te mandasse uma carta sobre o que Ele falaria de você? Como Ele se apresentaria a você? O que Ele apreciaria em você? O que Ele reprovaria em você? Sobre o que Ele te exortaria? O que Ele veria em nós? Qual seria a sua mensagem para nós?
Há um estribilho que está presente nas sete cartas de Apocalipse: quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas. E termino este estudo dizendo: Ouça o que o Espírito Santo lhe diz nesta hora. Que Deus lhe abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

domingo, 7 de dezembro de 2014

AS SETE CARTAS DE APOCALIPSE - LIÇÃO XII – A CARTA À IGREJA DE LAODICÉIA



14  Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15  Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16  Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17  pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18  Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19  Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
20  Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21  Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
22  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (Ap 3.14-22).

A cidade de Laodicéia: A cidade de Laodicéia era muito importante estrategicamente porque ficava no cruzamento das principais rotas comerciais do mundo. Fundada em 250 a.C. por Antíoco, da Síria, tornou-se uma cidade muito rica. A cidade de Laodicéia tinha uma alta opinião de si mesma. Ela fora totalmente destruída por um terremoto e rejeitou a ajuda do Império para sua reconstrução, sendo reconstruída por seus próprios recursos, pois se considerava rica e abastada. Por encontrar-se no cruzamento de rotas comerciais, esta cidade aprendeu a conviver com diversas culturas e valores, ganhando a fama de ser uma cidade tolerante por entender que todas as coisas eram boas e que todas as ideias eram positivas.
A cidade de Laodicéia era conhecida por quatro marcas das quais se orgulhava: Era o centro bancário e financeiro da Ásia naquele tempo, cidade rica, cheia de milionários. Era o centro da indústria têxtil da Ásia, um pólo industrial que exportava sua lã para o mundo inteiro e orgulhavam de suas roupas nobres que eles mesmos produziam. Era um centro médico de alta importância, especialmente na área da oftalmologia, pois tinha uma importante escola de medicina que produzia um pó chamado de pó frigio o qual fazia milagre na cura dos olhos. Era também um importante centro de águas térmicas, tornando-se um centro turístico.

Introdução

A Igreja de Laodicéia, inserida no contexto da cidade, ganhou a cara da cidade, assimilando a cultura e a religiosidade daquela cidade, tornando-se uma Igreja complacente e intransigente. Em vez de influenciar a cidade, a cidade moldou a Igreja.
Jesus Cristo, sendo completamente pertinente em sua comunicação, pega este gancho do aspecto cultural da cidade para aplicar verdades espirituais àquela Igreja e chamar a sua atenção.
Entre todas as cartas que o Senhor Jesus enviou para as Igrejas da Ásia, esta pode ser considerada a mais severa. Jesus não fez nem sequer um elogio a esta Igreja. Laodicéia tinha a sua opinião sobre si mesma e esta opinião estava completamente equivocada. Jesus diagnostica a Igreja de Laodicéia. Que conclusão Jesus chega?

1 – A apresentação de Jesus à Igreja de Laodicéia

A apresentação de Jesus sempre está relacionada ao problema da Igreja. Qual era o problema da Igreja de Laodicéia? Falta de fervor espiritual. Era uma Igreja apática, que nem era fria e nem era quente. E como Jesus se apresenta a uma Igreja assim?

A – Jesus se apresenta como aquele que tem autoridade absoluta

14  Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, ...

Esta palavra vem de origem hebraica. Quando está no começo de uma afirmação significa “certamente” ou “verdadeiramente”. Quando ela está no fim, pode ser entendida como “que seja assim”. Significa que Jesus é a palavra final, a autoridade absoluta da Igreja. E por que Jesus se apresenta assim? Jesus iria repreender duramente esta Igreja e estava dizendo a ela que Ele tinha autoridade para isso.

B – Jesus se apresenta como a testemunha fiel e verdadeira

14  Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz ... a testemunha fiel e verdadeira...

Jesus traz o verdadeiro testemunho sobre seu Pai e a vontade dele para com os homens. Ele fala a verdade em cada promessa e em cada advertência que vem da sua boca. E quando lemos o Evangelho de João e suas cartas percebemos esta verdade.
Eu sou a testemunha fiel e verdadeira. Ao afirmar isso Jesus sustenta sua autoridade para perguntar àquela Igreja: o que é que está acontecendo com a sua vida? Conheço o estado de sua alma, Eu tenho o diagnóstico perfeito de sua situação espiritual.

C – Jesus se apresenta como o princípio da criação de Deus

14  Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz ...  o princípio da criação de Deus:

Jesus não foi criado. Ele não veio a existir. Ele é eterno. Ele é Deus. Quem não aceitar este fato morrerá em sua incredulidade. Mais uma vez Jesus destaca a sua autoridade para repreender a Igreja.

2 – A apreciação de Jesus à Igreja de Laodicéia

Depois de reafirmar a sua autoridade, Jesus fez como em todas as igrejas, Ele expressa o seu conhecimento íntimo e completo daquela Igreja. Jesus não faz nenhum elogio àquela Igreja. O que foi que Ele viu naquela Igreja?

A – Jesus percebeu que aquela Igreja havia perdido o seu vigor espiritual

15  Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente...

Cristo conhecia aquela Igreja. Ele faz um diagnóstico daquela Igreja e diz: Esta Igreja esta morta. E nesta análise podemos perceber a astúcia de Satanás. Ele é tão astuto que, ao ler as cartas, você pode ver ele perseguindo a Igreja, introduzindo na Igreja falsos ensinos, falsos mestres e incitando os crentes à imoralidade.
Entretanto, a Igreja de Laodicéia não enfrenta nada disso. O problema desta Igreja não é teológico, não é moral. Ela não tem falsos mestres, ela não tem falsa doutrina, ela não tem heresia. Esta Igreja não sofre perseguição! O problema desta Igreja é que ela está absolutamente acomodada e satisfeita consigo mesma. Ela se autoexamina e chega a conclusão de que tudo está bem demais, pois não tem escândalo, não tem heresia, não tem falsos mestres e tudo caminha calmamente. Ela tem influência na sociedade, ela tem membros ricos e influentes na comunidade. Quando Jesus diagnostica esta Igreja, Ele percebe a sutileza dela perder o seu fervor espiritual e não se aperceber disso.
Quando olhamos para a Bíblia podemos perceber a existência de três corações. Há o coração ardente, aquecido pelo fervor espiritual. Há o coração frio em que o amor se esfriou, acabou. E o terceiro encontramos aqui em Laodicéia, que é o coração morno, que são de crentes nem quentes e nem frios, não são nem incrédulos e nem fervorosos, são crentes que não rejeitam a Deus, mas que também não vibram por Ele.
Temos que ter muito cuidado com o fogo que arde em nosso coração para ele não se apagar, porque a tendência do fogo é apagar-se. Se você não reavivar esta chama, se você não assoprar esta chama, se você não mexer este braseiro este fogo pode se apagar e você nem terá percepção de que ele se apagou. Temos que ter luz nos olhos e fogo no coração, mas muita cautela com os excessos para não nos descambarmos para o entusiasmo sem valor.

B – Jesus afirma que um crente morno é pior do que um incrédulo

15  ... Quem dera fosses frio ou quente!

Havia nesta região duas cidades muito próximas de Laodicéia, que era a cidade de Colossos e a cidade de Hierápolis. A cidade de Colossos era a cidade das águas frias e a cidade de Hierápolis era a cidade das águas quentes. Ambas as cidades eram cidades saúde, aonde as pessoas vinham para banhos, vinham para férias e tanto as águas frias quanto as águas quentes eram águas terapêuticas. Mas, estas águas quentes de Hierápolis, ao passarem pela cidade de Laodicéia, elas chegavam ali mornas. Jesus pega este fato e aplica a Igreja: Quem dera você fosse água quente, quem dera fosse água fria, porque tanto a água quente quanto a água fria são terapêuticas, mas você é como a água morna, e água morna provoca vômito.
Pode parecer estranho, mas é isto que o Senhor Jesus está dizendo àquela Igreja. Jesus está dizendo que um incrédulo, que reconhece a sua situação de falência espiritual, está em uma posição mais privilegiada do que um crente morno, absolutamente apático às coisas de Deus, sem nenhuma consciência de sua apatia. Jesus já havia dito palavras duras assim aos fariseus quando disse:

31  Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus (Mt 21.31).

Há muita semelhança entre os fariseus e a Igreja de Laodicéia. Os fariseus entendiam que estavam muito bem e não tinham consciência de quão enfermos eles estavam espiritualmente diante de Deus.

3 – A reprovação de Jesus à Igreja de Laodicéia

O que Jesus reprovou naquela Igreja? Jesus olhou para a Igreja de Laodicéia, contente no seu estado de autossuficiência e falsa confiança, e sentiu vontade de expulsá-la de sua presença.

A – Jesus reprovou a frieza espiritual daquela Igreja

16  Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;

É muito chocante estas palavras de Jesus. Elas afirmam que um crente morno, ao invés de ser o prazer de Deus, provoca náuseas em Deus. É muito difícil enfrentar esta realidade. O ponto positivo aqui é que você lança para fora apenas o que está dentro de você. Isso nos mostra que, apesar das reprovações àquela Igreja, ela era uma Igreja do Senhor Jesus. E isso também nos mostra que existe a possibilidade de pertencermos a Igreja e não sermos prazer a esta família, mas sim ser motivo de desgosto para ela.
Pai e mãe criam filhos com a maior alegria, maior zelo, mas muitos filhos não reconhecem o amor dos pais, não valorizam o investimento dos pais, não agradecem aquilo que seus pais fazem por eles e ao invés de proporcionarem alegria aos corações dos pais provocam desgostos e sofrimentos.
Jesus olha para aquela igreja e diz: Eu te amo, mas você está me fazendo sofrer. Eu te amo, mas você está provocando náuseas em mim. Este não é o projeto de Deus para a Igreja. O fim principal da Igreja é se deleitar em Deus e promover a glória de Deus, pois somos filhos, herdeiros, a menina dos olhos de Deus, a delícia de Deus, em quem Deus tem todo o seu prazer. Foi para isso que Deus nos remiu.
É muito dramático ver a Igreja de Laodicéia que foi redimida por Deus, criada para ser o deleite de Deus, mas estar provocando náuseas em Deus.

B – Jesus reprovou a autoconfiança da Igreja

17  pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma...

Neste verso Jesus fala da tragédia do autoengano “estou rico e abastado”. Esta era a ideia que a Igreja tinha de si mesma, semelhante aquele fariseu que chega ao templo para orar:

11  O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano;
12  jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho (Lc 18.11,12).

Enquanto que o publicano:

13  O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! (Lv 18.13).

O fariseu tinha uma opinião absolutamente elevada de si mesmo. O Senhor Jesus olha para ele e diz que ele está inteiramente equivocado e fala quem fora aceito por Deus:

14  Digo-vos que este (o publicano) desceu justificado para sua casa, e não aquele (o fariseu); porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado (Lc 18.14).

A Bíblia diz do grande risco e da possibilidade de termos nas igrejas crentes professos autoenganados até ao dia do juízo final. Tome muito cuidado para não cair nesta cilada, de achar que está tudo muito bem com você, de achar que pelo fato de você ser crente ou filho de pais crentes, de ser membro da Igreja, de ser batizado, de ser aluno da Escola Dominical, que isto por si só lhe dá a garantia e a segurança de que está tudo bem com a sua alma. É necessário avaliar de uma maneira mais profunda esta questão. Jesus diz:

22  Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
23  Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade (Mt 7.22,23).

Eles eram crentes, mas viviam uma vida de marasmo espiritual. A Igreja de Laodicéia estava enfrentando a tragédia de não ser o que projetou ser e ser o que nunca imaginou ser. As afirmações da própria Igreja não refletiam o verdadeiro estado dela. É fácil dizer que está tudo bem na vida espiritual de uma igreja ou de uma pessoa, mas Jesus sabe a verdade. Ele vê as obras e sonda os corações. A Igreja de Laodicéia mentia para si mesma, mas Jesus não foi enganado!

C – Jesus reprovou a soberba daquela Igreja

17  ... e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

A Igreja de Laodicéia se orgulhava de três coisas: do ouro que tinha, do colírio que possuía e das roupas que vestia. E Jesus aproveita este detalhe e fala àquela Igreja considerada rica que ela era pobre, pois o ouro não compra nada na área espiritual. Que ela era cega, pois seu colírio não curava nenhuma doença espiritual. Que ela estava nua, pois suas vestes não podiam cobrir sua nudez espiritual. Eram pobres porque não podiam comprar o perdão deles, estavam nus porque não possuíam as vestes da justiça e estavam cegos porque não tinham discernimento espiritual.
O orgulho dos discípulos de Laodicéia os cegou ao ponto de não enxergarem os seus problemas. Eles se achavam fortes e independentes, mas Jesus viu o estado real de uma Igreja fraca, cega e infrutífera. A cidade de Laodicéia sofreu um terremoto em 60 d.C. e foi reedificada com recursos próprios, sem auxílio do governo romano. Parece que a Igreja sentia a mesma atitude de autossuficiência, perigosíssima num rebanho de ovelhas que precisa seguir o seu Bom Pastor!

4 – A exortação de Jesus à Igreja de Laodicéia

Jesus, como Soberano dos céus e da Terra, que dá ordem às estrelas e elas surgem, que dá ordem ao vento e ele para, que dá ordem ao mar revolto e ele se acalma, que dá ordem aos animais e eles tem que obedecê-lo, que dá ordem aos anjos e eles saem como vento para cumpri-la, que dá ordem aos demônios e eles tem que obedecer, da mesma forma Jesus podia dar uma ordem àquela Igreja, mas Ele prefere aconselhar. Olha a empatia do Senhor Jesus! Ele não elogiou a Igreja em Laodicéia, mas ofereceu conselho para guiá-la de volta à comunhão íntima com Ele.

A – Jesus exorta àquela Igreja quanto a sua autossuficiência e autoconfiança

18  Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

Jesus chega para a Igreja e diz que sua suficiência não está em seus recursos naturais, mas encontra-se em Sua Pessoa: “aconselho-te que de mim compres”. Laodicéia ficava em um importante cruzamento comercial da Ásia e Jesus se apresenta a Igreja como um mercador espiritual que tem um produto vital para a vida daquela Igreja. Jesus sugere três coisas necessárias para a Igreja:

18  Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres...

A cidade de Laodicéia destacava-se por ter um centro bancário e financeiro de primeiro mundo. Lugar de muitos milionários. A cidade era tão rica que os homens não sentiam necessidade de Deus. Isto também acontecia na Igreja: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma. A Igreja estava amornada com o calor dos costumes das pessoas que habitavam a cidade. A verdadeira riqueza é espiritual, e vem exclusivamente de Deus. Ele oferece o ouro puro, refinado pelo fogo.

18  Aconselho-te que de mim compres ... vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez...

A cidade de Laodicéia possuía um centro industrial de tecidos. A lã ali produzida era famosa no mundo inteiro. A cidade se orgulhava da sua indústria. Tal a cidade, tal a Igreja. Assim também a Igreja se dizia rica, abastada e nada precisava. Numa cidade que produzia roupas de lã, a Igreja andava nua, sem a vestimenta de justiça oferecida por seu Senhor. É Deus quem justifica e lava os nossos pecados e nos veste de pureza e de atos de justiça.

18  Aconselho-te que de mim compres ... colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

Laodicéia possuía um centro médico com uma escola de medicina famosíssima. Fabricava-se ali um colírio que era o remédio mais importante da cidade, e era exportado para todos os centros populosos do mundo. Numa cidade conhecida por tratamentos de olhos, a Igreja se tornou cega e não procurou o tratamento do Supremo Médico. Somente Jesus pode curar a cegueira espiritual que aflige os orgulhosos e autossuficientes.
Jesus Cristo disse para aquela igreja: você tem grandes minas de ouro, você tem fábricas de tecidos, você tem uma escola de medicina afamada no mundo inteiro, mas você precisa comprar ouro refinado, você precisa comprar vestes alvas, você precisa comprar colírio para ungir os teus olhos.
Não é no mercado que a Igreja vai conseguir suprir as suas necessidades espirituais. Somente Jesus pode satisfazer e suprir a Igreja da sua necessidade. E qual é o preço? É de graça. Àquela Igreja pobre Jesus disse: Eu tenho ouro para você. Àquela Igreja nua Jesus disse: Eu tenho vestes para você. Àquela Igreja cega Jesus disse: Eu tenho o colírio certo para você.

B – Jesus exorta àquela Igreja a uma mudança de vida

19  Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.

Às vezes, o compromisso do amor nos leva a disciplinar nossos filhos. O fazemos com dor no coração, mas temos que fazer por responsabilidade, porque não disciplinar o filho quando ele está tomando o rumo errado é ser complacente e omisso. A correção que vem de Deus é uma manifestação do seu amor:

6  porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe (Hb 12.6).

Jesus estabelece que Ele disciplina e repreende a Igreja porque Ele ama a Igreja. Quem não tem disciplina é bastardo e não é filho. Há filhos que a despeito de receber disciplina e repreensão não entendem o amor dos pais e se rebelam contra esta disciplina e se afastam ainda mais.
Quando Deus nos corrige é para o nosso próprio bem. Ele quer nos conduzir ao arrependimento e à plena comunhão com Ele. A disciplina aplicada pelos servos de Deus deve, também, ser motivada pelo amor.
O que é triste é que esta Igreja de Laodicéia desaparece da História, que Jesus remove o candeeiro desta Igreja e hoje em Laodicéia não há nada mais além de ruínas. Jesus chamou esta Igreja ao arrependimento, mas parece que ela se recusou a arrepender-se. Se você está sendo disciplinado por Deus é porque Deus ama você, Deus não quer que você pereça, Deus quer que você seja salvo.

5 – A promessa de Jesus à Igreja de Laodicéia

O que o Senhor Jesus promete a uma Igreja que perdeu o seu vigor espiritual?

A – Jesus promete oportunidade àquela Igreja

20  Eis que estou à porta e bato ...

Jesus poderia simplesmente abrir a porta, afinal Ele tem todas as chaves, mas Ele prefere bater na porta. Olha a ternura de Jesus! Ele não força ninguém a abrir a porta. Ele chama, mas depende dos ouvintes atenderem à voz dele. Jesus oferece a salvação a todos, mas cada pessoa toma a sua própria decisão.
Jesus pôs uma porta aberta diante da Igreja de Filadélfia, mas a Igreja de Laodicéia colocou uma porta fechada diante de Jesus! Ele aparece aqui como alguém que está sendo posto para fora. Cristo aparece do lado de fora, batendo para entrar. E isto não está relacionado a salvação, mas a comunhão. Jesus quer entrar para ter comunhão com a Igreja, para cear com a Igreja. Já imaginou Jesus de fora de uma igreja? Já imaginou uma igreja se reunir e Jesus não estar presente?

B – Jesus promete comunhão àquela Igreja

20  ... se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.

Ambas as figuras, aqui, representam a comunhão com Cristo. Ele entra na casa e habita naqueles que obedecem a sua palavra. O convite de Jesus aqui não é coletivo, é pessoal: “se alguém”. Em uma comunidade você tem pessoas que abrem a porta para Jesus e tem íntima comunhão com Ele, mas tem também pessoas que fecham a porta.
Cear com alguém sugere uma relação especial de estar de acordo ou em comunhão. O convite de Jesus é para você cear com Ele. Que sublime privilégio receber o convite de cear com Jesus, de Ele sentar-se a nossa mesa, de comer à mesa na presença do Rei, nós que não somos dignos de Ele entrar em nosso teto. É algo difícil de entender, mas isto não é uma questão de entendimento e sim de relacionamento. É comunhão com Jesus. É vida com Jesus.

23  Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada (Jo 14.23).

Onde está Jesus na sua vida? Foi posto para fora? Está sendo convidado a retirar-se?

C – Jesus promete conduzir o vencedor ao Seu Trono de glória

21  Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.

Quando você aceita o convite de cear com Jesus em secreto, Ele promete sentá-lo em Seu Trono em público. Você dá lugar para Jesus à mesa e Ele dá lugar a você em Seu Trono. Quando você tem comunhão com Ele você reina com Ele.
Os vencedores terão o privilégio de reinar com Cristo. Tal honra não seria para os orgulhosos e autossuficientes, mas para os humildes e obedientes. Jesus foi obediente ao Pai aqui na terra para ser exaltado ao lado dele no céu. Somente os obedientes serão exaltados com Cristo. A grande riqueza, a grande importância não é ser rico na terra, mas é assentar-se no trono com Deus, com Jesus lá no céu.

22  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Jesus bate a porta e chama. Ele não simplesmente bate e não simplesmente chama, Ele bate e chama. Ele bate pelas circunstâncias e chama pela Sua Palavra. Às vezes Jesus está batendo a nossa porta pelas circunstâncias e nos chamando pela Sua Palavra, mas não estamos ouvindo a Sua voz.

Conclusão

Na carta à Igreja em Laodicéia, Jesus não citou nenhuma doutrina errada e nenhum pecado de imoralidade. Ele não condenou a Igreja por práticas idólatras. Esta Igreja, que se achava rica e forte, foi criticada por seu orgulho e autossuficiência. Exaltou-se, ao invés de se humilhar diante do Senhor dos senhores.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia principal: Rev. Hernandes Dias Lopes