8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas
coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver:
9 Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas
tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são,
sendo, antes, sinagoga de Satanás.
10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis
que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à
prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a
coroa da vida.
11 Quem tem ouvidos, ouça o que
o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda
morte (Ap 2.8-11).
A
cidade de Esmirna: Na época do Novo Testamento, Esmirna tinha
uma população de aproximadamente 100.000 habitantes. Por ter um porto excelente
que facilitava o comércio entre a Ásia e a Europa tornou-se uma cidade
próspera.
O conteúdo desta carta tem
muito a ver com o histórico desta cidade. Esmirna era a cidade mais bonita da
Ásia e ficava a cerca de 60 km de Éfeso, sendo a segunda maior cidade da Ásia
Menor, perdendo apenas para Éfeso. Esmirna era uma cidade com uma arquitetura sensacional
com grandes palácios, prédios luxuosos, rica, bela e importante por vários
aspectos: primeiramente, por ser uma cidade portuária tinha um comércio
influente, isso porque o porto de Esmirna era um importante ponto de escoamento
de produção de toda aquela região. Pelo seu forte comércio deveria ser a razão
de haver ali uma grande concentração de judeus. Outro aspecto é o fato daquela
cidade ser muito influente nos jogos esportivos, sendo ela um grande centro
esportivo do mundo, porque aconteciam ali os jogos mais importantes da época. Outro
aspecto que vale ressaltar é que Esmirna tinha uma grande influência cultural
havendo ali grande concentração de bibliotecas e famosos teatros. Por último,
aquela cidade havia sido edificada 1.000 anos a.C. e ela foi totalmente
destruída por volta dos anos 600 a.C., passando cerca de 400 anos em ruínas.
Por volta dos anos 200 a.C., Lisímaco de Trácia reconstrói a cidade de Esmirna
para ser a cidade mais bela da Ásia. Esmirna é uma cidade que sai das cinzas
para ser a beleza mais sublime da arquitetura do tempo antigo em toda a Ásia
Menor. O Senhor Jesus vai usar todos estes detalhes históricos no envio de sua
mensagem para aquela Igreja.
Ainda quanto a cidade de
Esmirna vale destacar que ela era símbolo de fidelidade a Roma, sendo, depois
de Roma, o maior centro de adoração ao Imperador, de forma que não havia em
todo o Império outra cidade que prestasse maiores honras ao Imperador do que a
cidade de Esmirna, chegando a construir um templo para a deusa Roma.
Esmirna era também um centro
de oposição dos judeus à Igreja cristã. Eles se mancomunaram com os romanos
para atacar e perseguir a Igreja e eles acusavam aos cristãos diante de Roma e
acionavam a mão de Roma para perseguir a Igreja. Foi na cidade de Esmirna que
Policarpo, discípulo do Apóstolo João, foi levado ao martírio aos 86 anos de
idade.
Hoje, Esmirna é conhecida
como Izmir, a terceira maior cidade da Turquia e o segundo mais importante
porto do país.
Quanto a Igreja de Esmirna não
temos informação sobre quem a fundou, mas podemos ter uma forte impressão de
que tenha sido o Apóstolo Paulo, pois durante o período em que ele ficou em
Éfeso, na sua terceira viagem missionária, diz a Bíblia que:
10 Durou isto por espaço de dois
anos, dando ensejo a que todos os
habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos
(At 19.10).
A partir de Éfeso o
Evangelho se espalhou por toda a Ásia Menor pelo trabalho de Paulo. É bem
possível que a Igreja em Esmirna esteja incluída nesta citação. Mas, a primeira
vez que ela é identificada por nome é nas citações do Apocalipse. Por isso, não
temos informações específicas sobre esta igreja, além dos quatro versículos
desta carta. O pouco que sabemos é positivo. Esta carta elogia e encoraja sem
oferecer nenhuma crítica aos cristãos em Esmirna. Vamos ao seu conteúdo:
1
– A apresentação de Jesus à Igreja de Esmirna
8 Ao anjo da igreja em Esmirna
escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a
viver:
Cada apresentação de Jesus
está relacionada com o problema identificado na Igreja. Como Jesus se apresenta
àquela Igreja?
8 ... Estas coisas diz o
primeiro e o último ...
Por que Jesus se apresenta
assim? Aquela cidade adorava ao imperador de Roma e para eles a figura mais
importante, mais expoente, de maior projeção no planeta era o imperador romano.
Para eles, não havia ninguém que pudesse ocupar um posto mais elevado do que o
imperador.
E mais, para aquela Igreja que
estava sendo perseguida, massacrada e muitos crentes estavam passando pelo
martírio, Jesus se apresenta como o primeiro e o último, ou seja, como aquele
em quem tudo se inicia e tudo converge para Ele. Jesus é o centro de todas as
coisas e não César e nem Roma. E Jesus prossegue dizendo que é aquele:
8 ...que esteve morto e tornou a
viver:
Jesus começa esta carta com
palavras já proferidas no primeiro capítulo:
17 Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém
ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último
18 e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos
séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.
Jesus está aqui frisando a
sua eternidade e destaca a vitória sobre a morte na ressurreição. Na situação
dos discípulos de Esmirna, encarando perseguições difíceis, seria especialmente
importante lembrar a ressurreição de Jesus. O Senhor deles não fracassou diante
da morte, antes a venceu! Eles, sendo fiéis, teriam a mesma esperança de
vitória.
Jesus está dizendo: Eu sou o
remédio para vocês. Vocês estão abatidos, abalados, tristes por causa da morte,
por causa do sofrimento, pois Eu sou aquele que já passou pela morte e venceu a
morte.
A Igreja de Esmirna, para
existir, vivia todos os dias o drama do martírio, e para esta Igreja Jesus diz
que esteve morto, mas que hoje está vivo, ou seja, Ele está dizendo que é o
conquistador da morte e que tem autoridade para dizer à Igreja: se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da
vida! A morte não tem a palavra final sobre a vida da Igreja porque não
teve a palavra final na vida de Jesus, Ele venceu a morte e dá agora uma
palavra de ânimo para a Igreja.
Jesus está dizendo que Ele
pode nos animar e nos livrar quando tivermos que atravessar o vale da morte,
não vamos passar por este momento sozinhos. Esta é uma mensagem relevante e
atual para a Igreja porque nunca, na história da Igreja, a perseguição aos
cristãos foi tão extensa, pois em muitos países hoje ser cristão é proibido e o
fato de alguém se apresentar como cristão é ser exposto à prisão, a morte, ao
martírio.
Será que se explodisse uma
perseguição à Igreja hoje, aqui, você suportaria? Se te encostassem uma arma à
cabeça e dissesse: ou morre ou apostata, o que você faria? Creio que nenhuma
pessoa convertida retrocede nesta hora porque o poder para enfrentar o martírio
não vem da ousadia humana, mas aquele que venceu a morte nos capacita para
enfrentarmos o martírio.
Os crentes em Esmirna não
eram diferentes de nós. Eles eram da mesma natureza que nós somos, com as
mesmas fraquezas, com os mesmos problemas e enfrentaram o martírio com ousadia
e fé. E se tivermos que enfrentar uma situação semelhante Deus vai nos
capacitar para enfrentar, porque a Bíblia nos diz que:
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos,
nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a
profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm
8.38, 39).
2
– A apreciação de Jesus à Igreja de Esmirna
9 Conheço a tua tribulação, a
tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram
judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.
Jesus apreciou quatro coisas
naquela igreja:
A
– Jesus disse que conhecia a tribulação daquela Igreja
O que é tribulação? A
palavra tribulação nos trás a ideia de um lugar apertado, de um peso ou de uma
força que te espreme, que te oprime, que te esmaga e te sufoca. Jesus está
falando aqui de situação, de circunstâncias, de quando a Igreja está vivendo em
um ambiente hostil, perigoso, onde não é fácil ser cristão.
Nós do ocidente não sofremos
perseguição física, mas a enfrentamos na área das ideias. Não somos jogados
atrás das grades, mas somos atingidos de uma forma mais sutil, perigosa, que
afeta o estilo de vida cristã e atinge a nossa mente. São formas e maneiras de
tribulação e Jesus está dizendo que conhece a nossa tribulação e este conhecer
não significa ter informação a respeito, mas é saber intimamente. Jesus é um
Salvador que conhece a nossa situação, a nossa angústia, a nossa luta contra o
pecado.
Jesus, no meio dos
candeeiros, viu o sofrimento dos cristãos em Esmirna, e da mesma maneira que Ele
se compadeceu dos angustiados na terra durante o seu ministério, Ele olhou com
compaixão para aqueles que sofriam naquela Igreja.
B
– Jesus disse que conhecia a pobreza daquela Igreja
Qual era a avaliação que o mundo
fazia da Igreja de Esmirna? Na opinião do mundo, Esmirna era uma igreja
pequena, fraca e pobre. Aqui é importante destacar o grego. O N. T. emprega
duas palavras distintas para descrever a pobreza, a palavra penes e a palavra ptochos. A palavra penes era
utilizada para descrever a pobreza daquele que tem o básico, mas não tem o luxo
e ptochos era utilizada para
descrever a pobreza extrema, de quando a pessoa tem que mendigar para
sobreviver. A palavra que Jesus emprega aqui é ptochos, pobreza desprovida do básico, do essencial.
Apesar de morarem numa
cidade próspera, os cristãos em Esmirna eram pobres. Qual a causa de sua
pobreza? Primeiro, porque a maioria daqueles cristãos era composta de escravos,
que eram pessoas sem direito algum, desprovidos de qualquer direito, inclusive
o de ser livre, pois eram controlados em todos os sentidos. E em segundo lugar
os cristãos livres estavam sendo atacados, roubados e tendo seus bens
confiscados, pois sofriam discriminação por causa da fé, e é bem possível,
também, que tivessem sacrificado seus recursos em prol do evangelho.
Você já imaginou tendo a sua
casa, o seu negócio, e de repente chega um bando de vândalos, entra em sua casa
e vai saqueando tudo que você tem? Já imaginou ter o seu trabalho de onde tira
o seu sustento e de repente é mandado embora pela razão de ser cristão? E sem
poder recorrer a qualquer tribunal porque, como cristão, não se tem direito
algum?
C
– Jesus considerava aquela Igreja rica
Talvez, aquela Igreja tinha
um orçamento muito reduzido, ela era uma Igreja pobre, mas Jesus olha para
aquela igreja e faz outra avaliação: Mas
tu és rica. A pobreza material não tem importância quando se há riqueza
espiritual.
A situação dos discípulos em
Esmirna era muito melhor do que a da igreja em Laodicéia, que se achava rica
apesar de sua pobreza espiritual:
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de
coisa alguma, e nem sabes que tu és
infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu (Ap 3.17).
Para a igreja rica e
abastada Jesus diz: tu és pobre. E
para aquela desprovida de tudo Jesus diz: tu
és rica. A avaliação do céu é muito diferente da avaliação da terra. A
riqueza de uma igreja não está na beleza de seu templo, não está na grandeza de
seu orçamento, não está na quantidade de seus membros e nem na influência política
de seus membros; a riqueza de uma igreja está em ser firmada na graça de Deus
apesar da perseguição e das dificuldades.
Será que somos considerados
uma igreja rica na avaliação divina? Será que somos uma igreja que possui as
riquezas celestiais mesmo desprovidos das riquezas materiais? Somos herdeiros
de Deus e coparticipantes de Sua natureza e esta é uma riqueza maravilhosa.
D
– Jesus conhecia a blasfêmia daqueles que perseguiam a Igreja
9 Conheço ... a blasfêmia dos
que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de
Satanás.
Blasfemar é falar mal. Aqui,
porém, a blasfêmia é um aspecto do sofrimento dos crentes em Esmirna pela perseguição
dos judeus. Esta difamação veio de pessoas que se chamavam judeus, mas não eram
verdadeiros judeus, pois perseguiam aos cristãos. Agindo desta forma, ao invés
de serem verdadeiros judeus e descendentes espirituais de Abraão, eram, na
verdade, servos de Satanás, o principal mentiroso e acusador dos fiéis.
Quando os judeus se reuniam
na sinagoga eles entendiam que eles eram a sinagoga do Senhor, só que como
judeus, eles se reuniam ali para perseguir a Igreja e para acionar as forças de
Roma contra a Igreja, para denunciar a Igreja aos romanos e Jesus olha para
aqueles judeus e diz: vocês não são sinagoga do Senhor, vocês são sinagoga de
Satanás, porque todos aqueles que perseguem a Igreja de Deus são agentes de
Satanás, porque a função de Satanás é opor-se a obra de Deus e perseguir aos
cristãos. Todos aqueles que cumprem estes propósitos são agentes de Satanás.
Paulo expressa muito bem isso quando diz:
28 Porque não
é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na
carne.
29 Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é
do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos
homens, mas de Deus (Rm 2.28,290.
Paulo fala que o verdadeiro
judeu não é aquele que o é por causa de sangue, mas por causa do novo
nascimento em Cristo.
3
– O encorajamento de Jesus à Igreja de Esmirna
10 Não temas as coisas que tens
de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para
serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias...
A oportunidade que Jesus
oferece para a Igreja de Esmirna é muito diferente das que Ele oferece para
aquelas em que há alguma reprovação dele. A oportunidade é um encorajamento
àquela Igreja: Não temas as coisas que
tens de sofrer. Isso é muito importante porque vivemos em uma sociedade em
que ninguém suporta nem mesmo a ideia de sofrer. Não que queira ir para o lado
masoquista, mas a sociedade hoje não suporta a questão do sofrimento, ninguém
quer saber de passar por lutas, por provações porque vivemos todos em uma
filosofia hedonista. Esta filosofia afetou a sociedade em todas as áreas. Na
vida conjugal, por exemplo, ninguém quer saber de lutas é mais fácil partir
logo pra outra. Não há comprometimento com as raízes, qualquer probleminha se
cai fora para se viver uma vida sem barreiras e para aproveitar ao máximo a
vida.
Jesus encoraja aquela Igreja
a não ter medo diante do sofrimento. Mesmo conhecendo a tribulação daquela
igreja, Jesus não poupou os crentes de toda a dor e disse para eles que seu
sofrimento não era uma possibilidade, mas sim uma coisa certa.
Pessoas que ensinam que o
servo fiel será próspero e livre de sofrimentos nesta vida precisam conhecer esta
mensagem que Jesus mandou à Igreja em Esmirna! O conforto oferecido por Jesus à
Igreja de Esmirna não é o livramento do sofrimento, mas Ele anima os crentes em
Esmirna a não desistirem diante das tribulações. A mensagem desta carta vai de
encontro com as palavras de Paulo a Timóteo que diz:
12 Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos (2 Tm 3.12).
O Senhor nos alertou e abriu
os nossos olhos de que sempre vamos ter perseguições. A ausência de perseguição
à Igreja deve ser um motivo forte para ela repensar: Por que não estou
incomodando?
Eis
que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós: já
vimos que o diabo é visto como a fonte da perseguição à Igreja. E como Satanás
prenderia os cristãos? Usando Roma como seu agente. Não eram somente os judeus
que haveria de perseguir a Igreja, Roma também o faria e por ter vínculos tão
fortes com a idolatria oficial de Roma, Esmirna se tornou uma cidade perigosa
para os cristãos.
Agora pare e pense: Já
imaginou o que era ser preso nas masmorras romanas? Estas masmorras eram, na
verdade, uma antessala da sepultura, pois se seus prisioneiros não morriam lá
de fome eles ficavam pesteados.
O diabo é o nosso acusador.
Ele nos acusa de dia e de noite. Ele é o tentador. Ele é maligno, é mal, é
perverso. Jesus está dizendo aqui que esta Igreja que enfrenta o martírio o
diabo está furioso com ela. O diabo está por trás das tribulações que esta
Igreja está enfrentando. Por isso que a Bíblia dos diz que:
12 porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso,
contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Ef 6.12).
Para seres postos à prova: O
efeito da tribulação seria o de provar a fé desses cristãos. A sua lealdade a
Cristo seria testada sob ameaças de morte.
E
tereis tribulação de 10 dias: Já descrevemos
anteriormente o que é tribulação e falamos sobre ela. Vale destacar que 10 dias
aqui não devem ser literais, pois 10 é um tempo definido, completo, mas breve.
A perseguição à Igreja nunca
fez cair a qualidade da fidelidade dos cristãos, pelo contrário, sempre que ela
enfrenta a perseguição a Igreja do Senhor Jesus cresce em qualidade.
4
– A promessa de Jesus à Igreja de Esmirna
10 ... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa
da vida.
11 Quem tem ouvidos, ouça o que
o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda
morte.
Não é ser fiel até ao dia de
morrer, mas é ser fiel ao ponto de morrer. Seja fiel ainda que isto te custe a
vida. É ser fiel ao ponto de dar a própria vida por sua fidelidade. O fim da
perseguição, para alguns, poderia ser a própria morte. Mesmo assim, deveriam
ser fiéis. Jesus está dizendo: não importa se o martírio chegue se fiel porque
você terá a coroa da vida. Às vezes, arrumamos qualquer desculpa para não fazer
algo que Deus pede. Mas nada, nem a nossa própria vida, deve ser mais
importante do que a nossa fidelidade a Deus.
Um dia perguntaram a um
servo de Deus se a Igreja fosse mais perseguida ela seria mais fiel. A resposta
daquele servo foi: Não! Se a Igreja for mais fiel ela será mais perseguida. E
era esta exatamente a postura da Igreja de Esmirna. Ela não retrocedeu diante
da pobreza, da perseguição, da prisão e da própria morte.
E
dar-te-ei a coroa da vida: Esta é a recompensa de Jesus pela
fidelidade. A palavra coroa também é descrevida no N. T. por duas palavras
gregas: diadema e stephanos e a palavra que aparece aqui é
stephanos. Esta não é uma coroa de
glória, mas era uma coroa temporária que as pessoas recebiam em momentos
especiais, por exemplo, na vitória de um jogo atlético. Ela se refere à coroa
de vitória. Jesus está aqui comparando a vida cristã com a vida de um atleta.
Foi assim que Paulo também o fez quando disse:
7 Combati
o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto
juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam
a sua vinda (2 Tm 4.7).
Para você que corre a vida
cristã com fidelidade, segundo as normas, Jesus está dizendo que tem uma coroa
para você. Há uma coroa de justiça para aqueles que completam a sua carreira
cristã, para aqueles que fizerem tudo que o Senhor lhes coloca às mãos para
fazer. A coroa stephanos também era
colocada nas pessoas em uma grande festa. Nós também receberemos a nossa coroa
nas Bodas do Cordeiro, aquela grande festa que será a alegria da Igreja. A
coroa da vida vem de Deus, o único que pode dar a vida eterna.
Como em todas as cartas às Igrejas,
Jesus chama os destinatários a ouvirem a sua mensagem:
11 Quem tem ouvidos, ouça o que
o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda
morte.
Por que Jesus faz esta
promessa para a Igreja de Esmirna? Porque era uma igreja perseguida. Porque era
uma igreja torturada. Porque era uma igreja que estava enfrentando o martírio e
aí Jesus diz: o vencedor pode morrer, mas ele não vai enfrentar a segunda
morte. O mundo pode nos matar, nos perseguir, nos prender. Podemos enfrentar o
martírio, mas ninguém pode nos matar com a segunda morte porque o texto diz que
o vencedor não sofrerá o dano da segunda morte. O vencedor jamais poderá
perecer.
A ideia de vencedor aqui é
muito diferente do que é para nós hoje. Hoje, a ideia de vencedor é daquele que
não tem luta, não passa por dificuldades, não sofre provações. Aqui, o vencedor
é aquele que é preso, que é pobre, que não tem dinheiro nem para comer, que
passa fome. Já imaginou a ideia de um vencedor que é decapitado, que é queimado
vivo? A ideia de vencedor na Bíblia é a daquele que enfrenta todas as
adversidades sem perder a sua fidelidade e sua firmeza na fé. Este é o vencedor!
Conclusão
Um discípulo do apóstolo
João, Policarpo, foi Bispo da igreja de Esmirna. Policarpo, aos 86 anos de
idade, foi preso pelas autoridades romanas e foi convocado a negar a sua fé e a
blasfemar contra Jesus. Ele disse: Não vou blasfemar contra Jesus. Eu o sirvo
há 86 anos e tem-me feito somente o bem, como é que vou blasfemar contra Ele?
Ameaçaram-no com feras, com açoites, com prisões, com gladiadores, mas ele
permaneceu firme. Então disseram: então vamos lhe queimar vivo e ele disse para
seus algozes: Vocês podem me queimar, mas o fogo com que vão me queimar vai
durar apenas alguns minutos ou poucas horas, mas o fogo que vocês enfrentarão é
o fogo eterno que jamais poderá ser apagado. E este homem morreu queimado em
uma pira na cidade de Esmirna glorificando a Jesus pelo privilégio de morrer
por Ele. Jesus disse:
10 ... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa
da vida.
11 ... O vencedor de nenhum modo
sofrerá dano da segunda morte.
Não sofrerá os danos do
castigo eterno. O vencedor será aquele que permanecer fiel diante das perseguições.
Morar em Esmirna no primeiro século não era fácil para um discípulo de Jesus.
Além das perseguições pelos judeus, ele teria que enfrentar uma ameaça
organizada e poderosa que o tentava a abandonar a sua fé para melhorar as suas
circunstâncias ou até mesmo para evitar uma morte violenta. Para vencer esta
tentação, teria que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Se mantivesse
sua confiança no Senhor, mesmo se morresse a vida eterna lhes seria garantida.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia principal: Rev.
Hernandes Dias Lopes
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