Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

A ALIANÇA COM NOÉ: RENOVAÇÃO SIM, NOVA ALIANÇA NÃO

Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. ² Pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues. ³ Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora. ⁴ Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis. ⁵ Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do próximo de cada um requererei a vida do homem. ⁶ Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem. ⁷ Mas sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela. ⁸ Disse também Deus a Noé e a seus filhos: ⁹ Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência, ¹⁰ e com todos os seres viventes que estão convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os animais selváticos que saíram da arca como todos os animais da terra. ¹¹ Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra. ¹² Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações: ¹³ porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra. ¹⁴ Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco, ¹⁵ então, me lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres viventes de toda carne; e as águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir toda carne. ¹⁶ O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra. ¹⁷ Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança estabelecida entre mim e toda carne sobre a terra (Gn 9.1-17).

INTRODUÇÃO:

Quando Deus criou o homem e o colocou no Jardim do Éden, onde Adão e Eva, por fim, acabam desobedecendo a Deus e de lá são expulsos por causa do pecado, Deus faz com eles uma Aliança e ordena que se multipliquem pela terra. Mas contaminados pelo pecado e com a comunhão com Deus interrompida as gerações vindouras que se multiplicaram trás com eles a multiplicação da iniquidade. Isso desagrada a Deus que manda o dilúvio, mas não se esquece de sua Aliança e preserva a Noé e a sua família juntamente com os animais.

Deus ordena a Noé a construção da arca e enquanto a construía Noé pregava e convidava a todos a entrarem naquela arca, mas ninguém deu a menor importância ao amor e providência de Deus, ninguém deu ouvidos à pregação de Noé, pois ninguém entrou naquela arca a não ser a Noé e a sua família.

Deus, enfim, manda o dilúvio, extermina os que não estavam na arca e quando as águas baixaram Noé sai da arca com a sua família e ergue um altar e oferece sacrifício ao Senhor que se comove em seu íntimo e renova com Noé a sua Aliança, prometendo não mais destruir a terra pelo dilúvio. O que acontece aqui não é uma nova aliança, mas sim a renovação da Aliança que Deus fizera com o homem lá no Éden.

01 – A ALIANÇA E A RENOVAÇÃO PELA PRESERVAÇÃO:

Quando termina o dilúvio e Noé sai da arca com a sua família, sua primeira atitude foi erguer um altar e oferecer sacrifício ao Senhor, conforme nos informa Gênesis:

LEVANTOU NOÉ UM ALTAR AO SENHOR E, TOMANDO DE ANIMAIS LIMPOS E DE AVES LIMPAS, OFERECEU HOLOCAUSTOS SOBRE O ALTAR (Gn 8.20).

Esta atitude poderia vir somente de um homem temente a Deus, que mesmo contemplando a destruição de seu mundo, de sua cidade, de sua casa e a morte de seus conterrâneos, não demonstra nenhum rancor, nenhuma mágoa, nenhuma revolta, nenhum ressentimento e nenhum julgamento da ação de Deus, como que entendendo que não havia outra coisa a ser feita senão o que Ele fez.

Às vezes, é necessário tomar medidas drásticas, medidas que chocam, medidas que ferem, medidas que doem, mas medidas que tragam no futuro benefícios gloriosos que fará esquecer o sofrimento passado. O dilúvio foi uma medida drástica de Deus, foi uma ação de Deus em resposta à rebeldia da humanidade. Pedro diz que ele aconteceu por ordem de Deus:

Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água PELA PALAVRA DE DEUS, ⁶ PELA QUAL VEIO A PERECER O MUNDO DAQUELE TEMPO, AFOGADO EM ÁGUA (2 Pd 3.5-6).

Esta medida drástica pesou no coração de Deus, porque o dilúvio não trouxe redenção para a humanidade, mas apenas a aplicação do juízo de Deus aos malfeitores. Quando Noé e sua família saíram daquela arca, saíram tão pecadores quanto entraram. Tanto isso é verdade que logo depois acontece o episódio da Torre de Babel, mas o Senhor se lembra de sua Aliança e não pune a humanidade como o fizera no dilúvio, apenas os espalham pela face da Terra.

E quando Noé sai da arca ele oferece holocausto a Deus e a palavra de Deus nos mostra que o sacrifício de Noé tocou o coração de Deus:

E O SENHOR ASPIROU O SUAVE CHEIRO E DISSE CONSIGO MESMO: NÃO TORNAREI A AMALDIÇOAR A TERRA POR CAUSA DO HOMEM, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. ENQUANTO DURAR A TERRA, NÃO DEIXARÁ DE HAVER SEMENTEIRA E CEIFA, FRIO E CALOR, VERÃO E INVERNO, DIA E NOITE (Gn 8.21-22).

Deus promete não agir mais da forma como agiu. Se por um lado estas palavras de “enquanto durar a terra” indica que um dia ela terá um fim, por outro podemos descansar nas promessas de um Deus fiel, que nunca falhou e que nunca permitiu que qualquer promessa sua caísse por terra.

Foi no cenário do dilúvio que Deus renova com Noé a sua Aliança. O dilúvio foi drástico, mas seu objetivo era sublime: Renovar. Assim que as águas baixam e Noé sai da arca com sua família, Deus lhes diz:

Mas sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela. Disse também Deus a Noé e a seus filhos: EIS QUE ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA CONVOSCO, E COM A VOSSA DESCENDÊNCIA, E COM TODOS OS SERES VIVENTES QUE ESTÃO CONVOSCO: TANTO AS AVES, OS ANIMAIS DOMÉSTICOS E OS ANIMAIS SELVÁTICOS QUE SAÍRAM DA ARCA COMO TODOS OS ANIMAIS DA TERRA. ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA CONVOSCO: NÃO SERÁ MAIS DESTRUÍDA TODA CARNE POR ÁGUAS DE DILÚVIO, NEM MAIS HAVERÁ DILÚVIO PARA DESTRUIR A TERRA. Disse Deus: ESTE É O SINAL DA MINHA ALIANÇA QUE FAÇO ENTRE MIM E VÓS E ENTRE TODOS OS SERES VIVENTES QUE ESTÃO CONVOSCO, PARA PERPÉTUAS GERAÇÕES: POREI NAS NUVENS O MEU ARCO; será por sinal da aliança entre mim e a terra (Gn 9.7-13).

E esta promessa de Deus nunca será esquecida e permanece de pé até aos dias de hoje. Isso não quer dizer que nunca mais haverá juízo de Deus sobre a Terra. Conhecendo as Escrituras Sagradas sabemos muito bem o fim que aguarda a Terra. A maldade do homem se multiplicou sobre a face da Terra e por causa desse mal aconteceu o dilúvio. Mais uma vez este mal volta a acontecer e mais uma vez Deus aplicará o seu juízo. Pedro fala do futuro da Terra ao escrever:

Ora, OS CÉUS QUE AGORA EXISTEM E A TERRA, PELA MESMA PALAVRA, TÊM SIDO ENTESOURADOS PARA FOGO, ESTANDO RESERVADOS PARA O DIA DO JUÍZO e destruição dos homens ímpios (2 Pd 3.7).

O mesmo Deus que ordenou o dilúvio e destruiu aos malfeitores providenciará nova destruição da Terra e, desta vez, aniquilará para sempre aos ímpios. E Pedro diz como será o fim desta Terra:

Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, NO QUAL OS CÉUS PASSARÃO COM ESTREPITOSO ESTRONDO, E OS ELEMENTOS SE DESFARÃO ABRASADOS; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas (2 Pd 3.10).

E Jesus, falando desse grande dia do juízo de Deus, diz:

Logo em seguida à tribulação daqueles dias, O SOL ESCURECERÁ, A LUA NÃO DARÁ A SUA CLARIDADE, AS ESTRELAS CAIRÃO DO FIRMAMENTO, E OS PODERES DOS CÉUS SERÃO ABALADOS (Mt 24.29).

Mais uma vez a Terra vai sentir os efeitos da Ira de Deus. Mas glória a Deus porque, se por um lado temos Pedro anunciando a destruição da Terra, por outro temos João afirmando a restauração da Terra, pois João nos escreve:

VI NOVO CÉU E NOVA TERRA, POIS O PRIMEIRO CÉU E A PRIMEIRA TERRA PASSARAM, e o mar já não existe (Ap 21.1).

Pedro descreve um céu e uma terra destruída. João, olhando para um tempo além de Pedro, vê um novo céu e uma nova terra. O que foi destruído foi restaurado. E tudo isso, mais uma vez, é ação direta de Deus, pois Ele mesmo nos diz:

POIS EIS QUE EU CRIO NOVOS CÉUS E NOVA TERRA; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas (Is 65.17).

No dilúvio é Deus abrindo as comportas dos céus e é Deus fechando estas comportas e colocando limites nas águas. No dia do juízo é Deus destruindo os céus e a terra e é Deus recriando os céus e a terra. Tudo vai ser destruído e tudo vai ser renovado pela mão poderosa de Deus. E por causa disso Pedro diz para a Igreja de Deus:

VISTO QUE TODAS ESSAS COISAS HÃO DE SER ASSIM DESFEITAS, DEVEIS SER TAIS COMO OS QUE VIVEM EM SANTO PROCEDIMENTO E PIEDADE, ¹² esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, POR CAUSA DO QUAL OS CÉUS, INCENDIADOS, SERÃO DESFEITOS, E OS ELEMENTOS ABRASADOS SE DERRETERÃO (2 Pd 3.11-12).

Valorizamos e nos apegamos tanto a este mundo que um dia será destruído. Mas Pedro nos alerta a não vivermos assim, apegado ao que é corruptível, que um dia será destruído. E Pedro termina seu pensamento dizendo:

Nós, porém, segundo a sua promessa, ESPERAMOS NOVOS CÉUS E NOVA TERRA, nos quais habita justiça (2 Pd 3.13).

Esta é a esperança da Igreja de Deus. Interessante conciliar estes textos com a criação. Na criação a Bíblia diz:

No princípio, CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA (Gn 1.1).

E Pedro diz:

Ora, OS CÉUS QUE AGORA EXISTEM E A TERRA, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. ¹⁰ Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, NO QUAL OS CÉUS PASSARÃO COM ESTREPITOSO ESTRONDO, e os elementos se desfarão abrasados; TAMBÉM A TERRA E AS OBRAS QUE NELA EXISTEM SERÃO ATINGIDAS (2 Pd 3.7,10).

E João diz:

VI NOVO CÉU E NOVA TERRA, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe (Ap 21.1).

Tudo leva a entender que o juízo de Deus alcançará os céus e a Terra, ou seja, todo o Universo. E enquanto o dia do juízo de Deus não chega temos a esperança da promessa de Deus na renovação da Aliança com Noé. Com Noé Deus renova a sua Aliança revelando a sua vontade de preservar para sempre a sua criação, tendo como testemunha o arco-íris. O arco-íris nasceu no dia em que Deus prometeu nunca mais destruir a vida na terra pelo dilúvio. Ao vê-lo nas nuvens, Deus se lembra de sua aliança e contém as águas para que não mais destrua a vida na terra. E isto não é uma fábula, mas uma promessa que sai dos próprios lábios do Senhor que disse:

Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, E NELAS APARECER O ARCO, ENTÃO, ME LEMBRAREI DA MINHA ALIANÇA, FIRMADA ENTRE MIM E VÓS E TODOS OS SERES VIVENTES DE TODA CARNE; E AS ÁGUAS NÃO MAIS SE TORNARÃO EM DILÚVIO PARA DESTRUIR TODA CARNE. O arco estará nas nuvens; VÊ-LO-EI E ME LEMBRAREI DA ALIANÇA ETERNA ENTRE DEUS E TODOS OS SERES VIVENTES DE TODA CARNE QUE HÁ SOBRE A TERRA. Disse Deus a Noé: ESTE É O SINAL DA ALIANÇA ESTABELECIDA ENTRE MIM E TODA CARNE SOBRE A TERRA (Gn 9.7-17).

Hoje, vemos muitas inundações locais, regionalizadas, sendo muitas delas consequências das obras realizadas pelo próprio homem, mas este mundo nunca mais verá uma inundação global, porque Deus prometeu isso à humanidade. Voltando à reação de Deus ante ao sacrifício de Noé, Deus disse:

E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: NÃO TORNAREI A AMALDIÇOAR A TERRA POR CAUSA DO HOMEM, PORQUE É MAU O DESÍGNIO ÍNTIMO DO HOMEM DESDE A SUA MOCIDADE; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz (Gn 8.21).

Deus está dizendo que o homem, sem redenção, é um caso perdido. A terra e os animais não pagariam mais o preço pelos pecados dos homens, não seriam mais destruídos na tentativa de conter o mal. Depois do dilúvio, a próxima grande obra de Deus vai ser a libertação e estabelecimento do povo de Deus. E a próxima ação de Deus para a humanidade vai ser oferecer o seu único Filho, perfeito, justo e santo em sacrifício pelos pecados do homem. Agora sim, Deus deteve o mal! Agora sim, Deus feriu a cabeça da serpente!

Encontramos também, no texto acima, o motivo do por que Deus preservou a vida de Noé, de sua família e dos animais. E por que foi? Preservação é a resposta:

ENQUANTO DURAR A TERRA, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite (Gn 8.22).

Porque Deus é fiel à sua Aliança foi que Deus preservou a tudo! Ele prometeu ferir a cabeça da serpente, o diabo, por meio de um filho de mulher. Como isso ainda não havia acontecido era necessário continuar a raça humana para que a sua promessa fosse cumprida e culminada no sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. Que Deus te abençoe a entender esta verdade! Amém!

02 – A ALIANÇA E SUA RENOVAÇÃO COM NOÉ:

O que Deus faz com Noé ao sair da arca não é uma nova Aliança, mas sim a renovação da Aliança original feita lá com Adão e Eva, tanto é que, ao sair da arca, Noé recebe de Deus praticamente a mesma bênção que Deus deu a Adão. Assim abençoou o Senhor a Adão e Eva:

E Deus os abençoou e lhes disse: SEDE FECUNDOS, MULTIPLICAI-VOS, ENCHEI A TERRA E SUJEITAI-A; DOMINAI SOBRE OS PEIXES DO MAR, SOBRE AS AVES DOS CÉUS E SOBRE TODO ANIMAL QUE RASTEJA PELA TERRA. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; ISSO VOS SERÁ PARA MANTIMENTO. E A TODOS OS ANIMAIS DA TERRA, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, TODA ERVA VERDE LHES SERÁ PARA MANTIMENTO. E assim se fez (Gn 1.28-30).

E agora compare com a bênção que Noé recebe:

Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: SEDE FECUNDOS, MULTIPLICAI-VOS E ENCHEI A TERRA. Pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; TUDO O QUE SE MOVE SOBRE A TERRA E TODOS OS PEIXES DO MAR NAS VOSSAS MÃOS SERÃO ENTREGUES. TUDO O QUE SE MOVE E VIVE SER-VOS-Á PARA ALIMENTO; COMO VOS DEI A ERVA VERDE, TUDO VOS DOU AGORA (Gn 9.1-3).

A ordem de encher a terra, dominar sobre ela e os animais e a dieta do homem se equiparam nas duas bênçãos. Isso nos mostra que a Aliança é a mesma! Ela apenas se renova em uma nova versão sem perder os princípios originais dos deveres e dos privilégios.

Nesta renovação, Deus não se esqueceu do que aconteceu com Caim, o qual matou a seu irmão, Abel, e ordena claramente na renovação da Aliança com Noé uma punição severa a quem cometer um homicídio:

Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, COMO TAMBÉM DA MÃO DO HOMEM, SIM, DA MÃO DO PRÓXIMO DE CADA UM REQUEREREI A VIDA DO HOMEM. SE ALGUÉM DERRAMAR O SANGUE DO HOMEM, PELO HOMEM SE DERRAMARÁ O SEU; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem (Gn 9.5,6).

Este princípio estabelecido com Noé vai também estar presente na renovação da Aliança com Moisés, pois a lei diz:

QUEM MATAR ALGUÉM SERÁ MORTO (Lv 24.17).

Diz ainda:

Todavia, se alguém ferir a outrem com instrumento de ferro, e este morrer, É HOMICIDA; O HOMICIDA SERÁ MORTO. ¹⁷ Ou se alguém ferir a outrem, com pedra na mão, que possa causar a morte, e este morrer, É HOMICIDA; O HOMICIDA SERÁ MORTO. ¹⁸ Ou se alguém ferir a outrem com instrumento de pau que tiver na mão, que possa causar a morte, e este morrer, É HOMICIDA; O HOMICIDA SERÁ MORTO. ¹⁹ O vingador do sangue, ao encontrar o homicida, matá-lo-á. ²⁰ Se alguém empurrar a outrem com ódio ou com mau intento lançar contra ele alguma coisa, e ele morrer, ²¹ ou, por inimizade, o ferir com a mão, e este morrer, SERÁ MORTO AQUELE QUE O FERIU; É HOMICIDA; o vingador do sangue, ao encontrar o homicida, matá-lo-á (Nm 35.16-21).

E o quarto mandamento do Decálogo diz:

NÃO MATARÁS (Êx 20.13).

Apesar do mandamento de Deus vemos este mal se repetir e multiplicar-se em nossos dias, pois o que mais vemos neste mundo hoje é o aumento da violência contra a vida. A vida parece não ter nenhum valor. A insensibilidade do homem quanto a vida, o sofrimento e o bem-estar de seu próximo nos deixam perplexos! A terra está suja de sangue e clama a Deus por vingança. Um dia Deus se despertará e porá fim a toda essa violência e vingar-se-á de cada homicídio.

Outra coisa que se pode perceber na renovação da Aliança com Noé é a citação, pela primeira vez, de animais limpos e imundos. Quando Noé termina a arca Deus diz a ele para entrar na arca com sua família e assim lhe ordena:

De todo ANIMAL LIMPO levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos ANIMAIS IMUNDOS, um par: o macho e sua fêmea (Gn 7.2).

Parece que Deus não precisa explicar nada a Noé sobre estes animais, pois Noé parece ter entendido muito bem a diferenciação entre eles. Apesar da menção e distinção destes animais aqui, não há qualquer restrição quanto ao fato de comer ou não estes animais, pois quando Noé sai da arca ele recebe de Deus estas palavras:

TUDO O QUE SE MOVE E VIVE SER-VOS-Á PARA ALIMENTO; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora (Gn 9.3).

Ele não recebe nenhuma restrição quanto ao que deve e não deve comer. Diferente de Moisés que recebe de Deus esta ordem:

PARA FAZER DIFERENÇA ENTRE O IMUNDO E O LIMPO E ENTRE OS ANIMAIS QUE SE PODEM COMER E OS ANIMAIS QUE SE NÃO PODEM COMER (Lv 11.47).

Mas quando Noé oferece holocausto a Deus, ele oferece de animais limpos:

Levantou Noé um altar ao Senhor E, TOMANDO DE ANIMAIS LIMPOS E DE AVES LIMPAS, ofereceu holocaustos sobre o altar (Gn 8.20).

Desde os dias de Noé os sacrifícios ofertados a Deus eram somente de animais limpos, simbolizando a pureza do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo.

Ainda outra coisa que se pode perceber na comparação das bênçãos de Adão e Noé é a diferenciação entre elas na dieta do homem. Observe como era com Adão:

E disse Deus ainda: EIS QUE VOS TENHO DADO TODAS AS ERVAS QUE DÃO SEMENTE E SE ACHAM NA SUPERFÍCIE DE TODA A TERRA E TODAS AS ÁRVORES EM QUE HÁ FRUTO QUE DÊ SEMENTE; ISSO VOS SERÁ PARA MANTIMENTO. ³⁰ E A TODOS OS ANIMAIS DA TERRA, E A TODAS AS AVES DOS CÉUS, E A TODOS OS RÉPTEIS DA TERRA, EM QUE HÁ FÔLEGO DE VIDA, TODA ERVA VERDE LHES SERÁ PARA MANTIMENTO. E assim se fez (Gn 1.29-30).

Veja que Deus não cita nenhum animal para alimento, mas tão somente vegetais. Agora veja como foi com Noé:

TUDO O QUE SE MOVE E VIVE SER-VOS-Á PARA ALIMENTO; COMO VOS DEI A ERVA VERDE, TUDO VOS DOU AGORA (Gn 9.3).

Deus diz a Noé que seu alimento, a partir daquele momento, seria também de carne, além dos vegetais. Percebe-se claramente que a alimentação nos tempos de Adão, pelo menos antes do pecado, era composta de vegetais e, a partir dos tempos de Noé, também de carne. Interessante notar a ordem de Deus para Noé quanto ao alimento que ele deveria levar na arca, que disse:

LEVA CONTIGO DE TUDO O QUE SE COME, ajunta-o contigo; SER-TE-Á PARA ALIMENTO, A TI E A ELES (Gn 6.21).

A comida de Noé e dos animais era a mesma, o que nos leva a crer que eram vegetais. A dieta do homem vai ser um ponto em que Deus foca em quase todas as renovações da Aliança. Com Adão era uma dieta de vegetais, com Noé uma dieta a base de vegetais e carnes, com Moisés vem uma dieta com abstinência de alimentos e com Jesus Cristo volta-se aos tempos de Noé e cancela-se a abstinência de alimentos.

A abstinência de alimentos vai ser um grande diferencial na Lei Mosaica. Isso vai ser tão impactante que contribuiu e muito para a rejeição de Jesus pelos judeus, pois eles valorizaram tanto este fato, transformando-a em uma tradição, que não aceitaram a mudança proposta pelo seu Messias quando este, finalmente, veio com um ensino diferente do de Moisés.

E o impacto deste novo ensino não foi somente no ministério de Jesus. Durante o estabelecimento da Igreja isso causou grandes divisões entre os discípulos de Cristo, pois havia na Igreja os judaizantes, os quais queriam impor a todos as práticas do que comer e outras leis cerimoniais, as quais foram transitórias até Cristo. E este mal alcançaria também os últimos dias, pois assim diz a Palavra de Deus:

Ora, o Espírito afirma expressamente que, NOS ÚLTIMOS TEMPOS, ALGUNS APOSTATARÃO DA FÉ, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, ² pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, ³ que proíbem o casamento E EXIGEM ABSTINÊNCIA DE ALIMENTOS QUE DEUS CRIOU PARA SEREM RECEBIDOS, COM AÇÕES DE GRAÇAS, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; ⁴ POIS TUDO QUE DEUS CRIOU É BOM, E, RECEBIDO COM AÇÕES DE GRAÇAS, NADA É RECUSÁVEL, ⁵ porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado (1 Tm 1.4-5).

Paulo argumenta que grupos exigirão abstinência de certos alimentos. Aqui ele contesta as leis judaicas que acabam escravizando as pessoas.

Jesus, em seu ministério, foi o oposto de Moisés quanto á questão de alimentos. Certa vez ele disse:

Convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, todos, e entendei. ¹⁵ NADA HÁ FORA DO HOMEM QUE, ENTRANDO NELE, O POSSA CONTAMINAR; mas o que sai do homem é o que o contamina. ¹⁶ [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.] ¹⁷ Quando entrou em casa, deixando a multidão, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola. ¹⁸ Então, lhes disse: Assim vós também não entendeis? Não compreendeis que TUDO O QUE DE FORA ENTRA NO HOMEM NÃO O PODE CONTAMINAR, ¹⁹ PORQUE NÃO LHE ENTRA NO CORAÇÃO, MAS NO VENTRE, E SAI PARA LUGAR ESCUSO? E, ASSIM, CONSIDEROU ELE PUROS TODOS OS ALIMENTOS (Mc 7.14-19).

Diferente de Moisés, Jesus nunca diferenciou alimentos entre limpo e imundo. Isso ascendeu a ira dos lideres religiosos da época, que não entenderam a transitoriedade das leis cerimoniais e que diante deles estava quem era maior que a lei. E Jesus os censuravam severamente quanto a isso:

Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. ⁷ E em vão me adoram, ENSINANDO DOUTRINAS QUE SÃO PRECEITOS DE HOMENS. ⁸ NEGLIGENCIANDO O MANDAMENTO DE DEUS, GUARDAIS A TRADIÇÃO DOS HOMENS (Mc 7.6-8).

Jesus deixou claro que tais ensinamentos tornaram-se tradições dos homens, fato que os impediram de aceitar o seu ensino. Este ensino de Jesus não foi nada fácil de ser superado pelos seus próprios discípulos. Quando começa a história da Igreja eles precisaram ser confrontados por Deus para, finalmente, entenderem os novos princípios da Nova Aliança. Pedro, por exemplo, para ir levar o evangelho aos gentios teve que ser impactado antes por uma visão provinda de Deus:

Então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, ¹² CONTENDO TODA SORTE DE QUADRÚPEDES, RÉPTEIS DA TERRA E AVES DO CÉU. ¹³ E OUVIU-SE UMA VOZ QUE SE DIRIGIA A ELE: LEVANTA-TE, PEDRO! MATA E COME. ¹⁴ Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. ¹⁵ Segunda vez, a voz lhe falou: AO QUE DEUS PURIFICOU NÃO CONSIDERES COMUM (At 10.11-15).

Os demais discípulos, que não tiveram a visão de Pedro, o repreenderam, dizendo:

Chegou ao conhecimento dos apóstolos e dos irmãos que estavam na Judeia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus. ² Quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão o arguiram, dizendo: ³ ENTRASTE EM CASA DE HOMENS INCIRCUNCISOS E COMESTE COM ELES (At 11.1-3).

Pedro se defende lhes dizendo sobre a visão que teve e o resultado de sua visita aos gentios:

Quando, porém, comecei a falar, CAIU O ESPÍRITO SANTO SOBRE ELES, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS, NO PRINCÍPIO. ¹⁶ Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados como Espírito Santo. ¹⁷ POIS, SE DEUS LHES CONCEDEU O MESMO DOM QUE A NÓS NOS OUTORGOU QUANDO CREMOS NO SENHOR JESUS, QUEM ERA EU PARA QUE PUDESSE RESISTIR A DEUS? ¹⁸ E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida (At 11.15-18).

E Paulo, mais tarde, vai dizer:

Portanto, QUER COMAIS, QUER BEBAIS OU FAÇAIS OUTRA COISA QUALQUER, FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS (1 Co 10.31).

Não importa o que você come ou deixa de comer, o que importa é você glorificar a Deus com o que faz.

Uma última coisa que podemos notar na comparação entre a bênção de Adão com a bênção de Noé é quanto a Terra. Tanto com Adão como com Noé toda a Terra e os que nela habitam foram entregues nas mãos do homem para cuidar e dominar sobre ela. E o que o homem tem feito com esta Terra que recebeu das mãos de Deus? Como ele tem agido com respeito a natureza? Infelizmente, o homem, caso perdido sem redenção, desacata novamente a Deus e se rebela contra sua Aliança, não preservando a criação de Deus, não cuidando deste único e maravilhoso lar que recebeu de seu Criador; nem mesmo a proporção da tragédia do dilúvio foi capaz de sensibilizar o seu coração. A ambição e o egoísmo do homem tem destruído este lar que Deus criou especialmente para a vida humana. Esta terra foi entregue ao homem para cultivá-la e não para ser destruída e um dia Deus pedirá conta dela!

Tão logo começa a humanidade após o dilúvio e já vemos o homem se rebelando contra Deus na construção da Torre de Babel. E novamente Deus tem que intervir para conter o mal, só que agora não com destruição, mas sim com dispersão:

E o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro. Destarte, O SENHOR OS DISPERSOU DALI PELA SUPERFÍCIE DA TERRA; e cessaram de edificar a cidade (Gn 11.6-8).

Deus conteve o mal sem destruir, conforme Ele havia prometido em sua Aliança dizendo:

EIS QUE ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA CONVOSCO, E COM A VOSSA DESCENDÊNCIA, e com todos os seres viventes que estão convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os animais selváticos que saíram da arca como todos os animais da terra. Estabeleço a minha aliança convosco: NÃO SERÁ MAIS DESTRUÍDA TODA CARNE POR ÁGUAS DE DILÚVIO, NEM MAIS HAVERÁ DILÚVIO PARA DESTRUIR A TERRA (Gn 9.9-11).

E a testemunha desta renovação da Aliança é o maravilhoso arco-íris:

Disse Deus: ESTE É O SINAL DA MINHA ALIANÇA QUE FAÇO ENTRE MIM E VÓS e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações: POREI NAS NUVENS O MEU ARCO; será por sinal da aliança entre mim e a terra (Gn 9.12-13).

O arco-íris detém a ira de Deus que muda de tática e aplica ao homem outra penalidade.

CONCLUSÃO:

Diante do exposto podemos concluir que a Aliança de Deus com Noé não é uma nova aliança, mas sim a renovação da Aliança Original realizada entre Deus e Adão. Como com Adão, a renovação da Aliança com Noé foi feita com toda a raça humana, descendentes dos filhos de Noé, e não foi desfeita até aos dias de hoje, tendo como prova o arco-íris, o que faz com que ela esteja valendo até aos nossos dias, porque Deus é fiel e Ele nunca permitirá que qualquer promessa sua venha a cair por terra. O que Ele prometeu, Ele cumprirá, tenha certeza disso!

E a renovação da Aliança com Noé provê as condições necessárias para o cumprimento da promessa de redenção do homem, feita lá no Jardim do Éden por Deus. A História da redenção continua seu desenvolvimento na humanidade com o próximo protagonista da história. Que Deus te abençoe e que você viva a esperança da Aliança e das promessas de Deus! Em Cristo! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.

 

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