Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

A ALIANÇA: DA QUEDA AO DILÚVIO: A MULTIPLICAÇÃO DA MALDADE

¹ Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, ² vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram. ³ Então, disse o Senhor: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. ⁴ Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade. ⁵ Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; ⁶ então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. ⁷ Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. ⁸ Porém Noé achou graça diante do Senhor. ⁹ Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus. ¹⁰ Gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé (Gn 6.1-10).

INTRODUÇÃO:

Até aqui estudamos a Aliança Adâmica, a partir de agora vamos estudar as renovações da Aliança ao longo da História. Depois de Adão, Deus vai renovar a sua Aliança com Noé, personagem conhecido pela arca e pelo dilúvio. Vamos relembrar! A Aliança é um relacionamento estabelecido e iniciado por Deus com a sua criação, especialmente a raça humana. Este relacionamento estabelecido tem como base a bondade de Deus e a sua graça e não as atitudes do homem ou qualquer mérito seu. A Aliança é graça de Deus e é uma iniciativa da parte de Deus e não do homem. Aliás, depois da queda, todo bem ao homem procede da iniciativa e graça de Deus.

E esta Aliança estabelecida entre Deus e a humanidade é composta de promessas de Deus e obrigações do homem, ou seja, de direitos e deveres de ambas as partes. A resposta de Deus à humanidade dependeria da resposta do homem à Aliança. A resposta do homem à Aliança deveria ter sido a obediência aos seus preceitos, mas sabemos que Adão não foi fiel a Deus, pois desobedeceu a ordem de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal e, por causa disso, a Terra foi amaldiçoada. Você pode até pensar que foi rigidez extrema por parte de Deus, mas a verdade é que somos tão manchados pelo pecado que não conseguimos conceber a grandeza da santidade de Deus.

01 – A ALIANÇA E SUAS SUCESSIVAS RENOVAÇÕES: DA QUEDA AO DILÚVIO:

Deus expulsou o homem do Jardim do Éden e estabeleceu uma tremenda inimizade entre a mulher e a serpente, ou seja, entre a raça humana, que é a semente da mulher e Satanás, que é a serpente. Isso está lá em Gênesis:

POREI INIMIZADE ENTRE TI E A MULHER, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.15).

E essa inimizade logo foi manifestada no primeiro homicídio da história da humanidade:

Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. ESTANDO ELES NO CAMPO, SUCEDEU QUE SE LEVANTOU CAIM CONTRA ABEL, SEU IRMÃO, E O MATOU (Gn 4.8).

Este foi um mal que se arraigou em uma descendência, pois logo na quarta geração de Caim vemos este mal se repetir com grandes agravos:

E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: MATEI UM HOMEM PORQUE ELE ME FERIU; E UM RAPAZ PORQUE ME PISOU. Sete vezes se tomará vingança de Caim, de Lameque, porém, setenta vezes sete (Gn 4.23-24).

Era como se Lameque estivesse dizendo: Caim matou um, eu matei dois. Se Caim era um assassino eu muito mais. Estas palavras de Lameque nos faz lembrar a resposta de Jesus quando lhe perguntaram quantas vezes deveríamos perdoar:

Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que ATÉ SETE VEZES, MAS ATÉ SETENTA VEZES SETE (Mt 18.22).

Jesus disse que o perdão deveria ser dado tantas vezes quantas fossem necessários. E Lameque estava dizendo que ele mataria quantas vezes ele julgasse ser necessário. Isso foi tão desgostoso no coração de Deus que Ele adicionou uma ordenança ao renovar sua Aliança com Noé:

SE ALGUÉM DERRAMAR O SANGUE DO HOMEM, PELO HOMEM SE DERRAMARÁ O SEU; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem (Gn 9.6).

É a justiça divina aplicada até aos dias de hoje, pois em sua maioria um assassino acaba um dia também sendo assassinado.

O assassinato é uma das expressões mais triste da inimizade do homem contra Deus. E Esta é apenas uma das muitas expressões de maldade que se multiplicou na Terra, um mundo condenado por abandonar ao seu Deus o qual se indignou pela multiplicação da maldade, sendo esta a causa do dilúvio, conforme a Bíblia nos descreve:

VIU O SENHOR QUE A MALDADE DO HOMEM SE HAVIA MULTIPLICADO NA TERRA E QUE ERA CONTINUAMENTE MAU TODO DESÍGNIO DO SEU CORAÇÃO; então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração (Gn 6.5-6).

Deus ordenou ao homem que ele fosse fecundo e se multiplicasse sobre a terra. Ele foi fecundo e se multiplicou, mas a maldade do homem também acompanhou esta multiplicação. E aquele ser que fora criado à imagem e semelhança de Deus torna-se meramente carnal. Não restava nada a fazer a não ser Deus aplicar o seu juízo. E a tragédia do dilúvio demonstrou integralmente a indignação de Deus. Mas mesmo indignado, a ação de Deus vem acompanhado de misericórdia e sabedoria, pois os fins nos mostra como os meios de Deus são poderosos e perfeitos, pois Ele providenciou livramento e preservou a Noé e sua família como também alguns animais.

Os dias de Noé foram marcados pela aplicação do juízo de Deus contra a humanidade por causa da multiplicação da maldade de seus corações. Eles não guardaram a Aliança de Deus e a ela não foram fiéis e por causa disso não restava mais nada a ser feito a não ser a aplicação da sentença pela desobediência. Hoje, igualmente, vivemos esta mesma multiplicação da maldade, vivenciamos um abandono a Deus e aos seus princípios por parte da grande maioria da humanidade. Chegamos naqueles dias anunciados por Paulo, quando disse:

¹ Sabe, porém, isto: NOS ÚLTIMOS DIAS, SOBREVIRÃO TEMPOS DIFÍCEIS, ² POIS OS HOMENS SERÃO EGOÍSTAS, AVARENTOS, JACTANCIOSOS, ARROGANTES, BLASFEMADORES, DESOBEDIENTES AOS PAIS, INGRATOS, IRREVERENTES, ³ DESAFEIÇOADOS, IMPLACÁVEIS, CALUNIADORES, SEM DOMÍNIO DE SI, CRUÉIS, INIMIGOS DO BEM, ⁴ TRAIDORES, ATREVIDOS, ENFATUADOS, MAIS AMIGOS DOS PRAZERES QUE AMIGOS DE DEUS, ⁵ tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes (2 Tm 3.1-5).

Este é o retrato dos nossos dias. O que precisamos fazer é refletir sobre isso. Se Deus aplicou seu juízo na geração de Noé por causa da maldade de seus corações, por que Ele não aplicaria novamente a esta geração que também o abandonou, que é má e está pervertida até ao fio de seus cabelos? Não podemos nos esquecer de que, ainda hoje, Deus continua exigindo a mesma obediência à sua Aliança. E da mesma forma que um dia, quando ninguém esperava, Deus aplicou seu juízo nos dias de Noé, assim também Deus, um dia, aplicará seu juízo a esta geração rebelde e corrupta.

Mas lembram da fidelidade de Deus às promessas da Aliança? Houve uma promessa de Deus na renovação da Aliança com Noé. Após o dilúvio, do qual se salvaram somente Noé e sua família, num total de oito pessoas, conforme descrito em Gênesis, que diz:

Nesse mesmo dia ENTRARAM NA ARCA NOÉ, SEUS FILHOS SEM, CAM E JAFÉ, SUA MULHER E AS MULHERES DE SEUS FILHOS (Gn 7.13).

E com estes Deus estabeleceu um concerto quando disse:

EIS QUE ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA CONVOSCO, E COM A VOSSA DESCENDÊNCIA, ¹⁰ E COM TODOS OS SERES VIVENTES QUE ESTÃO CONVOSCO: TANTO AS AVES, OS ANIMAIS DOMÉSTICOS E OS ANIMAIS SELVÁTICOS QUE SAÍRAM DA ARCA COMO TODOS OS ANIMAIS DA TERRA. ¹¹ ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA CONVOSCO: NÃO SERÁ MAIS DESTRUÍDA TODA CARNE POR ÁGUAS DE DILÚVIO, NEM MAIS HAVERÁ DILÚVIO PARA DESTRUIR A TERRA. ¹² Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações: ¹³ porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra. ¹⁴ Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco, ¹⁵ então, me lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres viventes de toda carne; E AS ÁGUAS NÃO MAIS SE TORNARÃO EM DILÚVIO PARA DESTRUIR TODA CARNE. ¹⁶ O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra. ¹⁷ Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança estabelecida entre mim e toda carne sobre a terra (Gn 9.9-17).

Como sinal perpétuo dessa renovação da Aliança Deus deixou o arco sobre as nuvens com a promessa de que seu juízo não mais será aplicado com águas de dilúvio. Contudo, isso não significa que Deus não mais aplicará seu juízo pela rebeldia da humanidade. Um dia ele será aplicado novamente e desta vez de forma definitiva, quando Deus, finalmente, julgará a humanidade, a todos, desde Adão até ao último que nascer antes da volta de Jesus, conforme explica o autor de Atos:

Porquanto ESTABELECEU UM DIA EM QUE HÁ DE JULGAR O MUNDO COM JUSTIÇA, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At 17.31).

E este varão é Jesus Cristo, que morreu, ressuscitou e foi ascendido ao céu, mas que um dia voltará e Ele deixou um alerta para as gerações vindouras usando exatamente os dias de Noé como exemplo, quando disse:

Pois ASSIM COMO FOI NOS DIAS DE NOÉ, TAMBÉM SERÁ A VINDA DO FILHO DO HOMEM. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, ASSIM SERÁ TAMBÉM A VINDA DO FILHO DO HOMEM (Mt 24.37-39).

E como nos dias de Noé se salvaram oito pessoas por causa da benignidade de Deus, da mesma forma podemos contar com a grandeza da misericórdia de Deus, tão grandiosa quanto a sua santidade, caso contrário nenhum de nós sobreviveria e seria salvo.

E assim como nos dias de Noé, em que este pregava e anunciava o juízo de Deus que viria pelo dilúvio, assim a Igreja está no mundo pregando o Evangelho. Cabe às pessoas darem ouvidos à pregação da Igreja e se arrependerem de seus pecados e voltarem-se para Deus, pois o que aconteceu nos dias de Noé também acontecerá no final dos tempos, a diferença é que desta vez não será com água e não haverá uma arca, mas sim uma pessoa: Jesus Cristo, pois a Bíblia diz:

¹⁶ Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, PARA QUE TODO O QUE NELE CRÊ NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA. ¹⁷ Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. ¹⁸ QUEM NELE CRÊ NÃO É JULGADO; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3.16-18).

Portanto, hoje, não temos nenhuma arca para embarcar, porque Jesus é a salvação providenciada por Deus e nele encontramos segurança e salvação do juízo de Deus que certamente virá até esta terra e alcançara novamente toda a humanidade, pois assim como, da queda ao dilúvio a iniquidade se multiplicou, da mesma forma ela também se multiplicou dos dias de Noé até aos nossos dias. Pense nisso!

02 – A ALIANÇA E SUAS SUCESSIVAS RENOVAÇÕES: UMA DESCENDÊNCIA QUE SE AFASTOU DE DEUS:

O dilúvio aconteceu de uma forma trágica para a criação de Deus. E quando olhamos para os dias de Noé não é difícil entender o porquê que Deus realizou tamanha obra. Noé foi o décimo patriarca na descendência de Adão (Adão, Sete, Enos, Cainã, Maalalel, Jarede, Enoque, Metusalém, Lameque e Noé). E a Bíblia assim diz de seu nascimento e da profecia de seu pai:

Pôs-lhe o nome de Noé, dizendo: ESTE NOS CONSOLARÁ DOS NOSSOS TRABALHOS E DAS FADIGAS DE NOSSAS MÃOS, NESTA TERRA QUE O SENHOR AMALDIÇOOU (Gn 5.29).

Pelas palavras do pai de Noé a situação do mundo naqueles dias não parecia nada boa, o que faz com que nossos dias se pareçam ainda mais com os dias de Noé. Noé foi bisneto de Enoque, o homem que não morreu porque foi trasladado, isso porque a Bíblia diz que ele andou com Deus. A presença de um homem andando com Deus a ponto de tocar o coração de Deus e tomá-lo para Si, não pela morte, mas trasladando-o vivo aos céus, nos mostra que há uma razão em Deus manter a sua fidelidade à Aliança, renovando-a com Noé, afinal, o seu Espírito jamais deixará de agir no homem e Deus jamais ficará neste mundo sem a presença de seus escolhidos.

A preservação na Terra de homens tementes a Deus sempre foi providência divina, pois vemos esta história se repetir nos dias de Elias, quando este reclamou a Deus dizendo:

Ele respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque OS FILHOS DE ISRAEL DEIXARAM A TUA ALIANÇA, DERRIBARAM OS TEUS ALTARES E MATARAM OS TEUS PROFETAS À ESPADA; E EU FIQUEI SÓ, e procuram tirar-me a vida (1 Rs 19.14).

Deus assim respondeu para Elias:

TAMBÉM CONSERVEI EM ISRAEL SETE MIL, TODOS OS JOELHOS QUE NÃO SE DOBRARAM A BAAL, E TODA BOCA QUE O NÃO BEIJOU (1 Rs 19.18).

Note que Deus está dizendo para Elias que Ele mesmo preservou aqueles homens na fidelidade. O despertar da fé sempre foi providência divina, pois pela iniciativa do homem só resta à perdição para ele. Lembram-se do Jardim do Éden após a Queda do homem? Deus o chamou e o homem se escondeu de Deus. Adão foi até Deus não porque quis pela sua própria vontade, mas porque Deus insistiu até encontrá-lo escondido. E neste mesmo estilo de rebeldia, fuga e aversão a Deus vive a humanidade depois da queda.

Noé é herdeiro do conhecimento e da fé que Adão recebeu de Deus, razão pelo qual ele era um homem justo. A Bíblia diz:

Porém NOÉ ACHOU GRAÇA DIANTE DO SENHOR. Eis a história de Noé. NOÉ ERA HOMEM JUSTO E ÍNTEGRO ENTRE OS SEUS CONTEMPORÂNEOS; Noé andava com Deus (Gn 6.8,9).

E o fato de somente Noé e seus filhos entrarem naquela arca, mostra que entre os seus contemporâneos, Noé era o único justo e íntegro e que andava com Deus. E quem são estes contemporâneos? Os descendentes destes dez patriarcas. Mas entre eles havia também a descendência de um homem que abandonou a Deus: Caim, pois a Bíblia diz:

RETIROU-SE CAIM DA PRESENÇA DO SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden (Gn 4.16).

Este rompimento com Deus, que nada mais era do que consequência da desobediência e rebeldia aos princípios da Aliança de Deus gerou uma descendência infiel por não mais viverem na presença de Deus. Impressionante como esta geração contaminou todas as outras! E no meio de toda uma geração condenada à destruição, Noé achou graça diante de Deus. Noé era justo! A justiça de Noé não significava nem perfeição e nem impecabilidade, mas sim conformidade ao padrão estabelecido por Deus aos princípios da Aliança.

Contudo, a fidelidade de Noé não foi suficiente para impedir a ação de Deus e a aplicação de seu justo juízo, pois o que acontece quando uma geração abandona a Deus? A Bíblia responde:

Filho do homem, QUANDO UMA TERRA PECAR CONTRA MIM, COMETENDO GRAVES TRANSGRESSÕES, ESTENDEREI A MÃO CONTRA ELA, E TORNAREI INSTÁVEL O SUSTENTO DO PÃO, E ENVIAREI CONTRA ELA FOME, E ELIMINAREI DELA HOMENS E ANIMAIS (Ez 14.13).

Esta era a parte da maldição da Aliança em caso de infidelidade pelo pactuante. E foi exatamente isso que aconteceu nos dias de Noé, pois este era o panorama nos dias de Noé:

VIU O SENHOR QUE A MALDADE DO HOMEM SE HAVIA MULTIPLICADO NA TERRA E QUE ERA CONTINUAMENTE MAU TODO DESÍGNIO DO SEU CORAÇÃO; então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração (Gn 6.5-6).

Deus entristeceu-se profundamente pelo fato daquela criatura, feita à sua imagem e semelhança, desvirtuar a sua perfeita, pura e santa imagem. Diante deste “arrependimento” Deus toma uma decisão drástica:

Disse o Senhor: FAREI DESAPARECER DA FACE DA TERRA O HOMEM QUE CRIEI, O HOMEM E O ANIMAL, OS RÉPTEIS E AS AVES DOS CÉUS; porque me arrependo de os haver feito (Gn 6.7).

Tendo como protagonista desta generalização da maldade a descendência de Caim que se afastou de Deus.

Deus elimina pelo dilúvio aquela geração rebelde e poupa o justo Noé pela preservação da sua Aliança. Isso pesou ao coração de Deus, tanto que Ele disse logo após o dilúvio, quando Noé sai da arca e lhe oferece holocausto:

E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: NÃO TORNAREI A AMALDIÇOAR A TERRA POR CAUSA DO HOMEM, PORQUE É MAU O DESÍGNIO ÍNTIMO DO HOMEM DESDE A SUA MOCIDADE; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. ENQUANTO DURAR A TERRA, NÃO DEIXARÁ DE HAVER SEMENTEIRA E CEIFA, FRIO E CALOR, VERÃO E INVERNO, DIA E NOITE (Gn 8.21-22).

Contudo, Deus nunca deixou de aplicar seu juízo às gerações rebeldes, pois pelo fato de haver apenas Ló de homem justo vivendo em Sodoma e Gomorra, não foi suficiente para livrar aquelas cidades do juízo de Deus. Quando Israel se revoltou no deserto Deus propôs a Moisés eliminar toda aquela geração e começar tudo de novo com ele, mas Moisés intercedeu e Deus reteve o seu juízo.

E a história se repete em nossos dias. Vivemos a geração que “matou” Deus em seus corações. Vivemos dias de prosperidade, avanço na ciência, tempos tecnológicos, mas também tempos de afastamento de Deus. A humanidade abandonou a Deus e vive como se Ele não existisse, como se Ele não fosse real, como se Ele não fosse justo, como se Ele não fosse um dia aplicar seu julgamento e sua justiça a esta geração rebelde e corrupta.

Deus é o Instituidor da Aliança, seu mantenedor e seus princípios estão ativos e valendo também para nossos dias. E assim como nos dias de Noé todos viviam tranquilos em seus pecados quando, de repente, veio o dilúvio a alcançou a todos, assim será também na volta de Cristo, que acontecerá quando não mais esperam por Ele e a destruição destes será repentina e tremenda. Paulo advertiu a Igreja de Tessalônica por isso, dizendo:

¹ Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; ² pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que O DIA DO SENHOR VEM COMO LADRÃO DE NOITE. ³ Quando andarem dizendo: Paz e segurança, EIS QUE LHES SOBREVIRÁ REPENTINA DESTRUIÇÃO, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão (1 Ts 5.1-3).

E Jesus, falando do dia do juízo final de Deus, comparou o dia de sua volta aos dias de Noé, dizendo:

³⁶ Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai. ³⁷ POIS ASSIM COMO FOI NOS DIAS DE NOÉ ,TAMBÉM SERÁ A VINDA DO FILHO DO HOMEM. ³⁸ PORQUANTO, ASSIM COMO NOS DIAS ANTERIORES AO DILÚVIO COMIAM E BEBIAM, CASAVAM E DAVAM-SE EM CASAMENTO, ATÉ AO DIA EM QUE NOÉ ENTROU NA ARCA, ³⁹ E NÃO O PERCEBERAM, SENÃO QUANDO VEIO O DILÚVIO E OS LEVOU A TODOS, ASSIM SERÁ TAMBÉM A VINDA DO FILHO DO HOMEM (Mt 24.36-39).

É tempo de abrir aos ouvidos e ouvir o que diz a Palavra de Deus, tempo de estar atento e preparado para a volta de nosso Senhor Jesus Cristo.

A História nos mostra de que Deus não precisa mais do que um casal para eliminar todas as gerações e começar tudo de novo, mas Ele é fiel à sua Aliança e sua fidelidade retém o seu juízo. Contudo, um dia, que somente Deus sabe quando, sua paciência se findará e Ele aplicará o seu juízo a toda humanidade que, como a descendência de Caim, afastou-se de Deus e prefere viver longe de sua presença.

Que Deus te abençoe a não ser encontrado rebelde contra Ele, vivendo como se Ele não existisse, vivendo como se um dia não fosse morrer, curtindo a vida como se não fosse um dia prestar contas a Deus de tudo que fazemos, vivendo valorizando tudo, menos o essencial, valorizando o corpo, mas desprezando a alma. Que na volta de Cristo ou no fim de seus dias sejas encontrado fiel e firmado aos princípios da Aliança de Deus. Amém!

03 – A ALIANÇA E SUAS SUCESSIVAS RENOVAÇÕES: O ARREPENDIMENTO DE DEUS:

Deus criou o homem e o colocou no Jardim do Éden e com ele se relacionou face a face até ao dia da desobediência e pecado do homem. Deus o expulsou do Jardim e fez com ele uma Aliança. Mas separado de Deus a maldade do homem se engrandeceu e a comunhão do homem com Deus tornou-se inimizade. E esta inimizade alcançou o seu ápice com a multiplicação da maldade do homem sobre a terra, tornando-se tão generalizada que a Bíblia chega a dizer que Deus se arrepende de ter feito o homem na Terra:

Viu o SENHOR QUE A MALDADE DO HOMEM SE HAVIA MULTIPLICADO NA TERRA e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; ENTÃO, SE ARREPENDEU O SENHOR DE TER FEITO O HOMEM NA TERRA, E ISSO LHE PESOU NO CORAÇÃO (Gn 6.5,6).

Este texto é muito controverso, pois em outros lemos que Deus nunca se arrepende de nada:

DEUS NÃO É HOMEM, PARA QUE MINTA; NEM FILHO DE HOMEM, PARA QUE SE ARREPENDA. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá (Nm 23.19)?

E em outro texto diz:

TAMBÉM A GLÓRIA DE ISRAEL NÃO MENTE, NEM SE ARREPENDE, porquanto não é homem, para que se arrependa (1 Sm 15.29).

Então, como entender o arrependimento de Deus descrito em Gênesis? Deus realmente se arrepende? Será que o arrependimento humano serve de parâmetro para o arrependimento de Deus? O Dr. James Packer responde a isso muito bem quando diz:

A referência em cada caso é sobre a anulação de um prévio tratamento dispensado a certos homens, como consequência da reação deles a esse tratamento.

A resposta de Deus à humanidade dependeria da resposta do homem à sua Aliança. E Packer continua:

Mas não há sugestão de que essa reação não tenha sido prevista, ou que Deus tenha sido tomado de surpresa, e que não estivesse estabelecida em seu plano eterno. Não há mudança alguma em seu propósito eterno quando Ele começa a agir em relação a um homem de maneira diferente.

Não existe contradição alguma entre o texto que diz que Deus se arrepende e os que afirmam de outra maneira. As passagens bíblicas que afirmam que Deus não se arrepende, estabelecem definitivamente que o arrependimento de Deus nunca deve ser entendido como o arrependimento humano. E por que não? Simplesmente porque o arrependimento do homem é causado pelo reconhecimento de uma atitude precipitada, como resultado da ignorância do que havia de acontecer. Nós nos arrependemos porque erramos. No caso de Deus é extremamente diferente. Ele jamais comete erros. A Bíblia diz:

Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, EM QUEM NÃO PODE EXISTIR VARIAÇÃO OU SOMBRA DE MUDANÇA (Tg 1.17).

Deus nunca está errado. L. Berkhof diz que quando a Bíblia fala de Deus se arrependendo e mudando sua intenção para com o homem:

Evidentemente é só a maneira humana de falar. Na realidade a mudança não é em Deus, mas no homem e nas relações do homem com Ele.

E Pink complementa:

Quando fala de Si mesmo, Deus frequentemente acomoda a sua linguagem às nossas capacidades limitadas. Ele Se descreve a Si mesmo como revestido de membros corporais como olhos, ouvidos, mãos, etc. Fala de Si como tendo despertado (Sl 78.65) e como madrugando (Je 7.13), apesar de que Ele não cochila nem dorme. Quando Ele estabelece uma mudança em seu procedimento para com os homens, descreve a sua linha de conduta em termos de arrepender-se.

Em suma, o arrependimento de Deus não ocorre por causa de qualquer mudança nele, mas por causa de nossa mudança para com Ele. É o que estava ocorrendo quando Deus relata a multiplicação da maldade do homem sobre a Terra, pois ele não fora criado para este fim, mas sim para glorificar a Deus. E quando Deus vê a multiplicação da maldade do homem sobre a terra, Ele pronuncia sua sentença, na qual vamos sentir o peso da santidade, da justiça e da fidelidade de Deus.

O que salva a humanidade é a perfeição de Deus, pois tudo em Deus é perfeito e completo, inclusive as suas virtudes. O amor com que nos ama é imensurável, a sua misericórdia não tem fim e nem limites, a sua bondade é sem igual, Ele é um Deus benigno. A sua santidade não é maior que a sua justiça e nem a sua justiça é maior que a sua fidelidade, de forma que, para um Deus Santo e Justo havia somente uma saída naquela situação: Fazer justiça! E fazer justiça neste caso implicaria em exterminar toda a forma de mal na terra. E Deus mesmo pronuncia isso:

Disse o SENHOR: FAREI DESAPARECER DA FACE DA TERRA O HOMEM QUE CRIEI, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito (Gn 6.7).

A sorte da humanidade e dos animais estava selada: Sua completa destruição! Nada faria Deus voltar atrás em seu desígnio de destruir a vida na Terra, com exceção de uma: A fidelidade de Deus, tão grande e perfeita quanto a sua justiça! Havia uma promessa e a fidelidade de Deus não permitiria que ela fosse esquecida, que é a infalível e inquebrável promessa contida lá em Gn 3.15:

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

Esta era a promessa do Messias, a promessa de sua vitória e da derrota da serpente. Se Deus exterminasse a humanidade no dilúvio a promessa seria quebrada e, com isso, a vitória final seria da serpente por ter conseguido separar o homem de seu Deus, de seu Criador. E a Bíblia sempre reafirma a fidelidade de Deus:

Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, E A ALIANÇA DA MINHA PAZ NÃO SERÁ REMOVIDA, DIZ O SENHOR, que se compadece de ti (Is 54.10).

Mesmo com a generalização da maldade do homem Deus permanece fiel. Entre o “arrependimento” de Deus e sua fidelidade, surge, então, a solução: Um homem justo, íntegro e que andava com Deus: Porém NOÉ ACHOU GRAÇA diante do SENHOR (Gn 6.8). A forma de manifestar a sua graça e fidelidade foi achar um homem com quem Deus pudesse manter a sua promessa e renovar a sua Aliança. E esse homem foi Noé. Mas lembre-se da igualdade de grandeza nas virtudes de Deus? A sua perfeita fidelidade não anularia a sua justiça, a qual também é perfeita. E por causa da justiça divina houve o dilúvio, mas houve também a providência de Deus no dilúvio!

CONCLUSÃO:

Com o dilúvio tudo foi destruído, mas ao mesmo tempo preservado. Deus preservou a Noé e a sua família e deles repovoou novamente a terra. Deus preservou animais e aves e deles a terra foi repovoada novamente. As florestas cresceram novamente, os animais se multiplicaram e com eles os homens também. Um acontecimento trágico em função da infidelidade do homem. Uma geração destruída porque abandonou ao seu Deus e longe dele quis viver. Uma geração amaldiçoada porque não permaneceram fiéis à Aliança com seu Deus. Percebeu a importância de viver nos moldes dos princípios da Aliança de Deus? Que Deus te abençoe a viver nestes princípios para que Ele nunca venha a “arrepender-se” de tê-lo criado! Amém!

Luiz Lobianco

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.

 

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