Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

COSMOVISÃO: O QUE É?

1  Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2  E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2).

Introdução

Todo ser humano possui uma cosmovisão. Todos baseiam suas decisões e ações em uma cosmovisão. Podemos não ser capazes de articular nossa cosmovisão e ela também pode ser inconsistente e falsa, porém todos nós temos uma cosmovisão. Talvez você já tenha lido esta palavra em algum lugar ou mesmo ouvido algo sobre o assunto, mas não tem a menor ideia do significado deste termo. Mas saiba que mesmo assim, mesmo sem saber o que é isso, você possui uma cosmovisão, pois aquilo que cada pessoa é, o que ela defende, o que ela vive, é resultado da cosmovisão que permeia a sua vida.
Como a humanidade é diversificada ao extremo, nos mais distintos aspectos, existe uma gama muito variada de cosmovisões. No Japão, se um estudante japonês cometer suicídio após fracassar no ano escolar não assusta a sociedade tanto quanto aqui, pois a sociedade japonesa consagra o haraquiri (morte voluntária pela honra da família) e vê o suicídio de maneira diferente da ótica ocidental. O mesmo acontece nos Estados Unidos quando um garoto entra em uma escola armado e atira contra alunos e professores, pois eles não estranham o fato de uma criança ter acesso a armas de fogo.
É importante para qualquer cristão conhecer as premissas que caracterizam e diferenciam as variadas cosmovisões existentes. Portanto, para o cristão o discernimento das cosmovisões é algo essencial.
1 – Definição: O que é cosmovisão?
Cosmo é igual a mundo, mundo e uma visão da vida. O dicionário define cosmovisão como o modo particular de perceber o mundo, uma concepção ou visão de mundo tendo em conta as relações humanas, buscando entender questões filosóficas tais como: a existência humana, a vida após a morte e a existência de Deus. Portanto, o termo cosmovisão é uma estrutura interpretativa, ela pode ser definida como o modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade, uma espécie de par de lentes por meio das quais vemos todas as coisas, se estas lentes forem azuis o mundo será azul, se forem vermelhas o mundo será vermelho.
A cosmovisão se refere a qualquer conjunto de ideias, crenças ou valores que forneçam uma estrutura ou mapa para ajudar você a compreender Deus e o mundo, e seu relacionamento com Deus e com o mundo. Uma cosmovisão influencia muito a maneira como a pessoa vê Deus, como ela vê o mal, como ela vê a natureza humana e seus valores.
À medida que nos aprofundamos neste assunto, percebemos que há uma variedade de cosmovisões, mas também podemos perceber que não há compatibilidade entre elas.

A – A espiritualidade das cosmovisões

Há seis cosmovisões que atualmente exercem mais influência no mundo, sendo elas as principais ideias e sistemas de crenças que controlam o mundo. São elas: a Cosmovisão Cristã; a Cosmovisão Islâmica; a Cosmovisão Humanista Secular; a Cosmovisão Marxista; a Cosmovisão Humanista Cósmica e a Cosmovisão Pós-Moderna. Existem outras cosmovisões, mas elas são menos importantes em termos de influência, pois podem influenciar profundamente um país, mas dificilmente afetam todo o mundo.
Toda cosmovisão tem um caráter espiritual. A adesão de uma pessoa a certos valores que direcionam sua maneira de viver é um reflexo da espiritualidade que está presente na constituição da natureza humana. Estes valores, aos quais podemos aderir até de forma inconsciente, formam nossas crenças fundamentais. Estes valores exigem um compromisso de fé da nossa parte, ainda que não sejam decorrentes de uma perspectiva religiosa. Este é o caráter espiritual das cosmovisões.
Uma pessoa que se diz ateu se compromete com valores que negam a existência de Deus. Ainda que seja a negação de Deus podemos dizer que isso é um exercício de fé negativa, pois o ateu crê que não existe Deus. Da mesma forma quando um economista defende determinada economia é porque ele crê em alguma coisa. Um crê que o que deve regular o mercado é a livre escolha, enquanto outro crê que o governo deve intervir nessa regulação.
O fato é que todos vivem de acordo com os valores que exercem influência sobre o modo como pensam. Há os que vivem o modo de vida cristão, sendo eles aqueles que crêem em Deus:

1  Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados,
2  com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
3  esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4.1-3)

Enquanto outros vivem um modo de vida distantes de Deus, sendo eles aqueles que desprezam a Deus:

17  Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos,
18  obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,
19  os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza (Ef 4.17-19).

Que seja o modo de vida cristão que esteja conduzindo nossa vida.

B – O egocentrismo do homem presente nas cosmovisões

Como já vimos, as cosmovisões se formam a partir das respostas que o ser humano dá às perguntas fundamentais da sua existência. Acontece que estas respostas não nascem em um vazio qualquer, mas ocorrem a partir de algumas propensões da natureza humana e a influência mais determinante do coração do homem é o pecado, que age sob o poder de uma estrutura egocêntrica.
Por esta causa o egocentrismo é a matriz da formação das mais diversas cosmovisões, principalmente em nosso tempo em que nossas verdades são influenciadas pelo relativismo pós-moderno que efetivou a egorreferência preponderante na maior parte dos conceitos de cosmovisão da atualidade.
Este egocentrismo influenciado pelo pecado pode explicar o fato da cosmovisão cristã ser a única que verdadeiramente conduz o homem de volta para o seu Criador.

C – O padrão humanista presente nas cosmovisões

O humanismo é um movimento filosófico que procurou estabelecer padrões morais construídos a partir da perspectiva de que o ser humano é quem deve decidir o que é o melhor para si mesmo. Por isso que as cosmovisões não cristãs são espiritualmente construídas seguindo estruturas que negam a primazia de Deus sobre a criação e o substituem pelo próprio homem.
Toda cosmovisão precisa ser submetida a certos testes a fim de se determinar se ela é boa ou ruim. Embora seja comum pessoas dizerem coisas como “Isso pode ser verdade para você, mas não é verdade para mim, portanto não imponha a sua visão sobre mim”, tais declarações são de fato convites para um desastre. A verdade não é determinada dessa forma subjetiva. A verdade precisa estar sujeita à verificação. Por isso toda cosmovisão precisa estar sujeita a testes para se determinar se ela é ou não abrangente, se fornece respostas adequadas a todas as principais questões que a norteia e se apresentam consistência interna umas em relação às outras.
A disposição de mente do cristão deve ser determinada e moldada pelo conhecimento do Evangelho, pelo poder do Espírito e pelos interesses do porvir, e não pela moda passageira deste século.
Uma compreensão de si e do mundo equivocada levará o homem a ter pensamentos e atitudes equivocadas. Isso pode se tornar em um desastre espiritual na vida desta pessoa.

2 – A estruturação de uma cosmovisão

Não é qualquer forma de pensamento que pode ser considerado como uma cosmovisão. Uma visão de mundo deve necessariamente responder às questões básicas do ser humano, especialmente aquelas que dizem respeito aos pontos principais da própria vida, tais como: Quem somos, por que e para que existimos? De onde viemos? O que acontece quando morremos? Como sabemos o que é certo ou errado? Qual o significado da vida?
Por essa razão, o filósofo cristão Ronald Nash diz que as cosmovisões contêm pelo menos cinco grupos de crenças ou elementos fundamentais: Deus, Metafísica, Epistemologia, Ética e Natureza humana.
Deus – O elemento crucial de qualquer cosmovisão é o que ela diz sobre Deus.  As diferentes concepções sobre a figura do divino marcam a distinção entre as principais visões de mundo, na medida em que respondem a questões do tipo: Deus existe? Qual sua natureza? Há mais de um Deus? Ele é um ser pessoal? Ou apenas um poder impessoal?
Metafísica – Nesse ponto uma cosmovisão também inclui respostas a questões como: Qual a relação entre Deus e o Universo? Um Deus pessoal e Onipotente criou o Universo? A existência do Universo é eterna?
Epistemologia – Este elemento diz respeito ao próprio conhecimento. É possível saber, entender e conhecer? Existe verdade? A verdade é absoluta ou relativa? O conhecimento sobre Deus é possível?
Ética – Este elemento busca responder indagações sobre a moralidade: Há leis morais que governam a conduta humana? Quais são elas? A moralidade é totalmente subjetiva, ou há uma dimensão objetiva para as leis morais que significa que sua verdade é independente de nossas preferências e desejos? A moralidade é relativa aos indivíduos, culturas ou períodos históricos?
Antropologia – Toda cosmovisão inclui também crenças sobre a própria natureza do ser humano. O ser humano é apenas corpo ou materialidade, ou tem uma dimensão espiritual? Qual sua origem? Existe vida após a morte? A vida tem um propósito?
A cosmovisão de uma pessoa é formada a partir de alguns elementos. Vamos considerar aqui apenas dois deles:

A – A cultura predominante

Por cultura podemos definir todos os valores que estruturam o modo de viver de um grupo social, quer sejam de origem religiosa, filosófica ou de costumes familiares. Quando a maioria adere a determinados valores forma-se uma cultura dominante. Esta cultura pressiona as maneiras individuais de ver o mundo, no sentido de fazê-las se adequarem ao modo de pensar da maioria, ou seja, à cosmovisão da maioria.
Quando os israelitas tomaram posse de Canaã, Deus os orientou a resistirem à cultura predominante daquela terra, aconselhando-os a não seguirem os costumes dos povos daquela terra.
Quando os israelitas desobedeceram e não se importaram com a influência das cosmovisões dos povos de Canaã, o resultado foi o desvio do povo de Deus, o que se pode constatar no livro de Juízes.
O forte apego dos cananeus aos seus deuses influenciou as gerações posteriores dos israelitas que começaram a adotar seus costumes. A visão teocêntrica da geração do período de Josué resistiu por muitos anos, mas não foi ensinada a gerações posteriores.
A forte cultura politeísta dos cananeus influenciou a nova geração de israelitas e se tornou majoritária, impondo seus valores a ponto de levar os israelitas a se esquecerem do Senhor.
Hoje, estamos sujeitos e esta mesma situação como povo de Deus. Paulo, em Romanos, nos exorta para que renovemos nossa mente, não segundo os modismos deste século, mas pela renovação que a Bíblia proporciona.

B – Novas perspectivas culturais

As culturas são dinâmicas e estão sempre se transformando. Muitas vezes as transformações culturais podem gerar mudanças significativas na cosmovisão de um grupo social.
As novas perspectivas culturais produzem uma pluralidade de cosmovisões, fragmentando os valores de um grupo e diluindo a sua força. Quando isso acontece alguns subgrupos impõem sua cosmovisão pela força, fazendo com que os demais vivam debaixo da influência de sua cosmovisão, enquanto que outros simplesmente buscam a acomodação.
Isso se tornou muito comum em nossos dias em que tentam fazer com que as cosmovisões se acomodem umas às outras, gerando uma relativização da verdade. Esta é a cosmovisão pós-moderna que afirma que a verdade é relativa.
A cosmovisão cristã é a minoria na atualidade e vivemos sob a pressão de uma nova perspectiva cultural pós-moderna que está modificando o modo cristão de ver o mundo. Precisamos estar atentos a essas mudanças de cosmovisão e ao pluralismo de nossos dias.
Os efeitos da queda alteraram a cosmovisão do ser humano. Fazendo com que ele coloque a si mesmo no centro e retire Deus do foco. A fonte da cosmovisão cristã é a Bíblia e por meio dela Deus é a referência a ser seguida. A Bíblia exorta a não sermos conduzidos pelo modo de pensar do mundo. Devemos discernir os valores das cosmovisões que nos cercam e avaliá-las pela Palavra de Deus.

3 – As consequências práticas de uma cosmovisão


Se todos tem uma cosmovisão, quais são as consequências práticas que podem ocorrer na vida de uma pessoa geradas pela sua cosmovisão?

A - A cosmovisão de uma pessoa a influencia na tomada de decisões

É exatamente a cosmovisão básica de uma pessoa que vai norteá-la ante as decisões mais importantes da sua vida. Quando o casamento vai mal, qual a decisão a ser tomada? A infidelidade é normal? Como deve ser encarada a questão do aborto e do homossexualismo? Qual a forma de proceder no trabalho? Como educar os filhos?
Frente a tais situações práticas, as pessoas tomam suas decisões baseadas naquilo que compreendem como sendo verdadeiro ou falso, certo ou errado. A cosmovisão que possuímos norteia nossas decisões e atitudes, e funciona como um guia, dando-nos senso de direção acerca da forma como devemos agir.
Como escreve George Barna, “sempre que tomamos uma decisão, inconscientemente a passamos por um filtro mental e emocional que nos permite decidir de acordo com o que entendemos ser verdadeiro, relevante e conveniente. Esse filtro é o resultado de como organizamos as informações de modo a dar sentido ao mundo em que vivemos” (BARNA, George. Pense como Jesus: como pensar, decidir e agir em sintonia com Deus. São Paulo: Vida Nova, 2007, p.28).

B - A cosmovisão de uma pessoa será seu guia espiritual

Se nossas cosmovisões influenciam diretamente nossas vidas e reações diante da sociedade, é particularmente importante para nós conhecermos aquilo em que cremos e por quê.
Não podemos negar que vivemos uma grande guerra civil de valores. Dois lados, com cosmovisões tremendamente diferentes e incompatíveis, estão travados em um conflito que permeia cada nível da sociedade. Esta guerra é uma luta pelos corações e mentes das pessoas; é uma guerra de ideias.
De um lado está a cosmovisão cristã, a base da civilização ocidental. Do outro lado estão cinco cosmovisões: o Islamismo, o Humanismo Secular, o Marxismo, o Humanismo Cósmico e o Pós-Modernismo. Embora essas cinco cosmovisões não concordem em cada detalhe, elas unanimemente concordam em um ponto: sua oposição ao cristianismo bíblico.
Como em qualquer guerra, existem baixas e as ideias anticristãs estão fazendo suas vítimas. Pesquisas indicam que até 59% dos universitários que se declaram cristãos mudam de categoria por volta do último ano de seus cursos. Também de acordo com pesquisas realizadas, nove de cada dez adultos que se declaram cristãos não têm uma cosmovisão bíblica.

C - O resultado de uma cosmovisão equivocada leva a pessoa ao desvio do verdadeiro Caminho

E é exatamente isso que podemos observar nos países desenvolvidos. Os EUA são descritos como um país cristão. Entretanto, os EUA — juntos com toda a civilização do mundo ocidental — se afastaram de sua herança intelectual, cultural e religiosa.
A decadência em direção ao secularismo ocorreu em decorrência de uma mudança na cosmovisão, isto é, por meio de uma transformação fundamental no modo geral em como as pessoas pensam e vêem o mundo e a vida como um todo.
O estudo das cosmovisões em geral e da cosmovisão cristã, em particular, é um chamado ao despertamento para todos. Uma nação que esteja procurando promover os direitos humanos, a liberdade e o bem comum precisa aderir à única cosmovisão que pode explicar nossa existência. Afirmamos que a dignidade humana advém do fato de termos sido criados à imagem de Deus, uma perspectiva singularmente bíblica. O abandono dessa perspectiva traz sérias consequências, basta observar o crescimento no número de abortos, nas práticas homossexuais, na eutanásia e no casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Conclusão

Não podemos negligenciar as cosmovisões anticristãs. A base para muito daquilo que é ensinado nas salas de aula nas escolas públicas hoje vem do pensamento secularizado, marxista, humanista cósmico e pós-moderno. Os cursos são ministrados a partir de suposições anticristãs sem que os estudantes sejam informados qual cosmovisão está sendo expressa. A neutralidade na educação é um mito.
O primeiro capítulo do livro de Daniel explica como ele e seus companheiros se prepararam para sobreviverem e florescerem no meio de um choque entre civilizações em seu tempo. Acreditamos que os jovens cristãos equipados com um conhecimento abrangente e uma compreensão da cosmovisão cristã e de suas rivais possam se tornar como eles.

Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

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