O PROJETO DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DO HOMEM

29  Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

30  E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou (Rm 8.29-30).

Introdução

A carta aos Romanos é o auge de todo o ensino de Paulo. Se a carta de Paulo aos Romanos é o auge de seu doutrinamento, o capítulo oito deste livro é o pico mais elevado deste ensino. Nos dois versos deste capítulo que acabamos de ler, Paulo vai nos falar que Deus tem um plano eterno, perfeito, vitorioso e glorioso. Isto quer dizer que o Universo não é dirigido pelo acaso, nem mesmo pelo determinismo, que a história não caminha para o caos, pelo contrário, Deus tem um plano e este plano é absolutamente vitorioso.

O que é maravilhoso é que você está incluído neste plano de Deus. A sua vida está inserida neste projeto eterno e vitorioso de Deus. A Bíblia diz que todos os seus dias foram escritos e determinados quando nenhum deles havia existido ainda, de tal maneira que nem neste mundo, nem no vindouro, nada, nem ninguém, pode frustrar, pode desfazer, pode anular este plano perfeito de Deus na sua vida. Na verdade, o que vamos ver é que Deus já determinou o fim desde o começo:

29  Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou...

30  E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.

Note que o fim e a vitória final já estão determinados e consumados na mente de Deus, de tal maneira que, você que creu no Senhor Jesus, já pode se considerar no céu. Nada e nem ninguém pode afastar você deste caminho, ninguém pode arrebatar você das mãos do Redentor que te remiu e te comprou com o Seu sangue. Isso é algo maravilhoso, porque não importa o quanto seja estreito o caminho, não importa quantos inimigos se levantarão contra você, não importa a fúria do inferno contra você, o seu destino já está decidido, o seu futuro já esta garantido. Isto porque o mesmo Deus que te escolheu na eternidade, te conduzirá até a vitória final. Aqui, hoje, você passa pelo deserto, mas a sua vitória está absolutamente garantida nas mãos do Deus eterno. Tanto isso é fato que você pode ler no capítulo oito de Romanos que:

1  Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1).

O que podemos perceber no capítulo oito de Romanos é que ele começa com nenhuma condenação e termina com nenhuma separação:

38  Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,

39  nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38,39).

Não há condenação para aqueles que estão em Cristo e não haverá separação para aqueles que esperam em Cristo. Agora há lutas, há choro, há lágrimas, há sofrimentos, há luto e há morte. Contudo, podemos assegurar com absoluta certeza a vitória final.

O que vamos encontrar nestes dois versículos de Romanos e em demais textos da Bíblia é a abundância da graça de Deus demonstrada em um plano surpreendente e maravilhoso. E você vai notar que este plano vai de eternidade a eternidade. Deus nos predestinou na eternidade e Deus nos glorificará na eternidade. Na eternidade este plano foi traçado e este plano é vencedor, glorioso e nada, nem ninguém podem frustrar o plano de Deus em sua vida. Este projeto de Deus será o objeto dos nossos estudos.

LIÇÃO I – UM PLANO EXTRAORDINÁRIO DE SALVAÇÃO

Deus tem um plano de salvação para o homem. Este plano é único e apresenta uma única solução de salvação e a Bíblia apresenta este plano de uma forma completa. Ela é o manual discriminativo do plano de Deus.

A salvação do homem é alvo de muitas filosofias mundanas em que apontam outras soluções, outros caminhos e outros meios de salvar o homem sem ser na cruz de Cristo. O humanismo, por exemplo, é uma filosofia que faz do homem a medida de todas as coisas e não faz referência ao Criador da humanidade. O humanismo hoje em dia tem sido propagado por todos os meios de comunicação.

Falar da salvação do homem sem mencionar a Bíblia é o mesmo que falar sobre o corpo humano sem mencionar a ciência. Portanto, é necessário voltarmos à Bíblia para vermos o que nos é revelado a respeito do homem perante o seu Criador. Feito isso logo se percebe a miséria do homem e o tanto que ele necessita de salvação. Nosso estudo vai procurar apresentar o ensino bíblico a respeito do Projeto de Deus de salvação. Vamos falar sobre o homem e da sua salvação a qual lhe é disponível tão somente na Pessoa de Jesus Cristo nosso Senhor.

1 – Sua origem

A origem da salvação e a sua manifesta­ção estão em Deus e não no homem. Se Deus não tivesse to­mado a tão sublime decisão primordial na salvação de sua cria­tura rebelde ninguém seria salvo. Assim, este ato criador de Deus, não é apenas uma manifestação da sua vontade, mas também a sua satisfação, pois Deus é amor e, como tal, ama e deseja a salvação de todos.

O que vamos ver neste estudo é que Deus não foi pego de surpresa e não precisou remendar nada daquilo que Ele planejou desde o começo. Não foi necessário rever nada, porque quando Deus colocou o homem no Jardim do Éden, Ele já sabia de seu desfecho final.

Nesta hora é difícil de não questionar Deus, ou de não pensar que não poderia ser assim, pois se a salvação do homem é realmente dessa forma, não faltam aqueles que dizem que Deus não estaria sendo perfeito fazendo assim. Mas neste estudo a respeito do plano de Deus para a salvação do homem vamos ver muitos pontos que trazem grandes conflitos e muitas divergências entre até mesmo os cristãos e nestas horas não quero que você se esqueça dos textos abaixo que diz:

9  Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem alça.

11  Assim diz o SENHOR, o Santo de Israel, aquele que o formou: Quereis, acaso, saber as coisas futuras? Quereis dar ordens acerca de meus filhos e acerca das obras de minhas mãos?

18  Porque assim diz o SENHOR, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro (Is 45.9,11,18).

20  Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? (Rm 9.20).

O que vamos estudar está na Bíblia e ela é a Palavra legítima de Deus, portanto, aquilo que Deus fez e da forma que fez não se discute, mas se crê de todo o coração porque é pela fé que somos alcançados pela salvação de Deus.

2 – Seu público alvo

O homem é o público alvo do plano de Deus. O ser humano é a coroa da criação de Deus, o qual foi feito à Sua imagem e semelhança e por isso, Deus o dotou da capacidade de escolher e tomar decisões, assumindo também as conseqüências de suas escolhas. Deus tinha pelo homem amor incondicional, mas queria que o homem também o amasse, demonstrando amor através da obediência. No Jardim do Éden, o homem era perfeito e feliz, conhecia a Deus, amava-o e relacionava-se com o seu Criador; e assim deveria permanecer, contanto que continuasse a obedecer a Deus. A desobediência acarretaria em pecado afastando o homem de Deus. Ocorreu a desobediência e o homem ficou em um estado deplorável de perdição.

A – A exclusividade do homem

O home é único, totalmente distinguido do restante da criação de Deus porque ele foi criado à imagem de Deus. Na criação, quando Deus estava criando todas as coisas, Ele ia dizendo e tudo ia se formando, mas quando chegou a vez da criação do homem, Deus disse:

26  Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.

27  Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.26,27).

Quando pensamos em imagem nos lembramos de um espelho porque o espelho reflete a imagem de quem está a sua frente. Assim o homem reflete a presença de Deus porque fora criado a sua imagem.

Quando o homem estava no Jardim do Éden ele refletia perfeitamente esta imagem de Deus, mas quando ele pecou esta imagem ficou deturpada e depois disso ele não mais reflete com perfeição a imagem de Deus. Mesmo assim o homem não perdeu sua exclusividade perante a criação, porque mesmo refletindo com imperfeição, ele continua sendo à imagem de Deus.

O que distingue o homem do resto da criação é a capacidade de viver em conformidade com Deus. Deus criou o homem para amá-lo e ser amado por ele. Deus criou o homem de forma que este possa ter pleno conhecimento dele. Os animais não podem conhecer a Deus deste modo. Desta forma o conhecimento de Deus está ligado ao fato de termos sido criados à imagem de Deus. Tanto isto é fato que Jesus disse:

3  E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (Jo 17.3).

A queda do homem afetou a imagem de Deus nele e o relacionamento entre o homem e Deus foi prejudicado com o pecado, mas em Cristo tudo foi recuperado. Portanto, o que distingue o homem do resto da criação é que ele foi formado para conhecer a Deus e relacionar-se com Ele, o que faz do homem único na criação.

B – A necessidade do homem

Adão vivia sob o pacto das obras. Esta aliança prometia a ele vida eterna, mas exigia perfeita obediência de sua parte sob a pena de morte em caso de desobediência.

Infelizmente o homem pecou e o pecado entrou em sua vida. Com isso o homem morreu espiritualmente. A desobediência de Adão alcançou toda a humanidade, corrompeu a natureza humana e tornou o homem incapaz de voltar-se para Deus.

12  Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5.12).

Podemos ver a necessidade do homem quando o vemos sob a pena do pecado, que é a morte, com a natureza totalmente corrompida, em todas as suas partes, totalmente incapaz de fazer o bem espiritual e com a vontade escravizada pelo pecado.

10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,

11  não há quem entenda, não há quem busque a Deus;

12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.

13  A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios,

14  a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;

15  são os seus pés velozes para derramar sangue,

16  nos seus caminhos, há destruição e miséria;

17  desconheceram o caminho da paz.

18  Não há temor de Deus diante de seus olhos.

23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.10-18, 23).

Poderia se dizer que era o fim do homem, que não havia mais jeito, não havia nenhuma solução para sua desobediência. Com o Universo tão vasto, Deus poderia ter-se esquecido da Terra e de tudo o que criou nela. Mas não foi isso que aconteceu porque Deus tinha um plano, Deus tinha um projeto para trazer sua criação de volta para Ele e tão logo o homem caiu já lhe foi anunciado a solução:

15  Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.15).

Deus amou aquele ser miserável criado por Ele, que entrou em uma fria, caindo em uma cilada armada para desestabilizar a criação de Deus. E Deus se dispôs a pagar um alto preço para restaurar sua criação e punir àqueles que lhe desobedeceram: Adão e Eva e àquele que foi o grande responsável pela queda do homem: o diabo.

O homem entrou em uma tremenda enrascada com sua desobediência, mas Deus não o abandonou, antes o amou e por amor entregou Seu Único Filho em sacrifício para salvar aquele ser incapaz de fazer qualquer coisa para salvar-se a si mesmo e voltar-se para Deus.

3 – Sua finalidade

A salvação do homem é a finalidade do plano de Deus. O homem é único na criação de Deus. Foi criado perfeito, mas com sua queda adoeceu tanto físico como espiritualmente. O homem se perdeu completamente em sua desobediência e passou a ter uma grande necessidade de restauração. Esta restauração é a melhor definição para salvação, porque salvar significa devolver a saúde ao doente, devolver segurança ao ameaçado, e arrancar da morte o moribundo. O episódio em que os discípulos estavam remando no meio de uma tempestade enquanto Jesus dormia exemplifica isso muito bem. Eles acordam Jesus no meio da tempestade:

25  Mas os discípulos vieram acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! (Mt 8.25).

O homem sem a salvação de Deus estava condenado a perecer eternamente no inferno. E a caminhada de Pedro sobre as águas também nos mostra o que significa salvação:

30  Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor! (Mt 14.30).

O homem estava imerso em um abismo sem fim, mergulhado no mar da desobediência e da rebeldia.

Como no início a salvação teve seu ponto inicial no coração de Deus. A salvação foi criada por Ele:

68  Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo,

69  e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo,

70  como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas (Lc 1.68-70)

Manifestada aos homens por meio de Jesus Cristo:

1  Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,

2  nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.

3  Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas,

4  tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles (Hb 1.1-4).

E executada no coração hu­mano através do Espírito Santo.

7  Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.

8  Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:

9  do pecado, porque não crêem em mim;

10  da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais;

11  do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado (Jo 16.7-11).

A encarnação e a propiciação de Jesus constituem a maior prova da boa vontade de Deus de salvar o homem. Nela podemos observar a sobe­rania de Deus em relação à salvação do homem e a sua iniciativa na obra da redenção.

Conclusão

A salvação do homem contém os atos e processos que ressaltam todos os elementos da fé cristã. A sua introdução na pessoa humana é pela fé e pela graça de Deus, enquanto que, para seu aperfei­çoamento, são necessários os demais dispositivos que en­volvem todo o plano da redenção e que farão parte de nosso estudo: a justificação, a regeneração, a adoção, a santificação e a glorificação.

O homem precisa ser espiritualmente despertado e iluminado, a fim de po­der receber e aprender as coisas pertencentes a Cristo e aceitá-lo pela fé. Assim sendo, percebe-se que Deus, ao traçar um plano para a recuperação moral e física do homem, estabeleceu uma relação em cada ponto sucessivo deste plano. Nele não há falhas; não há lacunas na obra redentora de Cristo.
 Luiz Lobianco
 luizlobianco@hotmail.com