Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

ESTUDO DO LIVRO DE OBADIAS: I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LIVRO DE OBADIAS

1  Visão de Obadias. Assim diz o SENHOR Deus a respeito de Edom: Temos ouvido as novas do SENHOR, e às nações foi enviado um mensageiro que disse: Levantai-vos, e levantemo-nos contra Edom, para a guerra.
2  Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és mui desprezado.
3  A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas das rochas, na tua alta morada, e dizes no teu coração: Quem me deitará por terra?
4  Se te remontares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, de lá te derribarei, diz o SENHOR.
5  Se viessem a ti ladrões ou roubadores de noite (como estás destruído!), não furtariam só o que lhes bastasse? Se a ti viessem os vindimadores, não deixariam pelo menos alguns cachos?
6  Como foram rebuscados os bens de Esaú! Como foram esquadrinhados os seus tesouros escondidos!
7  Todos os teus aliados te levaram para fora dos teus limites; os que gozam da tua paz te enganaram, prevaleceram contra ti; os que comem o teu pão puseram armadilhas para teus pés; não há em Edom entendimento.
8  Não acontecerá, naquele dia, diz o SENHOR, que farei perecer os sábios de Edom e o entendimento do monte de Esaú?
9  Os teus valentes, ó Temã, estarão atemorizados, para que, do monte de Esaú, seja cada um exterminado pela matança.
10  Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a vergonha, e serás exterminado para sempre.
11  No dia em que, estando tu presente, estranhos lhe levaram os bens, e estrangeiros lhe entraram pelas portas e deitaram sortes sobre Jerusalém, tu mesmo eras um deles.
12  Mas tu não devias ter olhado com prazer para o dia de teu irmão, o dia da sua calamidade; nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem ter falado de boca cheia, no dia da angústia;
13  não devias ter entrado pela porta do meu povo, no dia da sua calamidade; tu não devias ter olhado com prazer para o seu mal, no dia da sua calamidade; nem ter lançado mão nos seus bens, no dia da sua calamidade;
14  não devias ter parado nas encruzilhadas, para exterminares os que escapassem; nem ter entregado os que lhe restassem, no dia da angústia.
15  Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça.
16  Porque, como bebestes no meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido.
17  Mas, no monte Sião, haverá livramento; o monte será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
18  A casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama, e a casa de Esaú, restolho; aqueles incendiarão a este e o consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o SENHOR o falou.
19  Os de Neguebe possuirão o monte de Esaú, e os da planície, aos filisteus; possuirão também os campos de Efraim e os campos de Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade.
20  Os cativos do exército dos filhos de Israel possuirão os cananeus até Sarepta, e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul.
21  Salvadores hão de subir ao monte Sião, para julgarem o monte de Esaú; e o reino será do SENHOR (Ob 1.1-21).
Introdução
Embora esse livro seja pequeno e até desconhecido, não significa que ele seja menos importante. Ele tem mensagens soleníssimas, lições grandiosas, alertas solenes que precisam ser ouvidas e juízos severos que precisam ser evitados. O livro de Obadias tem uma mensagem urgente e oportuna para a família, para a Igreja, para a nação, ou seja, para todos nós. Portanto, desprezar ou menosprezar o estudo deste livro pode nos impedir de evitar pecados muito desastrosos para nossas vidas.
O livro é dirigido para a nação edomita, descendentes de Esaú, por isso, no estudo deste livro, vamos remeter-nos ao livro de Gênesis, na história de Isaque e Rebeca e de seus filhos gêmeos, Esaú e Jacó. Estudaremos também a mágoa e o ressentimento guardados pelos edomitas em relação à nação de Israel e as consequências de todos esses ressentimentos. Analisaremos, ainda, em nosso estudo, o juízo de Deus contra as nações e veremos como esse pequeno livro nos conduz para o último dia, o Dia do Senhor.
1 – ASPECTOS DO LIVRO DE OBADIAS
A primeira coisa a fazer é tomar conhecimento de alguns aspectos do livro, principalmente históricos, para podermos entender alguns detalhes importantes do livro. É uma parte que pode parecer chata, mas necessário.
A – Sobre o Autor
Obadias significa “servo do Senhor” ou “adorador de Jeová”. Obadias é um nome muito comum no Velho Testamento, chegando a ter doze homens com esse nome, mas não dá para dizer qual deles é o autor desse livro.
Não sabemos nada sobre a família de Obadias, nada sobre o pai dele, nada sobre a cidade dele e também nada sobre a ocupação dele. A única coisa que sabemos dele é que ele era um servo do Senhor, um adorador de Jeová, conforme o significado do seu nome. Possivelmente era filho de uma família piedosa.
B – Sobre o Livro
Obadias, contendo apenas um capítulo com 21 versículos, é o menor livro do Velho Testamento. É o quarto dos profetas menores e suas profecias são dirigidas a uma nação estrangeira: à nação de Edom (três, dos doze profetas menores são dirigidos a nações estrangeiras: Obadias para Edom, Naum para Assíria e Habacuque para Babilônia).
A data do livro é a maior dúvida existente sobre ele. O assunto ainda está em aberto, pois não há consenso entre os estudiosos da Bíblia sobre quando ele foi escrito, porque existiram muitas invasões contra Judá e em todas elas os edomitas estavam do lado de seus invasores. Alguns eruditos entendem que ele foi escrito por volta do ano de 885 a.C. Sendo assim, o ataque aqui descrito não seria o de Babilônia, mas outro, bem antes dele. Já Calvino acredita que este ataque é o de Babilônia, que ocorreu por volta de 586 a.C., por ser uma invasão mais forte e mais abrangente e quando Jerusalém foi totalmente arrasada. Veja como Neemias descreve a situação de Jerusalém depois deste ataque:
2  Veio Hanani, um de meus irmãos, com alguns de Judá; então, lhes perguntei pelos judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio e acerca de Jerusalém.
3  Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas (Ne 1.2-3).
Veja que ninguém escapou dos malefícios desta invasão. Os que foram levados eram escravos e os que ficaram estavam em grande miséria. A situação da cidade de Jerusalém era de desolação. Jeremias também fala da situação de Jerusalém depois de seu cativeiro:
1  Como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro refinado! Como estão espalhadas as pedras do santuário pelas esquinas de todas as ruas!
2  Os nobres filhos de Sião, comparáveis a puro ouro, como são agora reputados por objetos de barro, obra das mãos de oleiro!
3  Até os chacais dão o peito, dão de mamar a seus filhos; mas a filha do meu povo tornou-se cruel como os avestruzes no deserto.
4  A língua da criança que mama fica pegada, pela sede, ao céu da boca; os meninos pedem pão, e ninguém há que lho dê.
5  Os que se alimentavam de comidas finas desfalecem nas ruas; os que se criaram entre escarlata se apegam aos monturos.
6  Porque maior é a maldade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, que foi subvertida como num momento, sem o emprego de mãos nenhumas.
7  Os seus príncipes eram mais alvos do que a neve, mais brancos do que o leite; eram mais ruivos de corpo do que os corais e tinham a formosura da safira.
8  Mas, agora, escureceu-se-lhes o aspecto mais do que a fuligem; não são conhecidos nas ruas; a sua pele se lhes pegou aos ossos, secou-se como uma madeira.
9  Mais felizes foram as vítimas da espada do que as vítimas da fome; porque estas se definham atingidas mortalmente pela falta do produto dos campos.
10  As mãos das mulheres outrora compassivas cozeram seus próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do meu povo.
11  Deu o SENHOR cumprimento à sua indignação, derramou o ardor da sua ira; acendeu fogo em Sião, que consumiu os seus fundamentos (Lm 4.1-11).
Um quadro dramático. Quando Nabucodonosor invade a cidade, ela já não oferece resistência nenhuma contra seus invasores. Matou quem ele quis, destruiu o templo e os muros, incendiou a cidade, levou muitos cativos e os que ficaram são descritos acima por Neemias em extrema miséria. Com a ajuda do Salmo 137, a melhor opção de datar o livro é no período da invasão babilônica.
1  Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.
2  Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas,
3  pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião.
4  Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha?
5  Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita.
6  Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria.
Contra os filhos de Edom, lembra-te, SENHOR, do dia de Jerusalém, pois diziam: Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos.
8  Filha da Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste.
9  Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra )Sl 137.1-9).
Este Salmo nos fornece elementos suficientes para datarmos este livro por volta de 586 a.C.
2 – ASPECTOS SOBRE A HISTÓRIA DE EDOM
Como o livro é uma profecia contra Edom, faz-se necessário ver alguns aspectos deste povo, seu surgimento e sua história:
·         Edom é um dos nomes de Esaú e significa vermelho em lembrança de haver vendido o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas.
·         Edom é também chamado de monte Seir.
·         Edom ocupava uma região montanhosa e extremamente acidentada com uma extensão de 185 quilômetros. A altura do monte Seir eleva-se a 1155 metros.
·         A capital, no tempo da monarquia hebraica, chamava-se Sela (no hebraico quer dizer pedra) e, no período da dominação grega, chamou-se Petra (no grego quer dizer pedra).
·         Sua capital, Petra, estava edificada entre as rochas, o que lhes dava segurança por parecer impossível de ser invadida, até porque, para se chegar até ela, havia somente um caminho em que cabia somente dois cavaleiros emparelhados.
·         Estava em uma rota comercial entre o Norte e o Sul, motivo pelo qual havia muitas riquezas na cidade e muito conhecimento.
·         No período da dominação grega, Edom chamava-se Iduméia.
3 – ASPECTOS SOBRE A HISTÓRIA DE JUDÁ
Estudamos a história do povo edomita, descendentes de Esaú. Mas, os acontecimentos registrados em Obadias nos fazem refletir também sobre a história de um outro povo, o povo judeu, descendentes de Jacó. Obadias registra a aplicação do juízo de Deus a esse povo rebelde. Vamos relembrar sua história.
Jacó, fugindo de Esaú, vai morar com Labão, irmão de Rebeca. Acostumado a trapacear, encontra pela primeira vez alguém que lhe passe a perna, pois trabalha sete anos por Raquel e Labão lhe entrega, astuciosamente, a Lia, irmã de Raquel. Jacó, então, trabalha mais sete anos por Raquel. Jacó tem doze filhos e resolve voltar. Faz as pazes com Esaú e vai morar em Canaã. Por causa de José vai embora para o Egito com toda a família e é bem recebido por Faraó, e ganha uma terra para morar. A família cresce, o Faraó morre e seu sucessor escraviza o povo de Israel que permanecem no Egito por 400 anos. Deus intervém e liberta de lá o Seu povo. Vagueiam 40 anos no deserto, recebem a Lei e tomam posse da terra prometida, começando a teocracia com os juízes. O povo pede um rei e começa a monarquia e o povo divide-se em dois reinos: Judá (Sul) e Israel (Norte). Israel vai para o exílio e não retorna mais, depois é a vez de Judá, que é quando chegamos à narração de Obadias. Vamos ver porque o povo foi exilado:
A – Os Pecados de Judá Contra Deus
4  Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais.
5  Por isso, meterei fogo a Judá, fogo que consumirá os castelos de Jerusalém (Am 2.4-5).
Judá era a região menor, mais árida e mais pobre da Palestina. Sua extensão não passava de noventa quilômetros do Norte ao Sul e de cinquenta do Leste ao Oeste. Mas a sua importância moral e religiosa para o mundo é sem par. O reino de Judá era o centro religioso de Israel, pois lá estava Jerusalém, o templo, os sacerdotes, o culto e a lei.  O pecado de Judá denunciado pelo profeta Amós não é um pecado moral, mas espiritual. As outras nações foram julgadas por seus crimes contra os homens; mas Judá pelos seus insultos contra Deus. Isso nos ensina que é um terrível engano pensar que a graça de Deus nos isenta de responsabilidade moral. Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis. E no que consistiu o pecado de Judá? Em primeiro lugar, eles rejeitaram a Lei de Deus.
4  Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais.
Judá seria julgada pela sua infidelidade ao Senhor. O ato horrendo de Judá foi ter abandonado a Lei do Senhor, a qual a tornava distinta entre as nações.
5  Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o SENHOR, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir.
6  Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente.
7  Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?
8  E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?
9  Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos (Dt 4.5-9).
A Lei do Senhor contém princípios éticos, morais e religiosos, vindos de Deus aos homens, princípios esses que o povo não podia rejeitar. A palavra "rejeitar" aponta para um estado mental que primeiro despreza e, então, dispensa. A rejeição é um ato deliberado da vontade, é um abandono consciente, um insulto à bondade de Deus.  Eles rejeitaram a lei recusando-se a ensinar, a ouvir e a obedecer aos mandamentos de Deus. Eles rejeitaram a lei perseguindo os profetas verdadeiros e correndo atrás dos profetas falsos. Eles rejeitaram a lei de Deus ao viverem na prática de pecados que a lei condena.
Ainda hoje a Igreja tem abandonado a Lei do Senhor. Atualmente, vários são os desvios que desencaminham a Igreja, tais como o liberalismo, o misticismo, o ecumenismo, o legalismo e a ortodoxia morta. Precisamos urgentemente voltarmos para as Escrituras Sagradas. Em segundo lugar, eles não guardaram os seus estatutos.
4  Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais.
A palavra "estatuto" vem de um verbo que significa "esculpir, gravar". Seu significado, no contexto, fica bem ilustrado na referência às "tábuas" dos mandamentos escritos na rocha pelo dedo de Deus. O "estatuto" é símbolo da Lei de Deus no seu aspecto de ser a verdade imutável e imperecível. Não guardar os estatutos de Deus significa que os judeus viveram à margem e ao arredio dos ensinamentos recebidos. Eles sacudiram de sobre si o jugo de Deus. Eles se cansaram de ser o povo da aliança.
Quando a lei foi dada por intermédio de Moisés, o povo, solenemente, assumiu o compromisso com Deus de obedecer esta lei, não somente eles, mas suas gerações vindouras. Esta obediência tornaria o povo judeu testemunhas de Deus perante as nações, pois Deus estaria presente com o Seu povo, o que tornaria o Senhor distinto dos deuses dos povos, os quais nada podiam fazer por eles, tendo boca não falam, tendo ouvidos não ouvem e tendo mãos nada podem fazer.
B – As Razões da Queda de Judá
O que trouxe o juízo de Deus contra Judá? Os pecados de Judá foram as razões de sua queda. Em primeiro lugar, a teologia errada.
4  Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais.
Eles foram enganados pelas suas próprias mentiras. Com a palavra "mentiras", o profeta indica idolatria, pois pode significar os ensinos dos profetas falsos e aceitos avidamente pelo povo. A rejeição da Lei de Deus não acontece num vácuo nem fica sem graves consequências. Normalmente, isso é resultado de um engano religioso. Antes das pessoas rejeitarem a verdadeira doutrina, elas são seduzidas pela heresia. Eles possuíam a Lei do Senhor, mas preferiram as tradições dos homens.
É verdade também que o engano é resultado do abandono da verdade. O primeiro ataque do diabo à raça humana foi sugestioná-la a abandonar a verdade. Ao longo dos séculos a Igreja vem sofrendo a mesma sedução. E geração após geração vem cedendo aos sutis ataques e se capitulando às perniciosas heresias. Os filhos canonizam os erros de seus pais. A tradição dos homens desemboca em mentira, enquanto a verdade de Deus protege a Igreja da mentira. A Igreja é chamada para proclamar a verdade ao mesmo tempo em que a verdade a protege. Em segundo lugar, a ética errada.
4  Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais.
Eles andaram segundo essa mentira. A teologia é a mãe da ética. A ética é filha da teologia. Assim como o homem pensa, assim ele é. A idolatria conduz à imoralidade. O ensino errado deságua em vida errada. O abandono da Lei e dos Estatutos empurrou o povo para o terreno escorregadio da heresia, e esta o induziu a andar em pecado. Não há santidade fora da verdade.
C – O Juízo de Deus Contra Judá
Em primeiro lugar, podemos ver que Deus é o agente desse juízo.
5  Por isso, meterei fogo a Judá, fogo que consumirá os castelos de Jerusalém.
É Deus quem traz o mal contra Judá, é Deus quem põe fogo em Jerusalém. É Deus quem traz a Babilônia contra Jerusalém. É Deus quem entrega os vasos do templo nas mãos de Nabucodonosor. Em segundo lugar, o juízo de Deus é devastador.
5  Por isso, meterei fogo a Judá, fogo que consumirá os castelos de Jerusalém.
Deus jamais deixa o pecado impune. O salário do pecado é a morte, a consequência do pecado é a morte. Judá foi devastada pelo inimigo e devorada pelo fogo.
D – O Pecado do Povo de Deus é Mais Severamente Condenado
As nações são punidas pelos pecados cometidos contra as leis da natureza, da consciência e do sentimento natural, conforme nos diz Paulo em Romanos:
12  Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados.
13  Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
14  Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos.
15  Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,
16  no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho (Rm 2.12-16).
Mas Judá e Israel são castigados por pecarem contra a vontade revelada de Deus. Se Deus julga a iniquidade das nações por terem pecado contra a luz interior de seus corações, muito mais julgará Deus o seu povo pelo pecado de rejeitar a Sua Santa Palavra.
O pecado do povo de Deus é mais grave, mais hipócrita e mais danoso que o pecado dos ímpios. É mais grave porque peca contra um conhecimento maior, porque a lei de Deus foi revelada a eles; é mais hipócrita porque o povo condena o pecado nos outros e não vê o seu próprio pecado; é mais danoso porque quando o povo de Deus peca provoca mais escândalo. O juízo de Deus começa pela sua casa, mostrando que maiores privilégios implicam em maiores responsabilidades. Quanto mais íntima é a relação com Deus, mais grave é o pecado e mais sério o juízo de Deus.
Conclusão
O livro de Obadias nos remete a trajetória de dois povos, Edom e Judá. Nos remete a história de uma família que nunca aprendeu a perdoar e de um povo que desprezou ao seu Deus, ao verdadeiro e único Deus. Edom sempre viveu em rivalidade com Judá e colheu os frutos de todo o seu ódio. Judá desprezou a Lei de Deus e pagou um alto preço pela sua desobediência. Que Deus nos abençoe a nunca alimentar nenhum ódio e a nenhuma mágoa em nosso coração. Que Deus nos abençoe a sermos fiéis a Ele e que nunca venhamos a desprezar este Deus que tanto nos ama e que já provou o seu grande amor por nós ao dar o Seu Único Filho por sacrifício pelos nossos pecados. Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia principal:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes: Mensagens sobre o livro de Obadias.


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