Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sábado, 28 de outubro de 2017

FORA FICAM OS QUE NÃO PODEM ENTRAR

12  E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.
13  Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.
14  Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.
15  Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira (Ap 22.12-15).
Introdução
Como é decepcionante ficar do lado de fora! Às vezes, chego em casa sem as chaves e o controle do portão e não consigo entrar! Fico do lado de fora, totalmente impotente, olhando tudo lá dentro, mas sem condições de entrar. Também é horrível quando seus amigos são convidados para uma festa e você não. Você fica em casa, triste, pensando na alegria de seus amigos e em quanto a festa deve estar boa, mas você está ali, do lado de fora. Pensa em um show ou em um jogo de futebol em que você daria qualquer coisa para estar lá no estádio e faz de tudo para conseguir um ingresso, porém todos se esgotaram e você tem que assistir ao jogo ou ao show pela televisão, mas não é a mesma coisa e você se sente do lado de fora. É decepcionante ficar do lado de fora!
A Bíblia fala do céu. Ela nos mostra o céu como um lugar de descanso, um lugar em que repousaremos livres de todas as nossas fadigas deste mundo. O céu é um lugar de paz, de harmonia, de tranquilidade, um lugar em que viveremos felizes para sempre; e olha que o céu não é um conto de fadas! Entretanto, nem todos poderão entrar no céu! No texto acima há uma relação de tipos de pessoas que ficarão do lado de fora, juntamente com os anjos caídos, que também ficarão do lado de fora. O lado de fora do céu se chama inferno, e ele é um lugar oposto do céu, porque se no céu há paz a mesma não será encontrada no inferno, se no inferno há choro e lamentação, os mesmos não existirão no céu, se os habitantes do céu encontrarão descanso, por outro lado os habitantes do inferno serão atormentados dia e noite. Será apavorante não poder entrar no céu! O que este texto no ensina?
01 – A ETERNIDADE SERÁ UM TEMPO DE RETRIBUIÇÃO
12  E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.
A eternidade será o tempo da colheita da semeadura que realizamos durante a nossa existência terrena. Se as nossas sementes foram boas colheremos bons frutos, mas se as nossas sementes foram más colheremos maus frutos. E quais os produtos desta colheita? Apenas dois: galardões e penalidades.
A) Galardões: A Retribuição Pelo Desenvolvimento dos Dons Recebidos
A retribuição pelo desenvolvimento dos dons recebidos são os galardões que receberemos do Senhor por recompensa de nossas obras. A parábola dos talentos ilustra essa verdade (Mt 25.14-30). Ela fala acerca dos dons espirituais que recebemos e o que devemos fazer com estes dons. Diz esta parábola que entregue a parte de cada um o senhor viajou imediatamente para uma terra distante, o que significa que a mordomia cristã é realizada sem nenhuma fiscalização do patrão, cabendo a cada um trabalhar com liberdade, embora forem responsáveis perante seu Senhor. Somente no final é que haverá o acerto de contas. Isso não significa que o Senhor não está vendo as coisas erradas acontecendo. Ele vê, mas não interfere, porque reservou um dia para a prestação de contas.
Diz esta parábola que os dois primeiros servos foram imediatamente trabalhar. Embora tenham recebidos quantias diferenciadas, entenderam a pesada responsabilidade posta sobre eles. Havia tempo e oportunidade para servirem, mas chegaria também o tempo em que teriam de prestar contas com seu Senhor. Os servos não sabiam quando seu Senhor haveria de regressar, mas sabiam que um dia ele voltaria. O Senhor demorou muito tempo para voltar, mas poderia ter voltado logo depois de ter partido, mas tão logo ele aparece cobra os resultados dos talentos. Feita a prestação de contas os que tiveram resultados positivos recebem a recompensa, e foi o que aconteceu com os dois primeiros servos, os quais começaram a trabalhar logo que receberam os talentos, Eles foram coroados de êxitos pelos seus esforços. O Senhor conhecia a capacidade deles de forma que cada um recebeu de acordo com suas capacidades e quando prestam contas cada um deles entrega quantia dobrada. Ouvem, então, do seu Senhor o louvor pela dedicação deles e são chamados de servos bons e fiéis, porque responderam às expectativas que seu Senhor tinha deles.
É assim que Deus trabalha conosco. Os talentos recebidos de Deus são para serem desempenhados e não para serem enterrados. Ele nos dá os dons, que são capacidades espirituais para desenvolvermos na terra como filhos de Deus, como embaixadores do Reino de Deus e espera que cada um faça a sua parte. É por isso que a Igreja de Cristo é comparada a um corpo, porque ela possui vários membros e cada um tem uma função, uma tarefa a realizar, sendo que Deus capacita cada um para estas tarefas. Não recebemos dons por merecimento, mas por causa da bondade de Deus, que conhece a cada um de nós e sabe o quanto cada um pode receber e desenvolver. Deus é justo e jamais exigirá algo acima de nossa capacidade. Portanto, Deus nos dá oportunidades conforme a capacidade de cada um e Ele nos deixa livres para o desenvolvimento do trabalho. Deste modo, quando não desenvolvemos os talentos que Deus nos dá o fazemos por negligência e não por falta de capacidade.
Há pessoas que trabalham bem e desenvolvem com responsabilidade seus talentos, mas há outras que são negligentes e não o fazem. Há outras que o fazem por algum tempo, mas o desânimo vem e toma conta de suas vidas, e por não haver perseverança nelas escondem seus talentos. Assim vão-se as oportunidades, enterram-se os talentos, o tempo vai passando e a pessoa nem se apercebe de que seu Senhor está chegando e com Ele vem o acerto de contas. Portanto, um dia Deus vai prestar contas conosco dos talentos que Ele nos deu e como estaremos diante dele? Há promessas feitas aos servos bons e fiéis: Eles entrarão no gozo de seu Senhor. Este gozo é a felicidade e a glória que desfrutarão no céu, onde receberão os galardões que o Senhor Jesus tem para retribuir aos seus servos bons e fiéis.
B) Penalidades: A Retribuição Pela Vida de Impiedade
Mas na eternidade a retribuição não será somente com galardão, haverá também as penalidades aplicadas aos infiéis por causa de seus pecados e de suas negligências. Temos usado a parábola dos talentos (Mt 25.14-30) como base e diz lá que havia um que foi infiel. O servo infiel, em lugar de trabalhar e desenvolver o talento recebido cavou uma cova e enterrou o talento de seu Senhor. Aquele servo não tinha o direito de agir dessa maneira, ele foi negligente, ingrato e infiel. Aquele talento foi confiado a ele pelo seu próprio Senhor e lhe foi dado para desenvolvê-lo.
O maior erro daquele servo foi ter negligenciado o talento recebido. Quantos servos não gostariam de estar no lugar daquele homem, mas o privilégio foi dado a ele e, por isso, seu senhor não conseguiu entender o seu desdém para com o talento recebido. Era pouco, é verdade, mas esta era a sua capacidade e tudo que ele tinha a fazer era desenvolver a altura do que recebeu, pois Deus não exige nada além de nossa capacidade. Temos a tendência sempre de subestimarmos nossos poucos recursos por entendermos que quem tem mais possui obrigações maiores. Mas o princípio divino do serviço do Reino de Deus nos revela que as nossas obrigações são iguais, independente de quanto temos.
Outro erro daquele servo é não assumir a sua falta, mas tenta jogar a culpa sobre o seu próprio Senhor, chamando-o de duro e injusto e afirma ainda que seu Senhor quer ceifar sem semear. Olha que visão errada aquele servo tinha do seu Senhor, pois o pobre servo imaginava seu Senhor como um tirano insensível que só pensava em castigá-lo caso falhasse. E por causa dessa visão equivocada ele se relacionava mal com o seu Senhor. A punição para quem for infiel é ouvir as duras palavras do Senhor que o chama de servo mau e negligente. E se houve recompensa para o fiel, para o infiel resta somente a punição. Se por um lado o fiel pode entrar no céu pelas portas, ao infiel cabe ficar do lado de fora.
Não agimos nós assim também quando Deus nos dá talentos e não os desenvolvemos? Quando fazemos isso enterramos o dom que Deus nos deu pela sua bondade e por conhecer a nossa capacidade. Escondemos o dom por medo ou vergonha de desenvolvê-lo. E fazemos isso debaixo de mil e uma desculpas e no final não será difícil termos a mesma atitude daquele servo: Colocar a culpa em Deus pela nossa negligência! A punição daquele servo nos mostra que os dons que recebemos de Deus não podem ser negligenciados. Que não estejamos entre os reprovados e entre aqueles que ouvirão estas duras palavras da parte do Senhor no dia do acerto de contas: Apartai-vos de mim. Estes dois pontos nos ensinam uma verdade:
C) A Retribuição Será Justa: A Quem Louvor, Louvor. A Quem Juízo, Juízo
Deus é justo e recompensa o fiel, mas o fato de Deus ser justo define com clareza de que a negligência não pode ficar impune, do contrário, Deus não seria justo. O homem pode até escapar da justiça humana, mas não escapará da justiça divina. O homem pode até driblar as leis humanas, os tribunais humanos, mas jamais poderá driblar a lei divina, nem jamais poderá corromper o tribunal divino. E por agora o juízo de Deus vem misturado com a misericórdia, porque hoje nenhuma punição de Deus isola o homem de se arrepender e emendar a sua vida diante dele. Mas, se o homem não ouvir a voz do alerta de Deus, quando o juízo é misturado com a misericórdia, então virá sobre ele a ira de Deus e não haverá misericórdia. Nesse dia não haverá escapatória para o homem. Apocalipse nos ensina isso:
15  Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes
16  e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro,
17  porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se (Ap 6.15-17)?
Quando dizem aos montes para caírem sobre eles, não é que eles queriam morrer, mas sim esconderem-se daquele que está assentado no Trono e do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles. O Dia do Juízo será o dia da ira de Deus, do juízo final de Deus, do julgamento final de Deus contra os ímpios, do acerto de contas de Deus com os homens. E o juízo de Deus alcançará todas as nações indistintamente. Jesus disse:
31 Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória;
32  e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas;
33  e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda (Mt 25.31-33).
O juízo de Deus alcançará a todos, porque nenhum homem, por mais importante que tenha sido, será imune a este juízo, pois ele é para todos, sem nenhuma distinção de raça, posição social e até mesmo de religião, porque o apóstolo Paulo disse para a Igreja de Deus:
10  Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2 Co 5.10).
E disse ainda:
7  Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7).
Olhe aí Paulo confirmando a retribuição de Deus. Portanto, você quer receber o bem? Faça o bem. Quer ser abençoado? Abençoe, porque aquilo que hoje você semeia é o que você colherá no futuro, porque Deus é justo, Ele é o Deus da retribuição.
02 – A RETRIBUIÇÃO OCORRERÁ POR AUTORIDADE COMPETENTE
13  Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.
Quando o homem pecou lá no Jardim do Éden, pela justiça de Deus o homem poderia ter sido condenado para sempre, mas Deus ouviu a voz de seu amor e providenciou salvação para o homem, de forma que Deus não terá por inocente àquele que rejeita esta salvação. Deus tem autoridade sobre todos, e esta autoridade é uma das principais características de Deus, portanto:
A) Deus tem Legitimidade na Jurisdição Sobre Tudo e Sobre Todos
Deus é o Criador de todas as coisas, pois nada veio a existir sem que tenha sido por Deus criado. Deus é eterno, sempre existiu e sempre existirá. Desafiar a autoridade de Deus é uma das piores coisas que alguém pode fazer e as consequências dessa insubordinação são gravíssimas. A Bíblia tem vários relatos do castigo para quem não se submete à autoridade de Deus e se insurge contra Ele. Um dos principais exemplos é Lúcifer, que não reconheceu a autoridade de Deus e se rebelou contra Deus, sendo condenado ao inferno para sempre, ele e todos os anjos que o acompanharam. A Bíblia diz que todo o mundo pertence àquele que o criou:
1  Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam (Sl 24.1).
E como Criador Deus tem o direito sobre tudo e sobre todos, direitos sobre toda a criação. Desta forma Deus age exclusivamente de acordo com a sua vontade e não é impulsionado por nada e nem por ninguém além dele mesmo. Deus assim nos fala:
9  Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim;
10  que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade (Is 46.9-10).
Deus é Soberano, Ele tem toda autoridade para fazer com que a sua vontade prevaleça. Ele ainda diz:
8 Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura (Is 42.8).
Há um cântico maravilhoso que Carlos Sider canta que expressa a grandeza de Deus. Ele diz:
Deus não pensa como pensa o homem.
Não enxerga como o homem vê.
Não caminha por caminho humano.
Não se pauta pelos planos meus.
...
Deus não para pra pensar na vida
No que fez, no que deixou pra trás.
Não promete o que talvez não cumpra.
Não refaz nenhum dos planos Seus.
...
Em Suas mãos está o poder da vida.
Tudo sabe, sabe o que virá
Nada faz com que se surpreenda
Nada altera o que já traçou.
...
Sua grandeza só me faz calar.
Ele é quem define qual meu rumo.
Ele é quem sabe bem mais que eu.
Deus não tem limites em sabedoria, em conhecimento e em poder. Deus nunca falhou e jamais falhará. Deus nunca se arrependeu de nada do que fez e jamais se arrependerá do que faz. Deus não é movido por incertezas, não existem dúvidas em Deus, não existe ansiedade em Deus, não existem perspectivas negativas em Deus. Deus tem toda autoridade tanto no céu como na terra e esta autoridade foi repassada para o Seu Filho Jesus Cristo. O Apóstolo Paulo, falando da divindade de Cristo, nos diz:
16  pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
17  Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste (Cl 1.16,17).
E o próprio Senhor Jesus nos relata isso:
18  Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra (Mt 28.18).
Jesus tem toda autoridade tanto no céu como na terra. Autoridade significa o direito e a capacidade de comandar, de fazer leis, de exigir obediência e autoridade para julgar. Deus tem toda legitimidade para julgar o homem, Deus tem autoridade legítima para salvar ou condenar o homem. Jesus Cristo tem autoridade legítima sobre todas as nações, sobre todos os reinos, sobre toda potestade, não somente porque Ele é Deus, não somente porque Ele é Criador, mas também porque Ele a conquistou na cruz. São estas as suas convicções sobre Jesus Cristo? São estas as suas convicções sobre Deus? Ou você acha que, como criatura, pode aconselhar Deus? Pode manipular Deus? Pode debater com o Criador? Saiba que todo joelho se dobrará perante a majestade de Deus e da glória do nosso Senhor Jesus Cristo. Faça isso hoje pela sua livre e espontânea vontade, por amor e por submissão para não ter que fazê-lo “Sob judice” na eternidade.
B) Apesar da Legitimidade Jurisdicionária de Deus o Homem é Livre
Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a sua própria vontade. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, isso significa que somos racionais e não irracionais como os animais. Por causa disso temos a capacidade de questionar, principalmente aquilo que não nos é compreensível. E nada é mais incompreensível do que as questões religiosas, porque nelas não se aplicam as comprovações científicas, mas sim a compreensão pela fé e fé é a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não veem.
Os animais não questionam porque há dia e noite, eles simplesmente atendem aos seus instintos e cada um é ativo no turno pelo qual fora criado. Eles não se rebelam e tentam viver no turno contrário ao seu instinto. Quando amanhece os que são noturnos vão repousar e os que são diurnos se despertam. Da mesma forma eles não questionam porque uns são herbívoros e outros são carnívoros, eles simplesmente se alimentam da dieta pela qual fora criado, ele morre de fome, mas não muda a sua dieta. Eles não questionam porque uns vivem no ar, outros na terra e outros na água. Cada um vive no habitat para o qual fora criado e jamais tentam sobreviver fora dos padrões estipulados pelo Criador para cada um.
Há, se o homem fosse assim! Ele que fora criado para glorificar ao Deus Criador! Ele que fora criado à imagem e semelhança de Deus! Seria realmente maravilhoso se o homem não pudesse mudar o estado original de sua criação, mas o homem fora criado com a capacidade de raciocinar e é justamente por causa disso que você vive em uma mesa redonda de debate com questões como: Quem sou eu? De onde eu vim? Para onde eu vou? Você é criatura de um Deus Soberano que criou todas as coisas e está aqui neste mundo vivendo uma vida temporária tendo a oportunidade de escolher o destino em que viverá na eternidade, sendo que esta vida lhe oferece apenas dois caminhos a seguir e você terá que optar por um deles, ou melhor, você é livre para escolher a qualquer deles.
C) A Liberdade de Escolha do Homem o Torna Responsável
Deus criou o homem muito diferente dos animais, pois Deus criou o homem com a capacidade de raciocinar. Esta capacidade dá ao homem a livre escolha, mas também o torna responsável por ela. O grande equívoco dessa geração é achar que pode rejeitar a Deus nessa vida e ainda herdar o céu. O grande problema do homem é achar que Deus pensa como ele, que Deus relativiza as coisas como ele, que Deus reconsidera as coisas como ele e, principalmente, que ele mesmo pode ditar as regras para herdar o reino de Deus. Mas Deus nos fala através de Isaias:
8 Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR (Is 55.8).
Deus está dizendo que não pensa como nós pensamos. E como nós pensamos? Pensamos que no final tudo se ajeitará da melhor maneira para nós. Pensamos que no final tudo terminará bem para nós, independente do que venhamos a fazer, que tudo se ajustará com um bom diálogo com Deus porque Ele será muito compreensivo e vai amenizar para o nosso lado. O grande problema é que este pensamento é um grande equívoco, e o pior ainda é que ele é um equívoco irreparável, pois não haverá oportunidades para reparar este erro, não se poderá voltar atrás para corrigir este equívoco.
O homem é livre para escolher o caminho que quer andar, mas depois de percorrer seu caminho não existe retorno e nem atalhos para mudanças. Se você fosse um animal seguiria seus instintos e não haveria problemas no final, mas como o homem pode raciocinar ele inventa muitas outras respostas. E independente de elas serem verdadeiras ou não são respostas e você, que pode raciocinar, terá de escolher uma delas e seguir o caminho pelo qual ela aponta. O problema é que, como fomos criados livres, somos responsáveis pelas nossas escolhas, de forma que se elas forem equivocadas não haverá outra oportunidade para qualquer alteração. Diante desse dilema é preciso raciocinar, pois Deus nos deu esta capacidade. Quem tem o melhor pensamento? Quem tem a melhor resposta? Deus diz:
9 Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos (Is 55.9).
Por que trocar o certo pelo duvidoso? Fique com as resposta de Deus e você não terá nenhum problema quando chegar ao destino final. Mas como eu sei que você pode raciocinar não se aquietará com estas palavras e pode estar se perguntando: Mas como saber a resposta de Deus? É por isso que Deus nos deixou a Sua Palavra, para termos a certeza de que estamos no rumo certo, mas lembre-se: A resposta de Deus jamais será aceita pela razão e sempre pela fé. Porém, ela jamais deixará de cumprir aos seus propósitos, pois Deus diz:
10 Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come,
11 assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei (Is 55.10,11).
Este propósito está agora se cumprindo em você. Ou seja, ou você aceita pela fé a resposta de Deus ou você permanece em seu equívoco e se torna indesculpável por ter conhecido a verdade e recusar-se a aceitá-la; você é livre para isso. Que em seu raciocínio você possa fazer a escolha correta e ouvir o que Deus te fala:
6 Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
7 Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar (Is 55.6,7).
Que Deus te abençoe a tomar a decisão mais importante de sua vida!
03 – OS REDIMIDOS TEM O DIREITO DE ENTRAREM NO CÉU PELA PORTA
14  Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.
Quem é salvo por Cristo tem o direito de entrar pelas portas, porque para o céu não existem atalhos, mas apenas um caminho: Jesus Cristo. E no céu não tem janelas, mas apenas uma porta: Jesus Cristo. É justamente por isso que Jesus disse que somente Ele é o caminho, a verdade e a vida. E o que acontece com quem anda por este caminho de salvação?
A) A Felicidade de Quem Conseguiu Conquistar o Direito
Ele é extremamente feliz. Há muitas razões para tanta felicidade e alguns textos da Bíblia expressa estas razões. Apocalipse nos diz:
16  Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum,
17  pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima (Ap 7.16,17).
E diz ainda:
Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão,
4  contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele.
5  Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos (Ap 22.3-5).
Sabe por que o céu é assim? Porque lá no céu desfrutaremos da presença de Deus e de Jesus Cristo, nosso Redentor e Senhor. É impossível pensar em qualquer tristeza, em qualquer angústia no céu, pois lá jamais haverá um velório, jamais haverá despedidas, jamais haverá qualquer separação, jamais haverá choro, jamais haverá qualquer crime e jamais haverá qualquer injustiça. E sabe por quê? Porque os que praticam tais coisas ficarão do lado de fora:
8  Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte (Ap 21.8).
E como pensar em haver qualquer destas pessoas em um lugar em que Deus e Jesus Cristo habitam? A verdade é que não há nem como expressar a beleza do céu e toda a alegria que desfrutaremos lá! E quem, então, pode entrar no céu pelas portas?
B) Somente Àqueles que Foram Regenerados Por Cristo
No céu, não pode entrar pecado, porque lá é o santuário de Deus. Jesus Cristo veio para nos libertar do pecado e nos justificar diante de Deus. Então, no céu, não pode entrar quem não foi limpo por Jesus Cristo, quem não teve a sua vida transformada e os seus pecados perdoados; chamamos isso de regeneração. É por isso que a Bíblia apresenta os que estão no céu com vestiduras brancas, porque eles foram lavados pelo sangue de Cristo e conquistaram o direito de entrarem no céu pelas portas.
Os habitantes do céu são pessoas que eram assassinos, ladrões, corruptos, mentirosos, infratores, adúlteros, idólatras, feiticeiros, incrédulos, impuros e abomináveis, mas todos eles receberam a Jesus Cristo como Salvador, todos eles lavaram seus corações em Cristo e por isso foram perdoados os seus pecados; e as portas do céu são abertas a todos os remidos do Senhor.
04 – DO LADO DE FORA FICAM OS QUE NÃO PODEM ENTRAR
15  Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira (Ap 22.12-15).
Mas a Bíblia fala de algo muito triste do céu, ela fala que muitos não poderão entrar e por isso ficarão do lado de fora; pense no quanto será apavorante se você não puder entrar e ficar do lado de fora do céu!
A) Não Pode Entrar Quem Rejeitou a Salvação de Deus
E quem ficará do lado de fora do céu? Os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. Ou seja, fora ficam àqueles que recusaram a salvação de Deus. E quem são eles? São as mesmas classes de assassinos, ladrões, corruptos, mentirosos, infratores, adúlteros, idólatras, feiticeiros, incrédulos, impuros e abomináveis que estão no Céu, só que estes aceitaram a Jesus Cristo, enquanto que aqueles não aceitaram a Jesus Cristo como Salvador. Esta é a única diferença entre os que estão no céu com os que ficaram do lado de fora, pois as portas do céu estão completamente fechadas aos que não são remidos por Jesus Cristo.
E o que tem do lado de fora? Não sei! Mas sei o que não tem! Do lado de fora não tem alegria, não tem paz, não tem harmonia, não tem descanso e não tem esperança. Do lado de fora não tem Deus, não tem Jesus Cristo, e sem a presença deles jamais pode haver qualquer coisa boa. E de quem é a culpa de se ficar do lado de fora do céu? Sua mesmo! Habitar no céu ou ficar do lado de fora é a consequência do que você decide hoje a respeito de Jesus Cristo. Escolha hoje a Jesus e ganhe o direito de habitar no céu por toda a eternidade, rejeite a Jesus e lamente-se por toda a eternidade do lado de fora do céu. Isso nos chama a atenção para um detalhe muito importante:
B) A Salvação é Adquirida na Terra Para Ser Desfrutada no Céu
A parábola do homem rico e do mendigo Lázaro nos ensina que é na Terra que se decide onde passaremos a eternidade: no céu ou no inferno. "Um grande abismo" que Abraão diz existir entre o céu e o inferno também pode indicar que é só na vida terrestre que podemos nos converter. A morte estabelece a nossa condição definitiva: Ou o céu para sempre ou o inferno para sempre. Em nenhum momento de sua vida este homem rico preocupou-se em clamar a Deus. Agora, quando não pode mais acontecer a reversão de sua situação, ele está clamando, mas é tarde demais, porque ele não vive mais na Terra, ele já esta sentenciado ao seu destino final e eterno, o destino que ele escolheu aqui na Terra, o destino fruto de suas decisões e de suas atitudes tomadas enquanto vivo. Este homem parece estar consciente da irreversão de sua situação, pois ele não clama por uma oportunidade, por uma nova chance de arrependimento, mas ele clama por seus parentes que ainda estão vivos e ainda tem a oportunidade de não irem para aquele lugar, caso se arrependam, caso atendem ao Evangelho, coisa que ele não o fez.
27  Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,
28  porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.
Não é curioso isso? Aqui na Terra vemos os vivos clamando pelos mortos, pensando que ainda pode haver oportunidade de salvação para eles, e no inferno vemos os mortos clamando para alertarem aos vivos a ouvirem e atenderem a pregação do Evangelho. Aqui na Terra vemos os vivos seguirem tradições, mesmo que estas os levem ao inferno, pois seus pais, seus avôs e seus bisavôs eram de tal religião e insistem em seguir o mesmo destino deles, enquanto que no inferno vemos os mortos não se importarem com as tradições, pois por causa delas estão hoje no inferno e não querem essa realidade para nenhum de seus parentes, pois aquele homem clamava no inferno: a fim de não virem também para este lugar de tormento. E o diálogo continua:
29  Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.
30  Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.
31  Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.
Infelizmente nenhum morto voltará à Terra para alertar algum ser vivo, pois aprouve a Deus dar ao homem apenas uma oportunidade de vida e depois dela vem o acerto de contas. Também aprouve a Deus a salvação ser adquirida durante esta única vida, e isso através da pregação do Evangelho, tarefa esta não realizada pelos anjos e nem tampouco pelos mortos, mas por cada um de nós. No além não haverá a pregação do Evangelho, ouça-o enquanto ainda pode fazê-lo! Pense sobre isso com muita seriedade; não seja negligente e não menospreze a eternidade de sua alma.
Conclusão
Apesar de muitos não acreditarem na existência do inferno e afirmarem que é aqui o inferno o texto que lemos nos mostra que o desfruto do céu e o tormento do inferno são fatos reais e eles ocorrerão na eternidade, depois da volta de Jesus Cristo. Neste tempo Jesus finalmente dará posse aos filhos de Deus da herança incorruptível que é o Reino de Deus. Também será quando ocorrerá a ceifa de Deus, o qual enviará seus anjos e prenderão os ímpios, os incrédulos e os jogarão no inferno para colherem o espólio de suas ações.
Que o seu alforje espiritual esteja repleto de galardões porque todo trabalhador é digno de seu salário e assim você gozará deles por toda a eternidade. Com certeza, ao adentrarmos no céu, imediatamente nos virá grande pesar por não termos feito mais neste mundo, porque o céu é maravilhoso, mas junto com galardões ele é ainda mais abundante em sua maravilha. Deus é bom demais para recompensar seus trabalhadores. Que Deus te abençoe a refletir sobre estas palavras! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.


sábado, 22 de julho de 2017

ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL. LIÇÃO VIII: A ORAÇÃO DE DANIEL: O EXEMPLO DE UM HOMEM DEDICADO A ORAÇÃO

ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL: A SOBERANIA DE DEUS NA HISTÓRIA
PARTE I: AS INTERVENÇÕES DIVINAS
LIÇAO VIII: A ORAÇÃO DE DANIEL: O EXEMPLO DE UM HOMEM DEDICADO A ORAÇÃO

Dn 9.1-19

Introdução

Por que orar se Deus conhece tudo, sabe tudo e já determinou todas as coisas? Pensando nisso, tem alguma razão em orar? O estudo de hoje vai falar sobre um dos alicerces de uma vida cristã vitoriosa: A oração. E Daniel é um grande exemplo nesta área, pois sempre foi um homem de oração. Aliás, quando analisamos o livro de Daniel podemos perceber que suas vitórias são frutos e respostas de oração. Daniel e seus amigos se privaram do alimento real e ficaram mais saudáveis do que os outros que se alimentaram dela, resposta de oração. Daniel interpretou o sonho de Nabucodonosor, resposta de oração. Os amigos de Daniel não teriam sido libertados do poder do fogo na fornalha ardente se não fossem homens de oração e Daniel teria sido devorado pelos leões quando foi jogado na cova dos leões se não fosse um homem de oração.
A oração de Daniel é uma das mais importantes da Bíblia e ela nos dá algumas lições muito preciosas. Depois da oração sacerdotal de Cristo, a oração de Daniel é a mais linda da Bíblia. Já aprendemos muito com este servo amado de Deus e ainda hoje vamos fortalecer nossos corações com mais estas lições que com certeza pode transformar nossa vida de oração.

01 – OS PRESSUPOSTOS PARA UMA VIDA DE ORAÇÃO

Antes de estudarmos a oração de Daniel vamos rever a vida de Daniel. Qual o segredo deste homem para ter um relacionamento tão fervoroso com Deus?

A) Daniel Sempre Foi um Homem Íntegro

A primeira coisa que notamos na vida de Daniel é a sua integridade. Daniel foi levado aos 14 anos para Babilônia e ele está agora com cerca de 80 anos e neste tempo todo ele sempre foi um homem integro. Ele nunca negociou a sua consciência, ele nunca negociou os seus valores, ele nunca se deixou levar pelas ameaças, pelos perigos, pelas circunstâncias e nem se deixou seduzir pelos privilégios. Daniel permaneceu firme naqueles 68 anos de cativeiro. Ele foi provado, mas nunca sucumbiu ao pecado. Algumas vezes preferiu a morte a pecar contra Deus, de forma que nem as provas e nem a promoção o corromperam e Deus o honrou por causa disso.
Quantas vezes a vida de oração de um homem ou de uma mulher acaba por causa da transigência com princípios e com valores que são absolutos. O oxigênio que alimenta a oração de uma pessoa é uma vida de santidade, de piedade, de pureza. Quando a pessoa transige com o pecado ela tem vergonha de Deus, ela perde a intimidade com Deus, ela não consegue ter vida de oração. Daniel teve vida de oração porque ele teve vida de santidade na presença de Deus.

B) Daniel Sempre Foi Dedicado ao Estudo da Palavra de Deus

Este é o outro segredo do sucesso de Daniel. Seu sucesso está fundamentado nos princípios elementares da fé cristã: A oração e o estudo da Palavra de Deus. Às vezes, para levar a Igreja a um avivamento, queremos inventar coisas novas, coisas sofisticadas, trazer novidades do mundo atual, mas aquilo que se ensina em uma classe de doutorado sobre sucesso na vida espiritual se ensina em uma classe infantil: Oração e estudo da Palavra de Deus. Não tem nada de novo para se inventar. É Bíblia e oração. É vida com Deus. Daniel aprendeu este princípio desde a sua infância e o aplica na sua adolescência, na sua juventude, na sua fase adulta e na sua velhice. Ele nunca abandonou o hábito de ler a Palavra de Deus e orar. Ele aprendeu este princípio quando era um escravo e aplicou este princípio quando era primeiro ministro da Babilônia.
Deus deu a Daniel o dom da interpretação de sonhos e de visões, Deus lhe deu a capacidade de entender as coisas mais misteriosas, mas Daniel, apesar de ter entendimento de sonhos e visões, nunca deixou de ser um estudioso da Palavra de Deus. Ele é um homem que tem tempo para ler a Bíblia, ele era um homem extremamente ocupado, ele era um homem que ocupava o segundo lugar no governo, tanto da Babilônia quanto do Império medo-persa, mas ele encontra tempo para ler a Bíblia, ele encontra tempo para orar.
Quando você diz que é uma pessoa muito ocupada, com a agenda muito cheia, que não tem tempo para ler a Bíblia, que não tem tempo para orar, você está dizendo somente uma coisa: Deus não é prioridade em sua vida. Você tem tempo para tudo que é prioridade para você, o que não for prioridade ficará em segundo plano. Veja que Daniel era primeiro ministro de um Império, mas Daniel nunca deixou de achar tempo para estudar a Palavra de Deus e nunca deixou de achar tempo para orar.

C) Daniel Sempre Foi Dedicado à Oração

Daniel era um homem íntegro que estudava a Palavra de Deus e justamente por causa disso que Daniel sempre foi dedicado à oração. É como uma fórmula matemática: 2 + 2 = 4. Da mesma forma: integridade + estudo da Palavra de Deus = Vida de oração. Quando Daniel foi para Babilônia ele era ainda um adolescente e lá ele enfrenta as lutas em oração. Quando Nabucodonosor sonha com aquela imagem impressionante e decreta que todos os magos da Babilônia fossem mortos, porque não conseguiam saber o teor de seu sonho e nem davam para ele a sua interpretação, Daniel chama seus três amigos e vão orar ao Senhor, buscar a direção de Deus, buscar respostas de Deus para que não houvesse aquela chacina, porque ele e seus três amigos também seriam mortos. Mais tarde vemos Daniel mais uma vez acuado, perseguido e ameaçado de morte por causa de oração, mas ele não se intimida e, abrindo as janelas para a banda de Jerusalém, ora três vezes ao dia, mesmo que isso viesse a lhe custar a vida.
Agora, Daniel já é um ancião, ele está lendo a Bíblia e descobre em Jeremias os anos de duração do cativeiro que seu povo estava sofrendo. Mais uma vez ele busca a Deus em oração. Daniel foi um homem que viveu a vida toda, nas diversas fases de sua vida em oração. Ele era um homem que vivia na dependência de Deus em oração. Aprendamos isso com este homem. Vamos agora ao estudo de sua oração.

02 – DANIEL: UM HOMEM COM UM ESPÍRITO DE ORAÇÃO DESCOBRE QUE O CATIVEIRO DE JUDA ESTÁ CHEGANDO AO FIM

1  No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,
2  no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3  Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.

Nabucodonosor havia levado Judá para o cativeiro em 606 a.C. Encontramo-nos aqui no primeiro ano de Dario, o medo, no ano de 536 a.C. Daniel foi levado para a Babilônia com 14 anos de idade. Então, aqui, Daniel deve estar entre 80 a 82 anos de idade e já havia se passado 68 anos de cativeiro. Mas veja que ainda nesta idade Daniel está lendo e estudando a Bíblia e ele descobre que Deus havia estabelecido que o cativeiro babilônico durasse 70 anos. Portanto, 70 anos seria o limite do cativeiro que o povo de Deus estava sofrendo e já se havia passado 68 anos e quando Daniel se apercebe disso ele cai em oração. Por quê?

A) Motivação Para Orar Mesmo Quando Tudo Parece Estabelecido

O Decreto de Deus não o desencorajou a orar, ao contrário, o levou à oração intensa e fervorosa pela libertação do povo judeu do cativeiro. Daniel poderia ter feito as contas e ver que o cativeiro estava chegando ao fim e ter pensado que não precisava mais orar, não havia sentido orar agora que faltava somente dois anos para acabar. Daniel também poderia pensar que Deus já havia decretado mesmo a duração do cativeiro, que poderia cruzar os braços porque quando chegasse o tempo determinado por Deus o fim do cativeiro iria acontecer de qualquer jeito, que Deus iria fazer tudo e ele não precisava fazer nada. Daniel poderia até pensar que agindo assim ele estaria descansando na Soberania de Deus. Mas Daniel não toma nenhuma destas atitudes, antes ele se põe de joelhos e ora ao Senhor.
Esta atitude é um exemplo para nós. Muitas vezes desistimos de orar por qualquer motivo. Aliás, desculpa para não orar não falta em nossos lábios. Às vezes achamos o desafio grande demais de forma que parece que nem a oração dá jeito. Às vezes o desafio é a perseverança, mas logo desistimos de orar porque Deus está demorando demais em responder e achamos, então, que Ele não quer fazer isso que estamos pedindo. Mas o maior problema da oração é a frieza espiritual, porque a oração é o termômetro da fé. Quando somos cheios do Espírito Santo também somos fervorosos em oração, mas quando falta em nós o Espírito Santo nos tornamos negligentes na oração.
Quantas vezes nós transformamos a teologia reformada calvinista em um motivo de omissão, de relaxamento espiritual, de descuido espiritual, porque pensamos: Se Deus já decretou que sou salvo para que orar? Se Deus já decretou quem vai ser salvo para que evangelizar? Mas o ensino da Soberania de Deus jamais é contraditório com a responsabilidade humana. Jonas foi para a cidade de Nínive e ali ele pregou que ela seria destruída porque o Senhor assim falou. Mas Nínive se arrepende, o povo se humilha, o povo ora e Deus suspende o castigo que estava lavrado sobre aquela cidade. Deus trouxe salvação em vez de juízo por causa da oração e do arrependimento daquele povo. Abraão orou por Sodoma e Gomorra, Deus já havia enviado seus anjos para destruírem aquelas duas cidades impenitentes, o fogo de Deus caiu sobre as cidades, mas quando Deus estava destruindo as cidades lembrou-se da oração de Abraão e salvou a Ló e sua família. O juízo já estava lavrado sobre toda a cidade, mas Deus ouviu a oração de Abraão e por causa disso Ló foi salvo da destruição.
O grande problema é que nós estamos tão acostumados de ver as coisas acontecendo, independentes de nossas orações, que não temos mais noção do sabor de contemplar a ação de Deus como resposta de nossas orações. Mas a Bíblia nos diz que devemos orar sem cessar, orar em todo o tempo, orar com os irmãos e pelos irmãos, orar com a família e pela família, orar pelos incrédulos, orar pelos governos, orar sempre e sempre orar. Deus é Soberano sim, mas a Soberania de Deus não nos isenta de orar. Deus sabe todas as coisas sim, mas Deus quer que nós apresentemos a Ele as nossas aflições. Deus pode todas as coisas sim, mas Deus quer que queiramos a intervenção dele em nossas vidas e venhamos a pedir isso a Ele, porque Deus não é um intruso, não é um intrometido, Ele é educado e permanece no coração somente de quem quer a sua presença. O Senhor Jesus Cristo prometeu que vai voltar para buscar a sua Igreja. Mas o mesmo Jesus que prometeu à Igreja que voltaria, encoraja a Igreja a viver em oração. Portanto, mesmo que tudo esteja estabelecido por Deus devemos orar.

B) Daniel Entende a Urgência em Orar

Daniel, examinando o livro do profeta Jeremias, entende que o cativeiro da Babilônia estava acabando, só tinha mais dois anos para concluir os setenta anos e por isso este homem é movido a buscar a Deus em oração. Por quê? Para entender precisamos ver o que Daniel leu:

10  Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar.
11  Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.
12  Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei.
13  Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.
14  Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio (Je 29.10-14).

Este foi o texto que mexeu com Daniel, que levou a Daniel a fazer uma oração tão significativa. Estava faltando somente dois anos para o cumprimento desta profecia. Dois anos depois, Ciro, o persa, dominaria o Império medo-persa e escrevia um Decreto para a volta do povo. Mas por que Daniel ora? Sabe por quê? É porque o cumprimento da profecia passaria pela volta do povo para Deus, o cumprimento desta profecia passaria pelo retorno deste povo a Deus em oração:

12  Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei.
13  Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.

O povo teria que passar pelo arrependimento, pela oração e pela súplica na volta para Deus. Mas, quando Daniel olha para o povo no cativeiro, Daniel não percebe que o povo está quebrantado, Daniel não percebe que o povo está arrependido, Daniel não vê sinais deste povo em oração, por isso ele clama com tamanha intensidade, com tamanho fervor, com urgência. E como ele ora?

C) Daniel Busca a Deus Intensamente

Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas...

Daniel voltou o rosto ao Senhor. Isso demonstra a intensidade da sua oração. Este homem tinha uma vida metódica e sistemática de oração, ele orava três vezes ao dia, mas agora ele precisa orar com mais intensidade, agora é uma causa específica e ele tem que orar com todas as forças de sua alma, porque o cativeiro está chegando ao fim e o povo ainda não voltou seu coração a Deus. Por isso Daniel ora e suplica. Ele poderia pensar que Deus já havia decretado mesmo a duração do cativeiro, que poderia cruzar os braços porque a libertação ia acontecer de qualquer jeito, que Deus ia fazer tudo e que ele não precisava fazer nada, Daniel poderia até pensar que agindo assim ele estaria descansando na Soberania de Deus. Mas não foi este o entendimento de Daniel. Ele sabia que Deus é Soberano o suficiente para levar o povo ao arrependimento, mas ele se humilhou, ele buscou a Deus e ele colocou a sua alma em fervorosa súplica aos céus para que Deus pudesse trazer quebrantamento à nação.

D) Daniel Busca a Deus com Quebrantamento

3 ..., para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.

Daniel jejua e se cobre de pano de saco e cinza. Ele se humilha, ele se quebranta diante de Deus. Ele era um homem do palácio, mas ele se despoja da sua posição e se humilha diante de Deus, porque aqueles anos de cativeiro ainda não tinham trazido quebrantamento ao povo. O sofrimento ainda não fizera o povo se voltar para Deus. Daniel, condoído pelo povo, não se sentiu desanimado de orar e orou pelo arrependimento do povo. Ele busca a Deus em súplicas, oração e jejum e quem jejua tem pressa, não pode protelar. Quem jejua não pode esperar. Quem jejua está dizendo que tem mais urgência em receber a resposta de Deus do que alimentar o seu próprio corpo.
O jejum tem sido uma prática tão esquecida nos dias de hoje, mas há tantas causas para jejuarmos. Precisamos jejuar para agradecer a Deus, jejuar para se humilhar, para quebrantar o coração diante de Deus, jejuar para uma causa específica, uma causa que tenha urgência diante de Deus, jejuar para pedir a direção de Deus, para pedir poder de Deus em nossas vidas, jejuar pela conversão de alguém que está partindo para a eternidade sem Cristo. O grande problema é que nós estamos tão acostumados com o sabor do pão da terra que não temos mais noção do sabor do pão do céu. Alegramos-nos tanto com o pão da terra que não temos mais necessidade do pão do céu. E mais uma vez fazemos isso com mil e uma desculpas. Quando Daniel jejua ele está dizendo que o pão do céu é mais urgente do que o pão da terra, porque Daniel tem urgência no seu clamor. Faltam apenas mais dois anos para o cumprimento da profecia e ele não vê no seu povo o quebrantamento. Ele sabe que a profecia passa pelo arrependimento do povo. Por isso, ele ora com tanta urgência.

03 – OS ATRIBUTOS DA ORAÇÃO

Daniel vai fazer nesta oração os três pontos básicos daquilo que entendemos ser oração: Adoração, contrição e petição.

A) Adoração a Deus com Reverência e Fé

4  Orei ao SENHOR, meu Deus, confessei e disse: ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos;

A primeira coisa que notamos aí é a reverência. Daniel se dirige a Deus em um profundo senso de reverência quando diz: Ah! Senhor! Deus grande e temível. Deus é Grande! E Deus é tão temível que os próprios anjos não ousam olhar diretamente para Ele, mas cobrem o rosto quando estão diante dele. Daniel reconhece isso e chega reverentemente diante de Deus. Quantas vezes nós perdemos este censo de reverência diante da Majestade de Deus, diante da Glória de Deus. Quantas pessoas não dão a Deus o respeito devido à sua grandeza, à sua soberania, à sua majestade como Daniel demonstra aqui. Às vezes, nós demonstramos uma intimidade com Deus apenas na verbalização, sem nenhum respeito, pois vemos as pessoas chamarem a Deus de “paizinho”, mas esta intimidade tão popular descreve apenas uma intimidade na verbalização, não uma intimidade no relacionamento, além de parecer mais uma falta de reverência do que intimidade para com Deus.
A segunda coisa que podemos notar é a confiança de Daniel em Deus quando diz: Que guardas a aliança. Que coisa boa é poder se aproximar de Deus e souber que Deus é fiel, que Deus não volta atrás em Sua Palavra, que Deus vela pela Sua Palavra em cumpri-la, que se pode crer naquilo que Deus fala, pois o que Deus fala é verdade porque Ele é o Deus que não pode mentir e sua Palavra jamais cairá por terra. Daniel adora a Deus por causa da sua fidelidade. Ele pode confiar em Deus por saber que Deus é fiel as suas promessas. Daniel adora a Deus também por causa da sua misericórdia e a sua prontidão em perdoar: Que guardas ...  a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos. Ele era grato a Deus por ter sido perdoado por Ele. Nós também podemos adorar com reverência a este Deus Sublime, podemos confiar neste Deus Supremo, podemos descansar neste Deus misericordioso e fiel.
B – Contrição com Confissão de Arrependimento

A oração de Daniel é uma oração de confissão de pecados, uma das mais ricas, mais profundas orações da Bíblia. Daniel faz uma confissão coletiva quando diz:

temos pecado e cometido iniqüidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;
e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da terra.

Daniel compreende que ele, os líderes do povo e o povo pecaram contra Deus. Daniel não apresenta justificativas nem transferência de culpa, mas assume a culpa e os erros quando diz que todos eles pecaram. Todos são culpados: Ele, os líderes e o povo. Uma confissão coletiva, uma consciência geral de que o pecado atingiu a todos. E na oração ele ainda específica os pecados: Cometemos iniquidades, procedemos perversamente, fomos rebeldes, apartamos dos mandamentos de Deus e não damos ouvidos aos profetas. Deus falou e eles não ouviram. Deus ordenou e eles não obedeceram. Deus fez grandes maravilhas e eles não agradeceram. Daniel não generaliza, ele especifica que tipo de pecados o povo tem cometido, ele cita pecados específicos.
Às vezes, nossa confissão é genérica: Deus perdoa as minhas multidões de pecados, mas não diz que pecados são esses. Precisamos aprender a chegar diante de Deus e dizer: Deus eu rebelei contra Ti, eu desobedeci ao Senhor, eu não ouvi a tua voz, eu não atendi a voz dos seus profetas, eu não obedeci aos teus mandamentos, eu não fui fiel ao Senhor. Precisamos chegar diante de Deus com tamanha contrição e dizer: Deus há pecado em minha vida, Deus há rebeldia em minha vida, Deus há rebelião em minha vida, Deus há transgressão em minha vida, Deus há endurecimento de coração em minha vida. Precisamos chegar para Deus e falar a Ele qual é o pecado que temos cometido. Esta é a verdadeira confissão, a confissão específica. A oração de Daniel também é uma confissão sincera:
7  A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje se vê; aos homens de Judá, os moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas transgressões que cometeram contra ti.
Ó SENHOR, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti.

Daniel está envergonhado! Daniel está corado de vergonha por causa do seu pecado. Ele sabe que os males que vieram sobre o povo foram provocados pela desobediência e pela rebeldia do povo, porque o pecado trás opróbrio, vergonha, dor, humilhação e derrota. O grande drama da atualidade é que o pecado não nos choca mais, não nos envergonha mais. Nós estamos perdendo a sensibilidade pelo pecado. Mais do que nunca precisamos orar como Daniel, chegar diante de Deus com confissão sincera e dizer que a nós pertence o corar de vergonha porque temos pecado. Que Deus nos abençoe a termos esta atitude corajosa! A oração de Daniel é ainda uma oração consciente da justiça divina.
9  Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos temos rebelado contra ele
10  e não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas.
11  Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra ti.
12  Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós e contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal, porquanto nunca, debaixo de todo o céu, aconteceu o que se deu em Jerusalém.
13  Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do SENHOR, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniqüidades e nos aplicarmos à tua verdade.
14  Por isso, o SENHOR cuidou em trazer sobre nós o mal e o fez vir sobre nós; pois justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as suas obras que faz, pois não obedecemos à sua voz.

Daniel diz que Deus os entregou para o cativeiro, mas que o Senhor foi justo ao fazer isso, porque o Senhor os alertou, porque o Senhor os avisou com veemência antes de fazer isso com eles, que o Senhor deu sinais de que iria mandá-los para o cativeiro caso não ouvissem a voz de seus profetas, e porque o povo endureceu seu coração e não quis dar ouvidos aos alertas de Deus, antes chegaram até mesmo a matar aos profetas enviados por Deus que Deus, então, cumpre o que prometera, e manda o povo para o cativeiro.
O que estava levando Daniel ao desespero em sua oração era a dureza do coração do povo. Deus tinha falado que se eles não obedecessem, eles iriam para o cativeiro. Eles não ouviram e foram para o cativeiro. O problema é que o povo já está há 68 anos no cativeiro, faltando apenas dois anos para o retorno, e o povo ainda não tinha se arrependido, não tinha se convertido, não tinha se voltado para Deus. Daniel se desespera porque está assistindo novamente ao filme de rebeldia daquele povo. Ele se angustiou ao perceber que o chicote de Deus não foi suficiente para levar este povo ao arrependimento. É muito triste ver Deus se levantar de madrugada e desde então passar a chamar o homem rebelde ao arrependimento, a convidar o homem rebelde a se voltar para Ele, abandonar seus pecados, deixar seus maus caminhos, seus maus costumes, abandonar a idolatria e arrepender-se com sinceridade, mas o homem continua a lhe virar as costas e se recusa a ouvir a voz de Deus. Como é triste a dureza de coração. E Daniel reconhece a ingratidão do povo:
15  Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste renome, como hoje se vê, temos pecado e procedido perversamente.

Daniel reconhece as grandes coisas que Deus fez na vida deste povo. O Senhor já quebrou os grilhões da escravidão lá no Egito, o Senhor tirou o povo do opróbrio, da vergonha, tanto da escravidão no Egito quanto de muitos outros povos no tempo dos juízes, mas o povo se rebela novamente contra o seu Deus e se recusa a se voltar para o Senhor com arrependimento. Que coisa triste quando Deus vem, faz um milagre na sua vida, te salva, te perdoa, te liberta, te transforma, converte seu coração, torna você um membro da família de Deus e depois que você se torna um convertido, salvo, remido, agora você transgride os mandamentos deste Deus que te salvou, desobedece as suas ordens, endurece o seu coração e Deus precisa tratar com você com a vara da disciplina, porque você se recusa a escutar a voz do amor. Deus alerta ao homem e se ele não escuta a advertência de Deus, então, Deus manda o juízo, manda o cativeiro, manda você para o deserto porque somente lá você se dispõe a ouvir a voz de Deus.
C – Petição

Ele adorou, ele confessou e agora ele vai pedir. E os seus pedidos também são específicos:

16  Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte, porquanto, por causa dos nossos pecados e por causa das iniqüidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós.
17  Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo e as suas súplicas e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o rosto, por amor do Senhor.
18  Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.

Daniel está pedindo para Deus se atentar para Jerusalém que está desolada, para o monte santo que está devastado, para o santuário que está assolado, para o povo que está desolado; ele está pedindo para Deus algo específico. É assim que devem ser as nossas petições: específicas. O que você quer de Deus? Às vezes oramos: Deus me abençoe, mas que tipo de bênção você quer? Deus abençoa meu lar, mas como você quer que Deus abençoe seu lar? Deus abençoa minha vida espiritual, mas em que área de sua vida espiritual você quer o toque de Deus? Deus abençoe a Igreja, mas como você quer que Deus abençoe a Igreja? Deus quer que sejamos específicos em nossas orações. Que Deus nos abençoe e venhamos a aprender com Daniel a apresentar ao Senhor a nossa oração! E o pedido de Daniel tinha senso de urgência:
19  Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.

Às vezes nossas orações são sem vigor, sem pulsação forte, sem senso de urgência. É muito importante este senso de urgência, este vigor que você coloca na oração. É isso que Daniel está fazendo. E antes de fazer os seus pedidos, Daniel diz algo muito oportuno para Deus:

15  Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste renome, como hoje se vê, temos pecado e procedido perversamente.

Ele está dizendo a Deus que Ele já fez um milagre no passado, por isso Daniel pede para fazê-lo de novo. Ele está dizendo para Deus que não está pedindo nada de novo, mas que tão somente o Senhor repita aquele milagre realizado lá no Egito e que agora liberta o seu povo da escravidão de Babilônia. E Daniel continua:

19  Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.

Os pedidos de Daniel em sua oração estão cheios de clemência: Deus é a tua cidade, Deus é o teu monte santo, Deus é a tua casa. Não deveria fazer algo Senhor? Deus resplandeça o teu rosto sobre este lugar. Deus é o teu povo que está sendo desprezado, ficará o Senhor impassivo diante disso tudo? O teu santuário é o único lugar que escolheste para tua habitação, deixarias Tu este lugar desolado para sempre? O apelo de Daniel não é que Deus simplesmente liberte o seu povo, mas que o faça por amor do seu próprio nome. É a glória do nome de Deus que está em jogo, não é simplesmente por causa do povo, é por causa do nome de Deus, pois a desolação do povo refletirá no caráter de Deus. As pessoas poderão questionar seu poder e sua bondade, de forma que se Deus não agir o seu nome será blasfemado. E Daniel diz algo maravilhoso: Por amor de Ti mesmo. Daniel diz que não é por amor do povo, mas por amor do próprio Deus. O povo não o merece! O que está em jogo é a própria honra de Deus, é a própria glória de Deus, é o próprio nome de Deus e é por isso que ele fundamenta a sua oração na misericórdia de Deus:

18  Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.

Que coisa sublime! Daniel está dizendo: Deus nós estamos pedindo não é porque somos justos, não é porque temos méritos, não é porque temos crédito, não Deus, o nosso pedido é por causa de tuas muitas misericórdias. Quando foi a última vez que você orou assim? Esse é o tipo de oração que Deus ouve. Precisamos conhecer as promessas de Deus e orar por elas dessa forma. Quando um remanescente ora dessa forma a história é mudada. Falta-nos este espírito oportuno da oração, de chegar diante de Deus e dizer: Deus é a tua Igreja. Deus é a Noiva do Cordeiro. Deus é o teu povo que Tu remiste com o teu sangue. Deus é o povo a quem Tu amas.
A oração verdadeira é sempre marcada por profunda humildade. Nossas orações devem ser fundamentadas não na justiça humana, mas na misericórdia divina. Não nos méritos do homem, mas no nome de Jesus.

Conclusão

Esta é a oração de Daniel, esta deve ser a sua oração e esta dever ser a oração da Igreja. O espírito de oração deve caracterizar todos os filhos de Deus. Assim como Daniel foi tomado por este espírito de oração na sua adolescência, na sua juventude, na sua fase adulta e agora na sua velhice, assim também nós deveríamos ser imbuídos deste espírito de oração. Por isso desafio você a orar. Orar para engrandecer a Deus, orar para agradecer a Deus, orar para se humilhar, para se quebrantar diante de Deus, orar para uma causa específica, orar por uma causa aparentemente perdida, para uma causa que tenha urgência, orar para pedir a direção de Deus em sua vida, orar para pedir poder de Deus em tua vida, orar pela conversão de alguém muito querido por você. Encare este desafio com muita seriedade porque nunca houve tanta necessidade de oração como nos dias de hoje!
A integridade deve ser um grande desafio para o filho de Deus, os servos de Deus não devem desprezar a santidade. A leitura e o estudo da Palavra de Deus devem ser habituais em nossas vidas e com certeza esse hábito vai nos desafiar a uma intensa vida de oração. Quem lê a Bíblia ora, quem ora tem prazer de ler a Bíblia, as duas coisas tem que andar juntas. Os filhos de Deus devem se aplicar profundamente a prática da intercessão. Que esta oração de Daniel possa motivar você, sua família e sua Igreja a estar mais comprometida com Deus no ministério da intercessão. Que Deus assim nos abençoe! Amém!

Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes: Estudos sobre o livro de Daniel.