3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;
4 e se recusarão a dar ouvidos à
verdade, entregando-se às fábulas (2 Tm 4.3,4).
Introdução
Já reparou o quanto a nossa época está imoral?
Basta ligarmos a televisão para percebermos isto. Na época em que vivemos, o
sensual e imoral vende mais. Programas, filmes, novelas, músicas, propagandas,
tudo carregado de malícia, sensualidade. E na briga por mais audiência uma emissora ousa
cada vez mais que a outra. Com isto o nível está cada vez mais baixo.
Isso porque em nosso tempo
as pessoas têm vivido para o mundo e seguido os seus padrões. Essa maneira de
viver, essa visão de mundo, recebe o nome de secularismo, que nada mais é do
que um sistema de um tempo que influencia o pensamento, as atitudes e as vidas
das pessoas, ou seja, um modo de vida e de pensamento sem referência a Deus. É
uma cosmovisão e um estilo de vida que se inclina mais para o profano do que
para o sagrado.
Temos visto o colapso de
estruturas tradicionais, principalmente a família e a igreja. A ciência tem
influenciado cada vez mais o pensamento contemporâneo, causando também uma
busca desenfreada por aquilo que a tecnologia oferece ao homem. Valores morais
têm sido substituídos por desejos imorais, que cada vez mais são vistos pela
sociedade em geral como coisas naturais.
Essa inclinação para o
profano, em vez do sagrado, tem contaminado a Igreja de um modo cada vez mais
abrangente, enfraquecendo aquela que deve transmitir a mensagem da verdade. E
como já vimos em lição anterior, a própria verdade, de acordo com a cosmovisão
secular, é relativa. O baluarte da verdade tem sido mortalmente afetado pelo desgaste
de um modo de vida e cosmovisão distantes de Deus. Vivemos nos tempos previstos
por Paulo a Timóteo:
1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis,
2 pois os homens serão egoístas, avarentos,
jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos,
irreverentes,
3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem
domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge
também destes (2 Tm 3.1-5).
Neste estudo veremos alguns
aspectos da secularização que têm guiado este mundo e atingido a Igreja, e a
resposta bíblica contra essa maneira de viver e pensar.
1 – A
VISÃO DE MUNDO SECULARISTA
A religiosidade sem Deus
resulta em morte espiritual. E é isso que encontramos no mundo. E como
resultado desta morte espiritual vem a eterna corrupção, a escalada vertiginosa
da violência, o egoísmo desenfreado do ser humano, o qual só se preocupa
consigo mesmo, a imoralidade, isso sem falar nas guerras, na pobreza, nas
pestes e nos desastres naturais. Esses e outros são elementos que dia a dia se
acrescentam a já infindável lista de males a que este mundo está submetido e
todos eles são resultados de uma cosmovisão corrompida, de um afastamento de
Deus.
A –
A fundamentação da verdade pelo pragmatismo
Nos tempos em que se deu a
Reforma, a sociedade iniciava um período de muito progresso, com grande
desenvolvimento e notáveis descobertas. Pode-se dizer que foi então que começou
a ciência moderna. As invenções se sucediam em ritmo impressionante e a
sociedade foi se convencendo de que a razão humana era a única responsável por
tudo aquilo. Mais ainda, a razão humana era tudo de que a humanidade precisava
para conseguir respostas a todas as perguntas que se fizessem. O deus razão era
a verdade, ou a chave para ela.
Se a razão era o referencial
supremo, como saber o que era certo e o que era errado? Perguntando a Deus?
Consultando as Escrituras? Nem pensar! Isso é coisa de religiosos
supersticiosos e ultrapassados. Para saber o que era certo e o que era errado
bastava consultar a razão humana. Era tudo uma questão de lógica. Matar um ser
humano, por exemplo, seria errado, não porque fomos criados à imagem de Deus,
mas por desestabilizar a sociedade. A mesma coisa com o furto, sendo
inconveniente por qualquer motivo, menos porque foi ordenado: Não roubarás. Por
outro lado, se escravizar pessoas atrasadas resultava em progresso para os
países mais adiantados, por que não?
Essa ideia de fazer qualquer
coisa para se atingir determinados objetivos é conhecida como pragmatismo. Isso
é algo bem secular e muito evidente em nosso tempo. É um sistema que considera
o valor prático como critério da verdade. Apresenta uma proposta de solução sem
Deus para a vida humana. Ele surgiu do desejo de se resolver o dia-a-dia e a
vida toda sem a interferência de Deus, baseando-se na confiança de que a razão
humana é suficiente. Então, se algo funciona é porque ele é verdade.
Se não bastasse todo o mal
que esta visão tem feito à humanidade, ela tem ultrapassado as fronteiras do
mundo secular e penetrado na Igreja. Por que o cristianismo não consegue pôr em
prática sua própria cosmovisão? Não existe nenhum problema com a cosmovisão
bíblica, ela de fato apresenta a verdade sobre a estrutura real da Criação.
Ocorre que os cristãos, muitas vezes, não se dão conta de estarem seguindo um
padrão sem Deus para entender o mundo ao seu redor. Percebemos esse tipo de
procedimento quando vemos que muitos cristãos têm dificuldade de submeter todas
as áreas de sua vida ao relacionamento explícito e direto com Deus.
A Igreja tem sido
influenciada pelos conceitos pragmáticos do secularismo. Quem nunca ouviu a
expressão: “O fim justifica os meios”? Esse conceito tem sido muito usado em
diversas igrejas evangélicas. Se algo funciona, então é verdadeiro também para
a Igreja. Se a Igreja enche, não importa que meios estejam sendo usados para
isso, pois se está dando certo, então, deve fazer parte da vontade de Deus.
Também não importa se a mensagem pregada é a do Evangelho verdadeiro, o que
importa é que venham novos membros, de preferência com dinheiro no bolso.
Esta atitude da Igreja torna
a vontade divina perfeitamente adaptável às situações humanas. E significa
também que o que realmente importa não é o que está escrito na Bíblia, mas é
aquilo que, do ponto de vista humano, funciona. Como disse MacArthur:
O pragmatismo
está em voga; o compromisso com a verdade bíblica é desprezado como sendo uma
fraca estratégia de mercado.
E de fato é o mercado quem
tem ditado as regras. Cada vez mais a pregação da Palavra de Deus cede lugar
para novos métodos como teatro, dança e outras formas de entretenimento. Pelo
fato de que esses métodos realmente atraem multidões, eles são considerados
como corretos em si mesmos, independentemente de serem bíblicos ou não.
O rei Davi viu com assombro
os resultados de fazer algo de modo pragmático para Deus, em vez de seguir o
que Ele havia determinado. Deus havia dado as instruções de como a arca da
aliança deveria ser transportada:
2 Fundirás
para ela quatro argolas de ouro e as porás nos quatro cantos da arca: duas
argolas num lado dela e duas argolas noutro lado.
13 Farás
também varais de madeira de acácia e os cobrirás de ouro;
14 meterás
os varais nas argolas aos lados da arca, para se levar por meio deles a
arca.
15 Os varais ficarão nas argolas da arca e não se tirarão dela Êx
25.12-14).
Quando a arca esteve com os
filisteus, Deus mandou pragas até eles por causa da Sua arca. Desesperados,
eles inovaram e devolveram a arca:
7 Agora, pois, fazei um carro novo, tomai duas vacas com crias, sobre as quais não
se pôs ainda jugo, e atai-as ao carro; seus bezerros, levá-los-eis para casa.
8 Então, tomai
a arca do SENHOR, e ponde-a sobre o carro, e metei num cofre, ao seu lado,
as figuras de ouro que lhe haveis de entregar como oferta pela culpa; e
deixai-a ir.
9 Reparai: se subir pelo caminho
rumo do seu território a Bete-Semes, foi ele que nos fez este grande mal; e, se
não, saberemos que não foi a sua mão que nos feriu; foi casual o que nos
sucedeu (1 Sm 6.7-8).
E quando Davi retirou a arca
da casa de Abinadabe, em vez de seguir as determinações do Senhor, Davi quis
ser prático no transporte da arca de volta para Jerusalém. Ele imitou o modo
mundano dos filisteus para o transporte:
3 Puseram
a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que estava
no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.
4 Levaram-no com a arca de Deus, da casa de
Abinadabe, que estava no outeiro; e Aiô ia adiante da arca.
5 Davi e toda a casa de Israel alegravam-se
perante o SENHOR, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, com harpas,
com saltérios, com tamboris, com pandeiros e com címbalos.
6 Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá
a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram.
7 Então, a ira do SENHOR se
acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali
junto à arca de Deus (2 Sm 6.3-7).
O resultado dessa inovação
foi a morte de Uzá. E Davi aprendeu a lição:
9 Temeu Davi ao SENHOR, naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca
do SENHOR (2 Sm 6.9)?
Seguir ao mundo em vez da
Palavra de Deus nunca dá bom resultado. Atualmente, a sociedade já se desiludiu
com esse racionalismo, mas não se beneficiou nada com isso, porque o trocou
pelo individualismo relativista, isto é, o que eu achar que é certo, é certo
para mim, mesmo que não seja certo para você. Nessa nova filosofia, se a razão
humana não está mais por trás dela, o individualismo e a rejeição de uma
verdade absoluta está.
B – A
regra de fé e prática: instituição da verdade pela mídia
O desenvolvimento da mídia
impactou fortemente a vida diária dos indivíduos. Não é de hoje que vemos e
sabemos da força que a mídia possui, e isso fica mais evidente quando, por meio
de toda essa força, ela passa a inculcar nas pessoas uma ideia ou mesmo um
ponto de vista já formado sobre determinado assunto. O poder da mídia está na
sua força persuasiva, manipuladora, quase avassaladora, na formação da opinião
pública e na criação dos desejos.
O triste é que os valores
mais propagados pela mídia não agrega nenhum tipo de valor moral e ético, pelo
contrário faz uma apologia a ensinamentos que tenho certeza de que você não
passaria para o seu filho: vencer a qualquer preço, sedução e nudismo, depravação,
enganação, traição e por aí vai. Isso tudo é o que a mídia tem propagado por aí
com todo o seu poder e influenciando multidões com suas filosofias modernas.
É impressionante como as pessoas
falam, se vestem, se alimentam , votam, e agem influenciadas fortemente pela
mídia. E não podemos negar que a mídia é forte e poderosa, pois ela coloca e
tira pessoas do poder, ela dá e tira o sucesso de bandas, de cantores e de
pessoas, e o que é mais triste é observar pessoas que se modelam do formato
difundido pela mídia e se tornam verdadeiros robôs controlados pelo seu sistema
sem nenhum tipo de atitude e vontade própria.
Nos últimos anos,
impulsionado pela difusão dos meios de comunicação modernos, principalmente
dentre as classes sociais ditas de menor poder econômico, o poder da mídia
ficou ainda maior. É notória toda essa influência e persuasão que ela possui
principalmente na parte mais pobre da sociedade, vez que esta, formada na sua
maioria por pessoas com pouca instrução, acaba tomando como verdade absoluta
tudo que é veiculado, justamente por não possuírem meios e ou condições de
discordar daquilo que é dito.
Os meios de comunicação são
instrumentos de mediação, pois estão interpostos entre o homem/psiquismo e o
mundo. Segundo Vigotsky o uso que o homem faz dos instrumentos gera uma
reconstrução interna de operações externas. Isto é a internalização. Os meios
de comunicação também têm por fins mediar a internalização de fatos e conceitos
para o homem. Os conceitos transmitidos pela mídia ao sujeito são absorvidos se
os símbolos utilizados pelos meios de comunicação forem internalizados e/ou
aceitos pela sociedade. Existe então uma dialética, pois estes conceitos
continuamente internalizados geram atitudes que vão influenciar a mídia bem
como a sua atuação. Desta forma não somente a mídia influencia o homem e seu
comportamento como o homem a influencia reciprocamente. Ou seja, a mídia vai
mostrar aquilo que queremos ver.
Portanto, corta-se as
audiências das novelas e elas desaparecerão, ou, então, sofrerão profundos
reajustes. Com isso surge a pergunta: Será que os cristãos não têm
responsabilidades dos sucessos imorais na mídia? Não! Eles não assistem novelas
e nem a programas como o Big Brother...
É verdade que vivemos a era
da informação. Com isso, o Evangelho tem ultrapassado fronteiras. Mas,
infelizmente, as filosofias mundanas também e em proporção muito maior. Isso se
agrava muito pelo fato do ser humano ter um coração decaído, corrompido pelo
pecado, que o faz ter aversão à verdade e escutar diligentemente a mentira.
A televisão e a internet,
meios de comunicação mais difundidos, têm se revelado poderosos instrumentos de
massificação do mundo pós-moderno. Em um tempo em que as pessoas dizem não ter
tempo para ler ou conversar, o bombardeio de imagens tem promovido uma espécie
de anti-intelectualismo, pois elas anulam a capacidade de ler e substitui a
razão pela emoção.
Esse comportamento secular
massificado também tem atingido a Igreja, pois os cristãos também perderam a
capacidade de ler, passando apenas a assimilar o que vêem na internet ou na
televisão, quase sempre coisas muito superficiais. E por causa dessa enxurrada
filosófica espalhada pela mídia, as mentes ficam saturadas de lixo.
Influenciados por esse modo de viver mundano, muitos crentes deixaram de lado o
bom hábito da leitura da Palavra de Deus e a meditação diária que deveriam
fazer nela. Grande parte dos crentes da atualidade tem abandonado a riqueza da
leitura da Palavra de Deus, trocando-os por fontes vazias, cisternas rotas,
como fez o povo de Israel:
11 Houve alguma nação que trocasse os seus
deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por
aquilo que é de nenhum proveito.
12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos!
Ficai estupefatos, diz o SENHOR.
13 Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de
águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas
(Je 2.11-13).
A regra de fé e prática do
povo de Deus deve ser a Palavra de Deus e não as mensagens seculares e
mentirosas de nosso mundo pós-moderno. A Bíblia sempre deve ser para nós:
105 Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos (Sl 119.105).
Temos de nos alimentar dela
para que a nossa cosmovisão possa ser a de quem enxerga o mundo com a mente de
Cristo:
16 Pois quem conheceu a mente do
Senhor, que o possa instruir? Nós,
porém, temos a mente de Cristo (1 Co 2.16).
A mídia interfere sim nas
relações humanas e faz parte do processo de formação e desenvolvimento do
sujeito, pois o homem é sim influenciado pela mídia, mesmo que em sua maioria o
indivíduo não perceba ou não reconheça isso. A mídia influencia na política,
nos hábitos e no consumo do homem e pelo poder massificador que possui, ela tem
sido a regra de fé e prática deste mundo secular.
C –
A valorização, a qualquer custo, do financeiro
Outro aspecto da
secularização é quanto ao lidar com dinheiro, com as finanças. O profeta Isaías
descreveu uma triste situação em Israel e deu uma solene advertência:
8 Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja
mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra (Is 5.8)!
Israel já precisava de uma
reforma agrária. O que é esse desejo de ter mais e de estar acima dos outros? O
que é essa sensação que domina o ser humano e o faz ter tanta vontade de
possuir coisas? Esses homens, a respeito de quem o profeta pronunciou um ai,
iam comprando todas as casas e todos os campos até que se tornassem os únicos
donos de tudo. Então, eles podiam olhar para suas propriedades e dizer para si
mesmos: “Tudo isto é meu”. Parece que o desejo humano não se satisfaz enquanto
existir algo que “não seja dele”. Isso nos lembra uma ilustração dada por
Jesus:
16 E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo:
O campo de um homem rico produziu com abundância.
17 E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que
farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos?
18 E disse: Farei isto: destruirei os meus
celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos
os meus bens.
19 Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos;
descansa, come, bebe e regala-te.
20 Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para
quem será?
21 Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus
(Lc 12.16-21).
A modernidade tem produzido muitos
bilionários, mas em sua maioria são pobres espirituais. Para juntarem suas
fortunas abandonam a família, não encontram tempo para ela e muito menos para
Deus, e nem se preocupam com sua própria saúde. Também pela ganância se tem
deixado de lado conceitos éticos valorosos em relação ao seu próximo.
Infelizmente esse desejo
também tem feito parte da vida de muitos cristãos. Eles têm sido contaminados
pelo desejo de possuir, de ter e de comprar. O Senhor Deus fica em segundo
plano na vida de muitos, porque eles têm seus olhos voltados
constantemente para o trabalho em busca de riquezas. Jesus fez uma
severa advertência quanto a isso:
24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se
de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas
(Mt 6.24).
Atualmente é notório que as
pessoas estão à procura da autoajuda e suprir as necessidades físicas. O local
que apresenta as respostas para tais demandas humanas certamente fluirão
multidões sedentas e desesperadas para alcançar o êxito esperado. Esses
sintomas transformam a mensagem do Reino de Deus conforme o homem queira e não
o que o Criador propôs.
Verificamos que o ser humano
passou para o centro da realização do culto divino, substituindo ao nosso
Senhor Jesus. As músicas que são entoadas falam mais da condição do homem, dos
seus problemas, dos seus sentimentos e das suas vontades. As pregações são
direcionadas para o enriquecimento e motivação pessoal. Além disso, produz
dentro do coração do indivíduo o desejo de vencer e ser o melhor. Entretanto,
quando não consegue, se sente frustrado e derrotado. As escrituras não dão respaldo
a isso. O Senhor Jesus nos ensinou:
19 Não
acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem
corroem e onde ladrões escavam e roubam;
20 mas
ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e
onde ladrões não escavam, nem roubam;
21 porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração (Mt
6.19-21).
A Igreja de hoje tem
despendido muita energia na busca de adquirir dinheiro. Para muitos líderes
evangélicos de hoje, as pessoas a serem evangelizadas deixaram de serem
consideradas possíveis ovelhas do rebanho do Senhor para representar mais
entradas no caixa da Igreja. Ao mesmo tempo, muitos crentes se tornam membros
de Igreja, mas não se envolvem financeiramente com ela por meio dos dízimos ou
de ofertas. O dinheiro fica em primeiro lugar.
É necessário haver uma
preocupação com os rumos que a Igreja pode tomar. Pois, o secularismo não deve
exercer domínio sobre a vida do cristão. Então, o que devemos fazer? Devemos
acatar firmemente a exortação do apóstolo Paulo que disse:
2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).
Fica evidente que não
podemos pautar a nossa existência nas riquezas e tampouco em nossos desejos
carnais. Se alguém vai para a Igreja do Senhor Jesus somente para receber
bênçãos, não querendo compromisso real com Jesus Cristo e nem transformação de
vida, não compreendendo a grandiosidade do amor que foi doado e o
relacionamento de aproximação pelo sacrifício de Cristo, estará sendo enganado
e o seu fundamento não será a pessoa bendita de Jesus Cristo.
2
– IMORALIDADE: CONSEQUÊNCIA DE UMA VISÃO DE MUNDO SECULARISTA
Com sua visão de mundo
secular a humanidade continua distante de Deus e, por consequência, ela
mergulha em um estado reprovável de imoralidade sem limites. É a degradação
moral pela escolha de viver descentralizado de Deus.Mesmo quando milhares de
pessoas estão perdendo suas vidas para a AIDS e outras doenças sexualmente
transmitidas, muitos continuam o jogo mortal de desobedecer a Deus.
A imoralidade domina a
programação da televisão, ela enche revistas, e frequentemente dita as escolhas
da moda. O povo brasileiro tem sido ofendido com as barbaridades apresentadas
nas novelas da televisão. Com isso eles querem dar a entender que os
procedimentos imorais são normais e válidos no dia-a-dia das pessoas. O mentor
da novela vai ensinando ao povo que nossa sexualidade se reduz a atos
impulsivos, como se fôssemos animais irracionais que só buscam o prazer do
sexo, independentemente de qualquer visão humana e moral do sexo, e sem
qualquer compromisso de vida com outra pessoa.
Estamos diante da apologia
do sexismo, da pornografia travestida de arte, e de outras imoralidades que vão
minando o casamento e a família. E sabem por que de tudo isso? A insistência em
se viver sem Deus e seus princípios.
A – O
distanciamento de Deus por causa do pecado
O pecado é como um anzol que
fisga o homem e o arrasta para a inevitável morte, enquanto ele se debate para
permanecer vivo. Você já ouviu
alguém dizer que quando estamos mais próximos de Deus, vivendo
em mais comunhão com Ele, pecamos
menos? Isto é verdade! O contrário também é verdadeiro: Aqueles que
estão distantes de Deus pecam mais! O mundo vive hoje como no caso de Israel no tempo
do profeta Isaias:
4 Ai desta nação pecaminosa,
povo carregado de iniqüidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o SENHOR, blasfemaram do
Santo de Israel, voltaram para trás
(Is 1.4).
Eles
abandonaram ao Senhor. A partir daí a sua situação moral desmoronou. Isso
porque o pecado nos afasta de Deus:
2 Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus;
e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça (Is
59.2).
Nessa passagem o profeta
Isaías, que viveu em uma época conturbada, quando as pessoas estavam vivendo
uma religião de fachada, quando não estava havendo harmonia entre a vida no
templo e a vida comum do dia-a-dia, Deus levanta o profeta para acordar o povo
do sono e da cegueira espiritual que havia se estabelecido.
Então o que causa essa
separação entre o homem e Deus? É exatamente a iniquidade, ou seja, o pecado
que certamente afasta o homem de Deus. Certamente o pecado faz com que fiquemos
cegos para a realidade espiritual. E o que agrava isso é que pouco se fala do
pecado nos dias atuais em que o próprio ser humano tem seus critérios para
qualificar o que é pecado e o que não é. Uma vida pecaminosa nos afasta de
Deus. E o pior de tudo isso é a ilusão de que estamos em comunhão com Deus
somente pelo fato de estarmos tendo uma prática religiosa.
B – A
insensibilidade ao pecado causada pelo afastamento de Deus
O pecado endurece o coração
do homem. Significa dizer que a pessoa que comete um deslize pela primeira vez
ele demonstra um estremecimento e uma repugnância. Se o ato se repete cometerá
com mais facilidade. Se insistir em cometer a ação maléfica tornará para ele
uma coisa comum e normal. Significa dizer que o pecado, pelo seu engano, tornou
esse coração insensível para detectar o mal. Será como se uma pessoa tivesse um
membro do seu corpo com problemas de sensibilidade, e chegasse um ferro em
brasas nele e, mesmo o ferro em brasas estando queimando e destruindo o membro,
ele estaria insensível a tal ação. A Bíblia diz que:
5 Por que haveis de ainda ser feridos, visto
que continuais em rebeldia? Toda a
cabeça está doente, e todo o coração, enfermo.
6 Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão
feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem
atadas, nem amolecidas com óleo (Is 1.5,6).
A pecaminosidade em Israel havia
chegado a tal ponto, que havia contaminado a tudo e a todos. Mas o que é triste
é que aos seus próprios olhos eles não haviam pecado.
Hoje a situação é muito
parecida. As pessoas pecam e ainda saem contando, com orgulho, o que fizeram.
Mulheres e homens pousam nus para fotos e, depois, em entrevistas na televisão,
se orgulham de terem feito tal serviço porque isso é arte. Pessoas se exibem
imoralmente diante de milhões de telespectadores sem o mínimo de vergonha.
Muito cuidado. Não pense que
você pode assistir a toda esta imoralidade que aparece na televisão sem se
contaminar. O nosso cérebro armazena todas as imagens que vemos. Logo, alguém
que assiste a muitos filmes de violência física, não pode esperar ser um
pacificador. O mesmo acontece com programas imorais. Paulo nos adverte:
8 Finalmente, irmãos, tudo o que
é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o
vosso pensamento (Fp 4.8).
Este
texto serve de teste para o que pretendemos colocar dentro de nossa mente.
Submeta tudo ao teste: É verdadeiro? É respeitável? É justo? É puro?
Então pense! Mas como que todas
estas virtudes vão ocupar o pensamento das pessoas se elas só ficam vendo o que
não presta na televisão? Logicamente que isso não será possível com tal hábito.
O melhor a fazer é filtrar a mente, colocando dentro dela apenas àquilo que agrada
a Deus. Não podemos assistir a tudo o que se passa na televisão. Não podemos
ouvir a tudo o que se toca no rádio. Não podemos participar de todas as conversas
e piadas de nossos amigos, pois Paulo disse:
23 Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são
lícitas, mas nem todas edificam (1
Co 10.23).
A
humanidade precisa se aproximar mais de Deus. Uma forte comunhão com Deus é a
arma para se ficar firmes contra as tentações que o mundo oferece. Quanto mais
nos aproximarmos de Deus através da oração, leitura de sua Palavra e
participação nos trabalhos da Igreja, mais condições teremos de o obedecermos e
nos defendermos contra as armadilhas do inimigo.
C – A inversão de valores causada pelo
afastamento de Deus
Em Israel a situação chegou
ao ponto da inversão de valores dizer que o mal é bom e o bem é mau:
20 Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que
fazem da escuridade luz e da luz,
escuridade; põem o amargo por doce e
o doce, por amargo! (Is 5.20)
Você está andando na rua e
encontra uma carteira com documentos e cheia de dinheiro. O que você faria?
Procuraria o dono e a devolveria? Em uma pesquisa na televisão, mais da metade
dos entrevistados disseram que não. Você faz uma compra, paga, e quando vê
recebe troco a mais. O que você faria? Devolveria o dinheiro? Tomando a atitude
de devolver, provavelmente algumas pessoas vão rir de você. Dirão que você foi
bobo em não pegar o dinheiro. Isto é inversão de valores. É chamar o certo de
errado e o errado de certo.
Lembram-se do caso daquele
ator famoso de cinema flagrado com uma prostituta nos EUA. Em pouco tempo a
prostituta ficou famosa por causa do incidente. Ela foi tratada como uma heroína
em um programa de entrevista no Brasil. A vida desta mulher é de imoralidade,
porém, seu comportamento foi aplaudido por muita gente em todo o mundo.
E por aqui temos a peladona
de Congonhas, uma prostituta que resolve escrever um livro de suas aventuras
sexuais, uma aluna que resolve ir à faculdade com roupa curtíssima e muitos
outros exemplos de sucesso derivado de alguma imoralidade. O que fazermos
então, neste mundo de valores invertidos? Influência é a melhor resposta.
Devemos influenciar este mundo.
13 Vós
sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar
o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos
homens.
14 Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um
monte;
15 nem se acende uma candeia para colocá-la
debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na
casa.
16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mt 5.13-16).
Quando
o sal perde o sabor não tem mais utilidade. Quando o cristão não influencia o
mundo em que vive perde o seu sentido de ser. Se os filhos de Deus, espalhados
pelo Brasil e pelo mundo, viverem de acordo com o que Cristo ensinou,
influenciarão esta nação e o mundo e poderão firmar os valores corretos de
Deus.
Como
discípulos do Senhor Jesus temos que buscar a santificação a cada dia, porém,
no mundo em que vivemos, cheio de malícia e imoralidade, isto torna-se cada vez
mais difícil, mas não impossível. Mesmo assim Deus não nos isentou da
santificação, não afrouxou as suas exigências e nem tolera algum tipo de pecado
na vida de seus santos.
Precisamos agir como
verdadeiros cristãos, defender nossos valores, defender a moral, defender a
família, defender a honra de Deus. Se não fizermos isso, estaremos sendo
coniventes com a destruição da família e da sociedade. Se continuar assim o que
devemos esperar para os nossos filhos, netos e descendentes?
3
– COSMOVISÃO BÍBLICA: A MELHOR PROPOSTA PARA A CULTURA SECULARISTA
Essa visão de mundo propõe
uma redenção do homem a partir do realinhamento vital do seu coração com o foco
central no amor e no reconhecimento de Deus como Senhor.
A –
Um retorno aos princípios divinos
O objetivo da Igreja de hoje
parece ser simplesmente o de abarrotar seus templos de pessoas. Parece que o
que importa é marketing, divulgação, exposição, mas sem conteúdo ou mensagem
relevante. Evidentemente, esse caminho secular da religião das multidões é
muito diferente do que ensina a Palavra de Deus:
13 Entrai
pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para
a perdição, e são muitos os que entram por ela),
14 porque estreita é a porta, e
apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela
(Mt 7.13-14).
O caminho estreito é o
caminho da submissão a Deus. É estreito porque simboliza a dificuldade de andar
por ele para quem está acostumado aos atalhos da vida. É por isso que há tão
poucas pessoas nele. O caminho largo é o caminho das vantagens pessoais, é o
caminho da ausência de compromisso e dedicação, é o caminho da despreocupação.
É por isso que ele está abarrotado de seguidores. Não devemos desanimar se a
religião que professamos não é popular, ou se as multidões não estão
interessadas nela, pois como disse o Rev. Ryle:
O
arrependimento, a fé em Cristo e a santidade na vida nunca estiveram na moda.
Muitos têm se iludido com um
marketing bem elaborado e com supostas curas e milagres, mas é preciso muito
cuidado, pois a Bíblia diz que:
25 Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte (Pv 16.25).
B –
Entrega da totalidade da vida a Deus
As Escrituras Sagradas ensinam
que todas as coisas pertencem a Deus e tudo trabalha para lhe dar glória:
36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A
ele, pois, a glória eternamente. Amém (Rm 11.36)!
Calvino aplicava seriamente
esse princípio e ensinava que os cristãos de Genebra deveriam trabalhar a
cultura de sua cidade para refletir o domínio soberano de Cristo sobre todas as
coisas.
C –
Somente as Escrituras Sagradas como regra de fé e prática
O que devemos fazer diante
da realidade que estamos vivendo? A resposta é voltarmos para as Escrituras e
retirarmos todas as coisas que vieram tirar a originalidade da nossa fé. Então,
precisamos restaurar o propósito divino, olharmos para aquilo que foi deixado
nas Escrituras pelo Senhor Jesus e os apóstolos do primeiro século.
A Igreja apostólica é aquela
que o Senhor Jesus deixou como exemplo, a qual evidenciava amor, unidade,
poder, abdicação, ensino e fé, uma Igreja apta para ser a extensão do Reino dos
Céus na terra, e não Igreja que segue um padrão que não agrada a Deus. Os
preceitos das Escrituras Sagradas são atemporais e aculturais. O padrão é para
agora, a cultura bíblica é para os tempos atuais. Não devemos viver de
deslumbres da manifestação de Deus, mas sim da totalidade do seu poder na
Igreja.
É muito triste constatar a
realidade de que um grande número de cristãos têm se secularizado, têm dado
enorme valor às coisas do mundo em detrimento das coisas de Deus. Jesus, em sua
oração sacerdotal, pediu ao Pai para que não fôssemos retirados do mundo, mas
que fôssemos libertos do mal. Isso porque temos a missão de ser sal e luz para
este mundo. E se temos a mente de Cristo, devemos seguir o que o apóstolo Paulo
disse:
1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente
com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
2 Pensai
nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta
juntamente com Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa
vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória
(Cl 3.1-4).
Nós morremos em Cristo para
viver para Ele. O Senhor nos concede vida, e vida em abundância. Precisamos
abandonar os atrativos seculares para desfrutar das maravilhosas riquezas que
temos em Cristo Jesus.
Conclusão
O padrão de Deus é diferente
do qual a humanidade deseja. Não adianta pensar que o ser humano poderá
questionar a Soberania de Deus e mudar a forma para se aproximar de Deus e
entrar no céu.
A cosmovisão cristã bíblica
assume um compromisso com as Escrituras Sagradas como sendo ela a revelação de
Deus à humanidade. Elas são a principal e a única fonte segura de conhecimento
verdadeiro sobre Deus. Por isso que em lugar de ter a razão humana como única
ferramenta para entendimento da realidade, ela propõe as Escrituras Sagradas
como a lente perfeita para se enxergar e entender o mundo, apesar de sofrer com
diversas influências que permeia seu modo de entender as coisas. Que Deus nos
abençoe!Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirGlória a Deus.
Amém! Glória a Deus! À Ele toda glória! Valeu! Obrigado!
ResponderExcluir