ESTUDO DO LIVRO DE DANIEL: A SOBERANIA DE DEUS NA
HISTÓRIA
PARTE I: AS INTERVENÇÕES DIVINAS
LIÇÃO VI: BELSAZAR: UM HOMEM QUE NÃO APROVEITOU AS
OPORTUNIDADES E MORREU SEM ESTAR PREPARADO PARA ENCONTRAR-SE COM DEUS
Dn 5.1-31
INTRODUÇÃO
Belsazar
era filho ou neto de Nabucodonosor, rei da Babilônia, o qual foi alcançado pela
graça de Deus, mas não sem antes passar pelo juízo de Deus, porque a despeito
de tantas oportunidades resistiu em se converter a Deus. Primeiro Nabucodonosor
teve a oportunidade de conviver de perto com homens de Deus: Daniel e seus três
amigos; ele pôde ver e ouvir por várias vezes o testemunho destes homens.
Nabucodonosor sonhou com uma estátua que muito lhe perturbou e somente Daniel
pôde dizer a ele o significado daquele sonho, que era uma revelação de Deus
para ele, tanto que depois de ouvir a Daniel disse: Certamente, o vosso Deus é o Deus
dos deuses, e o Senhor dos reis,
e o revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério (Dn 2.47). Mas isto não foi suficiente para
quebrantar o coração de Nabucodonosor, pois logo em seguida ele manda construir
uma estátua de ouro dele mesmo e ordena que todos a adorem. Os amigos de Daniel
se recusaram e foram condenados a morrerem na fornalha de fogo. Deus libertou
os amigos de Daniel do poder destruidor do fogo diante dos olhos do rei que,
vendo aqueles homens saírem da fornalha sem um único chamusco, disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele,
pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro
deus, senão ao seu Deus (Dn 3.28).
Mas ainda assim ele não se rendeu a Deus. Um dia teve outro sonho e mais uma
vez somente Daniel pôde lhe revelar seu significado. Desta vez era um ultimato
de Deus, que se ele não se convertesse Deus o tiraria do trono e ele voltaria
somente depois de se quebrantar diante de Deus. Ele não se converteu, Deus
colocou nele uma doença rara e ele foi expulso do trono e de diante dos homens,
sendo jogado no pasto para comer capim como um animal, até que um dia levantou
os olhos e se quebrantou diante de Deus e disse: Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo,
exalto e glorifico ao Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e
os seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba (Dn
4.37). Agora sim, ele se converteu,
pois quando não ouvimos a voz do amor de Deus podemos ouvir a voz de seu juízo.
Belsazar
viu tudo isso, acompanhou tudo isso, testemunhou tudo isso, mas, Belsazar,
apesar de tantos exemplos e advertências não se humilhou e continuou no caminho
da desobediência e morreu sem arrependimento. Ele tapou os ouvidos a todas as
vozes da graça de Deus. Ele fechou os seus olhos a todas as evidências do amor
de Deus até o dia em que Deus diz para ele: Basta! Chega! E ele teve que
comparecer perante o tribunal de Deus sem estar preparado para isso.
A
história de Belsazar nos ensina que há uma linha invisível que separa a
paciência de Deus da ira de Deus. Os que persistem em andar no caminho da
desobediência e resistem a Deus podem cruzar essa linha invisível e quando a cruzam
não há mais chance de arrependimento. Muitas pessoas já cruzaram esta linha e
estão hoje inexoravelmente condenados. Deus concede ao homem muitas
oportunidades, variadas oportunidades, mas chega um dia em que Deus diz para
este homem chega! Basta! E este homem que brinca com a sua graça, que zomba do
pecado, que escarnece da bondade e da paciência de Deus tem que ir prestar
contas com Deus. E neste dia só resta para este homem uma expectativa horrível
de juízo e de condenação eterna. Vamos ver o que a história de Belsazar tem a
nos ensinar.
01 – A ENTREGA DISSOLUTA DO
REI AOS PRAZERES CARNAIS
Diz
a Bíblia que Belsazar dá uma grande festa, uma festa de arromba para as pessoas
mais altas de seu reino, os nobres de seu reino. Uma festa na noite em que seu
reino iria cair. Exatamente na mesma noite em que Deus iria chama-lo para uma
prestação de contas.
A) No Dia de Sua Morte o Rei
Está Festejando
1 O
rei Belsazar deu um grande banquete
a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil.
Eles
não se apercebiam do risco, do perigo, da ameaça de que aquela seria a noite fatídica
da queda da Babilônia, a noite da prestação de contas do rei e de muitos outros
que estavam ali. Eles estavam à beira de um abismo e não estavam se dando conta
disso. Veja que naquela noite, o rei Dario estava desviando o curso do rio
Eufrates, mudando o leito do rio Eufrates, e com algumas pessoas estava
entrando pelo local seco do leito e marchando pelo leito do rio para entrar na
inexpugnável cidade de Babilônia para tomá-la. E enquanto o rei e seus nobres
e, talvez, os homens responsáveis pela segurança da cidade se embebedavam,
Dario estava entrando na cidade, saqueando a cidade, tomando posse da cidade,
dominando a cidade e destruindo o megalomaníaco Império Babilônico. O império
estava caindo e o rei estava banqueteando. Aquela era a sua última noite, seus
últimos momentos e o rei estava se embriagando.
Muitas
pessoas também não se apercebem do risco que correm. Estão à beira da morte,
nas barras do juízo de Deus e continuam anestesiadas pelos seus pecados. A
Bíblia diz que quando Jesus voltar para assentar-se no trono para julgar, os
homens estarão comendo, bebendo, casando-se, dando em casamento, vivendo
completamente despercebidos do perigo, vivendo completamente desligados da
possibilidade do juízo, vivendo para o agora, vivendo por prazer, vivendo para
os deleites da carne, do mundo como se Deus não existisse, como se a eternidade
não existisse, como se não houvesse um juízo.
B) O Limite de Seu Pecado: A
Profanação
2
Enquanto Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu
pai, tirara do templo, que estava em Jerusalém, para que neles bebessem o rei e
os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.
3
Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da
Casa de Deus que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e
as suas mulheres e concubinas.
Este
homem usa a sua glória, o seu poder, a sua influência para soltar os freios de
uma vida de devassidão, de imoralidade, de decadência sem limites. E não há
nada mais desastrado do que alguém que está com o poder nas mãos, com dinheiro
no bolso e se entregar a luxúria, aos prazeres, e perder o senso e perder o
equilíbrio. O rei errou ao abusar da bebida. A bebedeira produz consequências
desastrosas. Quem bebe está soltando os freios de mão do domínio próprio e
depois não dá mais para puxar o freio. As pessoas que se entregam à bebedeira
perdem o controle, perdem o domínio próprio, perdem o siso, perdem a razão,
perdem a vergonha. O caminho da embriaguez é o caminho da ruína. A estrada da
embriaguez é a estrada da vergonha, da derrota e da morte.
Provavelmente
é por causa da embriaguez que este homem enche a taça da ira de Deus ao mandar
trazer os utensílios do templo de Deus para participar de sua festa devassa,
para profaná-los de forma estúpida e infame. Neste momento ele dá mais um passo
na direção da sua ruína, porque isso despertou o zelo de Deus. O rei coloca os
vasos do templo do Senhor nas mãos dos seus convidados e lidera a orgia. Eles escarnecem
do sagrado e exaltam o profano.
Aquele
rei quis descobrir alguma coisa que desse mais sabor em sua festa, porque as
pessoas que tem dinheiro, que tem poder, que tem tudo nas mãos, de repente tudo
vira monótono em suas vidas e nada mais tem graça. São pessoas que tem tudo,
mas ao mesmo tempo não tem nada. E o rei achou que trazer os vasos do templo
daria uma sensação diferente em sua festa. E veja que neste momento Belsazar se
torna pior, mais degradado do que seu próprio avô, Nabucodonosor, que pegou os
vasos do templo, mas com toda a idolatria de Nabucodonosor, ele respeitou, dentro
da sua compreensão, os vasos do templo, porque nunca os usou de forma pessoal. E
profanar as coisas de Deus é um grave pecado. Usar os vasos do templo,
consagrados para o culto ao Senhor, em um bacanal, foi uma terrível ofensa à
santidade de Deus. O rei estava zombando de Deus e escarnecendo das coisas de
Deus.
Por
causa de uma confiança mágica do povo israelita na Arca da Aliança, Deus
permitiu que ela fosse roubada pelos filisteus, mas quando os filisteus não
entenderam que de fato ela era um objeto sagrado de Deus e a quiseram usar de
uma maneira profana, Deus sentenciou os filisteus. E quando Belsazar quis usar os vasos do
templo de Deus para outras finalidades, Deus sentenciou aquele rei.
Nós
não podemos tocar de maneira ímpia, profana, pecaminosa as coisas que são
santas ao Senhor. Lançar mão das coisas santas de Deus para outras finalidades
que não aquelas que Deus estabeleceu desperta a ira de Deus, porque Deus tem
zelo pelas suas coisas.
C) A Afronta de Seu Pecado:
A Idolatria
4
Beberam o vinho e deram louvores
aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.
Além
de profanar as coisas de Deus o rei ainda promove a idolatria. Ele usa os vasos
do templo para louvar suas falsas divindades, seus deuses de ouro de prata e de
madeira. A Bíblia diz que estes deuses são deuses que não podem ouvir, que não
podem ver, que não podem falar, são deuses que não tem poder e estes eram os
deuses do rei, mas o Deus a quem a vida do rei estava a este ele não
glorificou.
A
idolatria é um pecado ofensivo a Deus. A idolatria é uma expressão de profunda
cegueira espiritual. A idolatria provoca a ira de Deus. Paulo, ao falar da
degradação espiritual dos homens, ele diz que eles servem a criatura em lugar
do criador, que eles mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança de
coisas corruptíveis e que isso provocou a ira de Deus contra as suas vidas.
Quantas
vezes o homem está vivendo regaladamente no pecado. Quantas vezes as pessoas
estão vivendo desapercebidamente, gostosamente no pecado, como se não tivesse
um dia em que terão que comparecer diante de Deus para prestar contas de sua
vida e muitas vezes os homens estão nesta festança exatamente no próprio
momento, no próprio dia em que Deus diz para ele: Basta! Chega! Chegou a sua
hora! Foi o que aconteceu com Belsazar.
02 – A IMEDIATA RESPOSTA DE DEUS AOS
PECADOS DO REI
5 No mesmo instante, apareceram uns dedos
de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do
palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo.
Durante
a festa, diante de todos, apareceram uns dedos de mão de homem e escreveram as
palavras Mene, Mene, Tequel e Parsim na parede. Claro que o episódio acabou com
todo o folguedo da festa e emudeceu o rei que ansiosamente queria saber o
significado daquelas palavras. Aquele homem foi solenemente perturbado pelo
dedo de Deus durante o seu ato de insubordinação. Veja que em um minuto Deus
pode mudar a história de uma pessoa.
A) Deus Transforma os Prazeres do Pecado
em Perturbação
6
Então, se mudou o semblante do
rei, e os seus pensamentos o
turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam
um no outro.
O
ruído dos copos e das taças cessou. A conversa emudeceu. As mãos ficaram
imóveis. Em poucos segundos todo o ambiente estava transformado. A festa, o
folguedo, as risadas, tudo no mesmo instante cessou. A alegria acaba e a festa
termina e o desespero toma conta de todos. Num piscar de olhos, tudo terminou
para o monarca arrogante, porque Deus havia anotado todos os seus pensamentos,
todas as suas palavras e todas as suas obras, e, agora, encontra-o e
apresenta-lhe a conta! A alegria do pecador realmente dura muito pouco.
Não
é esta a realidade do homem hoje que tenta viver os prazeres do pecado? Veja
que de repente Deus vem e transforma toda aquela risada e todo aquele folguedo
em uma situação de medo, de pavor, de horror e de vergonha, e esta é a sensação
de toda pessoa que busca a satisfação no pecado, porque a alegria do pecado
existe, mas ela é curta demais, ela é insuficiente e termina com um terrível
desgosto.
B) A Impotência da Sabedoria Deste Mundo
Quanto aos Mistérios de Deus
7 O
rei ordenou, em voz alta, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e os
feiticeiros; falou o rei e disse aos sábios da Babilônia: Qualquer que ler esta
escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, trará uma
cadeia de ouro ao pescoço e será o terceiro no meu reino.
8
Então, entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua
interpretação.
9 Com
isto, se perturbou muito o rei Belsazar, e mudou-se-lhe o semblante; e os seus
grandes estavam sobressaltados.
O
rei chamou pelos sábios e magos da Babilônia, mas eles são impotentes, não
podem discernir as coisas espirituais e nenhum deles pôde falar ao rei sobre o
que significariam aquelas palavras, porque elas eram uma mensagem de Deus ao
rei e somente um homem de Deus, com o Espírito de Deus poderia fazê-lo.
A
sabedoria humana não pode ajudar um homem aflito em rebelião contra Deus. Por
isso que o homem decaído se aprofunda cada vez mais no abismo em que caiu,
porque o homem em pecado, afastado de Deus, passa por muitas angústias, e onde
ele tende a procurar uma saída, uma explicação para suas angústias? Onde as
pessoas quando estão desesperadas correm? Nos sábios deste mundo, nos místicos
ou nos feiticeiros deste mundo, nos terreiros de umbanda, nas cartomantes, na
astrologia, mas eles não encontram respostas neles, porque Deus confunde os
sábios do mundo com os seus mistérios.
C) Deus se Utiliza de Seus Servos Para
Transmitir a Sua Mensagem
10 A
rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou
na casa do banquete e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.
11 Há no teu reino um homem que tem o espírito
dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência,
e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu
pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos
feiticeiros,
12
porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação
de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste
Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e
ele dará a interpretação.
13
Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei e disse a
Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de
Judá?
14
Tenho ouvido dizer a teu respeito que
o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e
excelente sabedoria.
15
Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os encantadores,
para lerem esta escritura e me fazerem saber a sua interpretação; mas não
puderam dar a interpretação destas palavras.
16 Eu,
porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solucionar casos
difíceis; agora, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua
interpretação, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço e
serás o terceiro no meu reino.
Deus
confronta os pecadores através de seus servos. Quando o rei está perturbado a
rainha mãe apresenta a solução para a aflição do rei. Ela lembra ao rei de
Daniel, um homem diferente, um homem de Deus, um homem que tem luz,
inteligência, conhecimento, sabedoria e espírito excelente, um homem que tem um
passado bonito, que já deu testemunho de entender das coisas mais complexas, de
ter respostas para os problemas mais intrincados. E Belsazar que não quis dar
ouvidos às mensagens de Daniel, servo do Deus Altíssimo, durante os dias da sua
vida, agora, na hora da sua morte precisa ouvi-lo.
O
problema de Belsazar era o pecado. A Bíblia diz que o pecado separa as pessoas
de Deus e leva à morte, foi exatamente isso que aconteceu com Belsazar. Ele
recebeu de Deus inúmeras oportunidades, mas não soube aproveitar nenhuma delas.
A despeito de seu conhecimento quanto a soberania de Deus em nenhum momento ele
a reconhece, antes confronta ao Senhor quanto ao seu zelo e Deus, então,
resolve cessar as oportunidades deste homem e decreta sua sentença no momento
de seu pecado.
Deus
exige o castigo merecido pelo pecado, mas nem sempre castiga na hora da
transgressão, porque Deus é amor e o amor é paciente. E quando a Bíblia afirma
que Deus é paciente está dizendo que Ele demora em se irar. A paciência é um
aspecto muito importante do amor de Deus, ela é uma qualidade divina mencionada
várias vezes na Bíblia. A paciência de Deus é vista nos dias de Noé, dando
tempo para os homens se arrependerem enquanto a Arca é construída. Deus demorou
em castigar o povo desobediente de Israel para manter a honra do seu próprio
nome:
9 Por
amor do meu nome, retardarei a minha ira
e por causa da minha honra me conterei
para contigo, para que te não venha a exterminar (Is 48.9).
Podemos
ver esta mesma longanimidade em nossas vidas. Se Deus castigasse cada pessoa no
momento do seu pecado, o que seria de cada um de nós? Deus seria perfeitamente
justo se Ele castigasse o pecador na hora de seu pecado, mas Ele escolhe ser
paciente. Entretanto, a paciência tem limites, e quando ultrapassamos estes
limites Deus pode aplicar a sua justiça.
D) A Seriedade de Daniel
17
Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem;
todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação.
Daniel
mostra o seu caráter insubornável. Ele não faz a obra de Deus por dinheiro. Ele
não vende seu ministério. Ele não busca favores dos poderosos deste mundo, das
autoridades deste mundo, dos homens com alto poder aquisitivo. Ele rejeita os
presentes do rei porque Daniel não procurava recompensa ou favores. Que atitude
contrária do que estamos assistindo hoje. Quantas pessoas estão se vendendo em
nome de Deus. Quantas pessoas estão comercializando seu ministério. Quantas
pessoas estão cobrando para falar em nome de Deus. Quantas pessoas que só
pregam, só dão palestras e só cantam se tiverem um cachê.
Daniel
podia muito bem ter uma atitude diferente. Ele era o único homem ali que tinha
a resposta sobre a interpretação daquelas palavras, Ele poderia achar merecido
toda aquela recompensa. Mas Daniel diz que não queria presentes porque não
vendia o seu ministério, mas ele disse que tinha uma palavra para o rei e não alisa
para o lado do rei, pelo contrário, mostra para ele a sua verdadeira situação,
porque percebeu que aquela era a última hora de vida do rei.
A
mensagem ao rei foi sem rodeios. Quantos hoje estão relativizando o Evangelho
de Deus a pecadores que estão nos portais do inferno. Quantas pessoas estão
indo para o inferno com seus pastores passando a mão sobre as suas cabeças para
não contradizê-los, para não confrontá-los, para que não deixem a sua igreja e
procure outra para congregar. Atalaias que um dia prestarão contas a Deus de
seus ministérios.
03 – A BASE DE SUA CONDENAÇÃO:
A PROFANAÇÃO APESAR DE SEU CONHECIMENTO A RESPEITO DE DEUS
O
conhecimento das coisas de Deus nos torna responsáveis e quanto mais luz nós
temos, mais responsáveis somos diante de Deus. O rei pereceu não por falta de
luz, mas por cegueira deliberada. Ele morreu não por ignorância, mas por
rebeldia.
A) Os Exemplos que Torna o
Rei Indesculpável
18 Ó
rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino e grandeza,
glória e majestade.
19 Por
causa da grandeza que lhe deu, povos, nações e homens de todas as línguas
tremiam e temiam diante dele; matava a quem queria e a quem queria deixava com
vida; a quem queria exaltava e a quem queria abatia.
20
Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou
soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua
glória.
21 Foi
expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos
animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva
como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem
domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele.
22 Tu,
Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto.
Veja
que Belsazar com certeza presenciou todos os acontecimentos relatados nos
primeiros capítulos de Daniel sobre as interferências de Deus na vida de
Nabucodonosor, porque ele devia ter a mesma idade de Daniel. Ele viu o
testemunho da Daniel e de seus amigos. Ele testemunhou a firmeza daqueles moços
que preferiram a morte à apostasia. Ele viu como Deus libertou os amigos de
Daniel da fornalha e como testemunhou Nabucodonosor e proclamou para o mundo
que não há Deus que salva, que liberta como o Deus de Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego. Ele viu como de maneira tão dramática Nabucodonosor foi arrancado
do trono e jogado no pasto junto com os animais, até que seu coração foi
humilhado e convertido.
Portanto,
Belsazar foi um homem que viu Deus agindo na sua família tratando de modo
pessoal com alguém próximo a ele, com testemunhos fortes e eloquentes dentro de
sua própria casa, dentro do palácio. O verdadeiro Deus fora louvado e adorado
no palácio que agora ele ocupava como rei. Mas a despeito de tantas vozes, de
tantos sinais ele tapou seus ouvidos, fechou seus olhos e endureceu seu
coração.
Este
é um perigo que os homens correm hoje também. Quantas pessoas que também
crescem em um lar onde há testemunho do Evangelho, quantas pessoas pertencem a
uma família onde há testemunho cristão e a despeito de verem os sinais da graça
de Deus e serem testemunhas dos milagres da transformação de Deus na vida de
seus familiares, endurecem seus corações ao Evangelho redentor do Senhor Jesus
Cristo, se fecham para a graça de Deus e ainda conspiram contra a graça de
Deus.
B) A Primeira Falta: Não se
Quebrantou Diante de Deus
22 Tu,
Belsazar, que és seu filho, não
humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto.
Belsazar
viu o que aconteceu com o rei Nabucodonosor, indo comer capim com os bois,
porque endureceu a sua cerviz. A despeito disso esse rei ainda mantém o seu
orgulho, a sua soberba e a sua incredulidade. Ele viu o exemplo de seu pai e
não se humilhou e não se quebrantou diante de Deus. E ele é tão cego que faz
promessas, porque ainda não consegue enxergar sua ruína, pois ele faz promessas
aos sábios da Babilônia e a Daniel, promessas que não pode cumprir. Ele ainda
pensava que podia honrar aqueles que prestassem favores e nem sabia que naquela
noite ele morreria e seu império estaria nas mãos de outro rei. O homem não
administra o futuro quem administra o futuro é Deus.
Belsazar
foi um homem que desprezou o conhecimento de Deus e nem lhe deu glória a
despeito de conhecer as verdades de Deus. Belsazar não era um homem ignorante,
o que acontece com ele é a impiedade, que é quando o homem, a despeito de
conhecer a verdade, nega e rejeita esta verdade. Ele conhecia a verdade, mas
não aceitava ser guiado por ela. Ele conhecia a verdade, mas a rejeitou
deliberadamente para viver regaladamente em seu pecado.
C) A Segunda Falta: A
Profanação com os Utensílios do Templo
23 E te levantaste contra o Senhor do céu,
pois foram trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, e os teus
grandes, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas bebestes vinho neles...
Já
falamos sobre este assunto em um tópico acima, mas Belsazar se rebelou contra
Deus. Ele se levantou contra Deus. Ele se insurgiu contra Deus deliberadamente,
porque ele mandou trazer os utensílios do templo de Deus, consagrados ao uso
para Deus, para neles se embebedar. E louco é aquele que desafia ao Deus
Soberano, louco é aquele que afronta este Deus de misericórdia, mas que também
é um fogo devorador em sua ira.
D) A terceira Falta: Idolatria:
Não Reconhece a Soberania de Deus
23 ...
além disso, deste louvores aos deuses de
prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem,
não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em
cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.
A
idolatria é uma afronta a Deus. Adorar a outros deuses é levantar-se contra o
Senhor. Também já falamos desse assunto em outro tópico acima, mas Belsazar
deixou de reconhecer que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens.
E foi este o ponto nevrálgico que Deus trabalhou com Nabucodonosor, o qual teve
que tornar-se um homem louco para entender que quem manda é Deus, que quem
domina é Deus. Mas Belsazar, apesar de ver isso, não se arrependeu e não
reconheceu que Deus é o Deus que tem o domínio sobre todos os reinos dos homens.
Nabucodonosor demorou muitos anos para entender isso. Mas seu filho não está
reconhecendo, antes se prostra e adora a outros deuses, dá louvores aos deuses
de ouro e pedra e não exalta ao Deus em cujas mãos estava a sua vida, e por
isso ele é confrontado.
Este
é o grande perigo de todos nós. É um perigo para os políticos, dos homens que
assumem o poder, porque pode parecer que porque eles têm a caneta eles detêm o
poder. Este também é o grande risco daqueles que estão em posição de destaque,
em pensar que somente porque eles detêm a capacidade de administrar que eles têm
o poder nas mãos. E aí do homem, por mais poderoso que seja, o qual acredita
que é ele quem tem o poder nas mãos. O poder pertence a Deus. É Deus quem põe
no trono e é Deus quem tira do trono. É Deus quem reveste de autoridade e é
Deus quem tira a autoridade. É Deus quem exalta e é Deus quem humilha.
04 – A PRONUNCIAÇÃO DE SUA SENTENÇA
24
Então, da parte dele foi enviada
aquela mão que traçou esta escritura.
25
Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM.
No
meio da debochada festa desregrada misteriosamente dedos escrevem quatro
palavras. Quatro palavras que confrontam não somente ao rei, mas a todos
aqueles festeiros. Quatro palavras que põem abaixo o rei e seu reino. E agora
Daniel passa a interpretar as quatro palavras misteriosas dirigidas a um homem
que foi condenado no tribunal de Deus.
A) MENE
26
Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e deu cabo
dele.
Mene,
mene.Trata de uma repetição em função de dar ênfase a mensagem. Elas significam
que Deus contou o seu reino e deu cabo dele, ou seja, os dias de Belsazar
estavam contados e Deus decidiu trazer o fim do seu reino, terminar com o período
do seu reinado. Durante todos aqueles anos, Deus lhe deu oportunidades, lhe deu
tempo, mas ele se recusou a se humilhar diante de Deus e a reconhecer a sua
soberania. Agora Deus chega de repente e diz para ele: Basta! Acabou! É uma
coisa triste quando Deus chega a dizer isso para o ser humano, disser para ele
que o seu tempo acabou, disser para ele que as oportunidades cessaram.
B) TEQUEL
27
TEQUEL: Pesado foste na balança e achado em falta.
Deus
o pesou na balança e o achou em falta. Deus pesou cada ato da sua vida. Ele
tomou nota das oportunidades que ele perdeu desde a sua juventude, anotou todos
os convites que ele recebeu e desprezara. Deus anotou na balança todos os seus
pecados ocultos, todos os seus pecados de rebeldia. Deus colocou na balança as
suas desordens, as suas bebedeiras, a sua rejeição às coisas santas, a sua
resistência às coisas sagradas. Deus colocou na balança a sua soberba e o seu
orgulho. E quando Deus coloca tudo na balança Deus o acha em falta. E sabe o
que acontece com o homem achado em falta com Deus? No dia do acerto de contas
com Ele tem que pagar a dívida. Esta é a divida que Jesus pagou lá cruz do
Calvário. Por isso que, aqueles que têm Jesus não tem mais esta dívida com Deus
porque ela já foi paga por Cristo e a nota promissória foi rasgada, acabou!
Muitas
vezes Deus parece estar dormindo e o homem está vivendo largamente em seu
pecado. O homem está vivendo na dissolução e Deus parece não estar fazendo
nada. O homem está vivendo na rebelião e Deus parece não estar fazendo nada.
Mas na verdade Deus está dando corda ao homem, o deixando viver em liberdade, o
deixando ir adiante, mas há um momento em que Deus acorda e quando Deus acorda
o homem rebelde fica desamparado. Chega um momento em que Deus coloca o homem
na balança e naquele momento quem for achado em falta, quem rejeitou a graça de
Deus, quem desprezou a misericórdia de Deus vai ficar desamparado diante do Trono
de Deus.
Deus
nem sempre julga o homem no exato momento de seu pecado. Já pensaram se Deus
fizesse assim? No momento em que o homem está maquinando o pecado Deus fosse lá
e cortasse o seu fôlego de vida? No momento em que o homem está na prática de
seu pecado Deus fosse lá e parasse o seu coração? E este fato de nem sempre a
prestação de contas com Deus acontecer concomitantemente no mesmo tempo da
prática do pecado dá ao homem pecador uma leve sensação de alívio e ele pensa
que nunca vai ter que prestar contas de sua vida a Deus. Ele acha que se sairá
impune de suas atitudes porque conclui que se Deus não julga imediatamente não o
fará de modo algum depois. Porém Deus tem uma balança e Deus está pesando em
sua balança todos os dias. Ele pesa em sua balança toda zombaria e afronta.
Nada é esquecido. Ele registra todos os convites para vir a Cristo que foram rejeitados.
Anota cada desprezo à sua ordem de arrependimento. Deus tem cada ação do homem
gravada no céu. Deus registra tudo!
C) PERES ou PARSIM
28
PERES: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas.
Peres
quer dizer dividido. Deus está dizendo para ele: dividido foi o teu reino e
dado aos medos e aos persas. O mesmo Deus que dera o reino a Nabucodonosor, pai
de Belsazar, agora o dá aos medos e aos persas. Não é que Deus dividiu a
Babilônia, mas sim que a Babilônia seria entregue nas mãos de um império que
tinha duas ramificações: Os medos e os persas. Por isso que na estátua de
Nabucodonosor este império foi representado pelo peito com os dois braços, que
era um reino menor que a Babilônia, mas que dominou a Babilônia porque ela foi
entregue a eles por Deus. O próprio Deus que deu o reino a Nabucodonosor é o
mesmo Deus que agora está pegando o reino de Belsazar e dando este reino ao
reino medo-persa. É Deus quem domina. É Ele quem é o Senhor da História.
D) O Cumprimento da Sentença
29
Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e lhe pusessem
cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que passaria a ser o terceiro no
governo do seu reino.
30 Naquela mesma noite, foi morto Belsazar,
rei dos caldeus.
31 E
Dario, o medo, com cerca de sessenta e dois anos, se apoderou do reino.
E
não foi somente o reino que Belsazar perdeu. Ele perdeu também o reino de Deus.
Ele morreu e não estava preparado para se encontrar com Deus. A única coisa que
lhe restava era a expectativa horrível do juízo e do fogo vingador. Isso nos
lembra do que diz o autor de Hebreus:
26
Porque, se vivermos
deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento
da verdade, já não resta sacrifício
pelos pecados;
27
pelo contrário, certa expectação
horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
29 De
quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou
aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi
santificado, e ultrajou o Espírito da graça?
31
Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10.26-27,29,31).
O
rei atravessou a linha divisória da paciência de Deus e naquela mesma noite,
enquanto ele se banqueteava, enquanto ele festejava, diz o historiador Heródoto
o seguinte:
Naquela noite Dario desviou o Eufrates para um novo canal e guiado por
dois desertores marchou pelo leito seco rumo a cidade, enquanto os babilônicos
farreavam em uma festa a seus deuses.
Belsazar
estava dando uma festa na noite de sua morte. Deus deu um ano para
Nabucodonosor se arrepender, mas Belsazar cruzou a linha da ira de Deus e
naquela mesma noite ele pereceu. Viver no pecado é loucura, porque horrenda
coisa é cair nas mãos do Deus vivo.
CONCLUSÃO
Belsazar
não aproveitou a sua última oportunidade. No momento em que Deus fez a sua
chamada final ele estava bêbado. Naquela mesma noite Belsazar morreu e chegou
ao fim um reino que dominou a maior parte do mundo conhecido. Aí daqueles que
deixam passar as oportunidades! Não sabemos qual vai ser o dia quando Deus vai
dizer para o homem ou para a mulher Chega! Basta! Acabou! Nós não sabemos
quando será e qual será este dia por isso a Bíblia diz:
Buscai o SENHOR enquanto se pode achar,
invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os
seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se
para o nosso Deus, porque é rico em perdoar (Is 55:6-7).
O
juízo de Deus pode vir sobre os ímpios rapidamente sem que eles tenham tempo
para se preparar. Cuidado, a Bíblia diz que quem zomba do pecado é louco. Os
prazeres carnais são passageiros e não compensam, pois podem terminar em grande
desgosto. É loucura procurar prazer e deleite nas festas do mundo, porque no
mundo você só encontra choro, dor, decepção, vergonha e opróbrio.
O
destino das nações e o destino dos homens estão nas mãos de Deus. O destino da
sua vida está nas mãos de Deus. A sua vida depende de Deus. Ele tem o poder de
cortar o seu fôlego de vida na hora que Ele quiser, portanto, humilhe-se diante
deste Deus, renda-se a Ele incondicionalmente ainda hoje. Que Deus te abençoe a
fazer aquilo que Belsazar não fez. Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia
principal:
Bíblia
Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e
Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Hernandes Dias Lopes: Estudos sobre o livro de Daniel
Estudo muito bom. Deus te abençoe!!!!
ResponderExcluirAmém!
ExcluirExcelente estudo. Deus seja louvado! Abraço.
ResponderExcluirAmém! A Deus toda Glória! Obrigado, valeu pela participação!
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