1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas
coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio
dos sete candeeiros de ouro:
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como
a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova
os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por
causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu
primeiro amor.
5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te
e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu
lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as
obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
7 Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da
vida que se encontra no paraíso de Deus (Ap 2.1-7).
Introdução
Agora vamos entrar no estudo
das cartas. Em Apocalipse capítulos 2 e 3 Jesus está mandando mensagens
típicas, particular para cada Igreja. Nestas cartas Ele está diagnosticando
cada problema, cada necessidade de cada Igreja, trazendo para cada uma delas uma
palavra de despertamento.
A
cidade de Éfeso: Éfeso era a capital da Ásia Menor e era a cidade
mais importante da Província Romana naquela região. Foi situada perto do mar
Egeu. Duas estradas importantes cruzaram em Éfeso, uma seguindo a costa e a
outra continuando para o interior, passando por Laodicéia. Assim, Éfeso tinha
uma localização importantíssima de contato entre os dois lados do Império Romano
(a Europa e a Ásia). Historiadores calculam a população da cidade no primeiro
século entre 250.000 e 500.000 habitantes. Éfeso era conhecida, também, como o
foco de adoração da deusa Diana e havia naquela cidade uma indústria de
materiais religiosos.
O Apóstolo Paulo fixa-se em
Éfeso depois de sua terceira viagem missionária por um período de três anos,
ensinando e exortando de casa em casa, de dia e de noite e, assim, Paulo
estabelece ali uma Igreja. O poder de Deus agiu com tamanho vigor na cidade de
Éfeso, que houve um convencimento tal naquela cidade, houve um derramar tão
profundo da graça de Deus que as pessoas eram incomodadas, compungidas,
convencidas pelo Espírito Santo a abandonar seus pecados e entrar no caminho de
Deus, rompendo suas alianças com aquela religião politeísta, supersticiosa e
idólatra que seguiam. Lucas registra isso no livro de Atos:
17 Chegou este fato ao conhecimento de todos,
assim judeus como gregos habitantes de Éfeso; veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era
engrandecido.
18 Muitos
dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias
obras.
19 Também muitos dos que haviam praticado artes
mágicas, reunindo os seus livros, os
queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam
a cinquenta mil denários.
20 Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente (At
19.17-20).
A Igreja de Éfeso não ficou
entre os muros, pois empurrou sua influência para fora dos portões de forma que
a partir de Éfeso o Evangelho se expandiu por toda a Ásia Menor.
Após sair de Éfeso, Paulo
envia para lá o seu filho Timóteo para ser o pastor daquela Igreja e quando
estava preso em Roma, Paulo escreve uma carta para aquela Igreja elogiando-os
grandemente e destacando a fé e o amor daquela Igreja.
Agora, depois de mais ou
menos 40 anos, O Senhor Jesus está mandando uma carta para esta Igreja. A
geração da plantação da Igreja do tempo de Paulo, possivelmente, não estava
mais na frente da Igreja, pois uma nova geração havia se levantado. E como se
encontrava a Igreja nesta geração contemporânea à carta? Qual o diagnóstico que
Jesus faz agora daquela Igreja? É o que vamos ver no estudo desta carta.
1
– A apresentação de Jesus à Igreja de Éfeso
1 A o anjo da igreja em Éfeso
escreve: Estas coisas diz aquele que
conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros
de ouro:
A primeira coisa que podemos
perceber aqui é que o remetente da carta é o próprio Senhor Jesus e esta
descrição de Jesus vem desde o primeiro capítulo:
12 Voltei-me para ver quem falava comigo e,
voltado, vi sete candeeiros de ouro
13 e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com
vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro (Ap
1.12,13).
16 Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada
espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força (Ap 1.16).
E lá também encontramos a
resposta para o mistério desta linguagem figurada:
20 Quanto ao mistério das sete
estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete
igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas (Ap 1.20).
E o que Jesus queria dizer à
Igreja com esta linguagem figurada?
A
– Jesus diz que tem a liderança da Igreja em suas mãos
1 ... Estas coisas diz aquele
que conserva na mão direita as sete estrelas ...
A primeira coisa que Jesus
destaca é que Ele conserva em sua mão direita as sete estrelas. No capítulo
primeiro João diz que Jesus ‘tinha’ na mão as sete estrelas e agora Jesus está dizendo
que as ‘conserva’ em sua mão direita. Há uma diferença nos verbos, em que a
segunda trás a ideia de ‘manter absolutamente dentro da mão’. Esta não é a
ideia de apenas segurar, mas a de que se está ‘todo envolvido pela mão que
segura’. Jesus está dizendo que Ele tem o controle absoluto sobre a liderança
da Igreja. Jesus está passando a mesma coisa que já havia dito antes:
27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as
conheço, e elas me seguem.
28 Eu lhes dou a vida eterna;
jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará da minha mão (Jo 10.27,28).
E isso nos lembra também das
palavras de Paulo quando disse:
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a
profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm
8.38,39).
B
– Jesus diz que anda no meio da Igreja
1 ... e que anda no meio dos
sete candeeiros de ouro:
Os sete candeeiros são as
sete Igrejas. Jesus não somente tem a liderança da Igreja em suas mãos, como
também Ele anda no meio da Igreja. E com que finalidade Jesus anda no meio da
Igreja? Isso deve nos levar a refletir de que Jesus está no meio de nós e a
consciência de que Jesus está no meio de nós deve nos trazer um grande alento e
um profundo temor, devendo gerar em nós um grande desconforto se estivermos
fazendo qualquer concessão ao pecado. Jesus falou que:
20 Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio
deles (Mt 18.20).
20 ... E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século (Mt 28.20).
Cristo não está apenas
andando no meio da Igreja, mas está sondando a Igreja, de tal forma que quando
viemos à igreja e nos assentamos no banco, precisamos crer de todo coração que
Jesus está neste lugar e que Ele não apenas está neste lugar, mas Ele está
sondando a Igreja, Ele está sondando a sua vida, Ele conhece o seu coração, a
sua mente, o seu passado, o seu presente, o seu futuro. Jesus conhece a
história de sua vida. Jesus conhece as intenções do seu coração.
A apresentação de Cristo
sempre tem a ver com o problema detectado na Igreja. Qual era o problema da
Igreja de Éfeso? Ela tinha abandonado o seu primeiro amor. Conhecendo seu
problema, como Jesus se apresenta àquela Igreja? Como aquele que conserva na
mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros.
Esta descrição mostra o
conhecimento e a soberania de Jesus em relação às Igrejas. Segurando as sete
estrelas, Ele demonstra seu poder e domínio e os efésios precisavam lembrar-se
da presença de Jesus. Ele anda no meio das Igrejas, observando o procedimento
delas, e pronto para agir quando for necessário.
Jesus diz para a Igreja de
Éfeso que a sua liderança está em Suas mãos e que Ele é aquele que anda,
conhece, investiga o que é que está acontecendo dentro da Igreja. Isso
demonstra que Cristo não está apenas no meio da Igreja, mas andando no meio da
Igreja e Ele está em ação como remédio para seus grandes males. Ele anda no
meio dos candeeiros para encorajar a Igreja, para corrigir a Igreja, para
exortar a Igreja, para consolar a Igreja e para trazer promessas gloriosas a
Igreja.
2
– A apreciação de Jesus à Igreja de Éfeso
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como
a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova
os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança, e suportaste provas por
causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
6 Tens, contudo, a teu favor que
odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
Andando por aquela Igreja o
que mais o Senhor Jesus viu?
A
– Jesus reconheceu o trabalho daquela Igreja
2 Conheço as tuas obras, tanto o
teu labor ...
A Igreja de Éfeso tinha
características tão lindas, maravilhosas, nas quais deveríamos nos inspirar,
nos motivar. Aquela Igreja era uma Igreja que arregaçava as mangas a partia
para o trabalho, não era uma Igreja omissa no trabalho. A ideia de labor aqui é
a de trabalhar até suar a camisa, trabalho intenso, trabalho árduo, trabalho
com zelo, dedicação e veemência. Jesus percebeu que aquela Igreja não cruzava
os braços e não deixava as coisas por fazer. Será que estamos seguindo o
exemplo desta Igreja no serviço cristão?
B
– Jesus reconheceu a perseverança na tribulação daquela Igreja
2 ... tanto o teu labor como a tua
perseverança...
3 e tens perseverança, e
suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.
Eles eram perseverantes nas
situações adversas, perseverantes nos momentos de crise, perseverantes nas
dificuldades. As lutas que a Igreja de Éfeso estava enfrentando naqueles dias
não eram lutas pequenas não, eles estavam vivendo no tempo de perseguição por
um Imperador romano muito cruel em que estava perseguindo, prendendo,
torturando e matando os cristãos. A Igreja de Éfeso estava suportando toda esta
avalanche de maldade.
Será que somos perseverantes
na tribulação como esta Igreja? Algumas pessoas, conforme a parábola do semeador,
são como sementes que caem no meio dos espinhos, em que as preocupações e os
prazeres da vida afogam e apagam o seu crescimento. Outras são como aquelas que
caem em terreno rochoso, em que as lutas e as provas não permitem que fixem
suas raízes no caminho de Deus. Muitos se decepcionam porque acham que ao se
tornar um cristão não teria mais problemas, nem lutas e nem dificuldades.
C
– Jesus reconheceu a fidelidade doutrinária daquela Igreja
2 ... e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os
que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
Éfeso tinha uma Igreja
zelosa doutrinariamente, fiel teologicamente. Podemos observar o cuidado da
Igreja de Éfeso de examinar as doutrinas. Eles colocavam a prova aos que lhe
ensinavam. Ela não aceitava as pessoas chegarem à Igreja e falar qualquer
coisa. Naquela época muitos percorriam as cidades dizendo-se apóstolos e
pregavam heresias e falavam muitas coisas que não tinham fundamentação nas
Escrituras e quando estes aventureiros da fé chegavam em Éfeso a Igreja não
aceitava, não tolerava e não deixava aquelas pessoas falarem à Igreja.
Encontramos alguns exemplos:
24 Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo,
homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.
25 Era ele instruído no caminho do Senhor; e,
sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de
Jesus, conhecendo apenas o batismo de
João.
26 Ele, pois, começou a falar
ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áqüila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão,
lhe expuseram o caminho de Deus (At 18.24-26).
Paulo advertiu os
presbíteros de Éfeso do perigo de falsos mestres entre eles:
29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que
não pouparão o rebanho.
30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas
pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.
31 Portanto, vigiai,
lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com
lágrimas, a cada um (At 20.29-31).
Paulo também orientou
Timóteo, pastor da Igreja de Éfeso, a
admoestar os irmãos a não ensinarem outra doutrina:
3 Quando eu estava de viagem, rumo da
Macedônia, te roguei permanecesses ainda
em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra
doutrina,
4 nem se
ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões
do que o serviço de Deus, na fé.
5 Ora, o intuito da presente admoestação visa
ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem
hipocrisia.
6 Desviando-se algumas pessoas destas coisas,
perderam-se em loquacidade frívola,
7 pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem
o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações (1
Tm 1.3-7).
Depois de tantas
advertências sobre o perigo de falsos mestres, a defesa da verdade se tornou um
ponto forte da Igreja de Éfeso. Homens que se alegavam apóstolos foram postos à
prova e achados mentirosos.
Que bênção é ter uma igreja
firme doutrinariamente, que escuta uma mensagem e é capaz de examinar esta
mensagem e não engolir tudo aquilo que se prega, mas faz passar pelo filtro da
Palavra de Deus para ver se o que está sendo pregado é verdadeiro ou é falso.
Estamos vivendo dias não
muito diferentes daqueles. Hoje, no mercado da fé, encontramos uma
multiplicidade de mensagens que não vertem da Palavra de Deus e, mais do que
nunca, a Igreja precisa ter a mesma postura da Igreja de Éfeso, não abrir as
portas para aquilo que não tem base na Palavra de Deus, ser firme na Palavra,
ser sólida na doutrina e ter compromisso com a verdade. Mas há uma outra apreciação
de Jesus nesta carta:
6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as
quais eu também odeio.
Mais um ponto a favor da
Igreja de Éfeso, reforçando os elogios anteriores. As obras dos nicolaítas era
uma heresia e Jesus odeia com ódio consumado a heresia. A heresia provoca a ira
santa de Jesus. E qual era a heresia dos nicolaítas? Os nicolaítas não queriam
acabar com o cristianismo, mas sim criaram uma versão mais moderna do
cristianismo. Para eles não era necessário ser tão rígidos, tão radicais e
pregavam um cristianismo mais moderno, mais liberal, mais concessivo, criando uma
adequação ao meio, às circunstâncias. Eram pessoas que queriam viver sem
compromisso, sem santidade.
Vivemos em um tempo em que
as pessoas acham que se Jesus viesse hoje a Bíblia seria outra. As pessoas
criam motivos para justificar seu comportamento relaxado, lascivo, permissivo e
pecaminoso. E a Igreja de Éfeso odiava a isso e Jesus também deixou registrado
que odiava esta atitude de justificar o pecado. Neste ponto, os efésios odiavam
o que Deus odiava. Nós também devemos fazer a mesma coisa, sendo amigos do bem e
detestando o mal. Precisamos do mesmo zelo da verdade hoje. O mundo religioso
está cheio de pessoas que se dizem profetas e apóstolos que devem ser avaliados
pela Palavra de Deus.
3
– A reprovação de Jesus à Igreja de Éfeso
4 Tenho, porém, contra ti que
abandonaste o teu primeiro amor.
Os cristãos de Éfeso eram
fiéis a Palavra e zelosos ao ponto de não permitirem a entrada de heresia em
seu meio, mas ela se tornou uma Igreja seca, árida. O problema da Igreja não
era uma questão de doutrina, mas de amor. A Igreja de Éfeso era firme na
doutrina, porém, esta Igreja começa a cair em um ponto, pois abandonou seu
primeiro amor: Tenho, porém, contra ti
que abandonaste o teu primeiro amor.
Eles se esqueceram dos
grandes mandamentos que formam a base para todos os ensinamentos de Deus:
36 Mestre, qual
é o grande mandamento na Lei?
37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de todo o teu entendimento.
38 Este é o grande e primeiro mandamento.
39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
40 Destes dois mandamentos
dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22.37-40).
Paulo havia instruído os
efésios sobre a importância do amor como alicerce da vida do cristão:
17 e, assim, habite Cristo no
vosso coração, pela fé, estando vós
arraigados e alicerçados em amor (Ef 3.17).
2 com toda a humildade e
mansidão, com longanimidade, suportando-vos
uns aos outros em amor (Ef 4.2).
15 Mas, seguindo
a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
16 de quem todo o corpo, bem
ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação
de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor (Ef 4.2,15, 16).
2 e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si
mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave (Ef 5.2).
A Igreja ouviu a Paulo com
referência a doutrina, mas não fizeram o mesmo com referência ao amor, pois abandonaram
o seu primeiro amor.
As vezes corremos o perigo de
transformar nosso cristianismo em uma luta da defesa da verdade sem a prática
da piedade cristã. Nos tornamos cristãos intelectuais, defensores da verdade,
mas sem associação com a vida prática.
Não tem nada mais terrível
para uma Igreja do que ela caminhar e continuar seu trabalho, ter movimento e
realizações, ter planos e projetos, ser firme, mas ao mesmo tempo não ter
comunhão, não ter amor, não ter entrosamento, não ter comprometimento com Deus
e com os homens.
Podemos ser fiel a Deus com
a motivação errada. As vezes, somos fieis sem levar em conta o zelo pelo
Senhor. Quando Jesus restaurou a Pedro antes de convocá-lo à obra, antes de
restaurá-lo ao apostolado, Jesus fez questão de levantar no coração dele a
motivação correta: Pedro, tu me amas?
Alguém pode ser fiel sem
amar. Uma esposa pode ser fiel ao seu marido, nunca traí-lo, mas também nunca
amá-lo com todo vigor de seu coração. O marido pode ser fiel a sua mulher sem
nunca traí-la, mas também nunca dedicar a ela o seu amor. A Igreja de Éfeso era
fiel a Jesus, mas não estava dedicando a Ele todo o seu amor.
Devemos defender a verdade
como os efésios fizeram, mas, ao mesmo tempo, praticar e cuidar também do amor.
4
– As exortações de Jesus à Igreja de Éfeso
5 Lembra-te, pois, de onde
caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a
ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
Jesus pede três respostas
àquela Igreja:
A
– Jesus os exortam a se lembrarem de onde caíram
Não foram somente as
alfarrobas dos porcos que levou o filho pródigo ao arrependimento, mas também a
lembrança da casa do pai. Para os efésios se arrependerem, teriam que se lembrar
da comunhão com Deus que deixaram para trás. Esta exortação faz menção ao tempo:
volta ao passado e vejam como caíram, quando foi que começaram a esfriar,
quando foi que começaram a ficar seco.
Será que não é verdade que
já fomos muito mais fiéis e dedicados a Deus do que somos hoje? Não tivemos
muito mais intimidade com Deus do que estamos tendo hoje? Para permanecermos
fiéis, a presença de Deus precisa ser a coisa mais preciosa na nossa vida.
B
– Jesus os exortam a se arrependerem
O arrependimento é mudança
de atitude, ele acontece quando decidimos deixar o pecado e fazer a vontade de
Deus. Deus quer mudança efetiva e não apenas palavras fictícias. Quantas vezes
falamos: Deus eu vou melhorar e fica apenas na promessa. O cristão que tropeça
precisa se arrepender e pedir perdão pelos seus pecados. Encontramos aqui uma Igreja
cujo amor se esfriou e que precisa se arrepender.
C
– Jesus os exortam a voltarem à prática das primeiras obras
A mudança de atitude produz
frutos. As vezes, quando fazemos um exame das nossas vidas corremos o risco de
ficarmos desencorajados, desestimulados, desanimados e Jesus quer que você faça
um diagnóstico não para ficar desesperado, mas para você voltar à prática das
primeiras obras e caminhar no caminho da restauração.
A Igreja de Éfeso, que no
começo em que fora plantada era uma Igreja cheia de amor, depois de alguns anos
perdeu o seu amor. A Igreja precisava voltar à prática do amor.
Jesus faz uma ameaça muito
séria à Igreja de Éfeso:
5 ... se não, venho a ti e
moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
Jesus está dizendo que se a
Igreja se arrepender tem restauração, mas se a Igreja não se arrepender não tem
cura, não tem saída, Jesus removeria o seu candeeiro. Ou seja, eles não
permaneceriam na abençoada comunhão com o Senhor. Um candeeiro só existe se é
para brilhar, se ele não brilha é removido. Pelo que consta a História a Igreja
de Éfeso foi banida, acabou, porque não ouviram em tempo oportuno a Palavra de
Jesus.
5
– A promessa de Jesus à Igreja de Éfeso
7 Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da
vida que se encontra no paraíso de Deus.
A
– A promessa começa pelo ouvir
7 Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas...
Frequentemente Jesus chamava
seus ouvintes a ouvirem a sua mensagem. O problema de um coração teimoso se
reflete nos ouvidos tapados que recusam ouvir a verdade. Os efésios provaram àqueles
que lhes falavam, agora, eles seriam provados pela maneira de ouvirem.
B
– A promessa é para quem persevera até ao fim
7 ... Ao vencedor...
A recompensa aguarda os
vencedores que perseveram no amor e na verdade. Aqueles que desistem,
abandonando para sempre o seu amor, não receberão o galardão.
Todas as promessas de Jesus
tem a ver com o contexto das Igrejas e note um estribilho: ao vencedor. A
promessa sempre é feita ao vencedor e o que significa isso? Significa que nem
todos os membros da Igreja são vencedores. Significa que nem todos os membros
da Igreja estão salvos. Significa que nem todos que tem o seu nome escrito no
rol da Igreja visível, tem o seu nome escrito no livro da vida.
Pare e reflita: meu Deus!
Será que meu nome está escrito apenas no rol da Igreja aqui da terra? Ou será
que também está escrito no livro da vida? Você é apenas um membro da Igreja ou
é também um vencedor? A promessa é para o vencedor.
Deus quer servos dedicados
que não desistem. Jesus falou da importância da perseverança diante da
perseguição e das dificuldades que causam o esfriamento do amor de muitas
pessoas. Sejamos perseverantes na oração, na doutrina e no amor.
C
– A recompensa para quem perseverar será satisfatória
7 ... dar-lhe-ei que se alimente
da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
Jesus descreve a comunhão
com Deus em termos que nos lembram do Jardim do Éden. Por causa do pecado, o homem
foi expulso do Jardim em que Deus andava. Aqueles que andam com Deus tem a
esperança da vida no paraíso do Senhor. A Igreja de Éfeso tinha perdido o seu
amor e Jesus está dizendo que quem vencer vai se alimentar da árvore da vida,
ou seja, vai ter a vida eterna. E o que é vida eterna? Vida eterna é ter
comunhão com Cristo e com o Pai eternamente, junto com a família de Deus, lá no
céu, lá no paraíso, onde vai reinar o amor.
Conclusão
Vivemos uma época em que
predomina as religiões falsas e estamos sujeitos à influência de homens maus. Precisamos
examinar todos os ensinamentos e rejeitar todas as falsas doutrinas. Mas precisamos
também, demonstrar o amor verdadeiro para vencer o mal. Devemos amar a verdade
porque esta ordem vem do Deus que merece nosso amor. Devemos amar aos outros,
porque foram feitos à imagem e semelhança de Deus.
11 Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros
(1Jo 4.11).
A Igreja de Éfeso era uma
Igreja firme na doutrina, mas deixou a desejar no amor, e quem não cuida do amor
torna-se frio e insensível.
Luiz Lobianco
Bibliografia principal: Rev.
Hernandes Dias Lopes
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