ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL: A SOBERANIA
DE DEUS NA HISTÓRIA
PARTE I: AS INTERVENÇÕES DIVINAS
LIÇAO
VIII: A ORAÇÃO DE DANIEL: O EXEMPLO DE UM HOMEM DEDICADO A ORAÇÃO
Dn
9.1-19
Introdução
Por que orar se Deus conhece
tudo, sabe tudo e já determinou todas as coisas? Pensando nisso, tem alguma
razão em orar? O estudo de hoje vai falar sobre um dos alicerces de uma vida
cristã vitoriosa: A oração. E Daniel é um grande exemplo nesta área, pois
sempre foi um homem de oração. Aliás, quando analisamos o livro de Daniel
podemos perceber que suas vitórias são frutos e respostas de oração. Daniel e
seus amigos se privaram do alimento real e ficaram mais saudáveis do que os
outros que se alimentaram dela, resposta de oração. Daniel interpretou o sonho
de Nabucodonosor, resposta de oração. Os amigos de Daniel não teriam sido
libertados do poder do fogo na fornalha ardente se não fossem homens de oração
e Daniel teria sido devorado pelos leões quando foi jogado na cova dos leões se
não fosse um homem de oração.
A oração de Daniel é uma das
mais importantes da Bíblia e ela nos dá algumas lições muito preciosas. Depois
da oração sacerdotal de Cristo, a oração de Daniel é a mais linda da Bíblia. Já
aprendemos muito com este servo amado de Deus e ainda hoje vamos fortalecer
nossos corações com mais estas lições que com certeza pode transformar nossa
vida de oração.
01 –
OS PRESSUPOSTOS PARA UMA VIDA DE ORAÇÃO
Antes de estudarmos a oração
de Daniel vamos rever a vida de Daniel. Qual o segredo deste homem para ter um
relacionamento tão fervoroso com Deus?
A)
Daniel Sempre Foi um Homem Íntegro
A primeira coisa que notamos
na vida de Daniel é a sua integridade. Daniel foi levado aos 14 anos para
Babilônia e ele está agora com cerca de 80 anos e neste tempo todo ele sempre
foi um homem integro. Ele nunca negociou a sua consciência, ele nunca negociou
os seus valores, ele nunca se deixou levar pelas ameaças, pelos perigos, pelas
circunstâncias e nem se deixou seduzir pelos privilégios. Daniel permaneceu
firme naqueles 68 anos de cativeiro. Ele foi provado, mas nunca sucumbiu ao
pecado. Algumas vezes preferiu a morte a pecar contra Deus, de forma que nem as
provas e nem a promoção o corromperam e Deus o honrou por causa disso.
Quantas vezes a vida de
oração de um homem ou de uma mulher acaba por causa da transigência com
princípios e com valores que são absolutos. O oxigênio que alimenta a oração de
uma pessoa é uma vida de santidade, de piedade, de pureza. Quando a pessoa transige
com o pecado ela tem vergonha de Deus, ela perde a intimidade com Deus, ela não
consegue ter vida de oração. Daniel teve vida de oração porque ele teve vida de
santidade na presença de Deus.
B)
Daniel Sempre Foi Dedicado ao Estudo da Palavra de Deus
Este é o outro segredo do
sucesso de Daniel. Seu sucesso está fundamentado nos princípios elementares da
fé cristã: A oração e o estudo da Palavra de Deus. Às vezes, para levar a
Igreja a um avivamento, queremos inventar coisas novas, coisas sofisticadas, trazer
novidades do mundo atual, mas aquilo que se ensina em uma classe de doutorado
sobre sucesso na vida espiritual se ensina em uma classe infantil: Oração e
estudo da Palavra de Deus. Não tem nada de novo para se inventar. É Bíblia e
oração. É vida com Deus. Daniel aprendeu este princípio desde a sua infância e
o aplica na sua adolescência, na sua juventude, na sua fase adulta e na sua
velhice. Ele nunca abandonou o hábito de ler a Palavra de Deus e orar. Ele
aprendeu este princípio quando era um escravo e aplicou este princípio quando
era primeiro ministro da Babilônia.
Deus deu a Daniel o dom da
interpretação de sonhos e de visões, Deus lhe deu a capacidade de entender as
coisas mais misteriosas, mas Daniel, apesar de ter entendimento de sonhos e
visões, nunca deixou de ser um estudioso da Palavra de Deus. Ele é um homem que
tem tempo para ler a Bíblia, ele era um homem extremamente ocupado, ele era um
homem que ocupava o segundo lugar no governo, tanto da Babilônia quanto do
Império medo-persa, mas ele encontra tempo para ler a Bíblia, ele encontra
tempo para orar.
Quando você diz que é uma
pessoa muito ocupada, com a agenda muito cheia, que não tem tempo para ler a
Bíblia, que não tem tempo para orar, você está dizendo somente uma coisa: Deus
não é prioridade em sua vida. Você tem tempo para tudo que é prioridade para
você, o que não for prioridade ficará em segundo plano. Veja que Daniel era
primeiro ministro de um Império, mas Daniel nunca deixou de achar tempo para
estudar a Palavra de Deus e nunca deixou de achar tempo para orar.
C) Daniel
Sempre Foi Dedicado à Oração
Daniel era um homem íntegro
que estudava a Palavra de Deus e justamente por causa disso que Daniel sempre
foi dedicado à oração. É como uma fórmula matemática: 2 + 2 = 4. Da mesma forma:
integridade + estudo da Palavra de Deus = Vida de oração. Quando Daniel foi
para Babilônia ele era ainda um adolescente e lá ele enfrenta as lutas em
oração. Quando Nabucodonosor sonha com aquela imagem impressionante e decreta
que todos os magos da Babilônia fossem mortos, porque não conseguiam saber o
teor de seu sonho e nem davam para ele a sua interpretação, Daniel chama seus
três amigos e vão orar ao Senhor, buscar a direção de Deus, buscar respostas de
Deus para que não houvesse aquela chacina, porque ele e seus três amigos também
seriam mortos. Mais tarde vemos Daniel mais uma vez acuado, perseguido e
ameaçado de morte por causa de oração, mas ele não se intimida e, abrindo as
janelas para a banda de Jerusalém, ora três vezes ao dia, mesmo que isso viesse
a lhe custar a vida.
Agora, Daniel já é um
ancião, ele está lendo a Bíblia e descobre em Jeremias os anos de duração do
cativeiro que seu povo estava sofrendo. Mais uma vez ele busca a Deus em
oração. Daniel foi um homem que viveu a vida toda, nas diversas fases de sua
vida em oração. Ele era um homem que vivia na dependência de Deus em oração.
Aprendamos isso com este homem. Vamos agora ao estudo de sua oração.
02 –
DANIEL: UM HOMEM COM UM ESPÍRITO DE ORAÇÃO DESCOBRE QUE O CATIVEIRO DE JUDA
ESTÁ CHEGANDO AO FIM
1 No primeiro ano de Dario, filho de Assuero,
da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,
2 no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de
anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam de durar as
assolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3 Voltei o rosto ao Senhor Deus,
para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.
Nabucodonosor havia levado
Judá para o cativeiro em 606 a.C.
Encontramo-nos aqui no primeiro ano de Dario, o medo, no ano de 536 a.C. Daniel foi levado
para a Babilônia com 14 anos de idade. Então, aqui, Daniel deve estar entre 80
a 82 anos de idade e já havia se passado 68 anos de cativeiro. Mas veja que
ainda nesta idade Daniel está lendo e estudando a Bíblia e ele descobre que
Deus havia estabelecido que o cativeiro babilônico durasse 70 anos. Portanto, 70
anos seria o limite do cativeiro que o povo de Deus estava sofrendo e já se
havia passado 68 anos e quando Daniel se apercebe disso ele cai em oração. Por
quê?
A) Motivação
Para Orar Mesmo Quando Tudo Parece Estabelecido
O Decreto de Deus não o
desencorajou a orar, ao contrário, o levou à oração intensa e fervorosa pela
libertação do povo judeu do cativeiro. Daniel poderia ter feito as contas e ver
que o cativeiro estava chegando ao fim e ter pensado que não precisava mais
orar, não havia sentido orar agora que faltava somente dois anos para acabar.
Daniel também poderia pensar que Deus já havia decretado mesmo a duração do
cativeiro, que poderia cruzar os braços porque quando chegasse o tempo
determinado por Deus o fim do cativeiro iria acontecer de qualquer jeito, que
Deus iria fazer tudo e ele não precisava fazer nada. Daniel poderia até pensar
que agindo assim ele estaria descansando na Soberania de Deus. Mas Daniel não
toma nenhuma destas atitudes, antes ele se põe de joelhos e ora ao Senhor.
Esta atitude é um exemplo
para nós. Muitas vezes desistimos de orar por qualquer motivo. Aliás, desculpa
para não orar não falta em nossos lábios. Às vezes achamos o desafio grande
demais de forma que parece que nem a oração dá jeito. Às vezes o desafio é a
perseverança, mas logo desistimos de orar porque Deus está demorando demais em
responder e achamos, então, que Ele não quer fazer isso que estamos pedindo.
Mas o maior problema da oração é a frieza espiritual, porque a oração é o
termômetro da fé. Quando somos cheios do Espírito Santo também somos fervorosos
em oração, mas quando falta em nós o Espírito Santo nos tornamos negligentes na
oração.
Quantas vezes nós
transformamos a teologia reformada calvinista em um motivo de omissão, de
relaxamento espiritual, de descuido espiritual, porque pensamos: Se Deus já
decretou que sou salvo para que orar? Se Deus já decretou quem vai ser salvo
para que evangelizar? Mas o ensino da Soberania de Deus jamais é contraditório
com a responsabilidade humana. Jonas foi para a cidade de Nínive e ali ele
pregou que ela seria destruída porque o Senhor assim falou. Mas Nínive se
arrepende, o povo se humilha, o povo ora e Deus suspende o castigo que estava
lavrado sobre aquela cidade. Deus trouxe salvação em vez de juízo por causa da
oração e do arrependimento daquele povo. Abraão orou por Sodoma e Gomorra, Deus
já havia enviado seus anjos para destruírem aquelas duas cidades impenitentes,
o fogo de Deus caiu sobre as cidades, mas quando Deus estava destruindo as
cidades lembrou-se da oração de Abraão e salvou a Ló e sua família. O juízo já
estava lavrado sobre toda a cidade, mas Deus ouviu a oração de Abraão e por causa
disso Ló foi salvo da destruição.
O grande problema é que nós
estamos tão acostumados de ver as coisas acontecendo, independentes de nossas
orações, que não temos mais noção do sabor de contemplar a ação de Deus como
resposta de nossas orações. Mas a Bíblia nos diz que devemos orar sem cessar,
orar em todo o tempo, orar com os irmãos e pelos irmãos, orar com a família e
pela família, orar pelos incrédulos, orar pelos governos, orar sempre e sempre
orar. Deus é Soberano sim, mas a Soberania de Deus não nos isenta de orar. Deus
sabe todas as coisas sim, mas Deus quer que nós apresentemos a Ele as nossas
aflições. Deus pode todas as coisas sim, mas Deus quer que queiramos a
intervenção dele em nossas vidas e venhamos a pedir isso a Ele, porque Deus não
é um intruso, não é um intrometido, Ele é educado e permanece no coração
somente de quem quer a sua presença. O Senhor Jesus Cristo prometeu que vai
voltar para buscar a sua Igreja. Mas o mesmo Jesus que prometeu à Igreja que
voltaria, encoraja a Igreja a viver em oração. Portanto, mesmo que tudo esteja
estabelecido por Deus devemos orar.
B)
Daniel Entende a Urgência em Orar
Daniel, examinando o livro
do profeta Jeremias, entende que o cativeiro da Babilônia estava acabando, só
tinha mais dois anos para concluir os setenta anos e por isso este homem é
movido a buscar a Deus em oração. Por quê? Para entender precisamos ver o que
Daniel leu:
10 Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para
vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar.
11 Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso
respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que
desejais.
12 Então,
me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei.
13 Buscar-me-eis
e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.
14 Serei achado de vós, diz o
SENHOR, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de
todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio (Je
29.10-14).
Este foi o texto que mexeu
com Daniel, que levou a Daniel a fazer uma oração tão significativa. Estava
faltando somente dois anos para o cumprimento desta profecia. Dois anos depois,
Ciro, o persa, dominaria o Império medo-persa e escrevia um Decreto para a
volta do povo. Mas por que Daniel ora? Sabe por quê? É porque o cumprimento da
profecia passaria pela volta do povo para Deus, o cumprimento desta profecia
passaria pelo retorno deste povo a Deus em oração:
12 Então,
me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei.
13 Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.
O povo teria que passar pelo
arrependimento, pela oração e pela súplica na volta para Deus. Mas, quando
Daniel olha para o povo no cativeiro, Daniel não percebe que o povo está
quebrantado, Daniel não percebe que o povo está arrependido, Daniel não vê sinais
deste povo em oração, por isso ele clama com tamanha intensidade, com tamanho
fervor, com urgência. E como ele ora?
C)
Daniel Busca a Deus Intensamente
3 Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e
súplicas...
Daniel voltou o rosto ao Senhor.
Isso demonstra a intensidade da sua oração. Este homem tinha uma vida metódica
e sistemática de oração, ele orava três vezes ao dia, mas agora ele precisa
orar com mais intensidade, agora é uma causa específica e ele tem que orar com
todas as forças de sua alma, porque o cativeiro está chegando ao fim e o povo
ainda não voltou seu coração a Deus. Por isso Daniel ora e suplica. Ele poderia
pensar que Deus já havia decretado mesmo a duração do cativeiro, que poderia
cruzar os braços porque a libertação ia acontecer de qualquer jeito, que Deus
ia fazer tudo e que ele não precisava fazer nada, Daniel poderia até pensar que
agindo assim ele estaria descansando na Soberania de Deus. Mas não foi este o
entendimento de Daniel. Ele sabia que Deus é Soberano o suficiente para levar o
povo ao arrependimento, mas ele se humilhou, ele buscou a Deus e ele colocou a
sua alma em fervorosa súplica aos céus para que Deus pudesse trazer
quebrantamento à nação.
D)
Daniel Busca a Deus com Quebrantamento
3 ..., para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.
Daniel jejua e se cobre de
pano de saco e cinza. Ele se humilha, ele se quebranta diante de Deus. Ele era
um homem do palácio, mas ele se despoja da sua posição e se humilha diante de Deus,
porque aqueles anos de cativeiro ainda não tinham trazido quebrantamento ao
povo. O sofrimento ainda não fizera o povo se voltar para Deus. Daniel,
condoído pelo povo, não se sentiu desanimado de orar e orou pelo arrependimento
do povo. Ele busca a Deus em súplicas, oração e jejum e quem jejua tem pressa,
não pode protelar. Quem jejua não pode esperar. Quem jejua está dizendo que tem
mais urgência em receber a resposta de Deus do que alimentar o seu próprio
corpo.
O jejum tem sido uma prática
tão esquecida nos dias de hoje, mas há tantas causas para jejuarmos. Precisamos
jejuar para agradecer a Deus, jejuar para se humilhar, para quebrantar o
coração diante de Deus, jejuar para uma causa específica, uma causa que tenha
urgência diante de Deus, jejuar para pedir a direção de Deus, para pedir poder de
Deus em nossas vidas, jejuar pela conversão de alguém que está partindo para a
eternidade sem Cristo. O grande problema é que nós estamos tão acostumados com
o sabor do pão da terra que não temos mais noção do sabor do pão do céu.
Alegramos-nos tanto com o pão da terra que não temos mais necessidade do pão do
céu. E mais uma vez fazemos isso com mil e uma desculpas. Quando Daniel jejua
ele está dizendo que o pão do céu é mais urgente do que o pão da terra, porque Daniel
tem urgência no seu clamor. Faltam apenas mais dois anos para o cumprimento da
profecia e ele não vê no seu povo o quebrantamento. Ele sabe que a profecia
passa pelo arrependimento do povo. Por isso, ele ora com tanta urgência.
03
– OS ATRIBUTOS DA ORAÇÃO
Daniel vai fazer nesta
oração os três pontos básicos daquilo que entendemos ser oração: Adoração,
contrição e petição.
A)
Adoração a Deus com Reverência e Fé
4 Orei ao SENHOR, meu Deus,
confessei e disse: ah! Senhor! Deus
grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te
amam e guardam os teus mandamentos;
A
primeira coisa que notamos aí é a reverência. Daniel se dirige a Deus em um
profundo senso de reverência quando diz: Ah! Senhor! Deus grande e temível.
Deus é Grande! E Deus é tão temível que os próprios anjos não ousam olhar
diretamente para Ele, mas cobrem o rosto quando estão diante dele. Daniel
reconhece isso e chega reverentemente diante de Deus. Quantas vezes nós
perdemos este censo de reverência diante da Majestade de Deus, diante da Glória
de Deus. Quantas pessoas não dão a Deus o respeito devido à sua grandeza, à sua
soberania, à sua majestade como Daniel demonstra aqui. Às vezes, nós
demonstramos uma intimidade com Deus apenas na verbalização, sem nenhum
respeito, pois vemos as pessoas chamarem a Deus de “paizinho”, mas esta
intimidade tão popular descreve apenas uma intimidade na verbalização, não uma
intimidade no relacionamento, além de parecer mais uma falta de reverência do
que intimidade para com Deus.
A
segunda coisa que podemos notar é a confiança de Daniel em Deus quando diz: Que
guardas a aliança. Que coisa boa é poder se aproximar de Deus e souber
que Deus é fiel, que Deus não volta atrás em Sua Palavra, que Deus vela pela
Sua Palavra em cumpri-la, que se pode crer naquilo que Deus fala, pois o que
Deus fala é verdade porque Ele é o Deus que não pode mentir e sua Palavra
jamais cairá por terra. Daniel adora a Deus por causa da sua fidelidade. Ele
pode confiar em Deus por saber que Deus é fiel as suas promessas. Daniel adora
a Deus também por causa da sua misericórdia e a sua prontidão em perdoar: Que
guardas ... a misericórdia para com os
que te amam e guardam os teus mandamentos. Ele era grato a Deus por ter
sido perdoado por Ele. Nós também podemos adorar com reverência a este Deus
Sublime, podemos confiar neste Deus Supremo, podemos descansar neste Deus
misericordioso e fiel.
B
– Contrição com Confissão de Arrependimento
A oração de Daniel é uma
oração de confissão de pecados, uma das mais ricas, mais profundas orações da
Bíblia. Daniel faz uma confissão coletiva quando diz:
5 temos
pecado e cometido iniqüidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes,
apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;
6 e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome
falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o
povo da terra.
Daniel
compreende que ele, os líderes do povo e o povo pecaram contra Deus. Daniel não
apresenta justificativas nem transferência de culpa, mas assume a culpa e os
erros quando diz que todos eles pecaram. Todos são culpados: Ele, os líderes e
o povo. Uma confissão coletiva, uma consciência geral de que o pecado atingiu a
todos. E na oração ele ainda específica os pecados: Cometemos iniquidades,
procedemos perversamente, fomos rebeldes, apartamos dos mandamentos de Deus e
não damos ouvidos aos profetas. Deus falou e eles não ouviram. Deus ordenou e
eles não obedeceram. Deus fez grandes maravilhas e eles não agradeceram. Daniel
não generaliza, ele especifica que tipo de pecados o povo tem cometido, ele
cita pecados específicos.
Às
vezes, nossa confissão é genérica: Deus perdoa as minhas multidões de pecados,
mas não diz que pecados são esses. Precisamos aprender a chegar diante de Deus
e dizer: Deus eu rebelei contra Ti, eu desobedeci ao Senhor, eu não ouvi a tua
voz, eu não atendi a voz dos seus profetas, eu não obedeci aos teus
mandamentos, eu não fui fiel ao Senhor. Precisamos chegar diante de Deus com
tamanha contrição e dizer: Deus há pecado em minha vida, Deus há rebeldia em
minha vida, Deus há rebelião em minha vida, Deus há transgressão em minha vida,
Deus há endurecimento de coração em minha vida. Precisamos chegar para Deus e
falar a Ele qual é o pecado que temos cometido. Esta é a verdadeira confissão,
a confissão específica. A oração de Daniel também é uma confissão sincera:
7 A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje
se vê; aos homens de Judá, os moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer
os de perto, quer os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por
causa das suas transgressões que cometeram contra ti.
8 Ó SENHOR, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos
nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti.
Daniel
está envergonhado! Daniel está corado de vergonha por causa do seu pecado. Ele
sabe que os males que vieram sobre o povo foram provocados pela desobediência e
pela rebeldia do povo, porque o pecado trás opróbrio, vergonha, dor, humilhação
e derrota. O grande drama da atualidade é que o pecado não nos choca mais, não
nos envergonha mais. Nós estamos perdendo a sensibilidade pelo pecado. Mais do
que nunca precisamos orar como Daniel, chegar diante de Deus com confissão
sincera e dizer que a nós pertence o corar de vergonha porque temos pecado. Que
Deus nos abençoe a termos esta atitude corajosa! A oração de Daniel é ainda uma
oração consciente da justiça divina.
9 Ao Senhor, nosso Deus, pertence a
misericórdia e o perdão, pois nos temos rebelado contra ele
10 e não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus,
para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os
profetas.
11 Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei,
desviando-se, para não obedecer à tua voz; por
isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de
Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra ti.
12 Ele confirmou a sua palavra, que falou contra
nós e contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal,
porquanto nunca, debaixo de todo o céu, aconteceu o que se deu em Jerusalém.
13 Como está escrito na Lei de Moisés, todo este
mal nos sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do SENHOR, nosso
Deus, para nos convertermos das nossas iniqüidades e nos aplicarmos à tua
verdade.
14 Por isso, o SENHOR cuidou em trazer sobre nós o mal e o fez vir sobre
nós; pois justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as suas obras que faz, pois
não obedecemos à sua voz.
Daniel
diz que Deus os entregou para o cativeiro, mas que o Senhor foi justo ao fazer
isso, porque o Senhor os alertou, porque o Senhor os avisou com veemência antes
de fazer isso com eles, que o Senhor deu sinais de que iria mandá-los para o
cativeiro caso não ouvissem a voz de seus profetas, e porque o povo endureceu
seu coração e não quis dar ouvidos aos alertas de Deus, antes chegaram até
mesmo a matar aos profetas enviados por Deus que Deus, então, cumpre o que prometera,
e manda o povo para o cativeiro.
O
que estava levando Daniel ao desespero em sua oração era a dureza do coração do
povo. Deus tinha falado que se eles não obedecessem, eles iriam para o
cativeiro. Eles não ouviram e foram para o cativeiro. O problema é que o povo
já está há 68 anos no cativeiro, faltando apenas dois anos para o retorno, e o
povo ainda não tinha se arrependido, não tinha se convertido, não tinha se
voltado para Deus. Daniel se desespera porque está assistindo novamente ao
filme de rebeldia daquele povo. Ele se angustiou ao perceber que o chicote de
Deus não foi suficiente para levar este povo ao arrependimento. É muito triste
ver Deus se levantar de madrugada e desde então passar a chamar o homem rebelde
ao arrependimento, a convidar o homem rebelde a se voltar para Ele, abandonar
seus pecados, deixar seus maus caminhos, seus maus costumes, abandonar a
idolatria e arrepender-se com sinceridade, mas o homem continua a lhe virar as
costas e se recusa a ouvir a voz de Deus. Como é triste a dureza de coração. E Daniel
reconhece a ingratidão do povo:
15 Na verdade, ó Senhor, nosso
Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo
adquiriste renome, como hoje se vê, temos
pecado e procedido perversamente.
Daniel
reconhece as grandes coisas que Deus fez na vida deste povo. O Senhor já
quebrou os grilhões da escravidão lá no Egito, o Senhor tirou o povo do
opróbrio, da vergonha, tanto da escravidão no Egito quanto de muitos outros
povos no tempo dos juízes, mas o povo se rebela novamente contra o seu Deus e
se recusa a se voltar para o Senhor com arrependimento. Que coisa triste quando
Deus vem, faz um milagre na sua vida, te salva, te perdoa, te liberta, te
transforma, converte seu coração, torna você um membro da família de Deus e
depois que você se torna um convertido, salvo, remido, agora você transgride os
mandamentos deste Deus que te salvou, desobedece as suas ordens, endurece o seu
coração e Deus precisa tratar com você com a vara da disciplina, porque você se
recusa a escutar a voz do amor. Deus alerta ao homem e se ele não escuta a
advertência de Deus, então, Deus manda o juízo, manda o cativeiro, manda você
para o deserto porque somente lá você se dispõe a ouvir a voz de Deus.
C
– Petição
Ele adorou, ele confessou e
agora ele vai pedir. E os seus pedidos também são específicos:
16 Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua
cidade de Jerusalém, do teu santo monte, porquanto, por causa dos nossos
pecados e por causa das iniqüidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o
teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós.
17 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo e as suas
súplicas e sobre o teu santuário
assolado faze resplandecer o rosto, por amor do Senhor.
18 Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a
nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não
lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas
em tuas muitas misericórdias.
Daniel
está pedindo para Deus se atentar para Jerusalém que está desolada, para o
monte santo que está devastado, para o santuário que está assolado, para o povo
que está desolado; ele está pedindo para Deus algo específico. É assim que
devem ser as nossas petições: específicas. O que você quer de Deus? Às vezes
oramos: Deus me abençoe, mas que tipo de bênção você quer? Deus abençoa meu
lar, mas como você quer que Deus abençoe seu lar? Deus abençoa minha vida
espiritual, mas em que área de sua vida espiritual você quer o toque de Deus?
Deus abençoe a Igreja, mas como você quer que Deus abençoe a Igreja? Deus quer
que sejamos específicos em nossas orações. Que Deus nos abençoe e venhamos a
aprender com Daniel a apresentar ao Senhor a nossa oração! E o pedido de Daniel
tinha senso de urgência:
19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor,
perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não
te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu
povo são chamados pelo teu nome.
Às vezes nossas orações são
sem vigor, sem pulsação forte, sem senso de urgência. É muito importante este
senso de urgência, este vigor que você coloca na oração. É isso que Daniel está
fazendo. E antes de fazer os seus pedidos, Daniel diz algo muito oportuno para
Deus:
15 Na verdade, ó Senhor, nosso
Deus, que tiraste o teu povo da terra do
Egito com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste renome, como hoje se vê,
temos pecado e procedido perversamente.
Ele está dizendo a Deus que
Ele já fez um milagre no passado, por isso Daniel pede para fazê-lo de novo. Ele
está dizendo para Deus que não está pedindo nada de novo, mas que tão somente o
Senhor repita aquele milagre realizado lá no Egito e que agora liberta o seu
povo da escravidão de Babilônia. E Daniel continua:
19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor,
perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó
Deus meu; porque a tua cidade e o teu
povo são chamados pelo teu nome.
Os pedidos de Daniel em sua
oração estão cheios de clemência: Deus é a tua cidade, Deus é o teu monte santo,
Deus é a tua casa. Não deveria fazer algo Senhor? Deus resplandeça o teu rosto
sobre este lugar. Deus é o teu povo que está sendo desprezado, ficará o Senhor
impassivo diante disso tudo? O teu santuário é o único lugar que escolheste
para tua habitação, deixarias Tu este lugar desolado para sempre? O apelo de
Daniel não é que Deus simplesmente liberte o seu povo, mas que o faça por amor
do seu próprio nome. É a glória do nome de Deus que está em jogo, não é simplesmente
por causa do povo, é por causa do nome de Deus, pois a desolação do povo
refletirá no caráter de Deus. As pessoas poderão questionar seu poder e sua
bondade, de forma que se Deus não agir o seu nome será blasfemado. E Daniel diz
algo maravilhoso: Por amor de Ti mesmo.
Daniel diz que não é por amor do povo, mas por amor do próprio Deus. O povo não
o merece! O que está em jogo é a própria honra de Deus, é a própria glória de
Deus, é o próprio nome de Deus e é por isso que ele fundamenta a sua oração na
misericórdia de Deus:
18 Inclina, ó Deus meu, os
ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que
é chamada pelo teu nome, porque não
lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas
em tuas muitas misericórdias.
Que coisa sublime! Daniel
está dizendo: Deus nós estamos pedindo não é porque somos justos, não é porque
temos méritos, não é porque temos crédito, não Deus, o nosso pedido é por causa
de tuas muitas misericórdias. Quando foi a última vez que você orou assim? Esse
é o tipo de oração que Deus ouve. Precisamos conhecer as promessas de Deus e
orar por elas dessa forma. Quando um remanescente ora dessa forma a história é
mudada. Falta-nos este espírito oportuno da oração, de chegar diante de Deus e
dizer: Deus é a tua Igreja. Deus é a Noiva do Cordeiro. Deus é o teu povo que
Tu remiste com o teu sangue. Deus é o povo a quem Tu amas.
A oração verdadeira é sempre
marcada por profunda humildade. Nossas orações devem ser fundamentadas não na
justiça humana, mas na misericórdia divina. Não nos méritos do homem, mas no
nome de Jesus.
Conclusão
Esta é a oração de Daniel,
esta deve ser a sua oração e esta dever ser a oração da Igreja. O espírito de
oração deve caracterizar todos os filhos de Deus. Assim como Daniel foi tomado
por este espírito de oração na sua adolescência, na sua juventude, na sua fase
adulta e agora na sua velhice, assim também nós deveríamos ser imbuídos deste
espírito de oração. Por isso desafio você a orar. Orar para engrandecer a Deus,
orar para agradecer a Deus, orar para se humilhar, para se quebrantar diante de
Deus, orar para uma causa específica, orar por uma causa aparentemente perdida,
para uma causa que tenha urgência, orar para pedir a direção de Deus em sua
vida, orar para pedir poder de Deus em tua vida, orar pela conversão de alguém
muito querido por você. Encare este desafio com muita seriedade porque nunca
houve tanta necessidade de oração como nos dias de hoje!
A integridade deve ser um
grande desafio para o filho de Deus, os servos de Deus não devem desprezar a
santidade. A leitura e o estudo da Palavra de Deus devem ser habituais em
nossas vidas e com certeza esse hábito vai nos desafiar a uma intensa vida de
oração. Quem lê a Bíblia ora, quem ora tem prazer de ler a Bíblia, as duas
coisas tem que andar juntas. Os filhos de Deus devem se aplicar profundamente a
prática da intercessão. Que esta oração de Daniel possa motivar você, sua
família e sua Igreja a estar mais comprometida com Deus no ministério da
intercessão. Que Deus assim nos abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia
Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e
Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes: Estudos sobre o
livro de Daniel.
Maravilhosa exposição da Palavra! Tão ungida! Continue escrevendo irmão. Vc tem a graça de Deus! Deus falou muito ao meu coração!
ResponderExcluirAmém! Que bom Leone saber que Deus cumpre sua promessa e não a sua Palavra voltar vazia. A Ele toda glória!
Excluir