Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A JUSTIFICAÇÃO EM CRISTO



13  Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.
14  Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa,
15  porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão.
16  Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós,
17  como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.
18  Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.
19  E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,
20  não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus,
21  estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.
22  Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça.
23  E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta,
24  mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,
25  o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação (Rm 4.13-25).

Introdução

O objetivo do estudo de hoje é nos ensinar que não podemos ser salvos por meio da Lei, pois se assim fosse, não haveria a necessidade do sacrifício de Cristo pelos pecadores, e nem da graça de Deus. A salvação acontece somente pela graça de Deus por intermédio da fé em Jesus Cristo, independentemente das obras.
Discutindo sobre a possibilidade de obedecer toda a Lei de Deus e atingir, por empenho pessoal, a justiça exigida por Deus para sermos salvos, Lutero usa a seguinte ilustração: Imagine uma grande, alta e íngreme montanha que você tenha de transpor. A sua carne e seu livre arbítrio dizem: Eu irei superá-la. Mas a sua consciência diz: não conseguirei. Então, o desespero chega e diz: Devo desistir. Então ele conclui que as obras da Lei promovem apenas presunção e desespero na natureza humana.
Com essa ilustração, Lutero mostra que até mesmo o homem natural pode chegar a certa noção de sua incapacidade e concluir, pela lógica e pela razão, que ele, por si só, jamais poderá agradar a Deus e cumprir as exigências de sua justiça. Paulo enfatiza este ponto e nos mostra a miséria humana, e diz que a justiça de que precisamos para sermos salvos só pode ser conquistada em Cristo mediante a fé.
Um equívoco comum entre os cristãos é considerar que no Antigo Testamento as pessoas eram salvas por obras, pela prática da Lei. Nosso estudo de hoje vai nos mostrar que Abraão foi salvo por meio da fé e não por intermédio da Lei. Os crentes do Antigo Testamento creram na promessa que haveria de se cumprir, eles creram no Messias que estava prometido.

1 – NÃO HÁ JUSTIFICAÇÃO POR INTERMÉDIO DA LEI E NEM PELA PRÁTICA DAS OBRAS

Caso viemos a aceitar a salvação por meio da Lei, ou seja, pela prática das obras, invalidamos o sacrifício de Cristo e a graça de Deus, e assim ignoramos a salvação pela fé, conforme revelado nas Escrituras Sagradas. Paulo, em nosso texto básico, apresenta a realização da promessa de Deus feita a Abraão e sua descendência. Ele começa apresentando, primeiramente, o que a justiça em Cristo não é:

13  Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.

Não foi mediante a Lei que Deus prometeu a Abraão, e à sua descendência, que seriam herdeiros do mundo. Por isso a promessa de Deus não dependia das forças de Abraão, de modo que ele não tem de que se gloriar diante de Deus, como se ele tivesse alcançado alguma justiça por meio das obras. Paulo confirma isso quando diz:

1  Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
2  Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus (Rm 4.1,2).

Portanto, não foi por esforço seu que Abraão se tornou herdeiro do mundo. E o que é ser herdeiro do mundo? A promessa de Deus a Abraão é que nele seriam benditas todas as famílias da terra e que a sua descendência habitaria a terra de Canaã.

1  Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;
2  de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!
3  Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3).

Abraão não conseguiria isso pela Lei, mas mediante a justiça da fé:

3  Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Rm 4.3).

Imputar é atribuir a alguém. Sendo atribuída a Abraão a justiça de Deus, ele foi justificado mediante a sua fé, e Abraão se tornou herdeiro das bênçãos de Deus. No livro de Gálatas, Paulo vai falar muito sobre a Lei, lá ele diz:

6  É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
7  Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.
8  Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos.
9  De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
10  Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.
11  E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
12  Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá.
13  Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14  para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl 3.6-14).

Paulo nos dá duas razões pelas quais não é mediante a Lei e nem por intermédio das práticas das obras que nos tornamos herdeiros das promessas de Deus:

A – Se a Justificação Fosse por Intermédio da Prática da Lei Jesus Seria Desnecessário

14  Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa,

Se nos tornamos merecedores da promessa de Deus mediante a Lei, por causa dos nossos esforços de integridade e fidelidade, a fé não nos é mais necessária, nem haveria a necessidade da vinda de Jesus Cristo, da encarnação do Verbo de Deus, que veio a este mundo com o único propósito de pagar o preço pelo nosso pecado, e este preço foi a sua morte na cruz. Jesus foi sacrificado por nós, em nosso lugar, o nosso substituto. Tudo isso foi em vão se há possibilidade de conseguirmos por nós mesmos.
Paulo está dizendo que se a salvação ocorre pelo esforço humano a fé, não sendo necessária, é anulada, ou seja, perde o seu valor, o seu significado. Consequentemente, anulando a fé não existe mais promessa também. Por que a fé é anulada? Porque a fé é para os transgressores que já perderam a esperança em suas próprias forças, ou seja, por aquele que é incapaz de conseguir por si mesmo.
Portanto, se alguém é justo por si só, pelo seu empenho, não precisa de fé, não precisa crer na suficiência de Cristo, basta apenas ele se esforçar em ser fiel, praticar a justiça, obedecer aos mandamentos de Deus, fugir das impurezas, não dar lugar a sensualidade, não mentir, não ser falso, não ser covarde, não se apegar as coisas deste mundo, não ser violento, não ter lábios impuros e nem pensamentos maliciosos. A grande questão é: Seria isso possível? E por isso não ser possível, Deus prometeu as suas bênçãos somente para aqueles que têm fé.

9  De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão (Gl 3.9).

B – Se a Justificação Fosse por Intermédio da Prática da Lei a Graça de Deus Seria Desnecessária

A Lei desconhece a graça, porque a Lei atrai ira e não perdão, pois ela foi estabelecida por Deus para punir, não para salvar:

15  porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão.

Aquele que procura ser justo diante de Deus pela obediência da Lei, sem se curvar humildemente diante de Cristo e confiar no seu perdão, está acumulando a ira de Deus sobre si mesmo. Por quê? Porque ele é um transgressor, porque ele não consegue cumprir toda a Lei de Deus. E para satisfazer a exigência de Deus a Lei tem que ser cumprida integralmente, Deus não aceita fidelidade parcial, tem que ser total.

10  Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las (Gl 3.10).

Onde não há lei não há transgressão porque todo o nosso pecado foi castigado em Cristo. Ele cumpriu integralmente a Lei por nós. Então, a Lei já não tem mais efeito condenatório sobre nós. E por que isso acontece? Porque o sacrifício de Cristo pagou o preço do pecado para todos os que crêem, e todo aquele que crê é visto por Deus como alguém limpo, justificado.

13  Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro) (Gl 3.13)

Sendo assim, temos, pela fé, a garantia da participação na promessa de Deus. Como Abraão foi agraciado porque creu, assim também, todos nós que confiamos em Cristo, podemos descansar seguros de que Deus nos tem reservado as suas promessas.

9  De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
14  para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl 3.9,14).

2 – A JUSTIFICAÇÃO É SOMENTE POR INTERMÉDIO DA FÉ EM JESUS CRISTO

Não há nada que possamos fazer para contribuir de algum modo para a nossa salvação. Ela ocorre exclusivamente por meio da fé, que é um dom de Deus, dado somente pela sua graça:

8  Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9  não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9).

Mas muitas vezes supomos poder fazer algo para ajudar em nossa salvação. Qualquer afirmação contrária à salvação exclusiva pela graça, mediante a fé, discorda com o que Paulo está dizendo não somente em Efésios, mas também em Romanos, Gálatas e muitos outros textos sobre o assunto em toda a Bíblia.
Precisamos estar conscientes da verdade bíblica com respeito à salvação por meio da fé em Jesus Cristo. A Lei teve o seu importante papel até Cristo, mas não pode nos salvar da ira de Deus, não pode nos justificar diante de Deus, não pode pagar o alto preço pelo nosso resgate. A Lei não pode (como o sacrifício de Cristo o faz), nos oferecer, gratuitamente, a graça imerecida da salvação.

19  Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.
20  Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.
21  É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei.
22  Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem.
23  Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.
24  De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25  Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
26  Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus (Gl 3.19-26)

Aio é ponte, ligação. A salvação não ocorre por meio de nossa ação somada à ação de Deus, como se pudéssemos fazer a nossa parte e Deus fizesse a dele. A obra da salvação é somente da autoria de Deus, o autor da nossa fé. E isso é maravilhoso, porque éramos indigentes, miseráveis, mas fomos adotados por um Pai magnífico que nos fez uma promessa infalível de herança eterna:

16  Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão ...

A graça de Deus é que torna certa e firme a promessa feita aos descendentes de Abraão, pois se dependesse da nossa fidelidade, das nossas virtudes e das nossas boas ações, estaríamos perdidos, não haveria segurança. Deus empenhou sua promessa tão somente em Sua graça.
Para tornar este ponto mais esclarecido, Paulo cita o exemplo de Abraão. Abraão não tinha nada no que se apegar para se manter crente a não ser a Palavra de Deus. E Abraão deu provas suficientes de sua fé em três ocasiões: Primeiramente, quando Deus lhe fez a promessa de que seria o pai de muitas nações ele acreditou em Deus:

17  como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.

Não havia garantias lógicas para uma promessa assim, a não ser a Palavra de Deus, mesmo assim Abraão creu. Ele sabia que Deus podia tornar o impossível perfeitamente viável. Deus é o Soberano que supera a ordem natural das coisas. Ele é o Criador e a fonte absoluta de tudo o que existe.
Esse Deus em que Abraão creu é o mesmo que dividiu o mar em duas partes, neutralizou o efeito do fogo sobre os amigos de Daniel e fechou a boca de leões. Ele é aquele que fecha as comportas do céu para que não chova e as abre quando bem entende. Foi nesse Deus que Abraão creu e depositou toda a sua esperança e vida. Ainda quando tudo parecia ilógico e improvável, Abraão continuou crendo.
Em segundo lugar, esperando contra a esperança, Abraão creu em Deus quando este lhe disse que sua descendência seria como a areia do mar e as estrelas do céu:

18  Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.

Ele estava velho. Sara estava velha. Como teriam filhos? Mesmo quando suspeitas e temores assaltaram o seu coração, quando ele ficou tentado a duvidar e pensar que tudo não passara de um sonho, ainda assim Abraão creu com toda a sua alma no que Deus havia dito. Ora, e de que outra maneira a nossa fé poderia ser provada, senão quando somos atacados pelo pavor e ansiedade? Calvino confirma isso quando diz:
É verdade que, quando o coração se acha em perplexidade e dúvida, ou antes, é arremessado de um lado para outro, a fé parece ser tragada. A experiência, porém, nos ensina que a fé, embora flutue em meio às agitações, continua a vir novamente à tona de tempo em tempo, de modo a não ser esmagada de vez; e se em algum momento ela se vê ao ponto de asfixia, não obstante é protegida e nutrida, porque, embora as tempestades se tornem tão violentas, ela se esconde delas movida pela ponderação de que Deus continua fiel e jamais desaponta seus próprios filhos, e nem os abandona (Livro dos Salmos, Vol. 3, São Paulo: Parakletos, 2002, p. 378).
Deus não falha e nem se esquece dos seus filhos, ainda que nos submeta a situações em que, aparentemente, não haja esperança. Abraão tinha plena convicção de que dele viria uma descendência tão numerosa quanto as estrelas que há no céu e a areia na praia do mar, mesmo tendo uma esposa estéril e caminhando para a velhice.

15  Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão
16  e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho,
17  que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos,
18  nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz.
19  Então, voltou Abraão aos seus servos, e, juntos, foram para Berseba, onde fixou residência (Gn 22.15-19).

E em terceiro lugar, mesmo estando tanto Abraão como Sara, sua mulher, em idade avançada e com pouco vigor, pela fé, ele deu glória a Deus:

19  E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,
20  não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus,

Mesmo com esse enorme obstáculo, Abraão decidiu não desconfiar de Deus e nem cair no desânimo. Pelo contrário, ele se fortaleceu na fé dando glória a Deus. Abraão não reservou nenhuma dúvida em seu coração:

21  estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.

Ele continuou plenamente convicto e como resultado foi declarado justo:

22  Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça.

Como alguém poderia crer dessa maneira? É tão fácil nos abalarmos quando adoecemos, ou perdemos o emprego, ou coisas ruins acontecem em nossa vida. Questionamos Deus enquanto a esperança desmorona. Mas ainda que nos submeta a duras provações e crises, para nos ensinar a confiar nele, Deus se importa com seus filhos da mesma maneira que se importava com Abraão.
Deus sempre nos socorre em tempo oportuno no dia da angústia e todos os que perseveram em crer e esperar no Senhor, todos eles experimentam fortalecimento e restauração. Todos!
Nos momentos em que não conseguimos enxergar a concretização das promessas de Deus, somos fortalecidos e sustentados pela sua graça. Deus quer que experimentemos a sua graça, que provemos do seu amor e de seus paternais cuidados. Quando aprendemos o suficiente, então, Ele nos socorre e nos revela o quanto é fiel. Mas sempre do modo e no tempo determinado por Ele.
A fé é o meio pelo qual Deus salva os seus filhos. A Lei nunca teve papel salvador. Por isso, temos que louvar a Deus pelo dom da fé e pela sua graça em nos conceder a salvação, sendo nós ainda seus inimigos e sem que pudéssemos fazer qualquer coisa para nos salvar.
A veracidade com respeito à nossa justificação, unicamente pela graça mediante a fé, é um tesouro tão precioso que faz Paulo confessar:

7  Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
8  Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo
9  e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé (Fp3.7-9).

Entende agora como que a justificação procede da fé? Viu como foi a justificação de Abraão? É o mesmo que acontece conosco quando cremos. Por isso que, aqueles que confiam nas práticas de suas obras, continuam perdidos, porque não são justificados diante de Deus. E quem não está justificado diante de Deus permanece em trevas e está condenado.

3 – A APLICAÇÃO DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ, INDEPENDENTEMENTE DAS OBRAS DA LEI, APLICA-SE TANTO A ABRAÃO QUANTO À SUA DESCENDÊNCIA

Paulo, em sua narrativa, nos mostra o quanto o amor de Deus se aplica também a nós, o seu povo:

23  E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta,
24  mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,

Isso nos mostra o quanto nos tornamos participantes da mesma graça e da mesma bênção de Abraão, porque a nós também será imputada essa mesma justiça que Deus conferiu a Abraão. Mas a nós quem? A nós, os que cremos naquele que ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, dentre os mortos.
Não foi fácil para Abraão crer. Nós também temos as nossas dificuldades. Tudo o que temos é um papel escrito com orientações básicas para adquirirmos a nossa salvação enquanto peregrinamos por este mundo. Pessoas para nos falar de que papel aceita tudo não nos falta. Questionamentos diversos também não faltam. Mas a mesma exigência de Deus a Abraão nos é feita hoje: Fé.
Abraão creu quando foi dito a ele que seria herdeiro do mundo; quando lhe foi dito que seria pai de muitas nações; esperou contra a esperança, mesmo com seu corpo e o de sua esposa já envelhecidos. Se crermos como Abraão creu, de que a salvação é somente pela graça de Deus, independentemente das obras da Lei, que somos regenerados tão somente pelo sacrifício de Cristo, de que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e nós, igualmente, também iremos ressuscitar, recebemos de Deus o maior tesouro dado a Abraão: a justificação pela fé.
Evidentemente, vivemos em um contexto diferente do de Abraão, mas a fé deve ser a mesma, com suaves distinções na esperança. Não seremos pais de grandes nações e nem herdaremos grandes terras, mas herdaremos o Reino de Deus.

24  mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor,

Paulo se refere à promessa de que Deus também nos declarará justos se focarmos nossa fé em Deus, em seu poder, demonstrado na ressurreição de Jesus Cristo. E ninguém pode lançar e nem confiar em outro fundamento além de Jesus Cristo:

11  Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo (1 Co 3.11).

Paulo fala de uma realidade superior àquela prometida ao próprio Abraão. E o Senhor Jesus diz que Abraão olhava para o mesmo alvo que nós olhamos hoje:

56  Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se (Jo 8.56).

Porém, Abraão olhava para quem ainda viria, enquanto nós olhamos para quem já veio e um dia retornará. Abraão entendeu que todas as promessas de Deus se cumpririam na vinda do Salvador. Ele entendeu que a maior promessa de Deus não eram as terras, mas a chegada do descendente: Jesus Cristo, o Messias prometido. O autor de Hebreus vai nos falar sobre isso:

9  Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;
10  porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hb 11.9,10).

E Paulo conclui a sua narrativa lembrando o Servo Sofredor, descrito por Isaías:

25  o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.

Toda a penalidade que nos cabia foi absorvida por Jesus. Ele sofreu a nossa punição e suportou o peso de todos os nossos pecados como se fossem seus próprios:

21  Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21).

Jesus foi completamente submisso e suportou toda a dor da condenação injusta contra Ele. E no final ressuscitou conquistando de vez a nossa justificação. Ele sofreu a punição para que pudéssemos usufruir da sua justiça. E o que Ele requer como resposta à Sua obra? Ele quer que confiemos tão somente nele para a nossa salvação.

28  Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus?
29  Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado (Jo 6.28,29).

Não deixe de dar hoje a resposta que Jesus deseja de ti. Creia nele e entregue a Ele a sua vida e terá a salvação de sua alma. Gozará das bênçãos celestiais de Deus na eternidade.

Conclusão

A justificação em Cristo Jesus nos dá acesso às maiores e mais ricas bênçãos espirituais. A salvação tem o seu cumprimento e a sua máxima expressão no Reino dos Céus, onde participaremos da herança que Deus preparou para o Seu Filho, e que Ele compartilhará conosco. Para participarmos dessas bênçãos, hoje, no tempo em que não vemos o seu cumprimento, precisamos, como Abraão, perseverar em crer e confiar no Senhor.
Assim como Abraão foi justificado sem ver o cumprimento de todas as promessas de Deus e morreu sem vê-las por completo, assim também peregrinamos neste mundo, aguardando que tudo se cumpra. O Reino dos Céus não é como um sonho que esperamos que se concretize, mas ele é uma realidade já presente e atuante. A ressurreição de Cristo é a garantia da infalibilidade da promessa de Deus. Que Deus nos abençoe! Amém!

Luiz Lobianco
Luizlobianco@hotmail.com
 
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

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