¹⁴ Eis que, já hoje, sigo pelo caminho
de todos os da terra; e vós bem sabeis de todo o vosso coração e de toda a
vossa alma que nem uma só promessa caiu de todas as boas palavras que falou de
vós o Senhor, vosso Deus; todas vos sobrevieram, nem uma delas falhou. ¹⁵ E
sucederá que, assim como vieram sobre vós todas estas boas coisas que o Senhor,
vosso Deus, vos prometeu, assim cumprirá o Senhor contra vós outros todas as
ameaças até vos destruir de sobre a boa terra que vos deu o Senhor, vosso Deus.
¹⁶ Quando violardes a aliança que o Senhor, vosso Deus, vos ordenou, e fordes,
e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, a ira do Senhor se acenderá
sobre vós, e logo perecereis na boa terra que vos deu (Js 23.14-16).
INTRODUÇÃO:
Conforme já vimos em estudos anteriores, uma
Aliança é o relacionamento de amor entre Deus e o seu povo e entre as
características singulares deste relacionamento é que a Aliança é de iniciativa
exclusiva de Deus. Foi Deus quem decidiu criar e foi Deus quem decidiu
relacionar-se com a sua criação. E quando o homem rompeu seu relacionamento com
Deus, foi Deus quem decidiu restaurar este relacionamento. Não vemos em Gênesis
o homem como um ser ignorante perguntando: Quem sou eu? De onde eu vim? O que
estou fazendo neste lugar? Deus o criou, revelou-se a ele como seu Criador e
ele entendeu muito bem isso.
Deus abençoou a Adão e Eva lá no Jardim do
Éden e estabeleceu com eles um relacionamento. E este relacionamento tem como
base o amor de Deus e não qualquer carência de Deus, pois Deus é completo em Si
mesmo e não necessita de nada e de ninguém, mas foi movido pelo seu infinito
amor que Deus estabelece este relacionamento com as suas criaturas através de
uma aliança e esta Aliança era recheada de preciosas promessas, de maravilhosas
bênçãos, mas também de pesadas maldições.
01
– A ALIANÇA E AS SUAS PROMESSAS:
As promessas da Aliança são muito importantes.
Elas merecem uma atenção muito especial porque são o alicerce do relacionamento
estabelecido por Deus com o seu povo. Naquela época, os pactos incluíam uma
descrição do rei, dos benefícios que ele concederia ao pactuante, bem como as
estipulações que o pactuante deveria obedecer para permanecer no pacto. Havia
também maldições previstas caso uma das partes não cumprisse com a sua parte na
aliança. Portanto, a Aliança é um relacionamento alicerçado nas promessas de
Deus.
E esta é a parte de Deus na Aliança: Cumprir
as suas promessas! A fidelidade de Deus no cumprimento de suas promessas é uma
das bases da Aliança, pois o não cumprimento de qualquer uma delas implicaria
em anulação da Aliança, o que seria um desastre para o pactuante. Entende,
agora, no que implica a luta de Satanás contra Deus? Ele não tem a pretensão de
matar Deus, pois sabe que jamais poderá fazer isso, ele não pretende vencer
Deus, pois sabe que jamais o conseguirá, mas se ele conseguir colocar uma
mancha em Deus, por menor que seja ela, terá manchado a reputação imaculada de
Deus. A fidelidade de Deus é tão essencial que Ele não luta contra o diabo com
a força de seu poder, porque se fosse assim não haveria luta, porque não há
poder que se equipara ao poder de Deus, antes, Deus luta contra o diabo pela
força de sua fidelidade.
É pelo exemplo da fidelidade de Deus no
cumprimento de suas promessas que Ele preservou para nós o Antigo Testamento,
pois é nele que encontramos registrado as suas promessas, tanto aquelas que já se
cumpriram como as que ainda hão de se cumprir. E pelo cumprimento das que se
cumpriram podemos ter a esperança de todas as demais promessas de Deus. Sabe
por quê?
PORQUE PARA DEUS NÃO HAVERÁ
IMPOSSÍVEIS EM TODAS AS SUAS PROMESSAS (Lc 1.37).
E o testemunho dos patriarcas
quanto à fidelidade de Deus com certeza será o testemunho de tantos quantos
confiam e aguardam no Senhor. Josué deu um destes testemunhos quando disse:
Eis que, já hoje, sigo pelo caminho de todos os da terra; e VÓS BEM SABEIS DE TODO O VOSSO CORAÇÃO E DE
TODA A VOSSA ALMA QUE NEM UMA SÓ PROMESSA CAIU DE TODAS AS BOAS PALAVRAS QUE
FALOU DE VÓS O SENHOR, VOSSO DEUS; TODAS VOS SOBREVIERAM, NEM UMA DELAS FALHOU
(Js 23.14).
Nem uma única promessa de
Deus deixou de ser cumprida. Encontramos
a primeira grande promessa feita por Deus logo após a Queda:
Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu
descendente. ESTE TE FERIRÁ A CABEÇA, E
TU LHE FERIRÁS O CALCANHAR (Gn 3.15).
Observando a concordância
da frase, o Descendente da mulher, que é uma referência a Jesus Cristo, ferirá
a cabeça da serpente, que é uma referência a Satanás, enquanto que este lhe
ferirá o calcanhar. Um ferimento na cabeça é um ferimento irrecuperável, mortal.
Jesus foi ferido pela morte, mas ressuscitou pelo poder de Deus. Esta promessa reflete todo o plano da
redenção. Percebemos nela que um conflito foi estabelecido por Deus em que a
humanidade foi dividida, de um lado estão os que amam a Deus e o serve, e do
outro lado estão os que se rebelam contra ele e serve a Satanás. Jesus
enfatizou esta inimizade nas palavras de despedida com seus discípulos quando
disse:
SE O MUNDO VOS ODEIA, sabei que, primeiro do que a vós outros,
me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como,
todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, POR ISSO, O MUNDO VOS ODEIA (Jo
15.18-19).
Esta é a inimizade
anunciada por Deus lá no Éden. Jesus Cristo
feriu a cabeça da serpente na cruz do Calvário, pois assim a Bíblia diz sobre a
obra de Cristo:
E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela
incircuncisão da vossa carne, VOS DEU
VIDA JUNTAMENTE COM ELE, PERDOANDO TODOS OS NOSSOS DELITOS; TENDO CANCELADO O ESCRITO DE DÍVIDA, QUE ERA
CONTRA NÓS e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, REMOVEU- O INTEIRAMENTE, ENCRAVANDO-O NA
CRUZ; E, DESPOJANDO OS PRINCIPADOS E AS POTESTADES, PUBLICAMENTE OS EXPÔS AO
DESPREZO, TRIUNFANDO DELES NA CRUZ (Cl 2.13-15).
Nesta vitória a serpente desferiu um ferimento
no calcanhar do Descendente, que significa um ferimento recuperável, ferimento
este que foi a morte na cruz, a qual foi vencida no terceiro dia com a
ressurreição de Cristo. A plenitude desta vitória será quando Cristo voltar e
puser fim ao nosso maior inimigo que é a morte, conforme escreve João:
E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, E A MORTE JÁ NÃO EXISTIRÁ, JÁ NÃO HAVERÁ LUTO, NEM PRANTO, NEM DOR,
porque as primeiras coisas passaram (Ap 21.4).
E a Aliança da redenção foi progressivamente,
no decorrer da História da Humanidade, sendo revelado à raça humana. Foi a
promessa de redenção feita lá no Jardim do Éden que levou Deus a não destruir
completamente a vida na terra por meio do dilúvio, depois que a maldade do
homem se multiplicou na terra. Deus firmou um Pacto com Noé e seus filhos e os
abençoou com a mesma bênção que havia dado a Adão e Eva, prometendo não mais
destruir a terra pelo dilúvio.
E Deus continua revelando a Aliança da
Redenção ao longo da História, acrescentando a cada renovação uma promessa. Com
Abraão Deus acrescenta a promessa de constituir um povo e de lhe dar uma terra
e com Moisés Deus acrescenta a promessa de posse da terra prometida. A aliança
com Adão anuncia a redenção, onde o Messias haveria de vencer a serpente, A
Aliança com Noé preservava a vida na Terra e a aliança com Abraão separava e
preparava um povo para Deus, por meio do qual viria o Messias, o Descendente
descrito lá em Gênesis:
ESTABELECEREI A MINHA ALIANÇA ENTRE
MIM E TI E A TUA DESCENDÊNCIA NO DECURSO DAS SUAS GERAÇÕES, ALIANÇA PERPÉTUA, para ser o teu Deus e da tua descendência (Gn 17.7).
E mais uma vez Satanás tenta colocar Deus em xeque-mate
tentando destruir a Israel, o povo de Deus, pois se ele conseguisse destruir
este povo impossibilitava a Deus de cumprir a sua promessa. Entende agora
porque a nação de Israel é tão odiada e perseguida neste mundo? Entende porque
esta nação não pode ser destruída? É a fidelidade de Deus que está em jogo, a
nação de Israel é apenas um instrumento nesta luta de Satanás contra Deus,
assim como Jó foi o instrumento de Deus para comprovar ao diabo que o homem
pode servir e adorar a Deus independente de bênçãos.
A vinda de Jesus Cristo, o Messias Prometido,
deve ser para nós motivo de ações de graça e esperança. Ações de graças por ela
ter se cumprido e não termos mais que esperar por esta maravilhosa promessa.
Devemos ter a mesma reação e orar como orou Zacarias por ocasião do nascimento
de Jesus, quando disse:
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, PORQUE VISITOU E REDIMIU O SEU POVO, E NOS SUSCITOU PLENA E PODEROSA
SALVAÇÃO NA CASA DE DAVI, SEU SERVO, COMO PROMETERA, DESDE A ANTIGUIDADE,
por boca dos seus santos profetas, para nos libertar dos nossos inimigos e das
mãos de todos os que nos odeiam; para usar de misericórdia com os nossos pais e
lembrar-se da sua santa aliança e do juramento que fez a Abraão, o nosso pai,
de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, o adorássemos sem temor, em
santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias (Lc 1.68-75).
E quando Ele veio, veio
com superiores promessas, dentre elas a maior de todas, conforme escreve João:
E
ESTA É A PROMESSA QUE ELE MESMO NOS FEZ, A VIDA ETERNA (1 Jo 2.25).
Não há promessa maior do
que a vida eterna com Deus. E se por um lado esta promessa, por si só, é
bendita e esplendorosa, seu esplendor se intensifica pelo meio do qual nos
tornamos herdeiro de Deus, de uma maneira que nada nos custa e que nada dependa
de nós: Pela graça de Deus. A promessa não depende do cumprimento, pelo
pactuante, dos termos da Aliança, mas tão somente da fidelidade e graça de
Deus. Paulo confirma isso quando diz:
PORQUE, SE A HERANÇA PROVÉM DE
LEI, JÁ NÃO DECORRE DE PROMESSA;
mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão (Gl 3.18).
E em Romanos ele também
confirma isso quando diz:
POIS, SE OS DA LEI É QUE SÃO OS
HERDEIROS, ANULA-SE A FÉ E CANCELA-SE A PROMESSA (Rm 4.14).
Portanto, devemos viver
de acordo como nos orienta o autor de Hebreus, que nos diz:
Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, POIS QUEM FEZ A PROMESSA É FIEL (Hb
10.23). E Pedro também nos motiva, dizendo: Nós,
porém, SEGUNDO A SUA PROMESSA, ESPERAMOS
NOVOS CÉUS E NOVA TERRA, nos quais habita justiça (2 Pd 3.13).
E é exatamente no último capítulo da História
humana, na consumação dos séculos, no Novo Céu e na Nova Terra, que a Aliança
da Redenção, inaugurada lá em Gênesis será consumada. João, ao ver toda aquela
multidão procedente de toda raça, tribo, língua e nação, exclama:
Então,
ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o Tabernáculo de Deus com os
homens. Deus habitará com eles. ELES
SERÃO POVOS DE DEUS, E DEUS MESMO ESTARÁ COM ELES. E LHES ENXUGARÁ DOS OLHOS
TODA LÁGRIMA, E A MORTE JÁ NÃO EXISTIRÁ, JÁ NÃO HAVERÁ LUTO, NEM PRANTO, NEM
DOR, PORQUE AS PRIMEIRAS COISAS PASSARAM (Ap 21.3,4).
Esta é a consumação da promessa de Deus. Que
Ele nos abençoe a sermos perseverantes, pois é aos vencedores que esta promessa
se cumprirá. Amém!
02
– A ALIANÇA: SUAS BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES:
Deus criou o homem e
estabeleceu com ele uma Aliança. Uma aliança é o compromisso mútuo feito entre
duas pessoas ou grupos. Desde o início Deus toma a iniciativa e institui a
Aliança e espera do pactuante uma resposta: Fidelidade ou infidelidade. A Aliança
torna-se uma metáfora bíblica usada para descrever o relacionamento de Deus com
o pactuante. Esse tipo de relacionamento é baseado em promessas mútuas de
confiança em que há obrigações e responsabilidades, de forma que bênçãos e
maldições estão diretamente associadas com a aliança que Deus fez com o
pactuante. Deus coloca diante do pactuante a escolha entre vida e a morte e
exige dele uma decisão. Infelizmente, a opção do pactuante foi a morte, sendo
ela a maldição pela desobediência. Veja o recado de Deus para Adão:
E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás
livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; PORQUE, NO DIA EM QUE DELA COMERES,
CERTAMENTE MORRERÁS (Gn 2.16-17).
Foi muito bem esclarecido
ao pactuante o que aconteceria se ele desobedecesse e comesse daquele fruto.
Este era o lado da maldição da Aliança, a consequência pela desobediência. A
bênção da Aliança começa com a criação do homem:
CRIOU DEUS, POIS, O HOMEM À SUA
IMAGEM, À IMAGEM DE DEUS O CRIOU;
homem e mulher os criou (Gn 1.27).
Ter sido criado já é
bênção, pois poderíamos nunca ter conhecido a vida. E ter sido criado à imagem
e semelhança de Deus é uma bênção sem igual. Esta semelhança não está em ter
pés, braços, boca, orelha, nariz, pois estes membros também estão presentes nos
animais, além do fato de que Deus é Espírito. Mas o homem recebeu algo que os
animais não receberam:
Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra E LHE SOPROU NAS NARINAS O FÔLEGO DE VIDA,
E O HOMEM PASSOU A SER ALMA VIVENTE (Gn 2.7).
Esta é a grande diferença
entre o homem e os animais. Há uma alma dentro dele, uma extensão de Deus e ela
não morre. Isso fez do homem um ser racional. Ele não é irracional como os
animais, que fazem as coisas por instinto. Antes, ele faz tudo raciocinando,
fazendo as suas escolhas, porque recebeu de Deus este livre arbítrio. O lado da
bênção da Aliança estava sendo vivenciado pelo pactuante. Deus o criou livre,
sem pecado, embora com a possibilidade de pecar. Foram criados sem
concupiscência no coração. Veja:
Ora, um e outro, o homem e sua mulher, ESTAVAM NUS E NÃO SE ENVERGONHAVAM (Gn 2.25).
Eles viviam nus e isso
não era problema para nenhum deles. E hoje, com o coração concupiscente,
sentimos na alma o quanto era maravilhosa esta bênção de Deus. E após a sua
criação, a bênção para o homem continua quando Deus lhes disse:
E DEUS OS ABENÇOOU E LHES DISSE:
SEDE FECUNDOS, MULTIPLICAI-VOS, ENCHEI A TERRA E SUJEITAI-A; dominai sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1.28).
Era para ele se
multiplicar, encher aquela terra maravilhosa, recém-criada, e dominar sobre
ela. O homem foi a criatura mais poderosa que Deus criou na terra. Deus o
colocou como dominador de sua criação. E como livre que é o homem pode escolher
entre preservar e destruir este mundo que recebeu de Deus. Ele cumpriu a ordem
de Deus, se multiplicou, encheu a terra e dominou sobre ela, mas não conseguiu
preservar esta criação tão esplêndida de Deus, pois o que mais vimos hoje é a
destruição da natureza e a extinção de animais, tudo por causa da negligência
da governabilidade do homem. Mas isso também fazia parte da maldição da
Aliança, pois assim que Adão pecou Deus lhe disse:
¹⁷ E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da
árvore que eu te ordenara não comesses, MALDITA
É A TERRA POR TUA CAUSA; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias
de tua vida. ¹⁸ ELA PRODUZIRÁ TAMBÉM
CARDOS E ABROLHOS, e tu comerás a erva do campo. ¹⁹ No suor do rosto
comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu
és pó e ao pó tornarás (Gn 3.17-19).
E Paulo confirma esta
maldição quando diz:
Porque sabemos que TODA A
CRIAÇÃO, A UM SÓ TEMPO, GEME E SUPORTA ANGÚSTIAS até agora (Rm 8.22).
Tudo isso porque o homem
não conseguiu ser fiel à Aliança. Ele não soube, e nem sabe ainda hoje, aplicar
com justiça e com sabedoria a sua governabilidade sobre este mundo. Mas havia
mais na bênção de Deus:
E disse Deus ainda: EIS QUE VOS TENHO
DADO TODAS AS ERVAS QUE DÃO SEMENTE E SE ACHAM NA SUPERFÍCIE DE TODA A TERRA E
TODAS AS ÁRVORES EM QUE HÁ FRUTO QUE DÊ SEMENTE; ISSO VOS SERÁ PARA MANTIMENTO
(Gn 1.29).
O homem não nasceu
carnívoro. O alimento dele era as erva do campo, as sementes e os frutos das
árvores. E não era somente para ele, mas para toda a criação de Deus:
E A TODOS OS ANIMAIS DA TERRA, E
A TODAS AS AVES DOS CÉUS, E A TODOS OS RÉPTEIS DA TERRA, EM QUE HÁ FÔLEGO DE
VIDA, TODA ERVA VERDE LHES SERÁ PARA MANTIMENTO. E assim se fez (Gn 1.30).
A paz reinava até mesmo
entre os animais, não sendo nenhum a cadeia alimentar de outro. Mas até nisso
vemos o lado da maldição da Aliança. Quando Deus disse para Adão que a terra
era maldita por sua causa, preste atenção no que Ele disse:
¹⁷ E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da
árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; EM FADIGAS OBTERÁS DELA O SUSTENTO DURANTE
OS DIAS DE TUA VIDA. ¹⁸ ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu
comerás a erva do campo. ¹⁹ NO SUOR DO
ROSTO COMERÁS O TEU PÃO, até que tornes à terra, pois dela foste formado;
porque tu és pó e ao pó tornarás (Gn 3.17-19).
Quanto sofrimento e
angústias teriam sido evitados se o homem tivesse permanecido fiel à Aliança
com seu Deus. E as bênçãos para o homem continuava a fluir:
⁸ E PLANTOU O SENHOR DEUS UM
JARDIM NO ÉDEN, NA DIREÇÃO DO ORIENTE, E PÔS NELE O HOMEM QUE HAVIA FORMADO.
⁹ Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e
boas para alimento... (Gn 2.8-9).
Foram colocados em um
jardim, com a tarefa de cultivá-lo e cuidar dele e dos animais, tanto que Adão deu
nome a cada um deles. Era para eles crescerem e se multiplicarem naquele lugar,
onde não havia miséria, intrigas, choro, angústias. Havia paz plena naquele
lugar, até mesmo entre os animais. Não havia motivo de medo um do outro, nenhum
aterrorizava ao outro, não havia motivo para um evitar ao outro, pois não havia
motivo de nenhum ter medo ou qualquer receio do outro ou de qualquer outra
coisa. Este era o concerto que havia entre Deus e os homens e com toda a
criação. A bênção pela obediência era a permanência em seu estado original de
pureza e dessa forma todos gozariam a paz para a qual foram criados.
Mas convém lembrar
que em todos os concertos há promessas de bênçãos, mas há também de maldições. A
contrapartida da manutenção das bênçãos é a fé e a fiel obediência à Aliança,
enquanto que as maldições provêm da desobediência. Naquele jardim havia algo
mais plantado ali:
⁸ E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e
pôs nele o homem que havia formado. ⁹ Do solo fez o Senhor Deus brotar toda
sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; E TAMBÉM A ÁRVORE DA VIDA NO MEIO DO JARDIM E A ÁRVORE DO CONHECIMENTO
DO BEM E DO MAL (Gn 2.8-9).
E havia algo a ser
observado quanto àquele fruto:
¹⁶ E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás
livremente, ¹⁷ MAS DA ÁRVORE DO
CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL NÃO COMERÁS; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás (Gn 2.16-17).
Ele não poderia comer
daquele fruto. Das mais variedades de frutos que existia naquele jardim eles
podiam comer 99% deles, sendo que apenas uma fruta eles não podiam comer, um
único fruto não podia fazer parte de sua cadeia alimentar. Mas as mais
variáveis frutas, por mais belas e saborosas que fossem não foram suficientes
para manter o homem fiel à Aliança com seu Deus. Um dia ele cedeu à tentação e
comeu daquele fruto que não era para ele comer. E aconteceu com ele exatamente
aquilo que Deus disse que lhe aconteceria se ele comesse daquele fruto, acabou
a paz perfeita, acabou o relacionamento perfeito.
O maior lado da bênção
não era a vivência em um maravilhoso jardim, onde reinava a plena paz, mas a
mais maravilhosa bênção era o relacionamento perfeito com Deus, a visita diária
de Deus à sua criatura. Todos os dias, por ocasião da virada do dia, Deus vinha
conversar face a face com o homem; era uma conversa presencial. Mas algo
aconteceu depois que eles comeram do fruto daquela árvore que não era para eles
comerem. Veja:
Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração
do dia, ESCONDERAM-SE DA PRESENÇA DO
SENHOR DEUS, O HOMEM E SUA MULHER, POR ENTRE AS ÁRVORES DO JARDIM (Gn
3.8).
Naquele dia, naquela
tarde, quando o Senhor chama pelo homem, algo não está mais normal, pois o
homem fugia da presença daquele com quem conversava livremente todos os dias. E
quando finalmente se apresentaram a Deus, o diálogo não era mais o mesmo, alguma
coisa estava errada para o homem, pois este disse para Deus:
Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, E, PORQUE ESTAVA NU, TIVE MEDO, E ME ESCONDI (Gn 3.10).
Deus logo percebeu que
alguma coisa estava errada e foi exatamente no ponto:
Perguntou-lhe Deus: QUEM TE FEZ
SABER QUE ESTAVAS NU? COMESTE DA ÁRVORE DE QUE TE ORDENEI QUE NÃO COMESSES (Gn 3.11)?
A partir daquele momento
as coisas nunca mais foram as mesmas. Esse diálogo diário consistia no
principal aspecto da Aliança: Relacionamento com Deus. A bênção consistia na
criatura relacionar-se com seu Criador e a maldição consistia na perda deste
relacionamento. No jardim, Deus estava presente fisicamente todos os dias na
vida do pactuante. Depois da queda vemos a presença de Deus somente lá no
tabernáculo, que por meio do profeta Moisés, o Senhor ordenou aos filhos de
Israel que edificassem um tabernáculo, o qual seria um santuário onde o
Senhor poderia habitar entre o seu povo. Mas não era qualquer um que poderia
adentrar na presença de Deus. Com a construção do Templo o lugar de
habitação de Deus era o Santo dos Santos, local onde somente o sumo sacerdote
poderia entrar e não sem sangue. O autor do livro de Hebreus assim fala deste
lugar:
⁶ Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram no
primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços sagrados; ⁷ MAS, NO SEGUNDO, O SUMO SACERDOTE, ELE
SOZINHO, UMA VEZ POR ANO, NÃO SEM SANGUE, QUE OFERECE POR SI E PELOS PECADOS DE
IGNORÂNCIA DO POVO, ⁸ querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que
ainda o caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro
tabernáculo continua erguido (Hb 9.6-8).
O Santo dos Santos
representava a presença de Deus e somente o sumo sacerdote poderia entrar lá e
este lugar estava separado por um véu. E foi este véu que se rasgou de alto a
baixo quando Jesus, nosso Sumo Sacerdote morreu lá na cruz:
³⁷ Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. E O VÉU DO SANTUÁRIO RASGOU-SE EM DUAS PARTES, DE ALTO A BAIXO (Mc 15.37-38).
Representando que a porta
para a presença de Deus, fechada lá no Éden, estava aberta novamente, cumprindo
àquilo que Jesus disse para a mulher samaritana:
Mas vem a hora e já chegou, EM
QUE OS VERDADEIROS ADORADORES ADORARÃO O PAI EM ESPÍRITO E EM VERDADE;
porque são estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4.23).
E o autor de Hebreus fala
que esta intrepidez é entrar no Santo dos Santos:
¹⁹ Tendo, pois, irmãos, INTREPIDEZ
PARA ENTRAR NO SANTO DOS SANTOS, PELO SANGUE DE JESUS, ²⁰ PELO NOVO E VIVO CAMINHO QUE ELE NOS
CONSAGROU PELO VÉU, isto é, pela sua carne, ²¹ e tendo grande sacerdote
sobre a casa de Deus, ²² aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza
de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água
pura (Hb 10.19-22).
Jesus quebrou a maldição
da queda que nos separou de Deus. Ele fez isso tomando para Si esta maldição,
pois Paulo diz:
CRISTO NOS RESGATOU DA MALDIÇÃO
DA LEI, FAZENDO-SE ELE PRÓPRIO MALDIÇÃO EM NOSSO LUGAR (porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado em madeiro) (Gl 3.13).
Temos livre acesso a Deus
restaurado pelo sacrifício de Jesus Cristo. Claro que este acesso não é mais
físico como o era lá no Éden, está bênção neste mundo perdemos para sempre.
Aqui, agora, esta presença é espiritual, mas não significa que não seja uma
presença, pois apesar de não podermos vê-lo com nossos olhos o podemos sentir
em nossas emoções, porque diferente de lá no Éden, em que Deus estava
fisicamente presente diante de Adão, hoje Ele habita dentro do coração regenerado.
Paulo confirma esta verdade quando diz:
No qual também vós juntamente estais sendo edificados PARA HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO (Ef
2.22).
E diz ainda:
Não sabeis que sois santuário de Deus E QUE O ESPÍRITO DE DEUS HABITA EM VÓS (1 Co 3.16)?
Viveremos assim até o
retorno do Messias, quando finalmente, os que forem salvos, provará a
restauração integral do relacionamento e da presença de Deus em nossas vidas,
cumprindo àquilo que o próprio Senhor Jesus falou:
E,
quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, PARA QUE, ONDE EU ESTOU, ESTEJAIS VÓS
TAMBÉM (Jo 14.3).
Viver na presença de Deus será realidade no
céu e isso será por toda a eternidade. E diferente do Éden não haverá mais nem
a possibilidade de pecado, pois João escreve:
³
NUNCA MAIS HAVERÁ QUALQUER MALDIÇÃO.
Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, ⁴
contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. ⁵ Então, já não
haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o
Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos (Ap
22.3-5).
Diante desta verdade resta somente uma coisa a
dizer: Maranata! Venha logo Senhor Jesus. Amém!
CONCLUSÃO:
Não há Deus como o nosso Deus. Ele é completo,
Ele é perfeito, Ele maravilhoso. Ele é fiel, imutável e eterno. Grandes e
maravilhosas são as suas promessas, assim como firme e certo o seu cumprimento.
Nunca duvide de Deus. Nunca questione Deus. Nunca exija nada de Deus. Nunca nem
ouse pensar que pode colocar Deus em uma sinuca, em xeque-mate. Nunca tente
negociar com Deus. Apenas creia e se submeta a Ele, porque Ele é o Criador e
tudo fez com perfeição, mesmo que não venhamos a entender isso por agora.
Este Deus criou o homem, colocou-o em um
jardim, fez com ele uma aliança, prometeu a ele bênçãos maravilhosas se
permanecesse fiel e alertou a ele que haveria maldições caso ele não
permanecesse fiel. O homem fez a sua escolha e Deus agiu de uma forma
surpreendente, que poderia vir somente de alguém que é perfeito, justo e
poderoso para fazer cumprir toda a sua vontade. Que Deus te abençoe a entender
todas essas coisas e venhas a crer e a se submeter ao Deus único e verdadeiro.
Amém!
Luiz Lobianco
Bibliografia:
Bíblia Sagrada.
Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no
Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra
Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.
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