15 Porque
o Dia do SENHOR está prestes a vir sobre todas as nações; como tu fizeste,
assim se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça.
16
Porque, como bebestes no meu santo monte, assim beberão, de contínuo,
todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido.
17
Mas, no monte Sião, haverá livramento; o monte será santo; e os da casa
de Jacó possuirão as suas herdades.
18 A
casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama, e a casa de Esaú, restolho;
aqueles incendiarão a este e o consumirão; e ninguém mais restará da casa de
Esaú, porque o SENHOR o falou.
19 Os
de Neguebe possuirão o monte de Esaú, e os da planície, aos filisteus;
possuirão também os campos de Efraim e os campos de Samaria; e Benjamim
possuirá a Gileade.
20 Os
cativos do exército dos filhos de Israel possuirão os cananeus até Sarepta, e
os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul.
21
Salvadores hão de subir ao monte Sião, para julgarem o monte de Esaú; e
o reino será do SENHOR (Ob 1.15-21).
Introdução
Como já vimos, o livro de Obadias nos mostra que um pequeno
problema familiar pode tornar-se uma grande desgraça; ensina-nos que adiar
soluções pode se desembocar em grandes crises. Também vimos sobre as consequências
do pecado, pois o pecado é pior do que a solidão, do que a doença, do que a
pobreza, do que a fome e do que a própria morte, porque estes males todos,
embora tão terríveis, não podem nos afastar de Deus, mas o pecado nos afasta de
Deus agora e por toda a eternidade.
Vimos ainda que a arrogância dos edomitas, filhos de Esaú,
que confiavam em sua posição geográfica privilegiada, que confiavam em suas
riquezas e que confiavam em suas alianças políticas para lhes dar segurança.
Isso tudo entrou em colapso, porque o orgulho de Edom lhe enganou, e suas
riquezas foram rebuscadas, suas alianças foram quebradas, seus aliados os
traíram e Edom foi destruído.
Hoje, vamos dar um passo mais adiante, vamos ver que o
juízo de Deus não é um juízo apenas presente, mas é também um juízo futuro. O
juízo de Deus não atinge o pecador somente no aqui e agora, mas atinge o
pecador também no juízo final, pois este livro revela que o pecado não fica
impune e que o mal jamais triunfará sobre o bem, porque a vitória final é de
Cristo, é do Reino de Deus. Vamos tirar algumas lições muito preciosas para
nossas vidas no estudo de hoje.
1 – A LEI DA RETRIBUIÇÃO
15 Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir sobre
todas as nações; como tu fizeste, assim
se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça.
16
Porque, como bebestes no meu santo monte, assim beberão, de contínuo,
todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido.
O fato de Deus ser justo define com clareza de que o pecado
não pode ficar impune, do contrário, Deus não seria justo. O homem pode até
escapar da justiça humana, mas não escapará da justiça divina. O homem pode
driblar as leis humanas, os tribunais humanos, mas jamais poderá driblar a lei
divina, nem jamais poderá corromper o tribunal divino. Ninguém pode esconder-se
do reto e justo Juiz dos vivos e dos mortos. Vamos ver alguns aspectos dessa
retribuição:
A – O Tempo da Retribuição
15 Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir.
Quando se fala no Dia do Senhor na Bíblia, ele tem dois
sentidos: histórico e escatológico. Ele tem dois cumprimentos, um dentro dos
limites da História e um cumprimento para o último dia, o Dia do Juízo. No caso
de Edom, o Dia do Senhor foi o dia em que ele recebeu a punição por causa de
seu pecado, quando foi invadido, saqueado, disperso e dominado. Mas, esse Dia
do Senhor projeta-se para frente, pois também é um dia escatológico, quando
Jesus voltará em glória e poder e assentar-se-á em Seu Trono para julgar as
nações. Nesse dia Deus vai julgar as nações, Deus vai julgar os homens e
ninguém ficará impune e imune a este julgamento.
Por agora, podemos comparar o Dia do Senhor, segundo o
livro de Apocalipse, como as trombetas, porque, agora, o juízo de Deus vem
misturado com a misericórdia. Hoje, nenhuma punição de Deus isola o homem de se
arrepender e emendar a sua vida. Mas, se o homem não ouvir a voz da trombeta de
Deus, quando o juízo é misturado com a misericórdia, então virá as taças de
Deus e nas taças não haverá misericórdia, porque são a manifestação da cólera
de Deus. Nesse dia final não haverá escapatória para os homens. Apocalipse vai
nos ensinar isso:
12 Vi
quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se
tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue,
13 as
estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento
forte, deixa cair os seus figos verdes,
14 e o
céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e
ilhas foram movidos do seu lugar.
15 Os
reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo
escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes
16 e
disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do
Cordeiro,
17 porque chegou o grande Dia da ira deles;
e quem é que pode suster-se (Ap 6.12-17)?
Quando dizem aos montes para caírem sobre eles, não é que
eles queriam morrer, mas sim, esconderem-se daquele que está assentado no Trono
e do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles. O Dia do Juízo será o
dia da ira de Deus, do juízo final de Deus, do julgamento final de Deus contra
os ímpios.
B – O Alcance da Retribuição
15 ...sobre todas as nações.
O juízo de Deus é universal. O juízo retributivo de Deus
alcança todas as nações. Olhemos para o aspecto duplo do juízo de Deus, do
juízo histórico e do juízo escatológico sobre as nações. Quanto ao aspecto
histórico olhe para os grandes Impérios que já se levantaram neste mundo e
caíram, veja o Egito, veja a Assíria, veja a Babilônia, veja a Média, veja a
Pérsia, veja a Grécia e veja a Roma. Estes grandes Impérios se levantaram e
caíram na História. Agora, pense sobre o aspecto escatológico para as nações atuais,
pois elas também cairão diante do juízo de Deus, porque o juízo de Deus
alcançará todas as nações indistintamente. Jesus disse:
31 Quando
vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se
assentará no trono da sua glória;
32 e todas as nações serão reunidas em sua
presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as
ovelhas;
33 e
porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda (Mt 25.31-33).
O juízo de Deus é universal. Nenhum homem, por mais
importante que tenha sido, será imune a este juízo. Ele é para todos, sem
nenhuma distinção de raça, posição social e até mesmo de religião, porque o
apóstolo Paulo disse para a Igreja de Deus:
10
Porque importa que todos nós
compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo
o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2 Co 5.10).
Olhe aí Paulo confirmando a Lei da Retribuição.
C – A Medida da Retribuição
15 ...como tu fizeste, assim se fará contigo.
A lei de retribuição é baseada nas leis morais de Deus e
estas leis morais são a base do julgamento divino. Ela é conhecida como a “lei
do talião”, ou no latim, “Lex talionis”, que no português significa “lei tal e
qual”. Moisés define bem essa lei:
23 Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida,
24 olho por olho, dente por dente, mão por
mão, pé por pé,
25 queimadura por queimadura, ferimento por
ferimento, golpe por golpe (Ex 21.23-25).
Ou seja, essa lei requer que o infrator receba a mesma
punição com a qual ele infligiu a outrem, não em outra medida, mas na mesma
medida, na mesma proporção. Esta lei da retribuição tem um critério justo que
podemos entender tanto positivamente como negativamente. Positivamente, podemos
entender essa lei conforme nos ensinou Jesus:
31 Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles (Lc
6.31).
Você quer receber o bem? Faça o bem. Quer ser abençoado?
Abençoe. Quer ter amigos? Seja amigo. Quer tem um ombro no dia da angústia?
Aproxime-se perto de alguém no dia da angústia dele, porque aquilo que você
semeia é o que você colhe. Mas tem um lado negativo e é o que está escrito aqui
no verso quinze:
15 ...como tu fizeste, assim se fará contigo.
Esta lei está fartamente apresentada na Bíblia e na História.
Em Daniel capítulo seis temos um exemplo. O Império Medo-Persa tinha nomeado 3
governadores e 120 sátrapas. O Império Medo-Persa sucedeu o Império Babilônico.
No Império Babilônico o rei estava acima da lei, ele era a própria lei, era um
governo absolutista, centralizador. O Império Medo-Persa muda o sistema de
governo, de um sistema absolutista para um sistema de delegação de poderes,
descentralização de poder. Portanto, nomeou 3 governadores, dos quais um deles
era Daniel, e 120 sátrapas, não apenas para ajudar o governo, mas também para
fiscalizar o governo. O que aconteceu? Dois governadores, juntando-se com os
120 sátrapas, se corromperam. Como Daniel era incorrupto, pois no meio
incorrupto um honesto incomoda muito, maquinaram um plano, uma armadilha contra
Daniel. Propuseram ao rei que nenhuma oração fosse feita por um tempo senão ao
próprio rei. Sabiam que Daniel não negociaria seus absolutos. Acusaram Daniel
para ser lançado nas covas dos leões, mas quem vão ser devorados pelos leões
não é Daniel, mas aqueles que maquinaram contra ele. É a lei da retribuição no
aspecto histórico.
Hamã é um outro exemplo, ele tramou contra Mordecai,
preparou uma forca para Mordecai, mas foi ele quem foi enforcado naquela mesma
forca. É outro exemplo da lei de retribuição no aspecto histórico.
Faraó, no Egito, afogaram os bebês hebreus do sexo
masculino que nasciam, o que Deus fez? Afogou o exército de Faraó no mar
vermelho. Deus pagou com a mesma moeda aquilo que eles tinham praticado contra
Israel. É a lei de retribuição aplicada por Deus no aspecto histórico.
E o que Edom fez? Fez aliança com os inimigos de Israel
para destruir Israel, saqueou os bens de Israel e matou aqueles que tentavam
fugir, e é exatamente isso que cai sobre eles. Os seus aliados se voltam contra
eles, os seus bens são saqueados e eles que mataram, agora, estão sendo mortos.
É a lei da retribuição em seu aspecto histórico. Paulo disse aos gálatas:
7 Não
vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7).
E isso se aplica tanto no aspecto histórico como no aspecto
escatológico. Quantas vezes não somos enganados pelo mesmo engano com que
enganamos, sustentamos uma mentira por tanto tempo e depois somos enganados por
esta mesma mentira. No dia do juízo final toda máscara cairá e seremos todos
desmascarados. Todos!
D – O peso da Retribuição
16
Porque, como bebestes no meu
santo monte, assim beberão, de
contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem
sido.
Que coisa tremenda isso aqui! Somente um Deus Soberano,
Ilimitado pode aplicar tal juízo às nações! Edom abriu uma cova para Israel e
caiu nessa cova, abriu um laço para seus irmãos e caiu nesse laço, praticou o
mal contra seus irmãos e foi vítima desse próprio mal. Na verdade, quem maquina
o mal contra o seu próximo, torna-se a própria vítima desse mal. O que este
verso nos diz? Obadias quer dizer que, quando Babilônia invadiu Jerusalém, os
edomitas estavam lá dando pulos de alegria, alegrando-se com a calamidade dos
judeus. O salmista nos mostra isso quando diz:
7
Contra os filhos de Edom, lembra-te, SENHOR, do dia de Jerusalém, pois diziam: Arrasai, arrasai-a, até
aos fundamentos (Sl 137.7).
Mas diz Obadias que eles não estavam somente alegres,
estavam festejando em algazarra, com bebedeiras, celebrando o dia da derrota de
seu irmão. E tudo que o homem faz pode ficar esquecido na História humana, mas
não fica para Deus. Diz Deus que, assim como eles beberam para comemorar a
derrota de seu irmão, agora vão beber, mas outra bebida, vão beber o cálice da
ira de Deus e serão eliminados. Deus abomina aquele que tripudia sobre o outro,
aquele que pisa sobre o que está caído, aquele que se alegra com o fracasso do
outro, aquele que celebra a derrota do outro. Há um agravante neste verso:
16
...assim beberão, de contínuo,
todas as nações; beberão, sorverão...
Esta sentença é contínua, pois a sentença final de Deus é
um juízo que não termina, é uma condenação que não acaba, é uma penalidade
eterna. Deus é justo, Ele é o Deus da retribuição. Mas em Sião a história é
diferente!
2 – A RESTAURAÇÃO DO MONTE
SIÃO
17
Mas, no monte Sião, haverá
livramento; o monte será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas
herdades.
Enquanto o juízo de Deus está vindo sobre as nações e não
há lugar seguro para o ímpio sobre o planeta, há um lugar e somente um lugar em
que haverá escape, em que haverá livramento, onde a ira de Deus não está sendo
derramada, que é o monte Sião.
Monte Sião aqui tem um significado muito mais amplo do que
o monte geográfico que está em Jerusalém. Monte Sião aqui é um símbolo da
Igreja do Senhor Jesus Cristo. O único lugar onde os homens podem encontrar
abrigo e refúgio contra a ira de Deus é na Igreja do Deus vivo, a Noiva do
Cordeiro, comprada e lavada no sangue do Cordeiro.
Toda pessoa lavada pelo sangue do Cordeiro pode correr para
esse lugar de refúgio onde a ira de Deus não está sendo derramada. Há um
exemplo na História que demonstra muito bem essa imunidade encontrada no sangue
de Cristo, que é o da décima e última praga contra o Egito, em que o anjo da
morte entraria em cada casa egípcia e mataria seu primogênito, e da mesma
maneira que, lá na casa dos hebreus, no Egito, toda casa marcada com o sangue
do cordeiro morto, estava fora do alcance do anjo da morte, quem está no monte
Sião, está livre da ira de Deus, quem está debaixo do sangue está livre desta ira,
quem pertence à Igreja do Deus Vivo está livre desta ira. Três lições essa
verdade nos ensina:
A – A Igreja de Deus é um Lugar
de Livramento
17
Mas, no monte Sião, haverá livramento.
Este texto sempre estará trabalhando, paralelamente, o
aspecto histórico e o aspecto escatológico. Do aspecto histórico, o monte Sião,
a cidade de Jerusalém, foi restaurada por Deus, mas em Edom não houve
livramento. Obadias está se referindo aqui ao escape do remanescente, como lá
em Isaías:
20 Acontecerá, naquele dia, que os restantes de
Israel e os da casa de Jacó que se tiverem salvado nunca mais se estribarão
naquele que os feriu, mas, com efeito, se estribarão no SENHOR, o Santo de
Israel.
21 Os
restantes se converterão ao Deus forte, sim, os restantes de Jacó.
22
Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, o
restante se converterá; destruição será determinada, transbordante de justiça.
23
Porque uma destruição, e essa já determinada, o Senhor, o SENHOR dos
Exércitos, a executará no meio de toda esta terra (Is 10.20-23).
Muitos judeus foram mortos ao fio da espada, mas Deus está
salvando o remanescente e este remanescente vai ser um símbolo daquilo que hoje
nós chamamos de Igreja do Senhor Jesus. Porque, na teologia de Paulo, em
Romanos capítulo dois, o judeu não é aquele que é judeu apenas de sangue, mas é
o judeu nascido da descendência espiritual de Abraão, é aquele que crê, esse é
o verdadeiro Judeu, esse é o verdadeiro Israel e o verdadeiro Israel é a Igreja
do Deus vivo.
28 Porque não
é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na
carne.
29
Porém judeu é aquele que o é
interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo
a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus (Rm 2.28-29).
Deus não tem dois povos, mas um só povo. Deus não tem duas
igrejas, uma gentílica e outra de Israel, mas Deus só tem uma Igreja, formada
de judeus e de gentios. A noiva do Cordeiro é formada destes dois povos para
formar aquilo que na linguagem do profeta é o monte Sião, porque lá neste monte
estava o templo, habitação de Deus. E qual é a habitação de Deus hoje? É a sua
Igreja! Deus habita no meio de sua Igreja!
Por isso, esse Israel, é muito mais amplo que a nação de
Israel, trata-se do Israel espiritual que é a Igreja. Se você pertence a Igreja
de Cristo, você está livre da ira de Deus. Quem quer Cristo, mas não quer a Igreja,
está cometendo um equívoco, porque não se pode separar a Igreja de Cristo. A Igreja
é o corpo de Cristo e Cristo é a cabeça da Igreja. Não há a mínima
possibilidade de alguém ser salvo sem que pertença a Igreja (não a
institucional), e toda pessoa salva é batizada pelo Espírito no corpo de
Cristo. Paulo nos diz em Romanos:
9 Vós,
porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus
habita em vós. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9).
Portanto, não há salvação fora da Igreja do Deus vivo, e é
lá que Deus prove livramento aos pecadores arrependidos.
B – A Igreja de Deus é
Lugar de Santidade
17
...o monte será santo.
A Igreja de Deus é um lugar
de refúgio para um povo diferente, um povo santo. Não há salvação sem
santidade. É um equívoco achar que está salvo, mas que não é santo. É a velha
teologia equivocada que pensa que pode receber Jesus Cristo como seu Salvador
sem recebê-Lo como seu Senhor. Não é possível! Ou Jesus é o nosso Senhor ou Ele
não é o nosso Salvador! Não há nenhuma pessoa salva sem que ela seja santa,
porque Deus nos escolheu para a santidade, porque neste monte há santidade. E
santidade não significa perfeição, não significa nunca pecar, mas significa ser
remido, restaurado e separado para Deus. O povo de Deus é um povo que foi
tirado do mundo, que foi preservado do mundo, que foi guardado do mundo,
enviado ao mundo como luzeiro.
C – A Igreja de Deus é um
Lugar de Conquista
17
...e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
Ou seja, possuirão a sua
herança. O povo judeu que foi banido, saqueado, recebe de volta sua terra e
seus bens. Esse é o cumprimento histórico dessa profecia. Qual a herança da Igreja?
No Antigo Testamento, as heranças e as bênçãos eram traduzidas, muitas vezes,
por coisas materiais, como por exemplo: A sua vaca vai ser fecunda, a sua
ovelha vai ser fecunda, o seu campo vai ser fértil, a. sua videira vai ser
fértil, a sua oliveira vai ser fértil. E é por isso que a teologia da
prosperidade ganha muitos adeptos. Quando você se volta para o Novo Testamento,
as bênçãos de Deus não são materiais, e sim espirituais:
3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte
de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3).
E é claro que o nosso
sustento está incluso nestas bênçãos espirituais, mas ele não é mais o foco
porque Cristo é o maior tesouro da Igreja. E qual é a herança da Igreja? São
cidades fortificadas? São riquezas que se compram com ouro e prata? São
fortalezas que se constroem com tijolo e pedra? Não! Qual é a herança da
Igreja? A herança da Igreja são as nações! São os povos que ela conquista não
pela espada, não pela força militar, mas pela pregação do Evangelho. A Igreja
receberá esta herança, uma herança imarcescível, incorruptível e gloriosa,
porque ela é o Monte Sião, comprada, remida, santificada e restaurada por Deus.
3 – A VITÓRIA E O TRUNFO
FINAL DO MONTE SIÃO
Obadias passa a descrever a retumbante vitória de Judá,
agregando ao seu território todas as terras que haviam sido tomadas por outros
povos. Isso nos ensina que:
A – A Vitória Contra os
Inimigos é Certa
18 A
casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama, e a casa de Esaú, restolho;
aqueles incendiarão a este e o consumirão...
A casa de Judá é uma representação do reino do Norte e a
casa de José uma representação do reino do Sul. Judá será “fogo” e José será
“chama”. O profeta está querendo dizer que os dois reinos serão um só e Esaú
será restolho. A vitória contra os inimigos é certa. Deus está dizendo que
Israel será como fogo e chama e seus inimigos como restolho. Restolho é uma
espiga de milho que não granou, só tem sabugo e palha, ou seja, é um
combustível que queima mais fácil e mais rápido. A destruição de Edom será
total.
10
...e serás exterminado para sempre.
16
...e serão como se nunca tivessem sido.
18
...e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o SENHOR o falou.
São três afirmações absolutamente categóricas para definir
a derrota de Esaú. Como aconteceu? Cinco anos depois da queda de Judá, no ano 581 a.C., a mesma Babilônia
que invadiu Jerusalém, invadiu Petra e desalojou de lá os edomitas, rebuscando
suas riquezas. Mas não ficou só nisso, no ano 126 a.C., quatro séculos
depois, o Macabeu João Hircano, não apenas conquista de novo aquela terra, mas
faz algo que mexe com os edomitas, circuncidou todos os edomitas. Se eles
odiavam os judeus, João Hircano os tornou judeus a força. Quando chegou no ano de
63 a.C.,
Roma domina aquela região. Mas, quando Roma domina aquela região privilegia os
edomitas, porque vai constituir uma família iduméia para reinar sobre
Jerusalém, a família herodiana, descendentes de Esaú. Herodes, o grande, quis
matar Jesus, matando as crianças em Belém. Herodes Antipas zombou de Jesus,
prendeu e degolou João Batista. Herodes Agripa I perseguiu a Igreja e mandou
matar o apóstolo Tiago e morreu comido de vermes. O último Herodes, Agripa II, diante
de Paulo, abandona sua última oportunidade de arrependimento. No ano 70 d.C.,
Tito Vespasiano invade Jerusalém e, nessa invasão, os idumeus são envolvidos,
são destruídos e nunca mais se recuperam. A destruição total dos edomitas se
deu exatamente na dispersão do povo Judeu. No terceiro século, Orígenes
refere-se aos edomitas como um povo que tinha desaparecido do planeta. Quando
Deus promete uma coisa Ele nunca esquece e tudo se cumpre ao longo dos séculos,
porque Deus é Eterno. Isso nos ensina uma importante lição:
B – A Vitória Contra os
Inimigos é Segura
18 ...e
ninguém mais restará da casa de Esaú, porque
o SENHOR o falou.
Por que Esaú vai desaparecer? Porque Deus fala, assina,
registra e bate o carimbo. “O Senhor falou” é autoridade final e absoluta,
dando autenticidade à profecia. A destruição de Edom não procede de nenhum
tribunal da terra, mas do céu. Não procede da sentença dada por nenhum homem,
mas por Deus, e a sentença de Deus é irrevogável e inapelável, porque não há
tribunal acima do tribunal de Deus para se recorrer. Quando Deus fala não há
como recorrer.
C – A Vitória Contra os
Inimigos é Notória
19 Os
de Neguebe possuirão o monte de
Esaú, e os da planície, aos filisteus; possuirão
também os campos de Efraim e os campos de Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade.
20 Os
cativos do exército dos filhos de Israel possuirão
os cananeus até Sarepta, e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul.
Aqui o profeta faz referência à extensão da vitória de
Israel. Israel vai tomar de volta todas as suas terras que foram saqueadas
pelos inimigos. Obadias está dizendo que nada ficará na mão do inimigo, que
Deus vai dar restituição de tudo aquilo que foi retirado deles. Israel voltaria
a tomar posse das terras que eram dos edomitas, que é a região do Neguebe, pois
quando os Macabeus os tiraram lá do alto das montanhas eles fugiram para a
região sul da Palestina, no deserto do Neguebe. Também os filisteus, aqui
representado pela cidade de Sarepta, e os samaritanos, representada aqui pela
região de Efraim. Ou seja, todas as regiões tomadas de Judá e de Israel pelos
seus inimigos estão retornando para as mãos dos israelitas.
“Os cativos de Israel” está se referindo ao cativeiro do
Norte, e “os cativos de Jerusalém”, aos cativos do reino do Sul. O profeta está
dizendo que não haverá mais divisão de reinos, agora Israel é um povo só,
porque é na unidade desse povo que vem agora o Messias e este consumará a
vitória de Deus contra o mal. Obadias ainda diz que os israelitas vão julgar os
edomitas:
D – O julgamento dos Inimigos
de Sião
21
Salvadores hão de subir ao monte Sião, para julgarem o monte de Esaú; e
o reino será do SENHOR.
O monte Sião vai julgar o monte Seir. Isso significa que os
oprimidos vão se assentar na cadeira de juiz e os opressores vão se assentar no
banco dos réus. Que coisa maravilhosa! Deus não vai apenas reverter a situação
dos oprimidos, mas Deus vai lhes dar a honra de julgar os seus opressores. Significa
que Deus não abandona ao seu povo. Deus disciplina ao seu povo, mas não
abandona ao seu povo.
Pela escatologia o povo de Deus vai se assentar em tronos
para julgar o mundo e até os anjos. Foi por isso que Paulo ficou irado com a
igreja de Corinto, porque surgiu problema na igreja e ao invés de resolverem o
problema de uma forma doméstica, pegaram os problemas da igreja e foram resolver
em tribunais seculares:
1 Aventura-se algum de vós, tendo questão contra
outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos?
2 Ou
não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser
julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?
3 Não
sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta
vida (1 Co 6.1-3)!
A Igreja não somente estará nos céus, mas estará em tronos,
e ela vai julgar, como aqui, no aspecto histórico, os israelitas vão julgar os
edomitas, porque o monte de Esaú aqui não representa apenas os edomitas, mas
representa todas as nações ímpias e pagãs, assim como o Monte Sião não
representa apenas os israelitas, mas todo o povo de Deus. Dessa forma, quem
está sendo julgado aqui são todas as nações ímpias, julgadas e sentenciadas.
Como Edom foi banido da sua terra, os ímpios serão banidos da presença de Deus
para todo o sempre. E então haverá
E – O Triunfo Final do Reino
de Cristo
21
...e o reino será do SENHOR.
O profeta, nesse pequeno grande livro, vem traçando
paralelos, entre edomitas e israelitas, entre o monte Sião e o monte Seir,
entre o povo ímpio e o povo de Deus, entre os inimigos de Deus e aqueles que
são servos de Deus e, agora, o monte Sião representa o centro do Reino de Deus
e monte Seir representa o reino do mundo. Existem dois reinos, representados
aqui no monte Sião e no monte Seir. O monte Sião é o centro do Reino de Deus,
onde se estabelece o Trono do Juízo de Deus e o monte Seir é um símbolo do
reino do mundo. Os reinos do mundo verão sua glória se apagar.
Historicamente, muitos deles já caíram. Em Apocalipse
capítulo 17, vemos os reinos do mundo simbolizados na Babilônia, a grande
meretriz, representados como uma religião, prostituída, apóstata, que seduziu e
matou os profetas de Deus. Mas quando você avança para o capítulo 18 de Apocalipse,
pode perceber que não são mais uma religião, mas agora são reinos, no sentido
econômico, político e social. São as nações no seu poderio militar.
E diz o texto que, na mesma medida em que João é chamado
para ver a queda de Babilônia, também é chamado para ver a nova Jerusalém. Na
mesma medida em que a Babilônia está caindo, a nova Jerusalém está sendo
glorificada. Na mesma medida em que os ímpios estão desesperados dizendo; “ai,
ai, ai, caiu a grande Babilônia”, os filhos de Deus estão no céu dando glórias
a Deus e ao Cordeiro.
Daniel, no capítulo dois de seu livro, representa o Reino
de Cristo como uma pedra, não lavrada por mãos humanas, que vem e toca a grande
imagem, cuja cabeça era de ouro, cujo peitoral era de prata, cujos quadris eram
de bronze, cujas pernas eram de ferro e os dedos de ferro e barro. E esta pedra
não lavrada vem e toca nos pés desta estátua e toda ela vira pó e esta estátua
era um símbolo de todos os reinos do mundo que caem.
34 Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou.
35
Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o
ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou,
e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou
em grande montanha, que encheu toda a terra (Dn 2.34-35).
Esta pedra enche toda a terra. Vemos isso na linguagem de
Habacuque:
14 Pois
a terra se encherá do conhecimento da
glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar (Hc 2.14).
E na linguagem de Paulo:
24 E,
então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado,
bem como toda potestade e poder.
25
Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo
dos pés.
26 O
último inimigo a ser destruído é a morte (1 Co 15.24-26).
E em Apocalipse:
15 O
sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor
e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11.15).
Porque os reinos do mundo já passaram e o reino será do
Senhor. Hoje, olha para as grandes potências econômicas, políticas e militares
do planeta, são elas que governam o mundo. E quem está reinando hoje? Quem tem
dinheiro, quem tem poder, quem tem arma, quem tem o meio de comunicação nas
mãos, mas todos eles cairão e o reino será do Senhor.
Conclusão
A humanidade vive como que se nunca tivesse um acerto de
contas no final, mas a Bíblia diz que um dia Deus chamará a Terra para o grande
julgamento. Neste dia todos comparecerão ao tribunal de Deus, de Adão até o último
que nascerá, para ser julgado pelo justo e sublime Juiz. Neste tempo, Deus
retribuirá a cada um segundo as suas obras, e mesmo que se passe milhares de
anos nossas ações não ficam no esquecimento, pois tudo está salvo nos registros
de Deus. Já parou para pensar que isso acontecerá com todos nós?
Este pequeno grande livro nos projeta para o último dia,
quando as cortinas da História vão se fechar, quando as nações estarão
reunidas, quando os poderosos deste mundo cairão e quando todo joelho vai se
dobrar perante aquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Onde você
está hoje? Assentado na cadeira de juiz ou no banco dos réus? Mas o mais
importante: Em qual cadeira você se assentará na eternidade? Que Deus te
abençoe para que neste dia você não tenha nada a temer diante do Justo Juiz! Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia
Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e
Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes: Mensagens sobre o livro de Obadias.
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