¹ Como se foram multiplicando os homens na
terra, e lhes nasceram filhas, ² vendo os filhos de Deus que as filhas dos
homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes
agradaram. ³ Então, disse o Senhor: O meu Espírito não agirá para sempre no
homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. ⁴ Ora,
naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de
Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram
valentes, varões de renome, na antiguidade. ⁵ Viu o Senhor que a maldade do
homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio
do seu coração; ⁶ então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra,
e isso lhe pesou no coração. ⁷ Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da
terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus;
porque me arrependo de os haver feito. ⁸ Porém Noé achou graça diante do
Senhor. ⁹ Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus
contemporâneos; Noé andava com Deus. ¹⁰ Gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé
(Gn 6.1-10).
INTRODUÇÃO:
Até aqui estudamos a Aliança Adâmica,
a partir de agora vamos estudar as renovações da Aliança ao longo da História.
Depois de Adão, Deus vai renovar a sua Aliança com Noé, personagem conhecido
pela arca e pelo dilúvio. Vamos relembrar! A
Aliança é um relacionamento estabelecido e iniciado por Deus com a sua criação,
especialmente a raça humana. Este relacionamento estabelecido tem como base a
bondade de Deus e a sua graça e não as atitudes do homem ou qualquer mérito seu.
A Aliança é graça de Deus e é uma iniciativa da parte de Deus e não do homem.
Aliás, depois da queda, todo bem ao homem procede da iniciativa e graça de
Deus.
E esta Aliança estabelecida entre Deus e a
humanidade é composta de promessas de Deus e obrigações do homem, ou seja, de
direitos e deveres de ambas as partes. A resposta de Deus à humanidade
dependeria da resposta do homem à Aliança. A resposta do homem à Aliança
deveria ter sido a obediência aos seus preceitos, mas sabemos que Adão não foi
fiel a Deus, pois desobedeceu a ordem de não comer da árvore do conhecimento do
bem e do mal e, por causa disso, a Terra foi amaldiçoada. Você pode até pensar
que foi rigidez extrema por parte de Deus, mas a verdade é que somos tão
manchados pelo pecado que não conseguimos conceber a grandeza da santidade de
Deus.
01 – A ALIANÇA E SUAS SUCESSIVAS RENOVAÇÕES: DA QUEDA AO DILÚVIO:
Deus expulsou o homem do Jardim do Éden e
estabeleceu uma tremenda inimizade entre a mulher e a serpente, ou seja, entre
a raça humana, que é a semente da mulher e Satanás, que é a serpente. Isso está
lá em Gênesis:
POREI INIMIZADE ENTRE TI E A MULHER, entre a tua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.15).
E essa inimizade logo foi manifestada no
primeiro homicídio da história da humanidade:
Disse
Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. ESTANDO
ELES NO CAMPO, SUCEDEU QUE SE LEVANTOU CAIM CONTRA ABEL, SEU IRMÃO, E O MATOU
(Gn
4.8).
Este foi um mal que se arraigou em uma
descendência, pois logo na quarta geração de Caim vemos este mal se repetir com
grandes agravos:
E
disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque,
escutai o que passo a dizer-vos: MATEI
UM HOMEM PORQUE ELE ME FERIU; E UM RAPAZ PORQUE ME PISOU. Sete vezes se
tomará vingança de Caim, de Lameque, porém, setenta vezes sete (Gn
4.23-24).
Era como se Lameque estivesse dizendo: Caim matou um, eu matei dois. Se Caim era um
assassino eu muito mais. Estas palavras de Lameque nos faz lembrar a
resposta de Jesus quando lhe perguntaram quantas vezes deveríamos perdoar:
Respondeu-lhe
Jesus: Não te digo que ATÉ SETE VEZES,
MAS ATÉ SETENTA VEZES SETE (Mt 18.22).
Jesus disse que o perdão deveria ser dado
tantas vezes quantas fossem necessários. E Lameque estava dizendo que ele
mataria quantas vezes ele julgasse ser necessário. Isso foi tão desgostoso no
coração de Deus que Ele adicionou uma ordenança ao renovar sua Aliança com Noé:
SE ALGUÉM DERRAMAR O SANGUE DO HOMEM,
PELO HOMEM SE DERRAMARÁ O SEU; porque
Deus fez o homem segundo a sua imagem (Gn 9.6).
É a justiça divina aplicada até aos dias de
hoje, pois em sua maioria um assassino acaba um dia também sendo assassinado.
O assassinato é uma das expressões mais triste
da inimizade do homem contra Deus. E Esta é apenas uma das muitas expressões de
maldade que se multiplicou na Terra, um mundo condenado por abandonar ao seu Deus
o qual se indignou pela multiplicação da maldade, sendo esta a causa do
dilúvio, conforme a Bíblia nos descreve:
VIU O SENHOR QUE A MALDADE DO
HOMEM SE HAVIA MULTIPLICADO NA TERRA E QUE ERA CONTINUAMENTE MAU TODO DESÍGNIO
DO SEU CORAÇÃO; então, se arrependeu
o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração (Gn
6.5-6).
Deus ordenou ao homem que ele fosse fecundo e
se multiplicasse sobre a terra. Ele foi fecundo e se multiplicou, mas a maldade
do homem também acompanhou esta multiplicação. E aquele ser que fora criado à
imagem e semelhança de Deus torna-se meramente carnal. Não restava nada a fazer
a não ser Deus aplicar o seu juízo. E a tragédia do dilúvio demonstrou
integralmente a indignação de Deus. Mas mesmo indignado, a ação de Deus vem
acompanhado de misericórdia e sabedoria, pois os fins nos mostra como os meios
de Deus são poderosos e perfeitos, pois Ele providenciou livramento e preservou
a Noé e sua família como também alguns animais.
Os dias de Noé foram marcados pela aplicação
do juízo de Deus contra a humanidade por causa da multiplicação da maldade de
seus corações. Eles não guardaram a Aliança de Deus e a ela não foram fiéis e
por causa disso não restava mais nada a ser feito a não ser a aplicação da
sentença pela desobediência. Hoje, igualmente, vivemos esta mesma multiplicação
da maldade, vivenciamos um abandono a Deus e aos seus princípios por parte da
grande maioria da humanidade. Chegamos naqueles dias anunciados por Paulo,
quando disse:
¹
Sabe, porém, isto: NOS ÚLTIMOS DIAS,
SOBREVIRÃO TEMPOS DIFÍCEIS, ² POIS OS HOMENS SERÃO EGOÍSTAS, AVARENTOS,
JACTANCIOSOS, ARROGANTES, BLASFEMADORES, DESOBEDIENTES AOS PAIS, INGRATOS,
IRREVERENTES, ³ DESAFEIÇOADOS, IMPLACÁVEIS, CALUNIADORES, SEM DOMÍNIO DE SI,
CRUÉIS, INIMIGOS DO BEM, ⁴ TRAIDORES, ATREVIDOS, ENFATUADOS, MAIS AMIGOS DOS
PRAZERES QUE AMIGOS DE DEUS, ⁵ tendo forma de piedade, negando-lhe,
entretanto, o poder. Foge também destes (2 Tm 3.1-5).
Este é o retrato dos nossos dias. O que
precisamos fazer é refletir sobre isso. Se Deus aplicou seu juízo na geração de
Noé por causa da maldade de seus corações, por que Ele não aplicaria novamente
a esta geração que também o abandonou, que é má e está pervertida até ao fio de
seus cabelos? Não podemos nos esquecer de que, ainda hoje, Deus continua
exigindo a mesma obediência à sua Aliança. E da mesma forma que um dia, quando
ninguém esperava, Deus aplicou seu juízo nos dias de Noé, assim também Deus, um
dia, aplicará seu juízo a esta geração rebelde e corrupta.
Mas lembram da fidelidade de Deus às promessas
da Aliança? Houve uma promessa de Deus na renovação da Aliança com Noé. Após o dilúvio, do qual se salvaram
somente Noé e sua família, num total de oito pessoas, conforme descrito em
Gênesis, que diz:
Nesse mesmo dia ENTRARAM NA ARCA
NOÉ, SEUS FILHOS SEM, CAM E JAFÉ, SUA MULHER E AS MULHERES DE SEUS FILHOS
(Gn 7.13).
E com estes Deus
estabeleceu um concerto quando disse:
⁹ EIS QUE ESTABELEÇO A MINHA
ALIANÇA CONVOSCO, E COM A VOSSA DESCENDÊNCIA, ¹⁰ E COM TODOS OS SERES VIVENTES
QUE ESTÃO CONVOSCO: TANTO AS AVES, OS ANIMAIS DOMÉSTICOS E OS ANIMAIS
SELVÁTICOS QUE SAÍRAM DA ARCA COMO TODOS OS ANIMAIS DA TERRA. ¹¹ ESTABELEÇO A
MINHA ALIANÇA CONVOSCO: NÃO SERÁ MAIS DESTRUÍDA TODA CARNE POR ÁGUAS DE
DILÚVIO, NEM MAIS HAVERÁ DILÚVIO PARA DESTRUIR A TERRA. ¹² Disse Deus: Este
é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres
viventes que estão convosco, para perpétuas gerações: ¹³ porei nas nuvens o meu
arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra. ¹⁴ Sucederá que, quando eu
trouxer nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco, ¹⁵ então, me lembrarei
da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres viventes de toda
carne; E AS ÁGUAS NÃO MAIS SE TORNARÃO
EM DILÚVIO PARA DESTRUIR TODA CARNE. ¹⁶ O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei
e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda
carne que há sobre a terra. ¹⁷ Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança
estabelecida entre mim e toda carne sobre a terra (Gn 9.9-17).
Como sinal perpétuo dessa
renovação da Aliança Deus deixou o arco sobre as nuvens com a promessa de que
seu juízo não mais será aplicado com águas de dilúvio. Contudo, isso não significa que Deus não mais
aplicará seu juízo pela rebeldia da humanidade. Um dia ele será aplicado
novamente e desta vez de forma definitiva, quando Deus, finalmente, julgará a
humanidade, a todos, desde Adão até ao último que nascer antes da volta de
Jesus, conforme explica o autor de Atos:
Porquanto ESTABELECEU UM DIA EM
QUE HÁ DE JULGAR O MUNDO COM JUSTIÇA, por meio de um varão que destinou e
acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At 17.31).
E este varão é Jesus
Cristo, que morreu, ressuscitou e foi ascendido ao céu, mas que um dia voltará
e Ele deixou um alerta para as gerações
vindouras usando exatamente os dias de Noé como exemplo, quando disse:
Pois ASSIM COMO FOI NOS DIAS DE
NOÉ, TAMBÉM SERÁ A VINDA DO FILHO DO HOMEM. Porquanto, assim como nos dias
anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao
dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e
os levou a todos, ASSIM SERÁ TAMBÉM A
VINDA DO FILHO DO HOMEM (Mt 24.37-39).
E como nos dias de Noé se
salvaram oito pessoas por causa da benignidade de Deus, da mesma forma podemos contar com a grandeza da misericórdia
de Deus, tão grandiosa quanto a sua santidade, caso contrário nenhum de nós
sobreviveria e seria salvo.
E assim como nos dias de Noé, em que este
pregava e anunciava o juízo de Deus que viria pelo dilúvio, assim a Igreja está
no mundo pregando o Evangelho. Cabe às pessoas darem ouvidos à pregação da
Igreja e se arrependerem de seus pecados e voltarem-se para Deus, pois o que
aconteceu nos dias de Noé também acontecerá no final dos tempos, a diferença é que
desta vez não será com água e não haverá uma arca, mas sim uma pessoa: Jesus
Cristo, pois a Bíblia diz:
¹⁶
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, PARA QUE TODO O QUE NELE CRÊ NÃO PEREÇA,
MAS TENHA A VIDA ETERNA. ¹⁷ Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. ¹⁸ QUEM NELE CRÊ NÃO É JULGADO; o que não
crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo
3.16-18).
Portanto, hoje, não temos nenhuma arca para
embarcar, porque Jesus é a salvação providenciada por Deus e nele encontramos
segurança e salvação do juízo de Deus que certamente virá até esta terra e
alcançara novamente toda a humanidade, pois assim como, da queda ao dilúvio a
iniquidade se multiplicou, da mesma forma ela também se multiplicou dos dias de
Noé até aos nossos dias. Pense nisso!
02 – A ALIANÇA E SUAS SUCESSIVAS RENOVAÇÕES: UMA DESCENDÊNCIA
QUE SE AFASTOU DE DEUS:
O dilúvio aconteceu de
uma forma trágica para a criação de Deus. E
quando olhamos para os dias de Noé não é difícil entender o porquê que Deus
realizou tamanha obra. Noé foi o décimo patriarca na descendência de Adão
(Adão, Sete, Enos, Cainã, Maalalel, Jarede, Enoque, Metusalém, Lameque e Noé). E
a Bíblia assim diz de seu nascimento e da profecia de seu pai:
Pôs-lhe
o nome de Noé, dizendo: ESTE NOS
CONSOLARÁ DOS NOSSOS TRABALHOS E DAS FADIGAS DE NOSSAS MÃOS, NESTA TERRA QUE O
SENHOR AMALDIÇOOU (Gn 5.29).
Pelas palavras do pai de Noé a situação do mundo
naqueles dias não parecia nada boa, o que faz com que nossos dias se pareçam
ainda mais com os dias de Noé. Noé foi bisneto de Enoque, o homem que não
morreu porque foi trasladado, isso porque a Bíblia diz que ele andou com Deus.
A presença de um homem andando com Deus a ponto de tocar o coração de Deus e
tomá-lo para Si, não pela morte, mas trasladando-o vivo aos céus, nos mostra
que há uma razão em Deus manter a sua fidelidade à Aliança, renovando-a com Noé,
afinal, o seu Espírito jamais deixará de agir no homem e Deus jamais ficará
neste mundo sem a presença de seus escolhidos.
A preservação na Terra de homens tementes a
Deus sempre foi providência divina, pois vemos esta história se repetir nos
dias de Elias, quando este reclamou a Deus dizendo:
Ele
respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque
OS FILHOS DE ISRAEL DEIXARAM A TUA
ALIANÇA, DERRIBARAM OS TEUS ALTARES E MATARAM OS TEUS PROFETAS À ESPADA; E EU
FIQUEI SÓ, e procuram tirar-me a vida (1 Rs 19.14).
Deus assim respondeu para Elias:
TAMBÉM CONSERVEI EM ISRAEL SETE MIL,
TODOS OS JOELHOS QUE NÃO SE DOBRARAM A BAAL, E TODA BOCA QUE O NÃO BEIJOU (1 Rs
19.18).
Note que Deus está dizendo para Elias que Ele
mesmo preservou aqueles homens na fidelidade. O despertar da fé sempre foi
providência divina, pois pela iniciativa do homem só resta à perdição para ele.
Lembram-se do Jardim do Éden após a Queda do homem? Deus o chamou e o homem se
escondeu de Deus. Adão foi até Deus não porque quis pela sua própria vontade, mas porque Deus insistiu até encontrá-lo
escondido. E neste mesmo estilo de rebeldia, fuga e aversão a Deus vive a
humanidade depois da queda.
Noé é herdeiro do conhecimento e da fé que
Adão recebeu de Deus, razão pelo qual ele era um homem justo. A Bíblia diz:
Porém
NOÉ ACHOU GRAÇA DIANTE DO SENHOR.
Eis a história de Noé. NOÉ ERA HOMEM
JUSTO E ÍNTEGRO ENTRE OS SEUS CONTEMPORÂNEOS; Noé andava com Deus (Gn
6.8,9).
E o fato de somente Noé e seus filhos entrarem
naquela arca, mostra que entre os seus contemporâneos, Noé era o único justo e
íntegro e que andava com Deus. E quem são estes contemporâneos? Os descendentes
destes dez patriarcas. Mas entre eles havia também a descendência de um homem
que abandonou a Deus: Caim, pois a Bíblia diz:
RETIROU-SE CAIM DA PRESENÇA DO SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do
Éden (Gn 4.16).
Este rompimento com Deus, que nada mais era do
que consequência da desobediência e rebeldia aos princípios da Aliança de Deus
gerou uma descendência infiel por não mais viverem na presença de Deus.
Impressionante como esta geração contaminou todas as outras! E no meio de toda
uma geração condenada à destruição, Noé achou graça diante de Deus. Noé era
justo! A justiça de Noé não significava nem perfeição e nem impecabilidade, mas
sim conformidade ao padrão estabelecido por Deus aos princípios da Aliança.
Contudo, a fidelidade de Noé não foi
suficiente para impedir a ação de Deus e a aplicação de seu justo juízo, pois o
que acontece quando uma geração abandona a Deus? A Bíblia responde:
Filho do homem, QUANDO UMA TERRA PECAR CONTRA MIM,
COMETENDO GRAVES TRANSGRESSÕES, ESTENDEREI A MÃO CONTRA ELA, E TORNAREI
INSTÁVEL O SUSTENTO DO PÃO, E ENVIAREI CONTRA ELA FOME, E ELIMINAREI DELA
HOMENS E ANIMAIS (Ez 14.13).
Esta era a parte da
maldição da Aliança em caso de infidelidade pelo pactuante. E foi exatamente
isso que aconteceu nos dias de Noé, pois este era o panorama nos dias de Noé:
VIU O SENHOR QUE A MALDADE DO
HOMEM SE HAVIA MULTIPLICADO NA TERRA E QUE ERA CONTINUAMENTE MAU TODO DESÍGNIO
DO SEU CORAÇÃO; então, se
arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração
(Gn 6.5-6).
Deus entristeceu-se
profundamente pelo fato daquela criatura, feita à sua imagem e semelhança,
desvirtuar a sua perfeita, pura e santa imagem. Diante deste “arrependimento”
Deus toma uma decisão drástica:
Disse o Senhor: FAREI
DESAPARECER DA FACE DA TERRA O HOMEM QUE CRIEI, O HOMEM E O ANIMAL, OS RÉPTEIS
E AS AVES DOS CÉUS; porque me arrependo de os haver feito (Gn 6.7).
Tendo como protagonista
desta generalização da maldade a descendência de Caim que se afastou de Deus.
Deus elimina pelo dilúvio aquela geração
rebelde e poupa o justo Noé pela preservação da sua Aliança. Isso pesou ao
coração de Deus, tanto que Ele disse logo após o dilúvio, quando Noé sai da
arca e lhe oferece holocausto:
E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: NÃO TORNAREI A AMALDIÇOAR A TERRA POR CAUSA
DO HOMEM, PORQUE É MAU O DESÍGNIO ÍNTIMO DO HOMEM DESDE A SUA MOCIDADE; nem
tornarei a ferir todo vivente, como fiz. ENQUANTO
DURAR A TERRA, NÃO DEIXARÁ DE HAVER SEMENTEIRA E CEIFA, FRIO E CALOR, VERÃO E
INVERNO, DIA E NOITE (Gn 8.21-22).
Contudo, Deus nunca
deixou de aplicar seu juízo às gerações rebeldes, pois pelo fato de haver
apenas Ló de homem justo vivendo em Sodoma e Gomorra, não foi suficiente para
livrar aquelas cidades do juízo de Deus. Quando Israel se revoltou no deserto
Deus propôs a Moisés eliminar toda aquela geração e começar tudo de novo com
ele, mas Moisés intercedeu e Deus reteve o seu juízo.
E a história se repete em
nossos dias. Vivemos a geração que “matou” Deus em seus corações. Vivemos dias
de prosperidade, avanço na ciência, tempos tecnológicos, mas também tempos de
afastamento de Deus. A humanidade abandonou a Deus e vive como se Ele não
existisse, como se Ele não fosse real, como se Ele não fosse justo, como se Ele
não fosse um dia aplicar seu julgamento e sua justiça a esta geração rebelde e
corrupta.
Deus é o Instituidor da
Aliança, seu mantenedor e seus princípios estão ativos e valendo também para
nossos dias. E assim como nos dias de Noé todos viviam tranquilos em seus
pecados quando, de repente, veio o dilúvio a alcançou a todos, assim será
também na volta de Cristo, que acontecerá quando não mais esperam por Ele e a
destruição destes será repentina e tremenda. Paulo advertiu a Igreja de
Tessalônica por isso, dizendo:
¹ Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de
que eu vos escreva; ² pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que O DIA DO SENHOR VEM COMO LADRÃO DE NOITE.
³ Quando andarem dizendo: Paz e segurança, EIS
QUE LHES SOBREVIRÁ REPENTINA DESTRUIÇÃO, como vêm as dores de parto à que
está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão (1 Ts 5.1-3).
E Jesus, falando do dia
do juízo final de Deus, comparou o dia de sua volta aos dias de Noé, dizendo:
³⁶ Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos
céus, nem o Filho, senão o Pai. ³⁷ POIS
ASSIM COMO FOI NOS DIAS DE NOÉ ,TAMBÉM SERÁ A VINDA DO FILHO DO HOMEM. ³⁸
PORQUANTO, ASSIM COMO NOS DIAS ANTERIORES AO DILÚVIO COMIAM E BEBIAM, CASAVAM E
DAVAM-SE EM CASAMENTO, ATÉ AO DIA EM QUE NOÉ ENTROU NA ARCA, ³⁹ E NÃO O
PERCEBERAM, SENÃO QUANDO VEIO O DILÚVIO E OS LEVOU A TODOS, ASSIM SERÁ TAMBÉM A
VINDA DO FILHO DO HOMEM (Mt 24.36-39).
É tempo de abrir aos
ouvidos e ouvir o que diz a Palavra de Deus, tempo de estar atento e preparado
para a volta de nosso Senhor Jesus Cristo.
A História nos mostra de
que Deus não precisa mais do que um casal para eliminar todas as gerações e
começar tudo de novo, mas Ele é fiel à sua Aliança e sua fidelidade retém o seu
juízo. Contudo, um dia, que somente Deus sabe quando, sua paciência se findará
e Ele aplicará o seu juízo a toda humanidade que, como a descendência de Caim,
afastou-se de Deus e prefere viver longe de sua presença.
Que Deus te abençoe a não
ser encontrado rebelde contra Ele, vivendo como se Ele não existisse, vivendo
como se um dia não fosse morrer, curtindo a vida como se não fosse um dia
prestar contas a Deus de tudo que fazemos, vivendo valorizando tudo, menos o
essencial, valorizando o corpo, mas desprezando a alma. Que na volta de Cristo
ou no fim de seus dias sejas encontrado fiel e firmado aos princípios da
Aliança de Deus. Amém!
03 – A ALIANÇA E SUAS SUCESSIVAS RENOVAÇÕES: O ARREPENDIMENTO DE DEUS:
Deus criou o homem e o colocou no
Jardim do Éden e com ele se relacionou face a face até ao dia da desobediência
e pecado do homem. Deus o expulsou do Jardim e fez com ele uma Aliança. Mas
separado de Deus a maldade do homem se engrandeceu e a comunhão do homem com
Deus tornou-se inimizade. E esta
inimizade alcançou o seu ápice com a multiplicação da maldade do homem sobre a
terra, tornando-se tão generalizada que a Bíblia chega a dizer que Deus se arrepende
de ter feito o homem na Terra:
Viu o SENHOR QUE A MALDADE DO
HOMEM SE HAVIA MULTIPLICADO NA TERRA e que era continuamente mau todo desígnio
do seu coração; ENTÃO, SE ARREPENDEU O SENHOR DE TER FEITO O HOMEM NA TERRA, E
ISSO LHE PESOU NO CORAÇÃO (Gn 6.5,6).
Este texto é muito controverso, pois em outros
lemos que Deus nunca se arrepende de nada:
DEUS
NÃO É HOMEM, PARA QUE MINTA; NEM FILHO DE HOMEM, PARA QUE SE ARREPENDA. Porventura, tendo ele prometido, não o fará?
Ou, tendo falado, não o cumprirá (Nm 23.19)?
E em outro texto diz:
TAMBÉM
A GLÓRIA DE ISRAEL NÃO MENTE, NEM SE ARREPENDE, porquanto não é homem, para que se arrependa
(1
Sm 15.29).
Então, como entender o arrependimento de Deus
descrito em Gênesis? Deus realmente se arrepende? Será que o arrependimento
humano serve de parâmetro para o arrependimento de Deus? O Dr. James Packer
responde a isso muito bem quando diz:
A referência em cada caso é sobre a anulação de um prévio tratamento
dispensado a certos homens, como consequência da reação deles a esse tratamento.
A resposta de Deus à humanidade dependeria da
resposta do homem à sua Aliança. E Packer continua:
Mas não há sugestão de que essa reação
não tenha sido prevista, ou que Deus tenha sido tomado de surpresa, e que não
estivesse estabelecida em seu plano eterno. Não há mudança alguma em seu propósito eterno quando Ele começa a agir
em relação a um homem de maneira diferente.
Não existe contradição alguma entre o texto
que diz que Deus se arrepende e os que afirmam de outra maneira. As passagens
bíblicas que afirmam que Deus não se arrepende, estabelecem definitivamente que
o arrependimento de Deus nunca deve ser entendido como o arrependimento humano.
E por que não? Simplesmente porque o arrependimento do homem é causado pelo
reconhecimento de uma atitude precipitada, como resultado da ignorância do que
havia de acontecer. Nós nos arrependemos porque erramos. No caso de Deus é
extremamente diferente. Ele jamais comete erros. A Bíblia diz:
Toda boa dádiva e todo dom perfeito
são lá do alto, descendo do Pai das luzes, EM
QUEM NÃO PODE EXISTIR VARIAÇÃO OU SOMBRA DE MUDANÇA (Tg 1.17).
Deus nunca está errado. L. Berkhof diz que
quando a Bíblia fala de Deus se arrependendo e mudando sua intenção para com o
homem:
Evidentemente
é só a maneira humana de falar.
Na realidade a mudança não é em Deus, mas no homem e nas relações do homem com
Ele.
E Pink complementa:
Quando fala de Si mesmo, Deus frequentemente acomoda a sua linguagem
às nossas capacidades limitadas. Ele Se descreve a Si mesmo como revestido
de membros corporais como olhos, ouvidos, mãos, etc. Fala de Si como tendo
despertado (Sl 78.65) e como madrugando (Je 7.13), apesar de que Ele não
cochila nem dorme. Quando Ele estabelece uma mudança em seu procedimento para
com os homens, descreve a sua linha de conduta em termos de arrepender-se.
Em suma, o arrependimento de Deus não ocorre
por causa de qualquer mudança nele, mas por causa de nossa mudança para com
Ele. É o que estava ocorrendo quando Deus relata a multiplicação da maldade do
homem sobre a Terra, pois ele não fora criado para este fim, mas sim para
glorificar a Deus. E quando Deus vê a multiplicação da maldade do homem sobre a
terra, Ele pronuncia sua sentença, na qual vamos sentir o peso da santidade, da
justiça e da fidelidade de Deus.
O que salva a humanidade é a perfeição de
Deus, pois tudo em Deus é perfeito e completo, inclusive as suas virtudes. O
amor com que nos ama é imensurável, a sua misericórdia não tem fim e nem
limites, a sua bondade é sem igual, Ele é um Deus benigno. A sua santidade não
é maior que a sua justiça e nem a sua justiça é maior que a sua fidelidade, de
forma que, para um Deus Santo e Justo havia somente uma saída naquela situação:
Fazer justiça! E fazer justiça neste caso implicaria em exterminar toda a forma
de mal na terra. E Deus mesmo pronuncia isso:
Disse o SENHOR: FAREI DESAPARECER DA FACE DA TERRA O HOMEM QUE CRIEI, o homem e o
animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito (Gn 6.7).
A sorte da humanidade e dos animais estava
selada: Sua completa destruição! Nada faria Deus voltar atrás em seu desígnio
de destruir a vida na Terra, com exceção de uma: A fidelidade de Deus, tão
grande e perfeita quanto a sua justiça! Havia uma promessa e a fidelidade de
Deus não permitiria que ela fosse esquecida, que é a infalível e inquebrável
promessa contida lá em Gn 3.15:
Porei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar.
Esta era a promessa do Messias, a promessa de
sua vitória e da derrota da serpente. Se Deus exterminasse a humanidade no
dilúvio a promessa seria quebrada e, com isso, a vitória final seria da
serpente por ter conseguido separar o homem de seu Deus, de seu Criador. E a
Bíblia sempre reafirma a fidelidade de Deus:
Porque os montes se retirarão, e os
outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, E A ALIANÇA DA MINHA PAZ NÃO SERÁ REMOVIDA,
DIZ O SENHOR, que se compadece de ti (Is 54.10).
Mesmo com a generalização da maldade do homem
Deus permanece fiel. Entre o “arrependimento” de Deus e sua fidelidade, surge,
então, a solução: Um homem justo, íntegro e que andava com Deus: Porém NOÉ
ACHOU GRAÇA diante do SENHOR (Gn 6.8). A forma de manifestar a sua
graça e fidelidade foi achar um homem com quem Deus pudesse manter a sua
promessa e renovar a sua Aliança. E esse homem foi Noé. Mas lembre-se da
igualdade de grandeza nas virtudes de Deus? A sua perfeita fidelidade não
anularia a sua justiça, a qual também é perfeita. E por causa da justiça divina
houve o dilúvio, mas houve também a providência de Deus no dilúvio!
CONCLUSÃO:
Com o dilúvio tudo foi destruído, mas ao mesmo
tempo preservado. Deus preservou a Noé e a sua família e deles repovoou
novamente a terra. Deus preservou animais e aves e deles a terra foi repovoada
novamente. As florestas cresceram novamente, os animais se multiplicaram e com
eles os homens também. Um acontecimento trágico em função da infidelidade do
homem. Uma geração destruída porque abandonou ao seu Deus e longe dele quis
viver. Uma geração amaldiçoada porque não permaneceram fiéis à Aliança com seu
Deus. Percebeu a importância de viver nos moldes dos princípios da Aliança de
Deus? Que Deus te abençoe a viver nestes princípios para que Ele nunca venha a
“arrepender-se” de tê-lo criado! Amém!
Luiz Lobianco
Bibliografia:
Bíblia Sagrada.
Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no
Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra
Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário