Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A JUSTIFICAÇÃO EM CRISTO



13  Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.
14  Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa,
15  porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão.
16  Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós,
17  como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.
18  Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.
19  E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,
20  não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus,
21  estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.
22  Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça.
23  E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta,
24  mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,
25  o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação (Rm 4.13-25).

Introdução

O objetivo do estudo de hoje é nos ensinar que não podemos ser salvos por meio da Lei, pois se assim fosse, não haveria a necessidade do sacrifício de Cristo pelos pecadores, e nem da graça de Deus. A salvação acontece somente pela graça de Deus por intermédio da fé em Jesus Cristo, independentemente das obras.
Discutindo sobre a possibilidade de obedecer toda a Lei de Deus e atingir, por empenho pessoal, a justiça exigida por Deus para sermos salvos, Lutero usa a seguinte ilustração: Imagine uma grande, alta e íngreme montanha que você tenha de transpor. A sua carne e seu livre arbítrio dizem: Eu irei superá-la. Mas a sua consciência diz: não conseguirei. Então, o desespero chega e diz: Devo desistir. Então ele conclui que as obras da Lei promovem apenas presunção e desespero na natureza humana.
Com essa ilustração, Lutero mostra que até mesmo o homem natural pode chegar a certa noção de sua incapacidade e concluir, pela lógica e pela razão, que ele, por si só, jamais poderá agradar a Deus e cumprir as exigências de sua justiça. Paulo enfatiza este ponto e nos mostra a miséria humana, e diz que a justiça de que precisamos para sermos salvos só pode ser conquistada em Cristo mediante a fé.
Um equívoco comum entre os cristãos é considerar que no Antigo Testamento as pessoas eram salvas por obras, pela prática da Lei. Nosso estudo de hoje vai nos mostrar que Abraão foi salvo por meio da fé e não por intermédio da Lei. Os crentes do Antigo Testamento creram na promessa que haveria de se cumprir, eles creram no Messias que estava prometido.

1 – NÃO HÁ JUSTIFICAÇÃO POR INTERMÉDIO DA LEI E NEM PELA PRÁTICA DAS OBRAS

Caso viemos a aceitar a salvação por meio da Lei, ou seja, pela prática das obras, invalidamos o sacrifício de Cristo e a graça de Deus, e assim ignoramos a salvação pela fé, conforme revelado nas Escrituras Sagradas. Paulo, em nosso texto básico, apresenta a realização da promessa de Deus feita a Abraão e sua descendência. Ele começa apresentando, primeiramente, o que a justiça em Cristo não é:

13  Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.

Não foi mediante a Lei que Deus prometeu a Abraão, e à sua descendência, que seriam herdeiros do mundo. Por isso a promessa de Deus não dependia das forças de Abraão, de modo que ele não tem de que se gloriar diante de Deus, como se ele tivesse alcançado alguma justiça por meio das obras. Paulo confirma isso quando diz:

1  Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
2  Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus (Rm 4.1,2).

Portanto, não foi por esforço seu que Abraão se tornou herdeiro do mundo. E o que é ser herdeiro do mundo? A promessa de Deus a Abraão é que nele seriam benditas todas as famílias da terra e que a sua descendência habitaria a terra de Canaã.

1  Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;
2  de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!
3  Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3).

Abraão não conseguiria isso pela Lei, mas mediante a justiça da fé:

3  Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Rm 4.3).

Imputar é atribuir a alguém. Sendo atribuída a Abraão a justiça de Deus, ele foi justificado mediante a sua fé, e Abraão se tornou herdeiro das bênçãos de Deus. No livro de Gálatas, Paulo vai falar muito sobre a Lei, lá ele diz:

6  É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
7  Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.
8  Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos.
9  De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
10  Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.
11  E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
12  Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá.
13  Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14  para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl 3.6-14).

Paulo nos dá duas razões pelas quais não é mediante a Lei e nem por intermédio das práticas das obras que nos tornamos herdeiros das promessas de Deus:

A – Se a Justificação Fosse por Intermédio da Prática da Lei Jesus Seria Desnecessário

14  Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa,

Se nos tornamos merecedores da promessa de Deus mediante a Lei, por causa dos nossos esforços de integridade e fidelidade, a fé não nos é mais necessária, nem haveria a necessidade da vinda de Jesus Cristo, da encarnação do Verbo de Deus, que veio a este mundo com o único propósito de pagar o preço pelo nosso pecado, e este preço foi a sua morte na cruz. Jesus foi sacrificado por nós, em nosso lugar, o nosso substituto. Tudo isso foi em vão se há possibilidade de conseguirmos por nós mesmos.
Paulo está dizendo que se a salvação ocorre pelo esforço humano a fé, não sendo necessária, é anulada, ou seja, perde o seu valor, o seu significado. Consequentemente, anulando a fé não existe mais promessa também. Por que a fé é anulada? Porque a fé é para os transgressores que já perderam a esperança em suas próprias forças, ou seja, por aquele que é incapaz de conseguir por si mesmo.
Portanto, se alguém é justo por si só, pelo seu empenho, não precisa de fé, não precisa crer na suficiência de Cristo, basta apenas ele se esforçar em ser fiel, praticar a justiça, obedecer aos mandamentos de Deus, fugir das impurezas, não dar lugar a sensualidade, não mentir, não ser falso, não ser covarde, não se apegar as coisas deste mundo, não ser violento, não ter lábios impuros e nem pensamentos maliciosos. A grande questão é: Seria isso possível? E por isso não ser possível, Deus prometeu as suas bênçãos somente para aqueles que têm fé.

9  De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão (Gl 3.9).

B – Se a Justificação Fosse por Intermédio da Prática da Lei a Graça de Deus Seria Desnecessária

A Lei desconhece a graça, porque a Lei atrai ira e não perdão, pois ela foi estabelecida por Deus para punir, não para salvar:

15  porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão.

Aquele que procura ser justo diante de Deus pela obediência da Lei, sem se curvar humildemente diante de Cristo e confiar no seu perdão, está acumulando a ira de Deus sobre si mesmo. Por quê? Porque ele é um transgressor, porque ele não consegue cumprir toda a Lei de Deus. E para satisfazer a exigência de Deus a Lei tem que ser cumprida integralmente, Deus não aceita fidelidade parcial, tem que ser total.

10  Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las (Gl 3.10).

Onde não há lei não há transgressão porque todo o nosso pecado foi castigado em Cristo. Ele cumpriu integralmente a Lei por nós. Então, a Lei já não tem mais efeito condenatório sobre nós. E por que isso acontece? Porque o sacrifício de Cristo pagou o preço do pecado para todos os que crêem, e todo aquele que crê é visto por Deus como alguém limpo, justificado.

13  Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro) (Gl 3.13)

Sendo assim, temos, pela fé, a garantia da participação na promessa de Deus. Como Abraão foi agraciado porque creu, assim também, todos nós que confiamos em Cristo, podemos descansar seguros de que Deus nos tem reservado as suas promessas.

9  De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
14  para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl 3.9,14).

2 – A JUSTIFICAÇÃO É SOMENTE POR INTERMÉDIO DA FÉ EM JESUS CRISTO

Não há nada que possamos fazer para contribuir de algum modo para a nossa salvação. Ela ocorre exclusivamente por meio da fé, que é um dom de Deus, dado somente pela sua graça:

8  Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9  não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9).

Mas muitas vezes supomos poder fazer algo para ajudar em nossa salvação. Qualquer afirmação contrária à salvação exclusiva pela graça, mediante a fé, discorda com o que Paulo está dizendo não somente em Efésios, mas também em Romanos, Gálatas e muitos outros textos sobre o assunto em toda a Bíblia.
Precisamos estar conscientes da verdade bíblica com respeito à salvação por meio da fé em Jesus Cristo. A Lei teve o seu importante papel até Cristo, mas não pode nos salvar da ira de Deus, não pode nos justificar diante de Deus, não pode pagar o alto preço pelo nosso resgate. A Lei não pode (como o sacrifício de Cristo o faz), nos oferecer, gratuitamente, a graça imerecida da salvação.

19  Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.
20  Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.
21  É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei.
22  Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem.
23  Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.
24  De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25  Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
26  Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus (Gl 3.19-26)

Aio é ponte, ligação. A salvação não ocorre por meio de nossa ação somada à ação de Deus, como se pudéssemos fazer a nossa parte e Deus fizesse a dele. A obra da salvação é somente da autoria de Deus, o autor da nossa fé. E isso é maravilhoso, porque éramos indigentes, miseráveis, mas fomos adotados por um Pai magnífico que nos fez uma promessa infalível de herança eterna:

16  Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão ...

A graça de Deus é que torna certa e firme a promessa feita aos descendentes de Abraão, pois se dependesse da nossa fidelidade, das nossas virtudes e das nossas boas ações, estaríamos perdidos, não haveria segurança. Deus empenhou sua promessa tão somente em Sua graça.
Para tornar este ponto mais esclarecido, Paulo cita o exemplo de Abraão. Abraão não tinha nada no que se apegar para se manter crente a não ser a Palavra de Deus. E Abraão deu provas suficientes de sua fé em três ocasiões: Primeiramente, quando Deus lhe fez a promessa de que seria o pai de muitas nações ele acreditou em Deus:

17  como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.

Não havia garantias lógicas para uma promessa assim, a não ser a Palavra de Deus, mesmo assim Abraão creu. Ele sabia que Deus podia tornar o impossível perfeitamente viável. Deus é o Soberano que supera a ordem natural das coisas. Ele é o Criador e a fonte absoluta de tudo o que existe.
Esse Deus em que Abraão creu é o mesmo que dividiu o mar em duas partes, neutralizou o efeito do fogo sobre os amigos de Daniel e fechou a boca de leões. Ele é aquele que fecha as comportas do céu para que não chova e as abre quando bem entende. Foi nesse Deus que Abraão creu e depositou toda a sua esperança e vida. Ainda quando tudo parecia ilógico e improvável, Abraão continuou crendo.
Em segundo lugar, esperando contra a esperança, Abraão creu em Deus quando este lhe disse que sua descendência seria como a areia do mar e as estrelas do céu:

18  Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.

Ele estava velho. Sara estava velha. Como teriam filhos? Mesmo quando suspeitas e temores assaltaram o seu coração, quando ele ficou tentado a duvidar e pensar que tudo não passara de um sonho, ainda assim Abraão creu com toda a sua alma no que Deus havia dito. Ora, e de que outra maneira a nossa fé poderia ser provada, senão quando somos atacados pelo pavor e ansiedade? Calvino confirma isso quando diz:
É verdade que, quando o coração se acha em perplexidade e dúvida, ou antes, é arremessado de um lado para outro, a fé parece ser tragada. A experiência, porém, nos ensina que a fé, embora flutue em meio às agitações, continua a vir novamente à tona de tempo em tempo, de modo a não ser esmagada de vez; e se em algum momento ela se vê ao ponto de asfixia, não obstante é protegida e nutrida, porque, embora as tempestades se tornem tão violentas, ela se esconde delas movida pela ponderação de que Deus continua fiel e jamais desaponta seus próprios filhos, e nem os abandona (Livro dos Salmos, Vol. 3, São Paulo: Parakletos, 2002, p. 378).
Deus não falha e nem se esquece dos seus filhos, ainda que nos submeta a situações em que, aparentemente, não haja esperança. Abraão tinha plena convicção de que dele viria uma descendência tão numerosa quanto as estrelas que há no céu e a areia na praia do mar, mesmo tendo uma esposa estéril e caminhando para a velhice.

15  Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão
16  e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho,
17  que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos,
18  nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz.
19  Então, voltou Abraão aos seus servos, e, juntos, foram para Berseba, onde fixou residência (Gn 22.15-19).

E em terceiro lugar, mesmo estando tanto Abraão como Sara, sua mulher, em idade avançada e com pouco vigor, pela fé, ele deu glória a Deus:

19  E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,
20  não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus,

Mesmo com esse enorme obstáculo, Abraão decidiu não desconfiar de Deus e nem cair no desânimo. Pelo contrário, ele se fortaleceu na fé dando glória a Deus. Abraão não reservou nenhuma dúvida em seu coração:

21  estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.

Ele continuou plenamente convicto e como resultado foi declarado justo:

22  Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça.

Como alguém poderia crer dessa maneira? É tão fácil nos abalarmos quando adoecemos, ou perdemos o emprego, ou coisas ruins acontecem em nossa vida. Questionamos Deus enquanto a esperança desmorona. Mas ainda que nos submeta a duras provações e crises, para nos ensinar a confiar nele, Deus se importa com seus filhos da mesma maneira que se importava com Abraão.
Deus sempre nos socorre em tempo oportuno no dia da angústia e todos os que perseveram em crer e esperar no Senhor, todos eles experimentam fortalecimento e restauração. Todos!
Nos momentos em que não conseguimos enxergar a concretização das promessas de Deus, somos fortalecidos e sustentados pela sua graça. Deus quer que experimentemos a sua graça, que provemos do seu amor e de seus paternais cuidados. Quando aprendemos o suficiente, então, Ele nos socorre e nos revela o quanto é fiel. Mas sempre do modo e no tempo determinado por Ele.
A fé é o meio pelo qual Deus salva os seus filhos. A Lei nunca teve papel salvador. Por isso, temos que louvar a Deus pelo dom da fé e pela sua graça em nos conceder a salvação, sendo nós ainda seus inimigos e sem que pudéssemos fazer qualquer coisa para nos salvar.
A veracidade com respeito à nossa justificação, unicamente pela graça mediante a fé, é um tesouro tão precioso que faz Paulo confessar:

7  Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
8  Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo
9  e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé (Fp3.7-9).

Entende agora como que a justificação procede da fé? Viu como foi a justificação de Abraão? É o mesmo que acontece conosco quando cremos. Por isso que, aqueles que confiam nas práticas de suas obras, continuam perdidos, porque não são justificados diante de Deus. E quem não está justificado diante de Deus permanece em trevas e está condenado.

3 – A APLICAÇÃO DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ, INDEPENDENTEMENTE DAS OBRAS DA LEI, APLICA-SE TANTO A ABRAÃO QUANTO À SUA DESCENDÊNCIA

Paulo, em sua narrativa, nos mostra o quanto o amor de Deus se aplica também a nós, o seu povo:

23  E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta,
24  mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,

Isso nos mostra o quanto nos tornamos participantes da mesma graça e da mesma bênção de Abraão, porque a nós também será imputada essa mesma justiça que Deus conferiu a Abraão. Mas a nós quem? A nós, os que cremos naquele que ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, dentre os mortos.
Não foi fácil para Abraão crer. Nós também temos as nossas dificuldades. Tudo o que temos é um papel escrito com orientações básicas para adquirirmos a nossa salvação enquanto peregrinamos por este mundo. Pessoas para nos falar de que papel aceita tudo não nos falta. Questionamentos diversos também não faltam. Mas a mesma exigência de Deus a Abraão nos é feita hoje: Fé.
Abraão creu quando foi dito a ele que seria herdeiro do mundo; quando lhe foi dito que seria pai de muitas nações; esperou contra a esperança, mesmo com seu corpo e o de sua esposa já envelhecidos. Se crermos como Abraão creu, de que a salvação é somente pela graça de Deus, independentemente das obras da Lei, que somos regenerados tão somente pelo sacrifício de Cristo, de que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e nós, igualmente, também iremos ressuscitar, recebemos de Deus o maior tesouro dado a Abraão: a justificação pela fé.
Evidentemente, vivemos em um contexto diferente do de Abraão, mas a fé deve ser a mesma, com suaves distinções na esperança. Não seremos pais de grandes nações e nem herdaremos grandes terras, mas herdaremos o Reino de Deus.

24  mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,

Paulo se refere à promessa de que Deus também nos declarará justos se focarmos nossa fé em Deus, em seu poder, demonstrado na ressurreição de Jesus Cristo. E ninguém pode lançar e nem confiar em outro fundamento além de Jesus Cristo:

11  Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo (1 Co 3.11).

Paulo fala de uma realidade superior àquela prometida ao próprio Abraão. E o Senhor Jesus diz que Abraão olhava para o mesmo alvo que nós olhamos hoje:

56  Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se (Jo 8.56).

Porém, Abraão olhava para quem ainda viria, enquanto nós olhamos para quem já veio e um dia retornará. Abraão entendeu que todas as promessas de Deus se cumpririam na vinda do Salvador. Ele entendeu que a maior promessa de Deus não eram as terras, mas a chegada do descendente: Jesus Cristo, o Messias prometido. O autor de Hebreus vai nos falar sobre isso:

9  Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;
10  porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hb 11.9,10).

E Paulo conclui a sua narrativa lembrando o Servo Sofredor, descrito por Isaías:

25  o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.

Toda a penalidade que nos cabia foi absorvida por Jesus. Ele sofreu a nossa punição e suportou o peso de todos os nossos pecados como se fossem seus próprios:

21  Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21).

Jesus foi completamente submisso e suportou toda a dor da condenação injusta contra Ele. E no final ressuscitou conquistando de vez a nossa justificação. Ele sofreu a punição para que pudéssemos usufruir da sua justiça. E o que Ele requer como resposta à Sua obra? Ele quer que confiemos tão somente nele para a nossa salvação.

28  Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus?
29  Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado (Jo 6.28,29).

Não deixe de dar hoje a resposta que Jesus deseja de ti. Creia nele e entregue a Ele a sua vida e terá a salvação de sua alma. Gozará das bênçãos celestiais de Deus na eternidade.

Conclusão

A justificação em Cristo Jesus nos dá acesso às maiores e mais ricas bênçãos espirituais. A salvação tem o seu cumprimento e a sua máxima expressão no Reino dos Céus, onde participaremos da herança que Deus preparou para o Seu Filho, e que Ele compartilhará conosco. Para participarmos dessas bênçãos, hoje, no tempo em que não vemos o seu cumprimento, precisamos, como Abraão, perseverar em crer e confiar no Senhor.
Assim como Abraão foi justificado sem ver o cumprimento de todas as promessas de Deus e morreu sem vê-las por completo, assim também peregrinamos neste mundo, aguardando que tudo se cumpra. O Reino dos Céus não é como um sonho que esperamos que se concretize, mas ele é uma realidade já presente e atuante. A ressurreição de Cristo é a garantia da infalibilidade da promessa de Deus. Que Deus nos abençoe! Amém!

Luiz Lobianco
Luizlobianco@hotmail.com
 
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

domingo, 12 de julho de 2015

A DECADÊNCIA HUMANA E O JUÍZO DE DEUS



18  A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;
19  porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
20  Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
21  porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
22  Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos
23  e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.
24  Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
25  pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!
26  Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
27  semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro (Rm 1.18-27).

Introdução

Quando achamos que já vimos o auge de um comportamento irracional e monstruoso do ser humano, o noticiário nos surpreende com uma notícia brutal de violência a ponto de nos deixarem perplexos, como o caso recente de estupro coletivo no Piauí. Como que um ser humano é capaz de maltratar, com tanta violência, um ser igual a ele? Como entender biblicamente acontecimentos desse tipo? Por que Deus não intervém para impedir atos brutais da humanidade? O assunto de nossa lição de hoje é o estado pecaminoso do ser humano e o juízo de Deus. Eles nos ajudarão a entender as respostas a estes questionamentos.
Grande parte da humanidade quer acreditar que o ser humano é essencialmente bom e que é o ambiente que o corrompe. Mas sabemos pela Palavra de Deus que isso não é verdade. Pessoas aparentemente boas revelam a sua rebeldia contra Deus porque o pecado habita nelas. Isso porque o pecado está arraigado nos seres humanos. E este pecado se expressa em uma ampla rejeição a Deus, apesar de a humanidade ter a revelação divina. Essa inimizade da humanidade com Deus ante a revelação divina torna o homem indesculpável diante de Deus, devendo o pecador sofrer o justo castigo divino.
O capítulo de abertura da Carta aos Romanos traz graves asseverações a respeito da ira divina. Depois de falar a respeito da justiça de Cristo, de como que, mediante a fé, somos alcançados por ela, Paulo estende a questão apresentando o que há de mais temível em Deus: a Sua ira. Este texto constata que a ira de Deus está ativa e permanece acesa. Hoje, porém, ela ainda abre espaço para a salvação.

01 – A REVELAÇÃO DA INDIGNAÇÃO DE DEUS

18  A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;

Paulo, no versículo anterior a este, estava falando sobre a revelação da justiça de Deus no Evangelho:

17  visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

Portanto, há uma ligação entre este versículo 18 e o 17, sendo que a revelação da ira de Deus está ligada à justiça de Deus, sendo esta ligada a fé. Vale lembrar que esta ira não é algo emocional. Deus não é tomado por emoções humanas, mas é uma indignação contra o pecado. Deus não está irado contra as pessoas, mas sim contra a impiedade e a injustiça que elas cometem. Tanto é que Deus não abandona estas pessoas para sempre.

A – A manifestação de Deus ao homem

19  porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

Deus manifestou ao homem o seu Evangelho e através dele a Sua justiça. A Bíblia nos diz que a justiça de Deus foi satisfeita e perfeitamente cumprida quando a ira de Deus foi derramada sobre Jesus Cristo lá na cruz do Calvário. E Paulo ensina que vem de Deus toda a iniciativa para a salvação do homem. A Bíblia nos ensina que Deus vem ao nosso encontro, mostra-nos quem Ele é, convida-nos a conhecê-lo e a viver em aliança com Ele. Portanto, muito do que é possível saber sobre Deus está ao alcance de todos os homens através da manifestação divina ao homem:

20  Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas...

Por isso que ninguém jamais poderá justificar-se diante de Deus alegando ignorância:

20  Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;

A revelação de Deus torna a situação do homem irremediável, e assim era a situação de cada um de nós. Enquanto vivíamos nossa vida em pecados, antes de conhecermos a Cristo, Deus estava disponível ao nosso conhecimento, revelando-se na Criação. A personalidade de Deus, as características de Deus e as marcas de Deus sempre estiveram patentes na Sua obra criadora. Deus deixou a Sua assinatura na Criação e também na Sua providência, concedendo o que é necessário para a sobrevivência dos seres humanos, sustentando assim a vida. É isso que Paulo quis mostrar aos moradores de Listra, quando estes, depois da cura de um paralítico, queriam oferecer sacrifícios a Paulo e a Barnabé:

15  Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles;
16  o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos;
17  contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria (At 14.15-17).

Ninguém poderá dizer: Eu não sabia, nem mesmo os povos que viveram ou vivem distantes da civilização e nunca tiveram acesso a uma Bíblia, pois a Criação é a Bíblia natural de Deus manifesta a toda a humanidade. Portanto, expressões que são várias vezes empregadas para isentar de culpa, tais como: Eu não sabia! Ninguém me avisou! Ninguém me disse nada! Não fui informado! Não terão nenhum valor quando estivermos diante do juízo de Deus. Antes, deveremos ouviu de Deus aquela expressão bastante desagradável que sempre ouvimos aqui quando cometíamos um erro: Eu bem que te avisei!

B – A resposta do homem à manifestação de Deus

Deus se revela a humanidade. E qual é a resposta da humanidade à revelação de Deus? A rejeição! A Bíblia declara que é possível conhecer a Deus, porque Ele nunca ficou sem dar testemunho de Si mesmo. Isso significa que Deus pode e sempre pôde ser conhecido. Mas quem quer conhecê-lo? Ninguém! Apesar de Deus ter-se manifestado ao homem demonstrando todo o Seu amor pela humanidade, o homem lhe virou as costas e rejeitou ao seu convite de reconciliação.
Através da Criação, Deus se revela a humanidade, sendo ela um testemunho vivo da existência de Deus, entretanto, os homens não dão atenção a isso e nem se dispõem a ouvir a respeito. Deus se mostra, revela-se, mas poucos querem enxergar.
O grande problema é que não houve quem quisesse ir ao encontro de Deus para se reconciliar com Ele. Por causa disso não existe ninguém inocente. Por isso que a Bíblia diz que não existe pessoa boa, porque não há ninguém que se interesse por Deus:

10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
11  não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer (Rm 3.10-12).

E nesse quesito a condição de todos os homens é igual diante de Deus, seja ele pobre ou rico, seja ele analfabeto ou pós-graduado. Deus fez tudo o que era necessário para salvar o homem, mas a reação humana foi de desprezo, foi de rejeição.

C – A resposta de Deus à rejeição do homem

A recusa do homem ao convite de Deus provocou a resposta de Deus em ira:

18  A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;

A resposta de Deus ao homem em seu estado natural é de ira, porque ele desprezou a verdade revelada na Palavra de Deus e na Criação, por meio de suas atitudes, decisões, pensamentos e idolatria.
A ira de Deus é a sua indignação estabelecida. Ela se difere de fúria, a qual geralmente aponta na direção de raiva, explosão súbita de cólera. E a ira de Deus sempre se revela em ação. Temos como exemplo o dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas sobre o Egito e as taças da ira de Deus em Apocalipse. Em cada caso as Escrituras mostram que tais manifestações da ira de Deus têm a sua origem no Céu. Portanto, é Deus, aquele que habita o Céu, quem dá vazão à sua ira sobre todos aqueles que praticam a impiedade e a injustiça.
Todo propósito de Deus é redentivo. A Bíblia, ao revelar os atos de Deus, tanto de salvação como de juízo, sempre tem a intenção de redimir aquele que, por meio dela, se vê persuadido a se render aos pés da cruz de Cristo. O ser humano mostrou, e continua mostrando total oposição e indisposição para aprender e andar nos bons caminhos de Deus. Mas, ainda assim, Deus continua acessível:

19  porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

O verbo está no presente do indicativo, e não no passado, o que significa que hoje Deus ainda se dá a conhecer à humanidade. O que podemos observar é a iniciativa de Deus de se tornar conhecido, de ser acessível, mas os ouvidos dos homens estão tapados e seus corações completamente endurecidos. E pela dureza de seus corações todos são indesculpáveis.
A ira definitiva de Deus contra o pecado dos seus eleitos já foi total e suficientemente derramada sobre Jesus Cristo em Sua morte, o que faz com que os salvos não tenham medo da ira vindoura de Deus. Mas a ira final de Deus, que vai se revelar no último Dia, no retorno de Cristo, ainda se manifestará contra todo aquele que pratica a injustiça. O que significa que ainda estamos no tempo da salvação. Por isso que Deus não intervém na brutalidade do homem, porque Ele reservou um dia para fazer um acerto de contas com toda a humanidade.

02 – A RESPONSABILIDADE DO HOMEM: ELE É INDESCULPÁVEL

A revelação divina ao homem o torna indesculpável, e Paulo apresenta dois bons motivos para isso:

A – Desprezam a Deus voluntariamente

21  porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.

Este texto é um retrato da dimensão do desprezo dos homens para com Deus. Este texto nos traz à mente Adão. Ele andava com Deus, conversava com Deus, tinha afeto por Deus e dele recebia tudo. Nenhum ser humano, além do Senhor Jesus, conheceu a Deus tão intimamente como Adão. Ele era o príncipe de todo o Jardim, mas preferiu pôr tudo em risco pela sua desobediência. Pela sua queda em pecado, todos nós herdamos sua natureza pecaminosa. Somos, por natureza, desprezadores de Deus. Paulo confirma isso mais a frente quando diz:

12  Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5.12).

O homem natural ignora a existência de Deus e se julga capaz de escolher o seu próprio caminho. E o pior de tudo é que ele nem é capaz de perceber a estupidez que são as suas decisões rebeldes:

21  ... antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
22  Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos

E a nossa atitude pecaminosa para com Deus é exatamente assim. Jamais poderíamos chegar até Deus se Ele mesmo não descesse e nos atraísse para Si. Permaneceríamos para sempre com a mesma dureza de coração e rebeldia contra Ele.
A Bíblia diz que os maus sempre estão tentando suprimir a verdade, que o insensato está constantemente tentando se convencer de que não há Deus, e mesmo quando o insensato é confrontado com a voz de Deus, dirigindo-se a ele por meio da sua revelação especial, ainda assim o insensato recusa-se, voluntariamente, a render-se a Deus.
O fato de Deus, por enquanto, estar contendo sua ira, faz com que muitos pensem que podem escapar do julgamento de Deus com seus pecados, e por causa da misericórdia paciente de Deus, este pode ser um erro fácil de cometer. Mas a todo pecado cometido será solicitado uma prestação de contas. Ninguém vai escapar ileso dessa prestação de contas com Deus.

B – Corromperam a glória de Deus

23  e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.

Os homens corromperam a glória de Deus. Isso significa que os homens, tendo consciência e sabendo quem é Deus, o confrontaram e o provocaram. Eles conhecem a Deus, porque Deus se revela a eles como o Criador, mas eles o desafiam com suas imagens de idolatria.
A idolatria é uma das consequências da desobediência. Ela torna o homem louco (pois reduzem Deus às suas imagens) e completamente rebelde. E é com esse espírito de rebeldia que viemos ao mundo. Todos nós nascemos inimigos de Deus.
Quem não conhece a Deus procura por outras divindades. Aqueles que rejeitam a revelação de Deus, que não acatam a Bíblia como sua regra de fé e conduta, todos eles buscam outros meios para fundamentar as suas decisões, porque todos precisam de algum apoio espiritual para viver. Todos aqueles que rejeitam a Deus selecionam um deus a quem servirão, procuram um deus que lhes dêem o que desejam.
Isso porque o homem é religioso por natureza. Isso não significa que ele conhece a Deus, mas apenas que não consegue sobreviver sem crer em alguém ou em alguma coisa superior a ele. E quando isso acontece, ele condiciona a sua vida em dependência daquele deus a quem serve.
Outra grave consequência da desobediência é o engano. Muitos falam sobre Deus, condicionam a Deus a sua hora de levantar, a sua hora de comer, o seu momento de dormir, o seu tempo que fica com a família, mas na verdade não possuem nenhuma intimidade com Deus. É um conhecimento apenas de palavra, mas não vivem com Deus e não trazem Deus em seus corações, apenas em suas mentes.
A grande verdade é que os homens, conduzidos pelas suas rebeldias, seguindo pelos caminhos da idolatria e da desobediência, entregam-se a uma vida de libertinagem sem limites. E todos nós, sem exceção, que fomos libertados do pecado, ainda temos que travar intensas batalhas, dia após dia, para não satisfazer as nossas vontades pecaminosas.
O que pensamos quanto a alguém que nunca teve contato com o Evangelho e morre sem conhecer a Cristo? Muitos pensam que essa pessoa teria uma boa desculpa diante de Deus. Mas não é isso que a Bíblia nos ensina. Os homens preferem crer em outras divindades e viver para elas, procurando qualquer outra fonte de satisfação, exceto Deus. Porém, Deus não tolerou esta afronta humana e Ele deu aos homens a devida recompensa, segundo suas próprias maldades. E este é o último tópico de nossa lição.

03 – O CASTIGO DE DEUS PELA REBELDIA HUMANA

A realidade do castigo de Deus para aqueles que não crêem em Jesus como Senhor e Salvador costuma ser suavizada nos púlpitos das igrejas. Poucos falam a respeito do inferno, um tema muito tratado pelo próprio Senhor Jesus. O castigo de Deus vai nos mostrar que Deus é justo e que retribui, a cada um, segundo as suas obras.

A – A transgressão dos homens

23  e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.
25  pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!

Este texto condena claramente a idolatria. Ele diz que os homens trocaram a glória de Deus em semelhança do próprio homem (ou mulher, porque aqui homem representa a humanidade), como também de aves ou qualquer outro animal.
Observe a sequência dos erros nos versos 23 e 25. Primeiro eles constroem as imagens, mas eles fazem isso já com o objetivo de caírem no segundo erro: adorar estas imagens. Isso porque, ao construírem estas imagens, já o fazem no sentido de colocá-las no lugar de Deus. Observe também a gravidade do erro, pois eles deixam de servir a um Deus glorioso e incorruptível para servirem a homens e mulheres que são corruptíveis, ou seja, deixaram de servir ao Criador para servirem a criatura. E Deus, pela sua justiça, não poderia deixar impune estes pecados.

B – A atitude de Deus ante a transgressão dos homens

24  Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
26  Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
27  semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.

O que está acontecendo aqui? Homens se uniram sexualmente com homens e mulheres com mulheres. Este texto apresenta uma das marcas da ira de Deus gravadas na humanidade: o homossexualismo. Ele é a inversão dos planos originais de Deus para a humanidade. Para que Adão não ficasse solitário e para que juntos eles povoassem a Terra, Deus concedeu Eva a ele. E esta é a ordem perfeita de Deus: Homem e mulher. Mas o homem estragou tudo o que era perfeito, incluindo seu próprio corpo e suas relações íntimas.
E quem penalizou o homem com tamanha perversão? Diz a Bíblia, que Deus entregou tais homens (Quem são eles? Os que mudaram a glória de Deus às suas imagens) à imundícia (Qual? O homossexualismo). Diz ainda que Deus os entregou (Quem? Os que mudaram a verdade de Deus em mentira, os que adoraram as suas imagens e não a Deus) a paixões infames (Quais? O homossexualismo, afetando tanto os homens como as mulheres).
Importante observar que isso aconteceu como resultado de os homens não reconhecerem a glória de Deus, antes, criaram seus próprios deuses, adorando a criatura de Deus e não ao próprio Deus que as criou. Portanto, deixar de cultuar a Deus é uma irreverência muito grave.

C – A justiça de Deus aplicada

27  ... e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.

Deus entregou os homens a desonrarem seus corpos e sofrerem, neles mesmos, a consequência da sua corrupção. Deus, em sinal de juízo, entregou os homens às suas próprias paixões, de tal forma, que toda espécie de perversão e erro invadisse a sua intimidade. Deus fez o homem sofrer o resultado de sua própria perversão.
Não significa que Deus faz eles pecarem, que Deus transforma suas identidades e muda as suas preferências sexuais. Não é culpa de Deus. Todas estas imundícias estão presentes na natureza humana decaída, Deus apenas permite que elas fluam e que os homens vivam em suas imundícias sem interferir. Ele apenas envia o seu Evangelho a eles para libertar aqueles que, porventura, venham a crer. Deus não pode ser criticado por dar às pessoas aquilo que elas merecem, especialmente depois de avisá-las com antecedência, vez após vez, sobre o que acontecerá no final da história.
Enquanto o pecador não viver conforme os princípios e leis estabelecidos por Deus, ele está entregue a viver segundo a sua própria sabedoria, o que o conduzirá à morte e destruição.
A Bíblia nos diz que os homens tentaram inverter as normas de Deus, tentaram inverter o próprio Deus, moldando a sua imagem naquilo que Ele não é. Por causa disso, Deus permitiu que o homem caísse em todas as depravações oriundas de seu próprio coração, colhendo em si mesmo a punição do seu erro, sem que ninguém precisasse forçá-los a isso.
Essas palavras tão duras de Paulo e seus ensinamentos mostram o quão é sério o relacionamento com Deus e o quanto é importante o culto que devemos a Ele. O pior e mais central problema do pecado do homem é a quebra do primeiro e mais fundamental de todos os mandamentos: Não terás outros deuses diante de mim. Se alguém tem vivido sem buscar a Deus e sem cultuá-lo, então é porque está prestando culto a outro deus.

Conclusão

Deus é a única solução para a humanidade, mas Ele também representa para ela (aos perversos, aos ímpios) um terror supremo. Deus é Aquele de quem a humanidade mais precisa, mas é também aquele de quem ela mais se esconde. Deus é o único aliado da humanidade possível de salvá-la, contudo ela o rejeita e se tornou em inimiga de Deus.
O Evangelho de Jesus Cristo é o evangelho da graça, mas é também o evangelho da fúria divina. O preço de abandonar a Deus é muito alto. Assim como os homens inverteram a glória de Deus, transformando a sua imagem em mentira, assim também Deus, em um ato de juízo, entregou os homens às suas próprias paixões, permitindo que trocassem as suas identidades e desejos, desonrando e corrompendo os seus próprios corpos.
Deus não se presta a ser o nosso entretenimento de final de semana. Ele não permite que o tratemos como aquele socorro de última hora, de quem nos lembramos somente em momentos cruciais, enquanto passamos a maior parte do nosso tempo nos dedicando a outros prazeres. Pensando assim, pense no quanto você considera seus atos quanto ao juízo e possível castigo de Deus e considere se você não tem brincado com Deus em suas atitudes e ações. Que Deus lhe abençoe! Amém!

Para contribuir ao estudo, deixo aqui um excelente texto. Não deixe de lê-lo por inteiro:

A filha de Billy Graham estava sendo entrevistada no Early Show e Jane Clayson perguntou a ela: "Como é que DEUS teria permitido algo horroroso assim acontecer nos EUA, dia 11 de setembro? Anne Graham deu uma resposta extremamente profunda e sábia.
Ela disse: "Eu creio que DEUS ficou profundamente triste com o que aconteceu, tanto quanto nós. Por muitos anos nós temos dito para DEUS não interferir em nossas escolhas, sair do nosso governo e sair de nossas vidas. Sendo um cavalheiro como DEUS é, eu creio que Ele calmamente nos deixou. Como poderemos esperar que DEUS nos dê a Sua bênção e Sua proteção se nós exigimos que Ele não se envolva mais conosco?"
À vista dos acontecimentos recentes.... ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, etc. Eu creio que tudo começou desde que Madeline Murray O'' Hare (que foi assassinada e seu corpo encontrado recentemente), se queixou de que era impróprio se fazer oração nas escolas americanas como se fazia tradicionalmente, e nós concordamos com a sua opinião.
Depois disso, alguém disse que seria melhor também não ler mais a Bíblia nas escolas... A Bíblia que nos ensina que não devemos matar, não devemos roubar, e devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos. E nós concordamos.
Logo depois, o Dr. Benjamin Spock disse que não deveríamos bater em nossos filhos quando eles se comportassem mal, porque suas personalidades em formação ficariam distorcidas e poderíamos prejudicar sua auto-estima. (O filho do Dr. Spock cometeu suicídio) E nós dissemos: "um perito nesse assunto deve saber o que está falando", e então concordamos com ele.
Depois alguém disse que os professores e os diretores das escolas não deveriam disciplinar os nossos filhos quando eles se comportassem mal. Os administradores escolares, então, decidiram que nenhum professor em suas escolas deveria tocar em um aluno quando se comportasse mal, porque não queriam publicidade negativa, e não queriam ser processados. (Há uma grande diferença entre disciplinar e tocar, bater, dar socos, humilhar e chutar, etc.). E nós concordamos com tudo.
Aí alguém sugeriu que deveríamos deixar que nossas filhas fizessem aborto, se elas assim o quisessem, e que nem precisariam contar aos pais. E nós aceitamos essa sugestão sem ao menos questioná-la.
Em seguida algum membro da mesa administrativa escolar muito sabido disse que, como rapazes serão sempre rapazes, e que como homens iriam acabar fazendo o inevitável, que então deveríamos dar aos nossos filhos tantas camisinhas quantas eles quisessem, para que eles pudessem se divertir à vontade, e que nem precisaríamos dizer aos seus pais que eles as tivessem obtido na escola. E nós dissemos, "está bem".
Depois, alguns dos nossos oficiais eleitos mais importantes disseram que não teria importância alguma o que nós fizéssemos em nossa privacidade, desde que estivéssemos cumprindo com os nossos deveres. Concordando com eles, dissemos que para nós não faria qualquer diferença o que uma pessoa fizesse em particular, incluindo o nosso Presidente da República, desde que o nosso emprego fosse mantido e a nossa economia ficasse equilibrada.
Então alguém sugeriu que imprimíssemos revistas com fotografias de mulheres nuas, e disséssemos que isto é uma coisa sadia, e uma apreciação natural da beleza do corpo feminino. E nós também concordamos. Depois, uma outra pessoa levou isto um passo mais adiante e publicou fotos de crianças nuas e foi mais além ainda, colocando-as à disposição na Internet. E nós dissemos, "está bem, isto é democracia, e eles têm direito de ter a liberdade de se expressar e fazer isso".
A indústria de entretenimento então disse: "Vamos fazer shows de TV e filmes que promovam profanação, violência e sexo ilícito. Vamos gravar música que estimule o estupro, sexo, drogas, assassínio, suicídio e temas satânicos." E nós dissemos: "Isto é apenas diversão, e não produz qualquer efeito prejudicial. Ninguém leva isso a sério mesmo, então que façam isso!"
Agora nós estamos nos perguntando por que nossos filhos não têm consciência, e por que não sabem distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado, porque não lhes incomoda matar pessoas estranhas ou seus próprios colegas de classe ou a si próprios... Provavelmente, se nós analisarmos tudo isto seriamente, iremos facilmente compreender: Nós colhemos exatamente aquilo que semeamos!
Uma menina escreveu um bilhetinho para DEUS, dizendo: "Senhor, por que não salvaste aquela criança na escola?" A resposta Dele seria: "Querida criança, não me deixam entrar nas escolas!" Do Seu DEUS.
É triste como as pessoas simplesmente culpam DEUS e não entendem por que o mundo está indo a passos largos para o inferno. É triste como cremos em tudo que os jornais e a TV dizem, mas duvidamos do que a Bíblia nos diz. É triste como todo o mundo quer ir para o céu, desde que não precise crer, nem pensar ou dizer qualquer coisa que a Bíblia ensina. É triste como alguém diz: "Eu creio em DEUS", mas ainda assim segue a Satanás, que por sinal, também "crê" em DEUS.
É engraçado como somos rápidos para julgar, mas não queremos ser julgados!  
 http://iblagoa.webnode.com.br/products/carta-da-filha-de-billy-graham/

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com