Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL. LIÇÃO III: O SONHO DE NABUCODONOSOR: SEUS ASPECTOS

ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL: A SOBERANIA DE DEUS NA HISTÓRIA
PARTE I: AS INTERVENÇÕES DIVINAS
LIÇAO III: O SONHO DE NABUCODONOSOR: SEUS ASPECTOS
1  No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.
2  Então, o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e se apresentaram diante do rei.
3  Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e para sabê-lo está perturbado o meu espírito.
4  Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.
5  Respondeu o rei e disse aos caldeus: Uma coisa é certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;
6  mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto, declarai-me o sonho e a sua interpretação.
7  Responderam segunda vez e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a interpretação.
8  Tornou o rei e disse: Bem percebo que quereis ganhar tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvido,
9  isto é: se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude a situação; portanto, dizei-me o sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação.
10  Responderam os caldeus na presença do rei e disseram: Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador ou caldeu.
11  A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os homens.
12  Então, o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios da Babilônia.
13  Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
14  Então, Daniel falou, avisada e prudentemente, a Arioque, chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios da Babilônia.
15  E disse a Arioque, encarregado do rei: Por que é tão severo o mandado do rei? Então, Arioque explicou o caso a Daniel.
16  Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.
17  Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros,
18  para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia.
19  Então, foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu.
20  Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21  é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
22  Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.
23  A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te louvo, porque me deste sabedoria e poder; e, agora, me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este caso do rei.
24  Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para exterminar os sábios da Babilônia; entrou e lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia; introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação.
25  Então, Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.
26  Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua interpretação?
27  Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei;
28  mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas:
29  Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser.
30  E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua mente (Dn 2.1-30).

Introdução

O capítulo dois de Daniel relata sobre o sonho de Nabucodonosor. O estudo deste capítulo nos ajudará a compreender a Soberania de Deus na História da humanidade. Judá caiu nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, depois da sua estrondosa vitória sobre o Faraó Neco do Egito. Então, o próprio rei Nabucodonosor cercou Jerusalém no ano 606 a.C. e levou de Jerusalém alguns nobres, vasos do templo e constituiu um rei que se torna vassalo dele em Judá e Jerusalém. Mais tarde, ele retorna, agora em 597 a.C. em virtude da rebelião do rei de Judá contra o rei da Babilônia. Em 586 a.C., Nabucodonosor cerca Jerusalém durante 18 meses, e a cidade fica desprotegida, desguarnecida, sem abastecimento de água e de pão, e as pessoas começam a morrer de fome dentro dos muros, de tal maneira que mais felizes foram os que morreram à espada do que aqueles que morreram de fome dentro dos muros.
Agora, vimos aqui o povo na Babilônia, no cativeiro e este texto vai nos revelar algo maravilhoso da Soberania de Deus na História da humanidade, mostrando que Deus é soberano sobre os governos mundiais. Vamos ver a destruição dos megalomaníacos impérios do mundo e o estabelecimento vitorioso do Reino de Deus na História da humanidade. Não vamos ver neste primeiro estudo o significado, a tradução, a profecia do sonho, mas vamos nos voltar mais ao rei e a Daniel e as suas atitudes. Em um segundo estudo, na parte escatológica dos nossos estudos, voltaremos ao sonho e aí sim veremos o seu significado, as profecias de Deus neste sonho.
Em um tempo em que a Babilônia era dona do mundo, e que Nabucodonosor era rei de reis, em que Babilônia estava no apogeu de seu poder, a Bíblia diz que Nabucodonosor teve um sonho e este sonho não apenas tirou o seu sono, mas também tirou a paz de todos os sábios da Babilônia. Este texto tem algumas lições importantes para nós. Vamos a elas.

1 -  O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR

1  No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.

Um sonho que tirou o sono do rei. A palavra perturbar aí significa golpear. E quando Nabucodonosor teve este sonho ele foi golpeado, ele foi ferido, ele foi nocauteado por este sonho ao ponto de perder a paz, de perder a tranquilidade, de perder até mesmo a serenidade; ele muito se perturbou por causa daquele sonho. Ele se enche de ansiedade, de insegurança e de medo, e por que isso acontece? Porque este sonho mostra algo sobre o rei que os olhos humanos não enxergavam naquele momento.

A – Ele Mostra a Fragilidade do Rei e do seu Império

No sonho de Nabucodonosor Deus revelou a fragilidade dos poderosos reis e dos poderosos impérios deste mundo. Naquela época, Nabucodonosor era um homem que nós podíamos chamar de inexpugnável, um rei que não se podia vencer ou conquistar através da força. Ele era o comandante chefe do maior império do mundo, ele tinha o maior exército do mundo, ele estava encastelado no trono mais alto do mundo, ele tinha contraído a maior, a mais bela, a mais rica, a mais opulenta cidade do mundo. Ele estava no apogeu de seu governo, o seu regime era absolutamente autocrático, a palavra do rei era a lei, ele falava e as coisas tinham que acontecer, porque ele falava e ninguém podia questionar as suas ordens. Assim era Nabucodonosor.
Quando Nabucodonosor estava no ponto máximo de seu governo, ele tem um sonho, e este sonho lhe perturba, e este sonho lhe intranquiliza, porque este sonho revela a sua fragilidade. Fragilidade é a qualidade de se perder seu estado original com facilidade. Fragilidade se defina mais como a capacidade de um material fraturar-se com pouca deformação. Se o rei se achava invencível este sonho lhe mostra que ele pode ser vencido, derrotado e pode ser retirado do trono, fato que vai acontecer anos mais tarde.
A partir de seu sonho o rei começa a perceber que há um poder que está acima dele, um poder que não pode ser controlado por ele, um poder que é supraterreno, um poder que é supra-humano, um poder que ele não pode conquistar, nem manipular e nem domesticar. E é exatamente isso que perturba o rei, porque limita a sua prepotência, porque limita o seu poder, porque tira o rei do controle. Este poder é algo invisível, que está além deste mundo, além da capacidade dele para administrar, e isso gera nele insegurança, inquietude e perturbação. Mas não é somente a impotência de Nabucodonosor que este texto nos revela.

B – Ele Acende a Prepotência de Nabucodonosor

2  Então, o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e se apresentaram diante do rei.
3  Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e para sabê-lo está perturbado o meu espírito.

Nabucodonosor se perturba a ponto de convocar os magos, os encantadores e os feiticeiros de seu reinado. E os magos, entusiasmados, pois já deveriam ter presenciado isso antes, e sem imaginar o que lhes esperavam, logo argumentam:

4  Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.

Mas os magos logo percebem que agora é diferente, que o rei não quer saber apenas a interpretação de seu sonho, ele exige que os magos adivinhem também o que ele sonhou para somente depois interpretar:

5  Respondeu o rei e disse aos caldeus: Uma coisa é certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;

Não sabemos a verdadeira razão disso, se o rei não se lembrava mais do sonho e não podia contar ou se o rei se lembrava do sonho, mas não queria contar por entender que, se contasse o sonho, eles poderiam burlar o verdadeiro sentido da interpretação. Isso demonstra o grau de perturbação que o sonho provocou no rei e a desconfiança do rei em relação aos seus magos, revela que ele sabia de que tudo que os magos faziam não passavam de truques para enganar a plateia. Ele tinha certeza de que, se revelasse a eles o seu sonho, eles lhes dariam uma interpretação falsa, vaga e insatisfatória. Aquele sonho lhe perturbou tanto que a última coisa que o rei queria era ser enganado quanto ao seu significado. A Dedução do rei foi a seguinte: se eles podem me dar a interpretação eles podem me dar também o que eu sonhei, e se eles não podem contar o que eu sonhei muito menos terão a capacidade de interpretar o que sonhei.
Ao exigir dos homens o que eles não podem oferecer, Nabucodonosor revela a sua prepotência. Mas lembram na segunda lição do que estes magos receberam do rei? A melhor escola e a melhor comida! De certa forma o rei estava dizendo o seguinte: eu paguei para vocês três anos na melhor escola do mundo, eu dei para vocês a melhor escola, a melhor ração, o melhor suprimento, as maiores oportunidades, e agora eu exijo que vocês me correspondam, que vocês me contam o sonho e me façam entender o seu significado. Exigir das pessoas aquilo que elas não podem dar é prepotência, é exorbitar-se de seu poder, é ultrapassar o limite, a fronteira do bom senso e da sabedoria. Mas a sua prepotência vai além, ela vem acompanhada de ameaças:

5  Respondeu o rei e disse aos caldeus: Uma coisa é certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;

Ou seja, todos eles seriam mortos. Mas o rei também tentou comprar os magos, oferecendo a eles vantagens e promoções:

6  mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto, declarai-me o sonho e a sua interpretação.

Ou seja, eu tenho poder e tenho dinheiro. Quem tem poder e tem dinheiro tenta comprar as pessoas, quem tem poder e tem dinheiro acha que tem a capacidade de gerenciar e de dominar as coisas, de determinar o rumo das coisas, e o rei, então, pensa que, ao oferecer prêmios, honra, riquezas aos magos da Babilônia, ele abriria o caminho para a interpretação de seu sonho. Os magos ficam estarrecidos diante da exigência do rei e insistem:

7  Responderam segunda vez e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a interpretação.

Eles tentaram se esquivar e tentar ludibriar novamente o rei, mas este permaneceu enfático:

8  Tornou o rei e disse: Bem percebo que quereis ganhar tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvido,
9  isto é: se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude a situação; portanto, dizei-me o sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação.

O rei disse: vocês estão querendo é conspirar contra mim, entrar em acordo para falsear a verdade e me dar uma interpretação equivocada. O rei sabia que, se revelasse o sonho, a resposta seria as mesmas baboseiras de sempre. O sonho do rei demonstra ainda outra coisa:

C – Ele Deixa a Lume a Impotência dos Sábios

Maior que a prepotência do rei era a impotência dos magos, dos encantadores, dos feiticeiros e dos caldeus; eles eram completamente limitados. A sabedoria dos sábios deste mundo tem limites. Há coisas que os homens não podem fazer, que os poderosos não podem fazer, que a ciência não pode fazer, que a tecnologia não pode fazer. Sempre haverá um ponto determinante da limitação humana.
Os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus são convocados para revelar ao rei o sonho dele e a interpretação do sonho, e eles se esbarram diante da incompetência e da incapacidade. E quem eram estes homens? Os magos eram os possuidores de conhecimento, de mistérios sagrados e das ciências ocultas. Eles eram treinados neste mister, mas eles não puderem dizer o sonho e nem interpretar o sonho. Os encantadores eram os astrólogos, eram aqueles que estudavam os astros, as estrelas, a lua para através dos astros tentar decifrar o futuro, mas não conseguiram revelar o sonho e nem a sua interpretação. Os feiticeiros eram aqueles que usavam a magia invocando o nome dos espíritos malignos, mas também não conseguiram. Os caldeus eram uma casta sacerdotal de homens sábios e também não puderam, também estavam limitados. Todos eles vão dizer ao rei:

10  Responderam os caldeus na presença do rei e disseram: Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador ou caldeu.
11  A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os homens.

Ou seja, eles descrevem a total incapacidade que eles têm de revelar o sonho e a interpretação ao rei. Notem que eles eram magos, que eram encantadores, que eram feiticeiros, que eram caldeus, homens todos ligados a religiosidade babilônica, mas notem que a sabedoria dos sábios deste mundo é absolutamente deficiente. Eles reconhecem uma coisa:

11  A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os homens.

Isso revela os erros que eles têm em sua teologia, pois eles são politeístas. Eles falam de deuses e não do Deus vivo, único, Todo Poderoso. E no entendimento deles os deuses não moram com os homens:

11  A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os homens.

Eles estão dizendo que se existem deuses e que eles não se importam conosco, eles não estão perto de nós, eles não podem nos valer, eles estão distantes, talvez indiferentes, talvez inatingíveis. E não é isto que os filmes da mitologia grega querem passar para nós? Observe e verás isso nos filmes. Esta é uma forma equivocada de ver Deus, pois a Bíblia diz:

15  Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos (Is 57.15).

Deus é único, é verdadeiro e Ele está presente, Ele não está distante, por isso que somente Ele é Deus, o restante é tudo mitologia, é lenda, é estória. A ideologia dos magos é a forma equivocada da teologia dos poderosos deste mundo. Então, o rei se enfureceu.

12  Então, o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios da Babilônia.

Não tinha tribunal para apelar, não tinha lei para detê-lo, o rei era a lei e o rei estava louco. A prepotência de Nabucodonosor nos ensina o que o Rev. Hernandes Dias Lopes diz do grande pensador cristão, Reinhold Niebuhr que disse: Este sentimento de insegurança este complexo de ansiedade é a causa da tirania política moderna. Estudem a história e vocês verão que os déspotas foram déspotas porque se sentiram inseguros, porque nutriram medo de que alguém pudesse um dia destrona-los, de que alguém um dia pudessem puxar o tapete, pois quanto mais alto é a posição que um homem ocupa maior é o medo que ele tem de cair lá de cima, quanto mais elevada a posição maior é a insegurança.
Por causa do sonho Nabucodonosor está com medo. Embora seja o maior rei da época ele está com medo, ele está inseguro e ele pensa que as pessoas vão tramar contra ele, e antes que as pessoas tramam contra ele, ele quer destruí-las. Esta ideia de medo, de insegurança, de se sentir ameaçado e então você precisa ameaçar, precisa destruir, esta é a ideia que está por trás aqui. E o texto ainda nos revela que riqueza e poder, que dinheiro, que fama, que sucesso não podem dar ao homem segurança. É justamente o que a Bíblia nos diz:

4  Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.
5  Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie.
6  Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.
7  Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém.
8  Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres.
9  Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.
10  Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas.
11  Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol (Ec 2.4-11).

Salomão, homem que teve riquezas, fama, sucesso, olhou para toda a glória que possuía e disse: Isso é nada! Isso não pode me dar segurança! Isso para nós é uma lição, a segurança não está no dinheiro, nem no poder, nem na fama e nem no sucesso, a segurança está em Deus. O sonho de Nabucodonosor revela a sua pequenez, acalora a sua prepotência e evidencia a impotência da sabedoria humana.

2 – A INTERVENÇÃO DE DANIEL

Diante do desespero surge uma saída: Daniel, aquele que permaneceu fiel a Deus e se preservou da contaminação de Babilônia. Daniel precisa intervir porque de tabela ele e seus amigos também são atingidos pela fúria do rei:

13  Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.

Sai o Decreto: Matem os sábios. Daniel está sendo procurado também para ser morto. Mas Daniel, homem de Deus, não se entrega ao martírio e toma três atitudes que salvou a vida dele, de seus amigos e de todos os magos e encantadores de Babilônia:

A – Daniel Vai ao Rei e Pede Tempo

Primeiro, Daniel quer entender o que está acontecendo:

14  Então, Daniel falou, avisada e prudentemente, a Arioque, chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios da Babilônia.
15  E disse a Arioque, encarregado do rei: Por que é tão severo o mandado do rei? Então, Arioque explicou o caso a Daniel.

Avisado dos motivos, Daniel toma iniciativa e demonstra muita ousadia:

16  Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.

Ele não pensa em fugir, não pensa em se esconder, não tenta enrolar ao rei, pois ele reconhece a sua limitação, mas precisa de tempo porque ele demonstra confiança em Deus. Ele foi fiel a Deus, não se curvou ante aos deuses de Babilônia, não se deixou ludibriar pela filosofia de Babilônia, agora ele tinha certeza de que Deus não o deixaria na mão para perecer em Babilônia. Não há nada mais confiante do que a consciência da fidelidade para orar a Deus. Daniel não tem a interpretação ainda, mas ele crê que Deus pode dar a ele a interpretação, e por isso ele vai ao rei e pede tempo, ele não chega com prepotência e diz que tem a resposta. Isso é prudência, é sabedoria. Mas depois de ir ao rei, Daniel vai a outro lugar:

B – Daniel Vai aos Amigos e Pede Oração

17  Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros,
18  para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia.

Este é um princípio fantástico. Quando para o mundo só resta o desespero, para os filhos de Deus ainda há o recurso da oração. Quando parecia que não mais tinha chance, Daniel vai ao encontro de seus amigos e diz o seguinte: Vamos orar! Vamos clamar a Deus! Vamos buscar a Deus! Daniel acreditava que Deus responde as orações, porque Deus já havia respondido oração lá atrás, quando ele pediu da questão de receber uma ração de legumes ao invés das iguarias do rei, para que ele e seus amigos pudessem ter melhor aparência do que os demais estudantes, e Deus ouviu a sua oração e ele foi atendido, e agora ele entende que precisa orar novamente.
Nós precisamos ter amigos a quem buscarmos na hora de nossa aflição. Pobre é a pessoa que na hora de sua dor, na hora de sua angústia, na hora de sua aflição, não tem um amigo a quem recorrer, não tem alguém a quem chegar e dizer: Eu preciso que você ore por mim, eu preciso que você ore comigo, eu preciso que você esteja do meu lado. Daniel tinha amigos, e amigos de oração, amigos que podiam dobrar os joelhos por ele e com ele.
Daniel compreende a importância de orarmos em grupo. Tem hora que você precisa buscar alguém para orar por você. Daniel podia ter orado sozinho como quando com respeito a cova dos leões, mas nesta hora ele precisa orar com alguém. Tem hora que você precisa de mais alguém, precisa escutar a voz de mais alguém do seu lado, precisa de um ombro amigo, de alguém que aqueça o seu coração, daí a importância da Igreja estar orando como comunidade. É importante você ter a sua devocional lá em casa? É muito importante sim, mas também é importante que hora você se reúna com o povo de Deus, com um grupo de oração, seja na igreja, seja na sua casa, seja onde for, mas que seja onde outras pessoas se reúnam para orar.
Daniel e seus amigos vão a Deus e pede misericórdia. Qual a diferença entre Daniel e os magos da Babilônia? Os magos da Babilônia acreditavam no céu, mas Daniel acreditava no Deus dos céus. Os magos da Babilônia consultavam os astros, as estrelas, a lua e o sol, mas Daniel consultava o Deus criador do sol, da lua e das estrelas. Enquanto os magos estavam consultando os astros, Daniel estava consultando o Deus do céu. Daniel não chega com prepotência, ele chega para clamar por misericórdia. É impossível obter resposta quando oramos com prepotência! É impossível obter resposta quando oramos com vaidade! É impossível obter resposta quando oramos com orgulho! Ele se humilha diante de Deus e clama por misericórdia para que o Senhor lhe revele este mistério e para que não aconteça um banho de sangue sobre a terra.

C – A Revelação do Sonho a Daniel

Deus ouve a oração de seus servos.

19  Então, foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu.

Os servos de Deus fiéis a Ele serão honrados por Deus. Pode ter certeza disso! Deus honra àqueles que o honram. Deus honrou a Daniel. Deus honrou os amigos de Daniel porque eles o buscaram e porque eles buscaram ser fiéis a Deus em tempos de prova. Os ouvidos de Deus estão sempre atentos ao clamor de seus filhos. Mas Daniel teve outro ingrediente muito importante em sua atitude.

D – A Gratidão de Daniel

19  Então, foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu.
20  Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;

Daniel bendiz a Deus porque Ele une poder e sabedoria. Poder sem sabedoria é um perigo. Dar poder a um louco é um risco imenso. O que é maravilhoso é que o nosso Deus tem poder e tem sabedoria. Ele é o Todo-Poderoso e Ele é sábio. O que é sabedoria? Sabedoria é tomar a melhor decisão para alcançar os melhores fins, é a capacidade, a competência de por em execução este plano sábio. Deus tem sabedoria e tem poder e Daniel agradece a Deus porque Ele tem sabedoria e poder. Daniel bendiz a Deus porque Ele é o Senhor do tempo:

21  é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.

A primavera, o verão, o outono e o inverno, a chuva, o sol, tudo está no comando e no controle de Deus. Daniel tem uma visão da Soberania de Deus no tempo. Daniel bendiz a Deus porque Ele é o Senhor da História.

21  é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.

Nabucodonosor não conquistou o mundo porque ele era um homem estrategista apenas, foi Deus quem o levantou, foi Deus quem o promoveu. Olha a palavra de Daniel ao rei:

37  Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória;
38  a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça de ouro (Dn 2.37,38).

Nabucodonosor achava que ele era rei de reis porque ele era forte, prepotente, poderoso, combativo, guerreiro. Daniel diz ao rei que ele não ocupa esta posição por causa de sua destreza, mas foi o Deus do céu quem te constituiu. Não foi a sua capacidade expansionista e guerreira que lhe deu povos nas mãos, mas foi Deus quem lhe entregou. Deus é Soberano e é Ele quem está no trono. Daniel entende a Soberania de Deus na História. Daniel bendiz a Deus porque Ele é o Senhor dos mistérios.

22  Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.

Deus é o Deus que revela mistérios. Com Ele habita a luz. Deus sabe tudo, vê tudo, conhece tudo, discerne tudo. Para Deus não há nada escondido. Daniel entende isso. E por fim Daniel bendiz a Deus por ter revelado o que lhe pediu:

23  A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te louvo, porque me deste sabedoria e poder; e, agora, me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este caso do rei.

E – Daniel na Presença de Nabucodonosor

Daniel sabia da urgência. Ele tinha consciência de que aquilo tudo não era brincadeira. Ele tinha consciência de quantas vidas dependia dele naquele momento. Ele procurou logo estar na presença do rei.

24  Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para exterminar os sábios da Babilônia; entrou e lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia; introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação.

E quando Arioque chega diante do rei com Daniel, ele tenta ganhar uma certa vantagem sobre isso. Isso é peculiar de todos nós. Sempre que temos uma oportunidade tentamos nos autopromover.

25  Então, Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.

Achou coisa nenhuma! Não foi Arioque que achou Daniel, mas ele quer ganhar alguns pontos com o rei, uma promoção, e se promover às custas de Daniel. A atitude de Daniel é absolutamente contrária. Daniel exalta a Deus e não a si mesmo.

27  Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei;

Ele fere logo a prepotência do rei. Ele já começa mencionando a impotência dos sábios de Babilônia. Daniel diz que não adiantava o rei ameaçar e matar os sábios porque eles nada podiam fazer. Mas havia um que podia:

28  mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas:

Aí está a razão de todo este acontecimento. Deus queria revelar a Nabucodonosor a Sua Soberania, a Sua majestade e que era Ele, o Senhor, quem estava sentado no alto e sublime Trono. Veja que Daniel tira o holofote de cima dele e o coloca em Deus.

30  E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua mente.

Daniel podia ter tido uma atitude diferente, pois ele já sabia o significado mesmo. Ele poderia se achar diante do rei. Ele poderia neste momento se engrandecer, se envaidecer, chamar as honras para si, buscar as luzes do palco para ele mesmo. Mas ele não se promove, ele dá a glória devida ao nome de Deus. Daniel revela que o sonho do rei é profético.

29  Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser.

Ele diz que o sonho revela ao rei o há de ser nos últimos dias. Ou seja, o que o rei sonhou não é de fato passado, é de fato ainda futuro. É profético! Mas isto estudaremos em uma lição futura.

Conclusão

Conhecer a verdade de Deus não basta. É preciso ser transformado pela verdade de Deus. Há um grande risco de você conhecer muito sobre Deus, de você ter clara teologia acerca da pessoa de Deus, dos atos de Deus, da Soberania de Deus e ainda não ser um súdito deste Deus, e ainda não estar debaixo da autoridade deste Deus voluntariamente. Foi isso que aconteceu com o rei Nabucodonosor, ele conheceu o poder de Deus, mas ainda não se submeteu a este Deus. E você? Tem-se submetido a Deus? Você sabe que Ele está com as rédeas da sua história nas mãos, mas você já colocou a sua vida nas mãos deste Deus? Você já se colocou aos pés dele? Você já entregou a Deus os seus cuidados? Os seus temores, as suas necessidades, os seus anseios, os seus sonhos? Que Deus nos ajude a olhar para a História e ver Deus no controle da História e da nossa vida. Que Deus assim nos abençoe! Amém!

Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia principal:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes: Estudos sobre o livro de Daniel

sábado, 20 de maio de 2017

ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL. LIÇÃO II: DANIEL E SEUS AMIGOS, FIEIS MESMO EM MEIO A UMA GERAÇÃO INFIEL

ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL: A SOBERANIA DE DEUS NA HISTÓRIA
PARTE I: AS INTERVENÇÕES DIVINAS
LIÇAO II: DANIEL E SEUS AMIGOS, FIEIS MESMO EM MEIO A UMA GERAÇÃO INFIEL
3  Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres,
4  jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus.
5  Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei.
6  Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
7  O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego.
8  Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.
9  Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos.
10  Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
11  Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12  Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
13  Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos.
14  Ele atendeu e os experimentou dez dias.
15  No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.
16  Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17  Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos.
18  Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor.
19  Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei.
20  Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.
21  Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro (Dn 1.3-21).

Introdução
O estudo da vida de Daniel nos ensina sobre a fidelidade, sobre como ser fiel mesmo estando cercado por um ambiente ou por circunstâncias de infidelidade. Com Daniel, nós aprendemos que não é o ambiente que faz a pessoa, mas é a pessoa que faz o ambiente. A Bíblia diz que Daniel cresceu em um ambiente hostil, que ele viveu em uma terra estranha, uma terra pagã com muitos deuses e muitos ídolos. Mas mesmo em um ambiente tão hostil, quando a sua geração cedia às pressões da sedução de Babilônia, Daniel não cedeu. Daniel não negociou. Daniel não transigiu. Daniel Manteve a sua postura de fidelidade absoluta ao seu Deus.
Nabucodonosor, Rei da Babilônia, cerca Jerusalém e leva os objetos do Templo e alguns nobres da cidade de Jerusalém para a Babilônia, entre eles estavam Daniel e seus amigos. Babilônia era a cidade mais importante do mundo nesta época. Era uma cidade cercada de muros tão grandes, tão largos que três carruagens podiam correr paralelamente sobre ela. Ela tinha mil e duzentas torres de vigias. Nabucodonosor tornou aquela cidade magnificente, grandiosa, esplendorosa. Construiu nela os seus jardins suspensos e esses jardins suspensos vieram a ser uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Neste contexto é que Daniel cresce, e a partir da sua adolescência vai viver com Deus e testemunhar de Deus. Ele se torna um referencial para aqueles que desejam ser fiel a Deus em meio a uma geração corrupta e pervertida.  Podemos tirar da vida deste homem algumas lições muito preciosas. Vamos a elas:

1 – DANIEL É UM JOVEM FIEL A DEUS APESAR DE UM PASSADO TRAUMATIZANTE

Muitas pessoas são fiéis quando o clima está bom, quando o ambiente é favorável, quando não há problemas, quanto há saúde, quando há dinheiro, quando há amigos, quando há aplausos, ou seja, quando tudo vai bem, e como tudo vai muito bem, então se vive um clima de fidelidade. Mas como ser fiel quando há problemas, quando há lutas, quando há diversidades, quando há doenças? Quando o problema chega à família, quando a crise financeira chega como manter fidelidade em um ambiente hostil? Daniel vai nos ensinar sobre isso.

A – Em meio a uma geração que se corrompia, Daniel possuía valores absolutos

A geração de Daniel estava se corrompendo. Os reis estavam se corrompendo, os sacerdotes estavam se corrompendo e o povo estava se corrompendo. Quando Deus levantou o profeta Jeremias, quando a Palavra de Deus foi lida diante do rei Joaquim, este rei picou com uma faca o rolo do livro e o jogou na fogueira e ainda mandou prender o profeta.
As cidades se corrompem, o povo se corrompe e Daniel, um adolescente naquela época, se mantém firme e fiel ao seu Deus. Quando a sua nação se afasta de Deus, Daniel vê a sua geração pagando um alto preço do pecado, porque foi na sua geração que Babilônia invade Jerusalém, destrói a cidade, quebra os muros da cidade, põe fogo no Templo, mata a espada os homens, as mulheres, as crianças, pisoteia as pessoas e leva os sobreviventes cativos para Babilônia.
Diz a Bíblia que o cerco de Jerusalém foi algo tão terrível que o livro de Lamentações de Jeremias diz que mais felizes foram os que morreram a espada do que aqueles que morreram pela fome dentro das muralhas. As pessoas se desesperavam ao ponto de comer até carne humana dentro dos muros de Jerusalém. Este foi o contexto da vida de Daniel. Mas diz a Bíblia que neste ambiente, neste contexto Daniel anda com Deus, Daniel tem compromisso com seu Deus.

B – Em meio às tragédias terríveis, Daniel não deixa o seu coração azedar

Muitas vezes os problemas vêm, e não são probleminhas, são tragédias que desabam sobre a nossa cabeça. A grande questão é: o que fazer quando isso acontece? Algumas pessoas azedam o coração quando isso acontece, amarguram a vida. Algumas pessoas naufragam na fé e nunca conseguem se levantar.
Daniel perdeu a sua nacionalidade, perdeu a sua bandeira, perdeu a sua Pátria. Ele foi arrancado do seu país. Daniel também perdeu a sua família, os seus pais, seus amigos, seus vizinhos. Ele foi violentado na questão dos seus direitos mais absolutos, seus direitos de cidadania. Daniel perdeu ainda a sua liberdade. Ele sai de casa como escravo, não é mais dono da sua vida, não é mais dono da sua agenda, não é mais dono da sua liberdade.
A sua cidade é cercada, a fome desesperadora toma conta do seu povo, as mães desesperadas vêem seus filhos morrerem de fome. As jovens eram forçadas, os jovens passados ao fio da espada e os outros são levados cativos. Daniel é levado para uma terra distante, para uma terra estrangeira, arrancado do seu país, perdeu a sua liberdade e pior do que isso, ele perdeu a sua religião, perdeu o Templo, perdeu o altar, perdeu os sacrifícios. Ele foi arrancado e agora não tem todo esse aparato religioso no qual ele fora criado. Não tem mais aquelas assembléias solenes, não tem mais os cânticos de Sião, não têm mais as harpas tocando músicas de celebração, ele perde tudo isso.
O Salmo 137 diz que os que foram para Babilônia se assentavam às margens do rio da Babilônia e começavam a chorar lembrando do passado. E quando eles se assentavam para chorar, não era para traçarem planos de libertação ou de saída do cativeiro, mas eles paravam apenas para chorar, apenas para lembrar o passado sem nenhuma esperança do futuro. Diz a Bíblia que eles dependuraram as suas harpas no salgueiro e não conseguiram mais cantar. Eles estavam entregues ao desespero, à amargura, ao ressentimento, a mágoa e até ao ódio, porque quando eles abriam a boca para falar diziam o seguinte: Feliz é aquele, Babilônia, que pegar os seus filhos e esmagar a cabeça deles sobre uma pedra.
Duas opções prevalecem em nossos corações diante das tragédias ou problemas da vida, ou você amargura o coração ou você passa a nutrir sede de vingança. É quando você se encolhe e adoece, você fecha o coração para o perdão e começa a almejar a destruição daqueles que te perseguiram. Mas há outra opção, você pode ter a opção de Daniel, a opção de ir para um lugar onde você não queria ir, de estar aonde você não queria estar, de estar no meio de gente que você não procurou estar, ser arrancado de sua família, da sua pátria, tirando a sua liberdade, tirando aquilo que você mais amava e precisava, e escolher ser uma bênção neste lugar, fazer diferença nesse lugar. Você pode escolher em vez de pendurar suas harpas começar a influenciar o meio onde vive.
Daniel não deixou que o seu passado de dor destruísse o seu futuro. Tem gente que não consegue se libertar do seu passado. Tem gente que é prisioneiro do seu passado. Tem gente que não se liberta das amarras do ontem e não consegue viver o hoje e nem tem perspectivas para o amanhã.

C – Em meio a uma cultura sem Deus e sem absolutos morais, Daniel não perde a sua fé

Ele estava na Babilônia, terra de idolatria, terra de outros deuses, terra de paganismo, terra sem absolutos morais, terra onde a sua fé e o seu Deus não são valorizados e nem conhecidos. Daniel podia deixar para trás o seu compromisso com Deus, deixar para trás a aliança com Deus, deixar as suas convicções religiosas, ele podia deixar para trás todo o legado que recebera. Mas este homem mantém-se firme e fiel, preservando a sua fidelidade ao seu Deus e aquilo que ele aprendeu desde a sua infância.
Neste sentido Daniel é um modelo para nós. É alguém que é fiel a Deus apesar de um passado de dor. Não sei como é o seu passado, não sei que tipo de lutas você já enfrentou, não sei que tipo de marcas você carrega na vida, não sei que tipo de lembranças ou cicatrizes interiores você tem em sua alma, não sei que tipo de desculpas você dá para não andar hoje com Deus, podendo ser por causa do que lhe aconteceu ontem, mas Deus quer que você se liberte do seu passado, que você tenha o seu passado no passado, para que você possa servir a Deus a despeito daquilo que lhe aconteceu um dia na sua vida.

2 – DANIEL UM JOVEM FIEL A DEUS APESAR DE UM PRESENTE DE OPORTUNIDADES

Às vezes, algumas pessoas são fiéis a Deus na adversidade, mas não conseguem ser fiel a Deus na prosperidade, na bonança e na promoção. Daniel foi fiel a Deus na adversidade e foi fiel a Deus no meio de um presente de oportunidades.

A – Ele foi escolhido para estudar na Universidade da Babilônia

Nabucodonosor era um estadista e um estrategista. Ao mesmo tempo, que nas suas campanhas militares, ele destruía cidades, ele tomava de assalto a cidades inteiras e levava cativo o povo para Babilônia, ao mesmo tempo, ele escolhia os nobres, ele selecionava os jovens mais preparados para treiná-los, para cultuá-los, para que esses jovens pudessem abraçar a cultura da Babilônia, para que esses jovens pudessem influenciar os seus conterrâneos, e desta forma o braço da Babilônia na subjugação dos povos seria através dos próprios conquistados.
Desta forma Daniel faz parte desse grupo seleto e vai para Babilônia. Ele agora vai ter o privilégio, a oportunidade de estudar na maior cidade do mundo na época, a mais rica a mais promissora a que tinha maiores recursos e a que poderia lhe oferecer um futuro mais promissor. Que oportunidade de ouro surgiu na vida de Daniel, ele que tem os seus conterrâneos tomados e levados cativos é escolhido para estudar na universidade da Babilônia.
O vestibular para se entrar na Universidade de Nabucodonosor tinha três critérios. Primeiro eram as qualidades sociais. Tinha que ser da linhagem real, dos nobres. Segundo tinha que ter qualidades físicas e morais, jovens sem nenhum defeito e de boa aparência. Terceiro tinha que ter qualidades intelectuais, instruídos todos em sabedoria e ciência, versados no conhecimento e competência para assistirem no palácio real. Aprovados neste vestibular eles tinham então, a liberdade para transitar nos corredores do poder, e certamente tinham um futuro garantido, muito diferente daqueles que eram escravos para os trabalhos forçados.

B – Ele tinha a promessa de emprego garantido e sucesso profissional

O curso da Universidade da Babilônia era um intensivo de três anos:

5  Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei.

Depois de três anos eles têm emprego garantido no primeiro escalão do governo mais poderoso do mundo. Não poderia ter oportunidade maior e melhor do que esta para Daniel. Era uma chance de ouro. Era tudo que um jovem gostaria de ter na vida. Era tudo que um pai ou uma mãe aspiraria para os seus filhos. Mas cuidado! Do que adianta você ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? O que adianta você ficar rico e transigir com os valores absolutos? O que adianta você chegar ao topo da pirâmide social negando a sua fé, transigindo com a sua consciência, que adianta você se tornar uma pessoa prestigiada promovida se pra isso você tem que abafar a voz da sua consciência?
Quando o caminho para o prestígio, para o sucesso, para a fama cobra o preço da transigência dos valores absolutos, se paga muito caro. Quando no caminho para a glória se destrói a vida, se destrói a paz, se destrói o casamento, se destrói a família, se destrói a própria alma, seu custo não vale a pena, pois esta vitória, na verdade, tem um sabor amargo de derrota.
Daniel para nós é um exemplo a ser seguido, porque vivemos em uma geração onde o importante é ter sucesso e ter sucesso a qualquer preço, a qualquer custo, onde as pessoas compram e vendem a sua consciência, onde as pessoas corrompem e se deixam corromper, onde as pessoas matam e morrem e transigem com seus valores absolutos.

3 – DANIEL, UM JOVEM FIEL APESAR DE UM FUTURO DE GLÓRIA

Quer conhecer a moral de um homem ou de uma mulher? Basta promovê-los! Basta dar-lhes poder! As pessoas se corrompem por causa dos privilégios do poder, da fama e do sucesso. As pessoas se corrompem por causa dos apertos e das dificuldades da vida. Não é fácil manter-se íntegro quando se está no topo da pirâmide, quando se é famoso, quando você sai nas manchetes, quando o seu nome está na crista da onda, quando você é a bola da vez.
Daniel é um homem que foi fiel quando foi arrancado da sua casa, quando adolescente resolveu firmemente não se contaminar, mas ele também se manteve fiel quando estava no auge da sua fama.  Daniel passou a servir diante do rei. Tornou-se primeiro ministro da Babilônia. Tornou-se um homem de projeção. Tem muita gente que para chegar ao topo transige. Daniel chegou ao topo porque não transigiu. Ele chegou ao topo porque a mão de Deus o levou até lá. Isso nos ensina algumas lições:

A – O grande perigo da culturação

Cuidado com a amizade do mundo, ela é inimizade contra Deus. Cuidado com as iguarias do mundo veja bem que Daniel tem um privilégio muito grande, ele estava estudando na maior Universidade do mundo, escolhido pelo próprio rei, com bolsa integral, com os custos pagos pelo governo, com alimentação de alta qualidade, que ele se assentava na mesa real para comer das iguarias da mesa do rei. Ele só tinha que se preocupar em uma coisa: estudar e mais nada. Esquecer de qualquer outra coisa, inclusive da sua fé e do seu Deus.
O grande problema é que aquela comida que servia lá, antes de ser colocada sobre a mesa, era dedicada aos deuses, aos ídolos, e quando uma pessoa se assentava ao redor daquela mesa para saborear aquelas iguarias, ela estava, na verdade, se comprometendo com aquelas divindades. O apóstolo Paulo vai interpretar isso na primeira carta aos Coríntios quando diz:

19  Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor?
20  Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios.
21  Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (1 Co 10.19-21).

Daniel percebe isso. Daniel percebe que não era uma coisa de somenos, irrelevante, uma coisa sem significado, que se ele comer das finas iguarias da mesa do rei estaria transigindo com fatos absolutos quanto a sua fé, que ele estaria, na verdade, negando o seu Deus, que ele estava curvando diante de ídolos e demônios.
Alguém já disse que todas as maçãs do diabo são bonitas, mas elas têm bichos. Cuidado com as propostas sedutoras do mundo. Cuidado com as vantagens aparentes do mundo. Cuidado com o sucesso pelo caminho fácil.
Talvez você esteja pensando que Daniel está sendo muito radical, que está perdendo a oportunidade de ouro, que deveria largar mão desse escrúpulo, que não tem problema nenhum que essa comida aí seja sacrificada a ídolos, que ele deveria comer para não fechar a porta que lhe abrira, para não perder a oportunidade surgida, não tirar da sua vida o privilégio de entrar no palácio de Nabucodonosor, que ele deveria largar mão desse legalismo, de querer examinar tudo a luz da Lei de Deus.
Não parece que vivemos esse drama nos dias de hoje? Não é fácil manter se hoje fiel diante de tantas pressões, quando o mundo está sempre dizendo para você que não tem que ser assim tão fiel ao seu Deus.  As pessoas dizem que os tempos mudaram, dizem que os tempos são outros e que esses valores puritanos foram para gerações passadas, que nós vivemos em tempos modernos, que hoje temos a mente mais aberta. Mas a palavra de Deus nos mostra da necessidade que temos de ter padrão definido, princípios absolutos. Se nós queremos que Deus nos honra não podemos transigir nas pequenas coisas, porque se nós não formos fiéis nas pequenas também não seremos nas grandes.

B – Cuidado com a mudança de valores

Quando chegaram à Babilônia, a primeira coisa que os babilônios fizeram foi trocar os nomes de Daniel e de seus amigos. A Daniel chamaram de Beltessazar, a Hananias chamaram de Sadraque, a Misael chamaram de Sadraque e a Azarias chamaram de Abede-Nego. Todos os nomes desses moços estavam ligados ao Deus de Israel, e todos os nomes que deram a eles estavam ligados às divindades pagãs de Babilônia.
O que se estava propondo aí, de certa forma, era uma troca de convicções religiosas. A Universidade de Babilônia queria esvaziar da mente deles as lembranças de Deus, os conceitos de Deus, os valores de Deus e os princípios de Deus. E não é isso que ocorre muitas vezes também hoje? Não é essa pressão que o cristão que entra na Universidade enfrenta também hoje? Ele é bombardeado quando compartilha da sua fé, quando diz lá que é criacionista. As pessoas olham para ele e dão risadas sarcásticas por ainda acreditar nessa história da Criação, nessa história de Adão e Eva e nessa história de dilúvio.
Os nossos jovens estão sendo bombardeados não somente nos bancos universitários, o que é mais cruel e até satânico é que este tipo de pressão é feito desde lá no primário, porque lá na cartilha do primário é que a evolução está sendo ensinada, é que a fé cristã está sendo minada pelos seus alicerces. E nós precisamos ter muito cuidado, porque negar a criação é negar a base das Escrituras Sagradas. Uma pessoa não pode ser cristã negando o criacionismo.
Daniel está enfrentando estas pressões, e nós estamos enfrentando também estas mesmas pressões da Universidade Babilônica. Eles queriam tirar a convicção de Deus da mente de Daniel, queriam plantar nele novas convicções, novas crenças, novos valores, por isso que mudaram os seus nomes.

C – Cuidado com as ofertas vantajosas

Uma multidão de judeus foi para Babilônia. Quantos deles transigiram? Quantos deles cederam às pressões? Certamente a maioria deles entraram no esquema da Babilônia. Muitos resolveram esquecer Sião, esquecer a Lei do seu Deus, muitos começaram achar ela muito radical e muito exigente em comparação com a mente mais aberta de Babilônia, por ela dar a eles mais liberdade.
Há um grande perigo de nós estarmos tão encantados com as riquezas, com os prazeres da Babilônia que nós começamos a pensar que Jerusalém é muita opressora, que a Lei de Deus é muito rígida, que ela tem muitos defeitos, e assim sejamos tentados a deixarmos de lado aquilo que chamamos de escrúpulos, que na verdade é o compromisso que devemos ter com a Palavra de Deus, com a Lei de Deus.
Dizem para nós constantemente que os tempos mudaram e que precisamos nos adaptar a esse tempo de mudança, acompanhar a evolução das mudanças, devemos abrir a cabeça para as mudanças. Não é assim que dizem quando querem nos fazer pensar que qualquer tipo de amor é válido? Mesmo sendo entre um homem e outro homem? Entre uma mulher e outra mulher? Querem nos adaptar a este conceito liberal aberto, sem princípios, afirmando que não tem problema se a Lei de Deus diz que é abominação, porque a Lei de Deus é muito antiga, ultrapassada, e estamos em outros tempos. É a pressão, é a tentação, é a sedução da Babilônia que chega até nós, e se não tivermos cuidado nós abraçamos esse modo de vida sem percebermos.

D – Cuidado com o que está por trás das vantagens do mundo

Os caldeus mudaram os seus nomes, mas louvado seja Deus que não mudaram os seus corações. Aqueles três moços compreenderam que a ação da Babilônia, a culturação da Babilônia era uma porta aberta para a apostasia.
O mundo tem tantas formas de atacar a Igreja. Ou ele persegue a Igreja ou ele seduz a Igreja. Ou a espada ou a voz macia e sedosa. É por isso que o mundo, às vezes, ele vem como o braço do dragão que ruge, mas doutra feita o mundo vem como a grande meretriz sedutora, ricamente adornada, belamente vestida com palavras doces nos lábios, mas com a morte na sua língua. Hoje estamos vivendo na guerra das ideias, da lavagem cerebral, da relativização da moral, essa filosofia de que não tem nada a ver é procedente do maligno.
Hoje as pessoas estão ficando com Deus. Ficando com Deus sem compromisso, sem aliança. Comprometem-se com Deus apenas por um tempo de emoção em um culto, em um retiro espiritual, em uma conferência espiritual, mas depois caem de novo na realidade. Só ficaram com Deus uma noite. Ficaram com Deus somente um dia, uma semana, para depois voltarem às mesmas práticas, as mesmas vidas, o mesmo compromisso de infidelidade. Nós precisamos tomar cuidado e ter a Daniel como um exemplo de vida.

4 – A DETERMINAÇÃO DE DANIEL DE NÃO SE CONTAMINAR

Daniel firmemente resolveu no seu coração não se contaminar. Para um jovem manter se puro e santo, tanto nos dias de Daniel como nos dias de hoje, é preciso ter firmeza, é preciso ter fibra, é preciso ter raça. É por isso que os covardes não entrarão no Reino de Deus, porque para ser crente é preciso ter fibra, é preciso ter coragem, tem que ter peito para assumir posições, tem que ter coragem em uma sala de aula, quando todo mundo está zombando, escarnecendo, e dizer que é um cristão, quando todo mundo está ridicularizando o criacionismo manter-se firme como um cristão e dizer: eu sou criacionista, e melhor ainda seria apresentar as suas razões para provar que está correto. Daniel era um moço que tinha compromisso com a Palavra de Deus e nos ensina muitas lições preciosas com suas atitudes cristãs.

A – Daniel foi corajoso em sua decisão

8  Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia ...

Já parou para pensar o que é um adolescente desafiar a ordem do maior rei do planeta? Nabucodonosor determinou, mas Daniel firmemente resolveu no seu coração não se contaminar. É preciso ter fibra, coragem para correr os riscos de perder privilégios, perder oportunidades.
Agora, se você não é capaz de morrer pela sua fé, se você não tem poder para viver pela sua fé, se você não tem compromisso com Deus para correr riscos com Deus, então, a sua fé não é autêntica, ela é de conveniência.  Daniel teve coragem para fazer isso!

B – Daniel não foi apenas corajoso, ele foi sábio em sua decisão

8  Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.

Ele resolveu e pediu. Imagine se o chefe dos eunucos chegasse para eles e dissesse que o rei determinou que comesse das iguarias do rei e Daniel dissesse: eu não vou comer. Se ele fizesse isso o que você acha que aconteceria com ele? Seria decapitado na mesma hora. E se morresse não seria como um mártir, mas morreria como um tolo.
O fato de sermos firmes não nos dá o direito de sermos tolos. Ele resolveu e pediu. Isso é sabedoria! Isso é ser inteligente! Isso é não fechar portas! Isso é abrir caminhos! Isso é articulação para alcançar os melhores resultados que glorifiquem o nome de Deus! É preciso ter sabedoria, às vezes, para testemunhar da nossa fé. Às vezes, nós compramos uma briga e a ganhamos, mas perdemos as pessoas.
Daniel teve sabedoria. Ele pediu um teste de dez dias. E diz a Bíblia que Deus ouviu a Daniel, e depois de dez dias comendo legumes a aparência dele era melhor do que a dos outros, não por causa da nutrição dos alimentos, mas porque a bênção de Deus estava com ele. Quando ele toma essa decisão, ele acreditava que Deus haveria de intervir naquela situação.

C – Daniel foi coerente durante todas as suas decisões

Se nós não aprendermos fidelidade nas pequenas coisas nós não vamos ter condições para enfrentarmos as grandes provas. Se nós não aprendermos o princípio da honestidade e da fidelidade nas pequenas coisas, amanhã, quando enfrentarmos os grandes desafios morais, nós vamos nos prejudicar. Aprenda a ser fiel nas pequenas coisas, aprenda a ser fiel nas coisas mínimas, porque quando você tiver entendendo que fidelidade é uma questão de princípios, quando você enfrentar provas maiores, depressões maiores, você terá condições de resistir. E porque Daniel manteve-se firme na questão de comida e de bebida ele foi capaz de manter-se fiel quando estava para ser lançado na cova dos leões. Se ele tivesse transigido lá atrás, ele jamais teria forças para enfrentar as provas maiores lá na frente. Aprenda a ser fiel a despeito das oportunidades.
Deus honrou a Daniel e seus amigos e eles se tornaram mais robustos do que os outros estudantes. O projeto de Deus é que os seus filhos não são caldas, mas são cabeças, no sentido de que eles devem sempre ser modelos.
Daniel foi aprovado com grande honra e o teste para passar na prova final não era escrito, o teste era oral. E quando Nabucodonosor teve o cuidado de ele mesmo fazer o exame, diz a Bíblia que em todas as matérias dos conhecimentos científicos e astrológicos, em todas as ciências da Babilônia, que Daniel e os seus amigos foram encontrados dez vezes mais sábios do que os outros estudantes. A Bíblia diz que foi Deus quem colocou isso neles. Quando você honra a Deus, Deus honra você. Vale a pena honrar a Deus.
Aparentemente pode não ser vantajoso ser fiel a Deus. Seus amigos podem rir de você, podem zombar de você. Você pode perder algumas amizades, pode perder alguns prestígios, pode perder algumas turmas, pode perder algumas festas, pode perder alguns aplausos, pode ganhar algumas críticas, mas vale a pena ser fiel ao seu Deus. No tempo certo, no momento oportuno, Deus vai te honrar. Foi isso que aconteceu com Daniel, ele foi encontrado dez vezes mais sábio do que os outros.

Conclusão

Daniel foi maior do que a própria Babilônia. Ele ficou 70 anos na Babilônia. A Babilônia caiu e Daniel continuou de pé. Ainda foi ministro no governo de Ciro. Daniel foi um homem que começou fiel, continuou fiel e terminou fiel. Foi um homem que nunca cedeu as pressões, um homem que nunca transigiu com a sua consciência, um homem que nunca negou a sua fé, um homem que nunca se desviou do seu Deus, um homem que é referência para você e para mim.
Vale a pena ser fiel. Daniel foi um jovem fiel e incontaminado, apesar da sua aparência, apesar das suas oportunidades, apesar dos seus dotes, apesar da sua glória. Daniel foi fiel na adversidade e fiel na prosperidade.
Você tem se guardado incontaminado do mundo? Você é um influenciador ou é uma pessoa influenciada? Você faz diferença no meio que você vive? As pessoas conhecem você na sala de aula, no seu escritório, na sua empresa, no seu trabalho, pelo seu quilate moral? Pelos seus princípios? Pelos seus valores? Quando você chega, o ambiente muda porque você chegou? A sua própria presença já constrange as pessoas a ter uma atitude diferente? Daniel para nós é um referencial de como ser fiel no meio de uma geração Infiel. Que Deus nos ajude a olhar para o exemplo de Daniel e aprender com ele. Que assim seja. Amém!

Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Rev. Hernandes Dias Lopes: Estudos sobre o livro de Daniel