1 No
terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia
desse mês, vieram ao deserto do Sinai.
2
Tendo partido de Refidim, vieram ao deserto do Sinai, no qual se
acamparam; ali, pois, se acampou Israel em frente do monte.
3
Subiu Moisés a Deus, e do monte o SENHOR o chamou e lhe disse: Assim
falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel:
4
Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia
e vos cheguei a mim.
5
Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha
aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos;
porque toda a terra é minha;
6 vós
me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás
aos filhos de Israel.
7 Veio
Moisés, chamou os anciãos do povo e expôs diante deles todas estas palavras que
o SENHOR lhe havia ordenado.
8
Então, o povo respondeu à uma: Tudo o que o SENHOR falou faremos. E
Moisés relatou ao SENHOR as palavras do povo (Êx 19.1-8).
Introdução
Vinte
e cinco anos depois de Deus prometer a Abraão fazer dele uma grande nação nasce
Isaque, filho de Abraão e Sara, os quais vêem o início do cumprimento da
promessa. Deus continua a sua obra de redenção e, conforme prometeu, através
das gerações, tem reconfirmado Suas promessas sendo o Deus de Isaque (filho de
Abraão) e Jacó (neto de Abraão) como fora o Deus de Abraão. E conforme Deus
preanunciou, os filhos de Jacó desceram ao Egito em busca de alimento, por causa
de um período de muita fome, vindo seu pai, Jacó, morar definitivamente no
Egito com toda a sua família. Com o passar dos anos, multiplicando-se os
hebreus no Egito, tornaram-se escravos dos egípcios, pois os mesmos ficaram com
medo de serem dominados no futuro pelo povo hebreu.
Os
egípcios logo se esqueceram de José e se enriqueceram através da mão de obra
escrava dos hebreus. Debaixo da mão opressora de Faraó, os filhos de Israel não
significavam mais nada para o Egito, a não ser mão de obra barata para a
opulência dos egípcios. Porém, não era assim para Deus, porque para Ele aqueles
escravos eram, na verdade, herdeiros de uma terra em que manava leite e mel, ou
seja, cheia de riquezas, cheia de cidades prontas para serem habitadas. Mas o
que tinham os hebreus de especial para receber tamanho benefício? Com certeza
nada! Eles apenas eram herdeiros de uma promessa feita por Deus ao pai Abraão
quatro séculos antes.
Deus
jamais se esquece de Suas promessas. Liberta o Seu povo da escravidão do Egito,
mas não sem antes mostrar a Faraó e aos egípcios o Seu grande poder e
autoridade. Deus envia dez pragas ao Egito e cobra dos egípcios por cada
chibatada dada em seus herdeiros, por cada gota de suor do duro trabalho de
seus herdeiros, por cada herdeiro Seu jogado no Nilo ao nascer, por cada dia de
escravidão dos seus herdeiros, e por cada centavo ganho da exploração de seus
herdeiros. Para completar a saída vitoriosa do Egito, o Mar Vermelho se abre e
o povo hebreu atravessa aquele mar por terra. Vindo os egípcios atrás do povo,
tentam também atravessar o mar aberto, mas Deus consume a Sua ira contra o
Egito fazendo o mar se fechar sobre eles.
E
o povo chega ao deserto para atravessá-lo e se dirigem para a posse da terra
prometida. A grande questão é: Como transformar um bando de escravos em uma
nação? Como nacionalizar um povo que durante gerações viveu em outra cultura,
falando uma língua diferente, com costumes diferentes, com códigos de leis
diferentes e religião diferente? Deus disse a Abraão: Anda na minha presença e
se perfeito e ele o fez. A ordem de Deus a Abraão foi suficiente para fazê-lo
andar com Deus, mas será que isso seria suficiente para tornar Israel uma nação
que anda com Deus? Naturalmente que não! Para isso Deus amplia a revelação do
Seu plano redentivo, dando ao povo de Israel uma “constituição de vida e fé”: A
Lei do Senhor, por meio da qual Israel se tornaria uma nação e andaria na
presença de Deus. Esse é o tema da nossa lição de hoje que muitas lições têm a
nos ensinar. Vamos a elas.
01 – A INSTITUIÇÃO DA TEOCRACIA: A
REVELAÇÃO DA LEI DE DEUS
O
que é Teocracia? Teocracia (do grego Teo: Deus + cracia: governo) é um
termo de origem grega que significa “governo divino”. Nesse sentido, definimos
a teocracia como todo governo em que a religião orienta a formação do poder
instituído. Na maioria dos casos, o chefe político é visto como um
representante direto de alguma divindade ou chega a assumir a condição de
divindade encarnada. O exemplo mais famoso desse tipo de governo aconteceu no
Egito Antigo, quando o faraó era adorado como filho do deus Amon-Rá e
reconhecido como a encarnação de Hórus, o deus-falcão.
Ao
libertar o povo de Israel do Egito com Sua poderosa mão, Deus institui a
teocracia em Israel. Mas no caso dos hebreus, a concepção de teocracia era
tomada por outras características. Sendo uma civilização monoteísta, não
admitiam que seus líderes políticos galgassem alguma condição de natureza
divina, não permitia a adoração a qualquer rei ou a qualquer líder, seja
político ou religioso. Nesse sentido, tais líderes tinham a importante função
de intermediar a relação do povo com O SENHOR, único Deus adorado. A Lei
passaria a ser o instrumento utilizado para este fim.
A – A entrega da Lei: Regras
para o Relacionamento entre Deus e o Seu Povo
Moisés
foi o grande libertador, preparado por Deus, para tirar o povo de Israel do
Egito. Quando finalmente o povo foi libertado, dirigiram-se até o deserto e
acamparam-se ao pé do monte Sinai por algum tempo. Deus fez ali um Pacto com
Seu povo, tendo Moisés como mediador, o qual subiu ao monte e recebeu,
diretamente de Deus, os Dez Mandamentos, que
é uma súmula de toda a vontade de Deus para o homem. Todo o relacionamento
entre Deus e Seu povo é descrito nestes mandamentos: Não terás outros deuses
diante de mim; não farás para ti imagem de escultura; não tomarás o nome do
Senhor, teu Deus, em vão; lembra-te do dia de sábado; Honra teu pai e tua mãe;
Não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho contra o seu próximo; e
não cobiçarás.
Dentre
muitos objetivos da Lei, consolidar o relacionamento do povo de Israel com o
Seu Deus era um dos fundamentais. Deus governava o povo através de
intermediadores, que após a posse da terra prometida foram chamados de juízes,
e para um Deus Santo como O Senhor é extremamente necessário que quem se
relaciona com Ele também se santifique. Tudo isso foi suprido com a Lei. Ela
trouxe os parâmetros necessários para conduzir o relacionamento do povo com
Deus e rege todos os princípios imprescindíveis para uma vida de santidade
perante Deus.
B – A Lei como Fator de Unidade do Povo
A
Lei, além de oferecer diretrizes para o relacionamento do povo com Deus, tinha
a finalidade de manter o povo unido. A nação de Israel, embora dividida em doze
tribos que conquistaram e ocuparam diferentes regiões na Palestina,
mantinham-se unidos em torno do amor a Deus e da vida no Pacto através da
obediência à Lei. Eles amavam a Lei e esta consideração pela Lei os mantinha
unidos. O salmista expressa isso muito bem quando diz:
7 A lei do SENHOR é perfeita e restaura a
alma; o testemunho do SENHOR é fiel
e dá sabedoria aos símplices.
8 Os preceitos do SENHOR são retos e
alegram o coração; o mandamento do
SENHOR é puro e ilumina os olhos.
9 O
temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos.
10 São mais desejáveis do que ouro, mais
do que muito ouro depurado; e são mais
doces do que o mel e o destilar dos favos.
11
Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa (Sl 19.7-11).
O
verdadeiro israelita amava a Deus de todo o seu coração e expressava este amor quando
obedecia aos mandamentos divinos. Havia união no povo quando este andava nos
caminhos de Deus e obedecia a Lei de Deus.
C – A Obediência à Lei como Condição de Posse
de Deus
Deus
sempre lembra o povo de Israel que foi a Sua mão poderosa que os libertou da
escravidão do Egito, que os tirou da terra do Egito e os conduziu pelo deserto
até a terra prometida. Esta grande façanha, de um Deus único, dava a Deus toda
autoridade de posse do povo de Israel. Mas na verdade, para a efetivação desta
posse, havia uma condição imprescindível: Obedecer a Lei. Somente na obediência
eles poderiam se considerar posse de Deus:
5
Agora, pois, se diligentemente
ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha
propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
6 vós
me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás
aos filhos de Israel.
A
posse não estava ligada ao sangue, ao fato de se ser filho legítimo da
descendência de Abraão, mas à obediência à Lei. Além dos Dez Mandamentos vários
outros preceitos foram concedidos a Israel, tudo para que a vida em Israel
fosse divinamente orientada pela Lei. Estes preceitos orientavam o povo sobre:
O casamento, a família, o governo, o culto, os sacrifícios e ofertas, o
tabernáculo, o templo, as relações sociais e comerciais, a saúde e higiene do
acampamento, e etc. Você encontra tudo isso em Êxodo nos capítulos 21 a 23.
Leia! Em síntese, todo o sistema de vida da nação era regido pela Lei do
Senhor. O resultado disso foi uma teocracia, ou seja, o povo era governado por
Deus. Permaneceu assim até o dia em que o povo pediu um rei. Por causa disso
que Deus falou para Samuel as seguintes palavras quando o povo pediu um rei:
4
Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a
Ramá,
5 e
lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre
nós, para que nos governe, como o têm todas as nações.
6
Porém esta palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei,
para que nos governe. Então, Samuel orou ao SENHOR.
7
Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para
eu não reinar sobre ele (1 Sm 8.4-7).
Parece
que eles se cansaram de serem governados por Deus. Eles jamais encontraram um
rei tão justo como o Senhor para governá-los. Recusaram o governo de quem
sempre lhes demonstrou misericórdia para caírem nas mãos implacáveis dos
homens.
02 – PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES DO
HOMEM PERANTE A LEI
No
Pacto com Adão havia direitos e deveres. No Pacto com Noé e com Abraão também
havia direitos e deveres. O mesmo acontece com o Pacto no Sinai. Paulo cita os
privilégios dos israelitas em Romanos:
4 São
israelitas. Pertence-lhes a adoção e
também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas;
5 deles
são os patriarcas, e também deles
descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para
todo o sempre. Amém (Rm9.4-5)!
Israel
tinha o privilégio de ser o povo escolhido de Deus, mas todo privilégio tem
também responsabilidades. Israel, por ser o povo de Deus, deveria ser exemplo
para as demais nações, eles foram constituídos como “luz para as nações”. Deus
falaria aos outros povos por intermédio deles. E em que eles deveriam ser
modelos?
A – A Responsabilidade de Adorar ao Único
Deus Vivo e Verdadeiro
2 Eu
sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
3 Não terás outros deuses diante de mim.
4 Não farás para ti imagem de escultura,
nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra.
5 Não as adorarás, nem lhes darás culto;
porque eu sou o SENHOR, teu Deus (Êx 20.2-5).
Deus
sempre foi enfático, desde o começo, quanto a questão da idolatria. Deus
abomina a idolatria, portanto, jamais a toleraria entre Seu povo. E a razão é
simples: Foi Deus quem sempre fez tudo por aquele povo. Deus humilhou os deuses
do Egito quando enviou a dez pragas e nenhum deus deles puderam fazer qualquer
coisa para livrá-los. Deus mostrou ao povo hebreu Seu tremendo poder ao sustentar,
por 40 anos, toda aquela multidão no deserto. Jamais na História da humanidade
se viu tal coisa. Deus humilhou os deuses cananeus quando, cidade por cidade
foi sendo conquistada por Israel, não mediante o poderio militar de Israel, mas
mediante a mão poderosa do Senhor dos exércitos. Nenhum deus cananeu pode fazer
qualquer coisa para deter Israel. Estes méritos são de Deus! Acha que Ele
permitiria que alguém tomasse o seu lugar? Por isso que Ele diz:
8 Eu
sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha
glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura
(Is 42.8).
Jamais
Deus tolerará que alguém glorifique a outrem pelas obras que Ele realizou.
Jamais o Senhor Jesus salvará àquele que intercede à outra pessoa que não seja
Ele, pois somente Jesus conquistou o direito de ser o mediador entre Deus e os
homens. Deus exigia do povo um zelo completo pelo Seu Nome. E o zelo por Deus
deveria ser tal que não se deveria tomar o nome dele em vão:
7 Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em
vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
Deus
é único! Nenhum outro Deus provou para a humanidade a sua existência e o seu
poder. Realmente eles são aqueles que têm boca, mas não falam, têm ouvidos, mas
não ouvem, têm mãos, mas nada podem fazer. Deus é espírito, Ele não tem boca,
não tem ouvidos e não tem mãos, mas quando Ele fala ninguém pode resistir,
quando Ele ouve ninguém pode deter as suas mãos para responder. Só Ele é digno
de todo louvor.
B – A Responsabilidade de Ter
uma Vida Santa e Obediente aos Preceitos da Lei
Deus
detesta o pecado e a desobediência, portanto, o povo de Deus deveria ser um
povo santo e obediente. A santidade permeava todas as dimensões da vida em
Israel. Santidade era a essência da felicidade de Israel. Israel não era feliz
somente por ser o povo escolhido de Deus, pois mesmo sendo o povo escolhido
viveram grandes períodos de amarguras, mas Israel era feliz quando se
santificava ao Seu Deus. Este era o zelo de Deus: Preservar a santidade de Seu
povo:
5 ...
porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus
zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta
geração daqueles que me aborrecem
6 e
faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus
mandamentos (Êx 20.5,6).
Esta
era a vontade de Deus para o seu povo: Santidade! E a Lei veio para trazer ao povo
detalhada orientação em como viver em santidade. Depois dela, o povo não
poderia se justificar por ignorância. A Lei era clara e objetiva quanto ao que
se devia fazer para agradar a Deus e se santificar a Ele:
3 Não
terás outros deuses diante de mim.
4 Não
farás para ti imagem de escultura...
7 Não
tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão..
8
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar...
12
Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra
que o SENHOR, teu Deus, te dá.
13 Não
matarás.
14 Não
adulterarás.
15 Não
furtarás.
16 Não
dirás falso testemunho contra o teu próximo.
17 Não
cobiçarás a casa do teu próximo...(Êx 20.3,4,7,8,12-17).
A
obediência a estes preceitos tornaria o povo santo e privilegiado e eles se
tornariam em um reino de mediadores do Pacto:
5
Agora, pois, se diligentemente
ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha
propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
6 vós me sereis reino de sacerdotes e nação
santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.
Israel
tinha o direito de ser um reino de mediadores do Pacto, era um privilégio
imensurável, mas para isso eles tinham que cumprir com os deveres de obediência
à Lei do Seu Deus, Lei que eles receberam do próprio Deus no monte Sinai com
demonstrações da glória e majestade de Deus que deixou o povo aterrorizado
mediante tamanha grandeza.
C – O Direito de Ter a Lei mais Justa da
Terra
Deus
odeia a injustiça, portanto, a justiça deveria permear aquela nação. E a
justiça era o alicerce do sistema social daquela nação. Observem alguns desses
preceitos que regulamentavam a vida em comunidade:
Todo
cidadão tinha direito à vida (Não matarás);
Todo
cidadão tinha sua propriedade respeitada e protegida (Não furtarás);
O
matrimônio era para ser mantido inviolável (Não adulterarás);
A
nação descansava um dia da semana (Lembra-te do dia de sábado);
Todo
trabalhador receberia do fruto do seu trabalho:
15 No seu dia, lhe darás o seu salário, antes
do pôr-do-sol, porquanto é pobre, e disso depende a sua vida; para que não
clame contra ti ao SENHOR, e haja em ti pecado (Dt 24.15).
Não
haveria em Israel qualquer tipo de exploração sobre os pobres, as viúvas, os
órfãos e os estrangeiros:
21 Não afligirás o forasteiro, nem o
oprimirás; pois forasteiros fostes na terra do Egito.
22 A nenhuma viúva nem órfão afligireis
(Êx 22.21,22).
Qual
povo tinha uma lei tão justa assim? Não somente os ricos, mas todo o cidadão
tinha o direito à justiça. E quanto à aplicação da Lei, a pena deveria ser
equivalente à falta, nem maior e nem menor e deveria ser aplicada a todos, sem
distinção:
17
Quem matar alguém será morto.
18 Mas
quem matar um animal o restituirá: igual por igual.
19 Se
alguém causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito:
20
fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver
desfigurado a algum homem, assim se lhe fará.
21
Quem matar um animal restituirá outro; quem matar um homem será morto.
22 Uma
e a mesma lei havereis, tanto para o estrangeiro como para o natural; pois eu
sou o SENHOR, vosso Deus (Lv 24.17-22).
Outra
questão que refletia a justiça àquela nação era a justa distribuição da
riqueza, como base do sistema econômico da nação. A fundamentação deste sistema
econômico se baseava na questão do povo sair da escravidão do Egito e receber,
de graça, uma terra com cidades fortificadas e suas plantações. Em face disso,
a pobreza era inaceitável. E mesmo as grandes crises econômicas deveriam ser
amenizadas no ano do jubileu, quando as propriedades compradas eram devolvidas
aos seus donos e as pessoas libertas da servidão.
10
Santificareis o ano qüinquagésimo e proclamareis liberdade na terra a
todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua
possessão, e cada um à sua família (Lv 25.10).
A
nação de Israel nasceu do relacionamento estabelecido entre o Senhor e os
filhos de Jacó. Toda a sua existência estaria para sempre alicerçada nesse
relacionamento. Amar a Deus era equivalente a uma vida abundante e próspera,
tornando isso um resumo de toda a Lei:
5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o
teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força (Dt 6.5).
E
este amor deveria ser estendido ao próximo:
18 Não
te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Eu sou o SENHOR (Lv 19.18).
A
espiritualidade e a santidade da nação estavam inseparavelmente associadas ao
amor a Deus a ao próximo. Qual outra nação ensinava tal coisa? Qual nação
enfatizava tanto o amor? Qual nação havia lei tão justa quanto a Lei de Deus?
Hoje, a nação que destituir suas leis e constituição, e instituir a Lei de Deus
em seu lugar, seria a nação mais feliz e mais justa da terra. Duvida disso?
Leia a Lei e entenderás! Limite-se a Êxodo capítulos 21 a 23 e já terás uma
noção.
Entre
os privilégios concedidos a Israel estava o de ser povo guardião das Sagradas
Escrituras. Além disso, os israelitas eram o único povo da terra a ter acesso
direto à presença de Deus, simbolizada pela Arca do Testemunho. Israel, como
uma monarquia teocrática, era a nação agente usada por Deus para comunicar a todos
os povos da terra o plano redentivo de Deus. Atrair as nações para a Aliança
era o propósito divino para Israel. O salmista vai nos dizer isso:
1 Seja
Deus gracioso para conosco, e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o
rosto;
2 para que se conheça na terra o teu caminho
e, em todas as nações, a tua salvação (Sl 67.1,2).
Deus
os havia engrandecido o suficiente para não serem ignorados pelas nações
vizinhas. Se havia uma nação no mundo que tinha motivos para ser feliz, essa
nação era Israel. Não somente pela presença da justiça em todos os seus
relacionamentos, mas principalmente pela parceria com Deus, por meio do Pacto
renovado no monte Sinai.
03 – A LEI E O PLANO DA REDENÇÃO
Nesta
lição vemos Deus realizando mais uma fase de Seu plano redentivo, agora, com o
Pacto da Lei. Portanto, Israel deixa agora de viver debaixo do Pacto da
Promessa para viver debaixo do Pacto da Lei. Será que esta troca trouxe
prejuízos para a nação? Parece que o primeiro era mais vantajoso que o segundo.
O Pacto com Abraão era constituído de promessas, mas havia também os deveres,
que era a pronta obediência a Deus.
Acontece
que o Pacto com Abraão exigia obediência, mas não definia os meios para se
chegar até ela. O Pacto da Lei veio para reger esta obediência a Deus; ele
trouxe parâmetros à obediência. Agora, com a Lei, o povo sabia o que tinha que
fazer e o que não podia fazer para agradar a Deus e santificar a sua vida. E
considerando que a promessa a Abraão não foi anulada, o Pacto da Lei veio
complementar o Pacto com Abraão, pois sem a promessa a Lei jamais teria sido
dada.
A
Lei se tornou para os filhos de Abraão a maneira de viver como nação santa e
sacerdócio real diante dos povos gentios. A Lei, por si só, não era o Pacto e
nem era o elo entre Deus e o Seu povo. Mas, agora, seria ela que regeria a vida
dos que viveriam no Pacto, dos que haviam sido declarados santos. E quem é
declarado santo deverá viver como santo de acordo com o padrão estabelecido
pela Lei. A promessa de que Deus seria o Deus de Abraão e de seus filhos
precisava ser confirmada com os israelitas. Para isso eles guardariam a Aliança
com Abraão obedecendo a Lei do Senhor. Paulo confirma isso tudo quando diz:
17 E
digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio
quatrocentos e trinta anos depois, não a
pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa.
18
Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi
pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão (Gl 3.17-18).
A
Lei desempenhou vários papéis até chegar o Pacto da Graça. É quando veio a
graça que começamos a deslumbrar o papel da Lei no plano de Redenção de Deus. Vamos
a eles:
A – A Revelação do Pecado Através
da Lei
7 Que
diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois
não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás (Rm
7.7).
Ensinar
a respeito do pecado era uma das funções da Lei. Ela era o professor oficial do
pecado. A palavra final sobre concepção de pecado. Ela esclareceu de forma
lúcida o pecado. Em consequência disso, a Lei também desempenha o papel de juiz
daquele que a transgride. Paulo diz:
10 E o
mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para
morte (Rm 7.10).
Por
quê? Porque a Lei despertou o pecado. Ela aponta nossos erros, nossos pecados,
nossa desobediência. Quando Paulo viu que todos aqueles preceitos de vida
evidenciavam o pecado e mostravam toda a miséria do homem e sua incapacidade
diante dela foi que ele chegou a esta conclusão de morte. Por isso que, na
redenção, ele vai desclassificar a Lei e enaltecer a graça. Ele consuma isso
quando diz:
8 Porque pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9 não
de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9).
28
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (Rm
3.28).
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é
justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé (Gl 3.11).
A
Lei apenas aponta o erro, mas não o corrige, não restaura, não redime, não
justifica, não regenera, não transforma, não limpa, não perdoa. A Lei é
implacável!
B – A Lei é a Testemunha do Relacionamento
Entre Deus e o Seu Povo
A
Lei tornou-se guardiã da integridade do relacionamento entre o povo e o Senhor.
Era a Lei que revelava o que causava o prazer do Senhor, a obediência do povo a
ela, mas também era a Lei a causa de Sua indignação, quando o povo se esquecia dela
e desobedecia. Ela deveria ser ensinada com persistência às gerações:
18
Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma;
atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos.
19 Ensinai-as a vossos filhos, falando
delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e
levantando-vos.
20
Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas (Dt 30.18-20)
E
para que? Para que o povo se relacionasse corretamente com Deus e fosse por Ele
abençoado.
21 para que se multipliquem os vossos dias e
os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar
a vossos pais, e sejam tão numerosos como os dias do céu acima da terra.
22
Porque, se diligentemente
guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os guardardes,
amando o SENHOR, vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos
achegardes,
23 o SENHOR desapossará todas estas nações, e
possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.
24
Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, desde o deserto, desde o
Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será vosso.
25
Ninguém vos poderá resistir; o SENHOR, vosso Deus, porá sobre toda terra
que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito (Dt 30.21-25).
Ou,
caso desobedecessem, fossem por Ele advertidos:
26 Eis
que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição:
27 a
bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos
ordeno;
28 a
maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos
desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não
conhecestes (Dt 11.26-28).
Dessa
forma, a Lei era como uma escritura de usufruto da terra prometida. Deus nunca
os desterraria enquanto fossem fiéis ao Pacto:
16 se guardares o mandamento que hoje te
ordeno, que ames o SENHOR, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os
seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o SENHOR, teu Deus, te abençoará
na terra à qual passas para possuí-la.
17 Porém, se o teu coração se desviar, e
não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido, e te inclinares a outros deuses, e
os servires,
18
então, hoje, te declaro que, certamente,
perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais, passando o
Jordão, para a possuíres (Dt 30.16-18).
E
a testemunha disso era a Lei. Era através dela que o povo era inocentado ou
culpado diante de Deus. Era através dela que o povo era abençoado ou
amaldiçoado por Deus. A resposta de Deus ao povo seria em consequência da
resposta do povo à Lei de Deus.
C – A Lei serviu de ponte até Cristo
23
Mas, antes que viesse a fé,
estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de
futuro, haveria de revelar-se.
24 De
maneira que a lei nos serviu de aio para
nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25
Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio (Gl
3.23-25).
A
Lei nos conduziu até Cristo. Como um professor, ela nos guiou até Cristo, ela
nos guiou até que a promessa de Abraão se cumprisse plenamente em Cristo.
16
Ora, as promessas foram feitas a
Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando
de muitos, porém como de um só: E ao teu
descendente, que é Cristo (Gl 3.16).
Cristo
é a consumação da Lei. Ele cumpriu a Lei, sendo circuncidado ao oitavo dia. Ele
era o Cordeiro de Deus sem nenhum defeito, conforme a Lei exigia, para
sacrificar-se pelos eleitos de Deus. Deus aceitou a justiça de Cristo e por ela
nós somos justificados diante de Deus. Não estamos mais debaixo do poder da
Lei, mas da graça. Não que a Lei tenha perdido o seu valor, mas a obediência à
Lei sem fé na promessa de Deus nos transforma em meros legalistas. É por isso
que a letra mata e o espírito vivifica. Ao nos revelar o pecado e a condenação
do pecador, a Lei nos empurra para a fé na graça e na justiça de Jesus Cristo.
É nesse sentido que ela é o nosso aio. Ela nos guia a confiar tão somente em
Cristo para a nossa salvação.
Conclusão
E
quanto a nós hoje, será que temos alguma coisa a ver com a Lei? Será que
estamos livres de qualquer relacionamento com Ela? Claro que não! Os Dez
Mandamentos são confirmados no Novo Testamento. Os filhos que honram aos seus
pais, conforme o quinto mandamento, continuam sendo enriquecidos com toda sorte
de bênçãos. A guarda do sábado é ampliada no ensinamento de Jesus sobre
adoração, pois ela não deveria acontecer apenas em um dia da semana, mas sim em
todos os dias da semana.
Embora
o Senhor Jesus Cristo tenha abolido todo o cerimonial do culto judaico, o
Decálogo, que são os Dez Mandamentos, jamais foram abolidos e sempre serão uma
fonte de bênçãos para o crente da Nova Aliança, na medida em que o orienta a
andar nas boas obras que Deus, de antemão, preparou para que andasse nelas. Que
Deus nos abençoe a andar com obediência em Seu santo Caminho! Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida.
Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura
Crista
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