3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo,
4 assim como nos escolheu nele antes da
fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
5 nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,
6 para louvor da glória de sua graça, que ele
nos concedeu gratuitamente no Amado,
7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a
remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,
8 que Deus derramou abundantemente sobre nós em
toda a sabedoria e prudência,
9 desvendando-nos o mistério da sua vontade,
segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo,
10 de fazer convergir nele, na dispensação da
plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra;
11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança,
predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o
conselho da sua vontade,
12 a fim de sermos para louvor da sua glória,
nós, os que de antemão esperamos em Cristo;
13 em quem também vós, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Santo Espírito da promessa;
14 o qual é o penhor da nossa
herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Ef 1.3-14).
Introdução
A cosmovisão bíblica propõe
um entendimento do mundo a partir do pressuposto de que o Universo foi criado
por Deus em estado de perfeição. Entretanto, ocorreu a intromissão do pecado
através da queda do homem lá no Jardim do Éden e esta queda corrompeu a
perfeição da criação de Deus.
Em relação ao homem, a visão
cristã assume que o ser humano tem o seu coração dirigido por uma inclinação
negativa em relação a Deus. Essa inclinação para o mal determina suas
preferências e influencia todo o seu desenvolvimento cultural.
No entanto, a visão cristã
inclui uma perspectiva restauradora do coração humano, a qual se trata de uma
ação de redenção por parte do Criador. Através da redenção, Deus traz de volta
à sua comunhão sua criatura. Por isso que a cosmovisão cristã é também uma
visão restauradora.
Todo mundo precisa de
redenção, pois nossa condição natural é caracterizada por culpa. A redenção de
Cristo nos libertou dessa culpa. Se hoje nós somos redimidos, então a nossa
condição anterior era de escravidão. Isso significa que Deus comprou a nossa
liberdade e não somos mais escravos do pecado, porque redimir é resgatar e
resgate significa o valor pago para obter a libertação ou soltura de um cativo.
Pelo resgate da redenção,
Jesus pagou o preço da nossa libertação do pecado. Sua morte foi uma troca por
nossa vida. A entrega de sua vida, representada pelo derramamento de seu
sangue, resgata e resulta na remissão dos pecados de todos os que cumprem os
requisitos do arrependimento e da fé. Vamos estudar a redenção a partir de sua
história, de seu personagem principal: Jesus Cristo e por fim da Igreja.
1 – A REDENÇÃO E A HISTÓRIA
A redenção faz parte, desde
o princípio, da História. Para a entendermos devemos focalizar no que Cristo
fez, pois a morte de Cristo satisfez o governo de Deus e livrou o homem pecador
para que pudesse ser perdoado e ter comunhão com Deus. Olha o que alguns
autores das Escrituras escrevem:
18 sabendo que não foi mediante coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil
procedimento que vossos pais vos legaram,
19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro
sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no
fim dos tempos, por amor de vós (1 Pd 1.18-20)
25 Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar
segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos
eternos,
26 e que,
agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras
proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé,
entre todas as nações,
27 ao Deus único e sábio seja
dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém (Rm
16.25-27)!
9 que nos salvou e nos chamou com santa
vocação; não segundo as nossas obras, mas
conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,
antes dos tempos eternos,
10 e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus,
o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade,
mediante o evangelho (2 Tm 1.9,10)
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo,
para promover a fé que é dos eleitos de
Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade,
2 na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu
antes dos tempos eternos
3 e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação
que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador (Tt 1.1-3).
Portanto, não há como negar
a eternidade do plano de Deus da redenção até porque o seu autor também é
eterno, conforme vimos no primeiro pilar da fé. E se o plano é de Deus e este
plano é eterno, isso significa que entre a eternidade e o seu surgimento Deus
estava administrando os segmentos históricos para culminar na redenção em
Cristo.
A –
A promessa no princípio
As Escrituras registram o
inicio da história da redenção no momento imediato à Queda, anunciando ali
mesmo no Jardim a figura histórica do Descendente da mulher:
15 Porei inimizade entre ti e a
mulher, entre a tua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn
3.15).
Na visão cristã, todo o
desenvolvimento histórico posterior a essa promessa é a sucessão de eventos
conduzidos com a finalidade de revelar o Descendente. E Deus dirige a História
com o propósito de preparar o cenário para o surgimento do Messias.
B –
A História é Teocristocêntrica
A História é centrada em
Deus, por meio de Jesus Cristo. Jesus é o ponto alto de todo o desenrolar
histórico:
9 desvendando-nos o mistério da sua vontade,
segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo,
10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas
as coisas, tanto as do céu, como as da terra (Ef 1.9-10).
4 vindo,
porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam
sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.4-5).
As cosmovisões não bíblicas
não reconhecem a centralidade de Cristo na História. Para elas, Jesus Cristo é
somente uma parte da história geral. Elas também reconhecem a História somente
como resultado da atividade humana, isso porque possuem uma visão antiteocêntrica,
ou seja, contra a centralidade de Deus. Essa visão dirige o coração humano
desde a sua queda, demonstrando a rebelião contra o Senhor e o Seu Ungido. O
salmista reflete muito bem isso quando diz:
2 Os reis da terra se levantam, e os príncipes
conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo:
3 Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas (Sl
2.2-3).
E sabe qual é a posição de
Deus diante disso? O salmista responde:
4 Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles (Sl 2.4).
Negar a centralidade de Deus
na História é loucura. É atender ao declínio decaído do coração humano. O
resultado final desta negação será a condenação eterna.
C –
A administração de Deus na História
Deus é o Senhor da História.
Na perspectiva bíblica, a História não acontece apenas como resultado da
interação de forças sociais e políticas. Embora estes elementos estejam
presentes na construção dos fatos históricos, eles não são a causa primária dos
acontecimentos. Na verdade, a História é o resultado da vontade ativa de Deus:
12 Eu
anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre
vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou Deus.
13 Ainda antes que houvesse dia,
eu era; e nenhum há que possa livrar
alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá (Is 43.12,13)?
É assim que a visão bíblica
compreende todos os acontecimentos da vida, sejam eles fatos importantes e
significativos, como a escolha do governante de uma nação de grande influência
global, ou acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia.
20 Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de
eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21 é ele
quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá
sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
22 Ele revela o profundo e o
escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz (Dn 2.20-22).
29 Não se vendem dois pardais
por um asse? E nenhum deles cairá em
terra sem o consentimento de vosso Pai (Mt 10.29).
E assim todos os
acontecimentos da História cumprem os propósitos de Deus. Dessa forma podemos
crer que Deus administra a História. Especificamente na redenção, a
administração de Deus na História pode ser vista através dos pactos. Um pacto é
o modo de Deus administrar o seu relacionamento com a sua criação. Podemos
citar dois pactos: o Pacto da Criação e o Pacto da Redenção.
O Pacto da Criação, que
também é chamado de Pacto das Obras, é a aliança básica de Deus com a sua
criação. Este pacto estabelece um compromisso de obediência a Deus e pode ser
representado por três ordenanças básicas: o Sábado, o casamento e o trabalho:
3 E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de
toda a obra que, como Criador, fizera (Gn 2.3).
18 Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o
homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
19 Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra
todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para
ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres
viventes, esse seria o nome deles.
20 Deu nome o homem a todos os animais
domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem,
todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea.
21 Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono
sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar
com carne.
22 E a costela que o SENHOR Deus tomara ao
homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe.
23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos
meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi
tomada.
24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os
dois uma só carne (Gn 2.18-24).
15 Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para
o cultivar e o guardar (Gn2.15).
Essas ordenanças representam
três mandatos básicos: o mandato espiritual (o Sábado), o mandato social (o
casamento) e o mandato cultural (o trabalho). Esses mandatos foram dados como
ponto de partida para que o homem cumprisse todo o seu propósito de existir e
trabalhar para a glória de Deus. A Queda interferiu no processo de obediência
do homem e desestruturou o seu funcionamento, gerando rompimentos e estes
rompimentos foram espiritual, social e cultural. E vemos isso já lá no Éden:
8 Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que
andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se
da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do
jardim.
9 E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe
perguntou: Onde estás?
10 Ele respondeu: Ouvi a tua voz
no jardim, e, porque estava nu, tive
medo, e me escondi (Gn 3.8-10).
11 Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que
estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12 Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore,
e eu comi (Gn 3.11,12).
17 E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de
tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra
por tua causa; em fadigas obterás dela o
sustento durante os dias de tua vida.
18 Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu
comerás a erva do campo.
19 No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois
dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gn 3.17-18).
E diante da desobediência e
da incapacidade do homem de atender os propósitos para o qual fora criado, Deus
não o abandonou, mas estabeleceu com ele um novo pacto: o Pacto da Redenção,
também chamado de Pacto da Graça. Esse Pacto da Redenção tem como base a
atitude graciosa de Deus, que vai ao encontro do homem para resgatá-lo de sua
prisão, o pecado, restaurando-o para viver e servir a Deus. Esse pacto é
apresentado no decorrer da História por meio de sucessivas renovações, que vai
de Noé a Jesus Cristo. Com Noé Deus renova a sua aliança revelando a sua
vontade de preservar para sempre a sua Criação:
8 Disse também Deus a Noé e a seus filhos:
9 Eis
que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência,
10 e com todos os seres viventes que estão
convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os animais selváticos que
saíram da arca como todos os animais da terra.
11 Estabeleço
a minha aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio,
nem mais haverá dilúvio para destruir a terra.
12 Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos
os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações:
13 porei nas nuvens o meu arco; será por sinal
da aliança entre mim e a terra.
14 Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre
a terra, e nelas aparecer o arco,
15 então, me
lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres viventes
de toda carne; e as águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir
toda carne.
16 O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me
lembrarei da aliança eterna entre Deus e
todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra.
17 Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança estabelecida
entre mim e toda carne sobre a terra (Gn 9.8-17).
Após o dilúvio, a História
mostra que o homem continuou em sua maldade, mas o Senhor renova a sua aliança
com Abraão, revelando o propósito de usar um povo para abençoar a todas as
famílias da Terra:
1 Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua
terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei;
2 de ti
farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu
uma bênção!
3 Abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra (Gn 12.1-3).
7 Estabelecerei
a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas
gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência.
8 Dar-te-ei e à tua descendência
a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e
serei o seu Deus (Gn 17.7,8).
Com Moisés, Deus estabelece
um novo momento de seu pacto ao dar e instituir a Sua Lei ao seu povo:
9 Subindo eu ao monte a receber as tábuas de
pedra, as tábuas da aliança que o SENHOR fizera convosco, fiquei no monte
quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.
10 Deu-me
o SENHOR as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e, nelas,
estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado convosco no monte,
do meio do fogo, estando reunido todo o povo.
11 Ao fim dos quarenta dias e
quarenta noites, o SENHOR me deu as duas
tábuas de pedra, as tábuas da aliança
(Dt 9.9-11).
Deus guiava a conduta de seu
povo por meio de suas prescrições e com isso consolidava a nação escolhida e a
incumbia de cumprir os seus propósitos:
5 Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então,
sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a
terra é minha;
6 vós me sereis reino de
sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de
Israel (Ex 19.5-6).
Mais à frente, na História, percebe-se
o descaminho do povo e a sua incapacidade de servir a Deus com integridade.
Começa os governos humanos e com ele todo o seu egocentrismo. Deus, então,
revela um novo momento de seu pacto através de sua aliança com Davi:
12 Quando teus dias se cumprirem e descansares
com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que
procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.
13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do
seu reino.
14 Eu lhe serei por pai, e ele me será por
filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites
de filhos de homens.
15 Mas a minha misericórdia se não apartará
dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.
16 Porém a
tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será
estabelecido para sempre.
17 Segundo todas estas palavras
e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi (2 Sm 7.12-17).
Todas essas fases da aliança
da redenção são administradas por Deus no decorrer da História e todas elas
apontam para a última e definitiva etapa e culminam com ela: a Nova Aliança em
Cristo:
25 Por semelhante modo, depois
de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as
vezes que o beberdes, em memória de mim (1 Co 11.25).
6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério
tanto mais excelente, quanto é ele
também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas.
7 Porque,
se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria
sendo buscado lugar para uma segunda.
8 E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei
nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá,
9 não segundo a aliança que fiz com seus pais,
no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito;
pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o
Senhor.
12 Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de
misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei.
13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se
torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer (Hb 8.6-9, 12,13).
Portanto, todas as alianças
apontavam para Cristo e o seu governo redentivo. Elas ocorreram no transcorrer
da História humana pela providência de Deus.
2
– A REDENÇÃO E JESUS CRISTO
Cristo manifestou o amor de
Deus por nós na cruz. Redenção significa que a morte de Cristo anula e remove o
pecado. Significa que a morte de Cristo foi direcionada à culpa e ao pecado do
homem. Significa que a ira de Deus para com o homem é aplacada, que algo é
feito para mudar a atitude de Deus para com o pecador, que algo é feito para
remover as consequências dos pecados do homem. Difícil deixar de admirar a
apresentação de João Batista quando viu ao Senhor Jesus:
29 No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo (Jo 1.29)!
Jesus veio para revelar e
ser o verdadeiro e único caminho para o Pai:
6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).
Quando o homem deixou de
estar centrado em Deus e passou a estar centrado nele mesmo, o pecado trouxe
sobre a criação uma maldição que a sujeitou ao cativeiro da escravidão. O
apóstolo Paulo chama a essa condição decaída de morte e identificou a queda de
Adão como a porta de entrada da morte na história da humanidade:
12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado
no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram (Rm 5.12).
Jesus Cristo veio para
restaurar o governo de Deus sobre a Criação, cumprindo o papel de servir e
glorificar a Deus, corrigindo o erro de Adão. O resultado da obra de Adão é o
sofrimento, o caos e a injustiça, mas o resultado da obra de Jesus é a
restauração da paz e da harmonia entre Deus e o homem. Mas não podemos limitar
o papel de Jesus Cristo somente à expiação e à concessão de entrada no céu, pois
a Bíblia enfatiza o papel de Jesus como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
A –
A autoridade de Cristo sobre a natureza e sobre a vida
Evidentemente, os poderes de
Jesus sobre a natureza revelam a sua origem divina, pois demonstra que Ele
exerce autoridade e governa sobre a criação. Cristo governa o vento e o mar,
Ele andou sobre as águas e até mesmo os peixes lhes obedecia:
39 E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se
aquietou, e fez-se grande bonança.
41 E eles, possuídos de grande
temor, diziam uns aos outros: Quem é
este que até o vento e o mar lhe obedecem (Mc 4.39,41)?
25 Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o
mar.
26 E os discípulos, ao verem-no andando sobre as
águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo,
gritaram.
27 Mas Jesus imediatamente lhes disse: Tende bom
ânimo! Sou eu. Não temais!
28 Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo,
por sobre as águas.
29 E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com
Jesus.
30 Reparando, porém, na força do vento, teve
medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor!
31 E, prontamente, Jesus, estendendo a mão,
tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
32 Subindo ambos para o barco,
cessou o vento (Mt 14.25-32).
4 Quando acabou de falar, disse a Simão:
Faze-te ao largo, e lançai as vossas
redes para pescar.
5 Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua
palavra lançarei as redes.
6 Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes.
7 Então, fizeram sinais aos
companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram
ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique (Lc 5.4-7).
E também Jesus Cristo exerce
autoridade sobre todos os aspectos da vida humana. Ele curou, ressuscitou
dentre os mortos e deu vista aos cegos:
32 À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos e endemoninhados.
33 Toda a cidade estava reunida à porta.
34 E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfermidades; também
expeliu muitos demônios, não lhes permitindo que falassem, porque sabiam quem
ele era (Mc 1.32-34).
43 E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!
44 Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com
ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus: Desatai-o e
deixai-o ir (Jo 11.43,44).
6 Dito isso, cuspiu na terra e, tendo feito
lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos
do cego,
7 dizendo-lhe: Vai, lava-te no
tanque de Siloé (que quer dizer Enviado). Ele
foi, lavou-se e voltou vendo (Jo 9.6,7).
Jesus é o Senhor da vida.
Todos estes aspectos revelaram a autoridade que Jesus havia recebido para
cumprir a sua tarefa de representar o Reino de Deus neste mundo.
17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.
18 Ninguém a tira de mim; pelo
contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho
autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de
meu Pai (Jo 10.17,18).
36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos
de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.
37 Vós conheceis a palavra que se divulgou por
toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia, depois do batismo que João
pregou,
38 como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por
toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus
era com ele;
39 e nós somos testemunhas de
tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a
vida, pendurando-o no madeiro (At 10.36-39).
B –
A autoridade de Cristo pelo ensino da verdade e da justiça
Sobre todas as formas da
manifestação da autoridade e do governo de Cristo, a sua autoridade para
anunciar a Palavra de Deus se destacava. Ele pregava com autoridade sobre o
arrependimento e o retorno a Deus como a porta de entrada para o Reino de Deus.
28 Quando Jesus acabou de proferir estas
palavras, estavam as multidões
maravilhadas da sua doutrina;
29 porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os
escribas (Mt 7.28,29).
E esta autoridade era ainda
mais reforçada com o perdão dos pecados:
10 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra
autoridade para perdoar pecados — disse ao paralítico:
11 Eu te
mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito,
retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a
Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim (Mc 2.10-12)!
A mensagem de Cristo era
diferente dos fariseus, Sua mensagem era de amor e o perdão dos pecados dava
autenticidade aos seus ensinos.
C –
A autoridade de Cristo sobre o mundo espiritual
A autoridade de Cristo se
estende até mesmo aos demônios. Até eles declararam a Jesus Cristo como o
Messias:
23 Não tardou que aparecesse na sinagoga um
homem possesso de espírito imundo, o
qual bradou:
24 Que
temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!
25 Mas
Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem.
26 Então, o espírito imundo, agitando-o violentamente e bradando em
alta voz, saiu dele (Mc 1.23-26).
27 Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu
encontro um homem possesso de demônios
que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém vivia nos
sepulcros.
28 E, quando
viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo em alta voz: Que
tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me
atormentes.
29 Porque
Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois muitas vezes se
apoderara dele. E, embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e grilhões,
tudo despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto.
30 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome?
Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios.
31 Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o
abismo.
32 Ora, andava ali, pastando no
monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe
que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu (Lc
8.27-32).
Jesus Cristo governa sobre
todas as forças espirituais, pois Ele é maior do que tudo e a todos e os tem
debaixo de seus pés:
20 o qual
exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar
à sua direita nos lugares celestiais,
21 acima
de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se
possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro.
22 E pôs
todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas,
o deu à igreja,
23 a qual é o seu corpo, a
plenitude daquele que a tudo enche em
todas as coisas (Ef 1.20-23).
Jesus exerceu a sua
autoridade espiritual não somente expulsando demônios, pois ao contrário de
Adão, que se submeteu ao controle do diabo, Cristo resistiu ao diabo e o
venceu:
13 Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo,
até momento oportuno (Lc 4.13).
31 Chegou o momento de ser
julgado este mundo, e agora o seu
príncipe será expulso (Jo 12.31).
15 e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz (Cl 2.15).
3 –
A REDENÇÃO E A IGREJA
A Igreja são os redimidos de
Deus. Ela ocupa um lugar muito importante na obra de restauração do pecador
perdido. A presença da Igreja como embaixadora da verdade no mundo é o modo
como Deus deixa o testemunho de Jesus Cristo para as gerações. O dever do
cristão é compreender e cumprir os mandamentos de Deus e representá-Lo de um
modo obediente.
A –
O compromisso da Igreja com a pregação do Evangelho
Depois de redimido, o
cristão tem um compromisso vital com o seu Senhor: pregar o Evangelho:
18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou
consigo mesmo por meio de Cristo e nos
deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus
exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos
reconcilieis com Deus (2 Co 5.18-20).
Esta pregação trata de
revelar o mistério de Cristo, encoberto dos homens centrados em si mesmos. Portanto,
pregar o Evangelho é anunciar o Reino de Deus e Jesus Cristo como Salvador e
Senhor. Essa pregação tem uma ligação vital com a administração de Deus na
História.
14 E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para
testemunho a todas as nações. Então,
virá o fim (Mt 24.14).
Desde Adão as coisas estão
sendo, pouco a pouco, colocadas no seu devido lugar, até que venha o fim e tudo
seja definitivamente restaurado.
24 E,
então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado,
bem como toda potestade e poder.
25 Porque convém que ele reine
até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés (1 Co 15.24,25).
A pregação do Evangelho deve
constranger os homens à salvação e também acusar o pecador por desprezar o
governo de Deus. O cristão jamais pode desprezar e esquecer as últimas palavras
de Jesus enquanto esteve na terra:
18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo:
Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.
19 Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo;
20 ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E
eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mt 28.18-20).
B –
O compromisso da Igreja de influenciar o mundo
Os cristãos devem e podem
exercer boa influência no mundo ao seu redor. Esta é uma das principais
mensagens do Sermão do Monte:
13 Vós
sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar
o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos
homens.
14 Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um
monte;
15 nem se acende uma candeia para colocá-la
debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na
casa.
16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mt 5.13-16).
A cosmovisão cristã
compromete a vida do crente com o princípio lógico de que ele deve viver em
completa relação harmoniosa com Cristo.
C –
O compromisso da Igreja de ser exemplo
O compromisso se inicia com
o exemplo. Somente posso ser sal e luz se tiver sido iluminado, ou seja,
redimido por Cristo. E a cosmovisão bíblica compreende que o papel dos cristãos
no mundo não pode ser exercido sem que Deus os conduza e capacite para a obra,
por meio de Jesus Cristo:
17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura;
as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co 5.17).
A obra de redenção é uma
reestruturação da mente daqueles que se ligam a Cristo, de modo a existir agora
centrada em Deus. As ruas do céu vão estar cheias de antigos prisioneiros que,
não por nenhum mérito próprio, encontram-se perdoados e livres. Os escravos do
pecado se tornam santos. Não é de se estranhar que eles cantam uma nova canção
– uma canção de louvor ao Redentor que foi morto:
9 e entoavam novo cântico,
dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap
5.9).
Éramos escravos do pecado,
condenados à separação eterna de Deus. Jesus pagou o preço para nos redimir,
resultando em nossa liberdade da escravidão do pecado, e nosso resgate das
consequências eternas do pecado.
Conclusão
A redenção de Deus é uma
obra de reestruturação da existência. Ela começa pela vida do crente e se
estende a todos os aspectos da vida. Os cristãos têm de desenvolver um papel
dentro da sociedade que é de grande importância, visando sua transformação
positiva. A omissão da Igreja é, em muitos casos, a raiz de muitos problemas
vividos pela sociedade. É o sal que não tem sabor.
Não podemos pensar em um
cristianismo bíblico sem manter uma visão adequada da História, de Cristo como
Senhor e do papel da Igreja. Pare e pense: Quais as suas principais ações como
representante do Reino de Cristo neste mundo? Você considera que o modo como
vive tem características ligadas à obra da redenção? Que Deus te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com