Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede
fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. ² Pavor e medo de vós virão sobre
todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; tudo o que se move
sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues. ³ Tudo
o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo
vos dou agora. ⁴ Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não
comereis. ⁵ Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de
todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do próximo
de cada um requererei a vida do homem. ⁶ Se alguém derramar o sangue do homem,
pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem. ⁷
Mas sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela. ⁸
Disse também Deus a Noé e a seus filhos: ⁹ Eis que estabeleço a minha aliança
convosco, e com a vossa descendência, ¹⁰ e com todos os seres viventes que
estão convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os animais selváticos
que saíram da arca como todos os animais da terra. ¹¹ Estabeleço a minha
aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio, nem
mais haverá dilúvio para destruir a terra. ¹² Disse Deus: Este é o sinal da
minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres viventes que
estão convosco, para perpétuas gerações: ¹³ porei nas nuvens o meu arco; será
por sinal da aliança entre mim e a terra. ¹⁴ Sucederá que, quando eu trouxer
nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco, ¹⁵ então, me lembrarei da minha
aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres viventes de toda carne; e as
águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir toda carne. ¹⁶ O arco
estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos
os seres viventes de toda carne que há sobre a terra. ¹⁷ Disse Deus a Noé: Este
é o sinal da aliança estabelecida entre mim e toda carne sobre a terra (Gn 9.1-17).
INTRODUÇÃO:
Quando Deus criou o homem
e o colocou no Jardim do Éden, onde Adão e Eva, por fim, acabam desobedecendo a
Deus e de lá são expulsos por causa do pecado, Deus faz com eles uma Aliança e
ordena que se multipliquem pela terra. Mas contaminados pelo pecado e com a
comunhão com Deus interrompida as gerações vindouras que se multiplicaram trás
com eles a multiplicação da iniquidade. Isso desagrada a Deus que manda o
dilúvio, mas não se esquece de sua Aliança e preserva a Noé e a sua família
juntamente com os animais.
Deus ordena a Noé a
construção da arca e enquanto a construía Noé pregava e convidava a todos a
entrarem naquela arca, mas ninguém deu a menor importância ao amor e
providência de Deus, ninguém deu ouvidos à pregação de Noé, pois ninguém entrou
naquela arca a não ser a Noé e a sua família.
Deus, enfim, manda o
dilúvio, extermina os que não estavam na arca e quando as águas baixaram Noé
sai da arca com a sua família e ergue um altar e
oferece sacrifício ao Senhor que se comove em seu íntimo e renova com Noé a sua
Aliança, prometendo não mais destruir a terra pelo dilúvio. O que acontece aqui
não é uma nova aliança, mas sim a renovação da Aliança que Deus fizera com o
homem lá no Éden.
01 – A ALIANÇA E A RENOVAÇÃO PELA PRESERVAÇÃO:
Quando termina o dilúvio
e Noé sai da arca com a sua família,
sua primeira atitude foi erguer um altar e oferecer sacrifício ao Senhor,
conforme nos informa Gênesis:
LEVANTOU NOÉ UM ALTAR AO SENHOR E,
TOMANDO DE ANIMAIS LIMPOS E DE AVES LIMPAS, OFERECEU HOLOCAUSTOS SOBRE O ALTAR (Gn 8.20).
Esta atitude poderia vir somente de um homem
temente a Deus, que mesmo contemplando a destruição de seu mundo, de sua
cidade, de sua casa e a morte de seus conterrâneos, não demonstra nenhum
rancor, nenhuma mágoa, nenhuma revolta, nenhum ressentimento e nenhum
julgamento da ação de Deus, como que entendendo que não havia outra coisa a ser
feita senão o que Ele fez.
Às vezes, é necessário tomar medidas
drásticas, medidas que chocam, medidas que ferem, medidas que doem, mas medidas
que tragam no futuro benefícios gloriosos que fará esquecer o sofrimento
passado. O dilúvio foi uma medida drástica de Deus, foi uma ação de Deus em
resposta à rebeldia da humanidade. Pedro diz que ele aconteceu por ordem de
Deus:
Porque,
deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a
qual surgiu da água e através da água PELA
PALAVRA DE DEUS, ⁶ PELA QUAL VEIO A PERECER O MUNDO DAQUELE TEMPO, AFOGADO EM
ÁGUA (2 Pd
3.5-6).
Esta medida drástica pesou no coração de Deus,
porque o dilúvio não trouxe redenção para a humanidade, mas apenas a aplicação
do juízo de Deus aos malfeitores. Quando Noé e sua família saíram daquela arca,
saíram tão pecadores quanto entraram. Tanto isso é verdade que logo depois
acontece o episódio da Torre de Babel, mas o Senhor se lembra de sua Aliança e
não pune a humanidade como o fizera no dilúvio, apenas os espalham pela face da
Terra.
E quando Noé sai da arca ele oferece
holocausto a Deus e a palavra de Deus nos mostra que o sacrifício de Noé tocou
o coração de Deus:
E O SENHOR ASPIROU O SUAVE CHEIRO E
DISSE CONSIGO MESMO: NÃO TORNAREI A AMALDIÇOAR A TERRA POR CAUSA DO HOMEM, porque é mau o desígnio íntimo do homem
desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. ENQUANTO DURAR A TERRA, NÃO DEIXARÁ DE
HAVER SEMENTEIRA E CEIFA, FRIO E CALOR, VERÃO E INVERNO, DIA E NOITE (Gn
8.21-22).
Deus promete não agir mais da forma como agiu.
Se por um lado estas palavras de “enquanto durar a terra” indica que um dia ela
terá um fim, por outro podemos descansar nas promessas de um Deus fiel, que
nunca falhou e que nunca permitiu que qualquer promessa sua caísse por terra.
Foi no cenário do dilúvio
que Deus renova com Noé a sua Aliança. O dilúvio foi drástico, mas seu objetivo
era sublime: Renovar. Assim que as águas baixam e Noé sai da arca com sua
família, Deus lhes diz:
Mas sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos
nela. Disse também Deus a Noé e a seus filhos: EIS QUE ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA CONVOSCO, E COM A VOSSA
DESCENDÊNCIA, E COM TODOS OS SERES VIVENTES QUE ESTÃO CONVOSCO: TANTO AS AVES,
OS ANIMAIS DOMÉSTICOS E OS ANIMAIS SELVÁTICOS QUE SAÍRAM DA ARCA COMO TODOS OS
ANIMAIS DA TERRA. ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA CONVOSCO: NÃO SERÁ MAIS DESTRUÍDA
TODA CARNE POR ÁGUAS DE DILÚVIO, NEM MAIS HAVERÁ DILÚVIO PARA DESTRUIR A TERRA.
Disse Deus: ESTE É O SINAL DA MINHA
ALIANÇA QUE FAÇO ENTRE MIM E VÓS E ENTRE TODOS OS SERES VIVENTES QUE ESTÃO
CONVOSCO, PARA PERPÉTUAS GERAÇÕES: POREI NAS NUVENS O MEU ARCO; será por
sinal da aliança entre mim e a terra (Gn 9.7-13).
E esta promessa de Deus
nunca será esquecida e permanece de pé até aos dias de hoje. Isso não quer dizer
que nunca mais haverá juízo de Deus sobre a Terra. Conhecendo as Escrituras
Sagradas sabemos muito bem o fim que aguarda a Terra. A maldade do homem se
multiplicou sobre a face da Terra e por causa desse mal aconteceu o dilúvio.
Mais uma vez este mal volta a acontecer e mais uma vez Deus aplicará o seu
juízo. Pedro fala do futuro da Terra ao escrever:
Ora, OS CÉUS QUE AGORA EXISTEM E
A TERRA, PELA MESMA PALAVRA, TÊM SIDO ENTESOURADOS PARA FOGO, ESTANDO
RESERVADOS PARA O DIA DO JUÍZO e destruição dos homens ímpios (2 Pd
3.7).
O mesmo Deus que ordenou
o dilúvio e destruiu aos malfeitores providenciará nova destruição da Terra e,
desta vez, aniquilará para sempre aos ímpios. E Pedro diz como será o fim desta
Terra:
Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, NO QUAL OS CÉUS PASSARÃO COM ESTREPITOSO ESTRONDO, E OS ELEMENTOS SE
DESFARÃO ABRASADOS; também a terra e as obras que nela existem serão
atingidas (2 Pd 3.10).
E Jesus, falando desse
grande dia do juízo de Deus, diz:
Logo em seguida à tribulação daqueles dias, O SOL ESCURECERÁ, A LUA NÃO DARÁ A SUA CLARIDADE, AS ESTRELAS CAIRÃO DO
FIRMAMENTO, E OS PODERES DOS CÉUS SERÃO ABALADOS (Mt 24.29).
Mais uma vez a Terra vai
sentir os efeitos da Ira de Deus. Mas glória a Deus porque, se por um lado
temos Pedro anunciando a destruição da Terra, por outro temos João afirmando a
restauração da Terra, pois João nos escreve:
VI NOVO CÉU E NOVA TERRA, POIS O
PRIMEIRO CÉU E A PRIMEIRA TERRA PASSARAM, e o mar já não existe (Ap 21.1).
Pedro descreve um céu e
uma terra destruída. João, olhando para um tempo além de Pedro, vê um novo céu
e uma nova terra. O que foi destruído foi restaurado. E tudo isso, mais uma
vez, é ação direta de Deus, pois Ele mesmo nos diz:
POIS EIS QUE EU CRIO NOVOS CÉUS E
NOVA TERRA; e não haverá lembrança
das coisas passadas, jamais haverá memória delas (Is 65.17).
No dilúvio é Deus abrindo
as comportas dos céus e é Deus fechando estas comportas e colocando limites nas
águas. No dia do juízo é Deus destruindo os céus e a terra e é Deus recriando
os céus e a terra. Tudo vai ser destruído e tudo vai ser renovado pela mão
poderosa de Deus. E por causa disso Pedro diz para a Igreja de Deus:
VISTO QUE TODAS ESSAS COISAS HÃO
DE SER ASSIM DESFEITAS, DEVEIS SER TAIS COMO OS QUE VIVEM EM SANTO PROCEDIMENTO
E PIEDADE, ¹² esperando e
apressando a vinda do Dia de Deus, POR
CAUSA DO QUAL OS CÉUS, INCENDIADOS, SERÃO DESFEITOS, E OS ELEMENTOS ABRASADOS
SE DERRETERÃO (2 Pd 3.11-12).
Valorizamos e nos
apegamos tanto a este mundo que um dia será destruído. Mas Pedro nos alerta a
não vivermos assim, apegado ao que é corruptível, que um dia será destruído. E Pedro
termina seu pensamento dizendo:
Nós, porém, segundo a sua promessa, ESPERAMOS NOVOS CÉUS E NOVA TERRA, nos quais habita justiça (2
Pd 3.13).
Esta é a esperança da
Igreja de Deus. Interessante conciliar estes textos com a criação. Na criação a
Bíblia diz:
No princípio, CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA (Gn 1.1).
E Pedro diz:
Ora, OS CÉUS QUE AGORA EXISTEM E
A TERRA, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando
reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. ¹⁰ Virá,
entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, NO
QUAL OS CÉUS PASSARÃO COM ESTREPITOSO ESTRONDO, e os elementos se desfarão
abrasados; TAMBÉM A TERRA E AS OBRAS QUE
NELA EXISTEM SERÃO ATINGIDAS (2
Pd 3.7,10).
E João diz:
VI NOVO CÉU E NOVA TERRA, pois o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe (Ap 21.1).
Tudo leva a entender que
o juízo de Deus alcançará os céus e a Terra, ou seja, todo o Universo. E
enquanto o dia do juízo de Deus não chega temos a esperança da promessa de Deus
na renovação da Aliança com Noé. Com Noé Deus renova a sua Aliança revelando a
sua vontade de preservar para sempre a sua criação, tendo como testemunha o
arco-íris. O arco-íris nasceu no dia em que Deus
prometeu nunca mais destruir a vida na terra pelo dilúvio. Ao vê-lo nas nuvens,
Deus se lembra de sua aliança e contém as águas para que não mais destrua a
vida na terra. E isto não é uma fábula, mas uma promessa que sai dos próprios
lábios do Senhor que disse:
Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, E NELAS APARECER O ARCO, ENTÃO, ME
LEMBRAREI DA MINHA ALIANÇA, FIRMADA ENTRE MIM E VÓS E TODOS OS SERES VIVENTES
DE TODA CARNE; E AS ÁGUAS NÃO MAIS SE TORNARÃO EM DILÚVIO PARA DESTRUIR TODA
CARNE. O arco estará nas nuvens; VÊ-LO-EI
E ME LEMBRAREI DA ALIANÇA ETERNA ENTRE DEUS E TODOS OS SERES VIVENTES DE TODA
CARNE QUE HÁ SOBRE A TERRA. Disse Deus a Noé: ESTE É O SINAL DA ALIANÇA ESTABELECIDA ENTRE MIM E TODA CARNE SOBRE A
TERRA (Gn 9.7-17).
Hoje, vemos muitas
inundações locais, regionalizadas, sendo muitas delas consequências das obras
realizadas pelo próprio homem, mas este mundo nunca mais verá uma inundação
global, porque Deus prometeu isso à humanidade. Voltando
à reação de Deus ante ao sacrifício de Noé, Deus disse:
E
o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: NÃO TORNAREI A AMALDIÇOAR A TERRA POR CAUSA DO HOMEM, PORQUE É MAU O
DESÍGNIO ÍNTIMO DO HOMEM DESDE A SUA MOCIDADE; nem tornarei a ferir todo
vivente, como fiz (Gn 8.21).
Deus está dizendo que o homem, sem redenção, é
um caso perdido. A terra e os animais não pagariam mais o preço pelos pecados
dos homens, não seriam mais destruídos na tentativa de conter o mal. Depois do
dilúvio, a próxima grande obra de Deus vai ser a libertação e estabelecimento
do povo de Deus. E a próxima ação de Deus para a humanidade vai ser oferecer o
seu único Filho, perfeito, justo e santo em sacrifício pelos pecados do homem.
Agora sim, Deus deteve o mal! Agora sim, Deus feriu a cabeça da serpente!
Encontramos também, no texto acima, o motivo
do por que Deus preservou a vida de Noé, de sua família e dos animais. E por
que foi? Preservação é a resposta:
ENQUANTO DURAR A TERRA, não deixará de haver sementeira e ceifa,
frio e calor, verão e inverno, dia e noite (Gn 8.22).
Porque Deus é fiel à sua Aliança foi que Deus
preservou a tudo! Ele prometeu ferir a cabeça da serpente, o diabo, por meio de
um filho de mulher. Como isso ainda não havia acontecido era necessário
continuar a raça humana para que a sua promessa fosse cumprida e culminada no
sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. Que Deus te abençoe a entender esta
verdade! Amém!
02 – A ALIANÇA E SUA RENOVAÇÃO COM NOÉ:
O que Deus faz com Noé ao sair da arca não é
uma nova Aliança, mas sim a renovação da Aliança original feita lá com Adão e
Eva, tanto é que, ao sair da arca, Noé recebe de Deus praticamente a mesma
bênção que Deus deu a Adão. Assim abençoou o Senhor a Adão e Eva:
E
Deus os abençoou e lhes disse: SEDE
FECUNDOS, MULTIPLICAI-VOS, ENCHEI A TERRA E SUJEITAI-A; DOMINAI SOBRE OS PEIXES DO MAR, SOBRE AS
AVES DOS CÉUS E SOBRE TODO ANIMAL QUE RASTEJA PELA TERRA. E disse Deus
ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na
superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; ISSO VOS SERÁ PARA MANTIMENTO. E A TODOS OS
ANIMAIS DA TERRA, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da
terra, em que há fôlego de vida, TODA ERVA
VERDE LHES SERÁ PARA MANTIMENTO. E assim se fez (Gn
1.28-30).
E agora compare com a bênção que Noé recebe:
Abençoou
Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: SEDE
FECUNDOS, MULTIPLICAI-VOS E ENCHEI A TERRA. Pavor e medo de vós virão sobre
todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; TUDO O QUE SE MOVE SOBRE A TERRA E TODOS OS PEIXES DO MAR NAS VOSSAS MÃOS SERÃO ENTREGUES. TUDO O QUE
SE MOVE E VIVE SER-VOS-Á PARA ALIMENTO; COMO VOS DEI A ERVA VERDE, TUDO VOS DOU
AGORA (Gn 9.1-3).
A ordem de encher a terra, dominar sobre ela e
os animais e a dieta do homem se equiparam nas duas bênçãos. Isso nos mostra
que a Aliança é a mesma! Ela apenas se renova em uma nova versão sem perder os
princípios originais dos deveres e dos privilégios.
Nesta renovação, Deus não se esqueceu do que
aconteceu com Caim, o qual matou a seu irmão, Abel, e ordena claramente na
renovação da Aliança com Noé uma punição severa a quem cometer um homicídio:
Certamente,
requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei,
COMO TAMBÉM DA MÃO DO HOMEM, SIM, DA MÃO DO PRÓXIMO DE CADA UM REQUEREREI A
VIDA DO HOMEM. SE ALGUÉM DERRAMAR O
SANGUE DO HOMEM, PELO HOMEM SE DERRAMARÁ O SEU; porque Deus fez o homem
segundo a sua imagem (Gn 9.5,6).
Este princípio estabelecido com Noé vai também
estar presente na renovação da Aliança com Moisés, pois a lei diz:
QUEM MATAR
ALGUÉM SERÁ MORTO (Lv 24.17).
Diz ainda:
Todavia,
se alguém ferir a outrem com instrumento de ferro, e este morrer, É HOMICIDA; O HOMICIDA SERÁ MORTO. ¹⁷ Ou se alguém ferir a outrem, com pedra na
mão, que possa causar a morte, e este morrer, É HOMICIDA; O HOMICIDA SERÁ MORTO. ¹⁸ Ou se alguém ferir a outrem
com instrumento de pau que tiver na mão, que possa causar a morte, e este
morrer, É HOMICIDA; O HOMICIDA SERÁ
MORTO. ¹⁹ O vingador do sangue, ao encontrar o homicida, matá-lo-á. ²⁰ Se
alguém empurrar a outrem com ódio ou com mau intento lançar contra ele alguma
coisa, e ele morrer, ²¹ ou, por inimizade, o ferir com a mão, e este morrer, SERÁ MORTO AQUELE QUE O FERIU; É HOMICIDA;
o vingador do sangue, ao encontrar o homicida, matá-lo-á (Nm
35.16-21).
E o quarto mandamento do Decálogo diz:
NÃO
MATARÁS (Êx 20.13).
Apesar do mandamento de Deus vemos este mal se
repetir e multiplicar-se em nossos dias, pois o que mais vemos neste mundo hoje
é o aumento da violência contra a vida. A vida parece não ter nenhum valor. A
insensibilidade do homem quanto a vida, o sofrimento e o bem-estar de seu
próximo nos deixam perplexos! A terra está suja de sangue e clama a Deus por
vingança. Um dia Deus se despertará e porá fim a toda essa violência e
vingar-se-á de cada homicídio.
Outra coisa que se pode perceber na renovação
da Aliança com Noé é a citação, pela primeira vez, de animais limpos e imundos.
Quando Noé termina a arca Deus diz a ele para entrar na arca com sua família e
assim lhe ordena:
De
todo ANIMAL LIMPO levarás contigo
sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos ANIMAIS
IMUNDOS, um par: o macho e sua fêmea (Gn 7.2).
Parece que Deus não precisa explicar nada a
Noé sobre estes animais, pois Noé parece ter entendido muito bem a
diferenciação entre eles. Apesar da menção e distinção destes animais aqui, não
há qualquer restrição quanto ao fato de comer ou não estes animais, pois quando
Noé sai da arca ele recebe de Deus estas palavras:
TUDO O QUE SE MOVE E VIVE SER-VOS-Á
PARA ALIMENTO; como vos
dei a erva verde, tudo vos dou agora (Gn 9.3).
Ele não recebe nenhuma restrição quanto ao que
deve e não deve comer. Diferente de Moisés que recebe de Deus esta ordem:
PARA FAZER DIFERENÇA ENTRE O IMUNDO E
O LIMPO E ENTRE OS ANIMAIS QUE SE PODEM COMER E OS ANIMAIS QUE SE NÃO PODEM
COMER (Lv 11.47).
Mas quando Noé oferece holocausto a Deus, ele
oferece de animais limpos:
Levantou
Noé um altar ao Senhor E, TOMANDO DE
ANIMAIS LIMPOS E DE AVES LIMPAS, ofereceu holocaustos sobre o altar (Gn 8.20).
Desde os dias de Noé os sacrifícios ofertados
a Deus eram somente de animais limpos, simbolizando a pureza do Cordeiro de Deus,
Jesus Cristo.
Ainda outra coisa que se pode
perceber na comparação das bênçãos de Adão e Noé é a diferenciação entre elas
na dieta do homem. Observe como era com Adão:
E disse Deus ainda: EIS QUE VOS TENHO DADO TODAS AS ERVAS QUE
DÃO SEMENTE E SE ACHAM NA SUPERFÍCIE DE TODA A TERRA E TODAS AS ÁRVORES EM QUE
HÁ FRUTO QUE DÊ SEMENTE; ISSO VOS SERÁ PARA MANTIMENTO. ³⁰ E A TODOS OS ANIMAIS
DA TERRA, E A TODAS AS AVES DOS CÉUS, E A TODOS OS RÉPTEIS DA TERRA, EM QUE HÁ
FÔLEGO DE VIDA, TODA ERVA VERDE LHES SERÁ PARA MANTIMENTO. E assim se fez
(Gn 1.29-30).
Veja que Deus não cita nenhum animal
para alimento, mas tão somente vegetais. Agora veja como foi com Noé:
TUDO O QUE SE MOVE E VIVE SER-VOS-Á PARA ALIMENTO; COMO VOS DEI A ERVA
VERDE, TUDO VOS DOU AGORA (Gn 9.3).
Deus diz a Noé que seu alimento, a
partir daquele momento, seria também de carne, além dos vegetais. Percebe-se
claramente que a alimentação nos tempos de Adão, pelo menos antes do pecado,
era composta de vegetais e, a partir dos tempos de Noé, também de carne.
Interessante notar a ordem de Deus para Noé quanto ao alimento que ele deveria
levar na arca, que disse:
LEVA
CONTIGO DE TUDO O QUE SE COME, ajunta-o
contigo; SER-TE-Á PARA ALIMENTO, A TI E
A ELES (Gn 6.21).
A comida de Noé e dos animais era a mesma, o
que nos leva a crer que eram vegetais. A dieta do homem vai ser um ponto em que
Deus foca em quase todas as renovações da Aliança. Com Adão era uma dieta de
vegetais, com Noé uma dieta a base de vegetais e carnes, com Moisés vem uma
dieta com abstinência de alimentos e com Jesus Cristo volta-se aos tempos de
Noé e cancela-se a abstinência de alimentos.
A abstinência de alimentos vai ser um grande
diferencial na Lei Mosaica. Isso vai ser tão impactante que contribuiu e muito
para a rejeição de Jesus pelos judeus, pois eles valorizaram tanto este fato,
transformando-a em uma tradição, que não aceitaram a mudança proposta pelo seu
Messias quando este, finalmente, veio com um ensino diferente do de Moisés.
E o impacto deste novo ensino não foi somente
no ministério de Jesus. Durante o estabelecimento da Igreja isso causou grandes
divisões entre os discípulos de Cristo, pois havia na Igreja os judaizantes, os quais queriam impor a
todos as práticas do que comer e outras leis cerimoniais, as quais foram
transitórias até Cristo. E este mal
alcançaria também os últimos dias, pois assim diz a Palavra de Deus:
Ora, o Espírito afirma expressamente
que, NOS ÚLTIMOS TEMPOS, ALGUNS
APOSTATARÃO DA FÉ, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de
demônios, ² pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a
própria consciência, ³ que proíbem o casamento E EXIGEM ABSTINÊNCIA DE ALIMENTOS QUE DEUS CRIOU PARA SEREM RECEBIDOS,
COM AÇÕES DE GRAÇAS, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a
verdade; ⁴ POIS TUDO QUE DEUS CRIOU É
BOM, E, RECEBIDO COM AÇÕES DE GRAÇAS, NADA É RECUSÁVEL, ⁵ porque, pela
palavra de Deus e pela oração, é santificado (1 Tm 1.4-5).
Paulo argumenta que grupos
exigirão abstinência de certos alimentos. Aqui ele contesta as leis judaicas
que acabam escravizando as pessoas.
Jesus, em seu ministério,
foi o oposto de Moisés quanto á questão de alimentos. Certa vez ele disse:
Convocando
ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, todos, e entendei. ¹⁵ NADA HÁ FORA DO HOMEM QUE, ENTRANDO NELE, O
POSSA CONTAMINAR; mas o que sai do homem é o que o contamina. ¹⁶ [Se alguém
tem ouvidos para ouvir, ouça.] ¹⁷ Quando entrou em casa, deixando a multidão,
os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola. ¹⁸ Então, lhes disse:
Assim vós também não entendeis? Não compreendeis que TUDO O QUE DE FORA ENTRA NO HOMEM NÃO O PODE CONTAMINAR, ¹⁹ PORQUE NÃO
LHE ENTRA NO CORAÇÃO, MAS NO VENTRE, E SAI PARA LUGAR ESCUSO? E, ASSIM,
CONSIDEROU ELE PUROS TODOS OS ALIMENTOS (Mc 7.14-19).
Diferente de Moisés, Jesus nunca diferenciou
alimentos entre limpo e imundo. Isso ascendeu a ira dos lideres religiosos da
época, que não entenderam a transitoriedade das leis cerimoniais e que diante
deles estava quem era maior que a lei. E Jesus os censuravam severamente quanto
a isso:
Respondeu-lhes:
Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. ⁷ E em vão me
adoram, ENSINANDO DOUTRINAS QUE SÃO PRECEITOS
DE HOMENS. ⁸ NEGLIGENCIANDO O MANDAMENTO DE DEUS, GUARDAIS A TRADIÇÃO DOS
HOMENS (Mc 7.6-8).
Jesus deixou claro que tais ensinamentos
tornaram-se tradições dos homens, fato que os impediram de aceitar o seu ensino.
Este ensino de Jesus não foi nada fácil de ser superado pelos seus próprios
discípulos. Quando começa a história da Igreja eles precisaram ser confrontados
por Deus para, finalmente, entenderem os novos princípios da Nova Aliança.
Pedro, por exemplo, para ir levar o evangelho aos gentios teve que ser
impactado antes por uma visão provinda de Deus:
Então,
viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual
era baixado à terra pelas quatro pontas, ¹² CONTENDO TODA SORTE DE QUADRÚPEDES, RÉPTEIS DA TERRA E AVES DO CÉU. ¹³
E OUVIU-SE UMA VOZ QUE SE DIRIGIA A ELE: LEVANTA-TE, PEDRO! MATA E COME. ¹⁴
Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma
comum e imunda. ¹⁵ Segunda vez, a voz lhe falou: AO QUE DEUS PURIFICOU NÃO CONSIDERES COMUM (At 10.11-15).
Os demais discípulos, que não tiveram a visão
de Pedro, o repreenderam, dizendo:
Chegou
ao conhecimento dos apóstolos e dos irmãos que estavam na Judeia que também os
gentios haviam recebido a palavra de Deus. ² Quando Pedro subiu a Jerusalém, os
que eram da circuncisão o arguiram, dizendo: ³ ENTRASTE EM CASA DE HOMENS INCIRCUNCISOS E COMESTE COM ELES (At
11.1-3).
Pedro se defende lhes dizendo sobre a visão
que teve e o resultado de sua visita aos gentios:
Quando,
porém, comecei a falar, CAIU O ESPÍRITO
SANTO SOBRE ELES, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS, NO PRINCÍPIO. ¹⁶ Então, me lembrei
da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós
sereis batizados como Espírito Santo. ¹⁷ POIS,
SE DEUS LHES CONCEDEU O MESMO DOM QUE A NÓS NOS OUTORGOU QUANDO CREMOS NO
SENHOR JESUS, QUEM ERA EU PARA QUE PUDESSE RESISTIR A DEUS? ¹⁸ E, ouvindo
eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também
aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida (At
11.15-18).
E Paulo, mais tarde, vai dizer:
Portanto,
QUER COMAIS, QUER BEBAIS OU FAÇAIS OUTRA
COISA QUALQUER, FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS (1 Co
10.31).
Não importa o que você come ou deixa de comer,
o que importa é você glorificar a Deus com o que faz.
Uma última coisa que podemos notar na
comparação entre a bênção de Adão com a bênção de Noé é quanto a Terra. Tanto
com Adão como com Noé toda a Terra e os que nela habitam foram entregues nas
mãos do homem para cuidar e dominar sobre ela. E o que o homem tem feito com
esta Terra que recebeu das mãos de Deus? Como ele tem agido com respeito a
natureza? Infelizmente, o homem, caso perdido sem redenção, desacata novamente
a Deus e se rebela contra sua Aliança, não preservando a criação de Deus, não
cuidando deste único e maravilhoso lar que recebeu de seu Criador; nem mesmo a
proporção da tragédia do dilúvio foi capaz de sensibilizar o seu coração. A
ambição e o egoísmo do homem tem destruído este lar que Deus criou
especialmente para a vida humana. Esta terra foi entregue ao homem para
cultivá-la e não para ser destruída e um dia Deus pedirá conta dela!
Tão logo começa a humanidade após o dilúvio e
já vemos o homem se rebelando contra Deus na construção da Torre de Babel. E
novamente Deus tem que intervir para conter o mal, só que agora não com
destruição, mas sim com dispersão:
E
o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é
apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde,
desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem
de outro. Destarte, O SENHOR OS
DISPERSOU DALI PELA SUPERFÍCIE DA TERRA; e cessaram de edificar a cidade (Gn
11.6-8).
Deus conteve o mal sem destruir, conforme Ele
havia prometido em sua Aliança dizendo:
EIS QUE ESTABELEÇO A MINHA ALIANÇA
CONVOSCO, E COM A VOSSA DESCENDÊNCIA,
e com todos os seres viventes que estão convosco: tanto as aves, os animais
domésticos e os animais selváticos que saíram da arca como todos os animais da
terra. Estabeleço a minha aliança convosco: NÃO SERÁ MAIS DESTRUÍDA TODA CARNE POR ÁGUAS DE DILÚVIO, NEM MAIS
HAVERÁ DILÚVIO PARA DESTRUIR A TERRA (Gn 9.9-11).
E a testemunha desta renovação da Aliança é o
maravilhoso arco-íris:
Disse
Deus: ESTE É O SINAL DA MINHA ALIANÇA
QUE FAÇO ENTRE MIM E VÓS e entre todos os seres viventes que estão
convosco, para perpétuas gerações: POREI
NAS NUVENS O MEU ARCO; será por sinal da aliança entre mim e a terra (Gn
9.12-13).
O arco-íris detém a ira de Deus que muda de
tática e aplica ao homem outra penalidade.
CONCLUSÃO:
Diante do exposto podemos concluir que a
Aliança de Deus com Noé não é uma nova aliança, mas sim a renovação da Aliança
Original realizada entre Deus e Adão. Como com Adão, a renovação da Aliança com
Noé foi feita com toda a raça humana, descendentes dos filhos de Noé, e não foi
desfeita até aos dias de hoje, tendo como prova o arco-íris, o que faz com que
ela esteja valendo até aos nossos dias, porque Deus é fiel e Ele nunca permitirá
que qualquer promessa sua venha a cair por terra. O que Ele prometeu, Ele
cumprirá, tenha certeza disso!
E a renovação da Aliança com Noé provê as
condições necessárias para o cumprimento da promessa de redenção do homem,
feita lá no Jardim do Éden por Deus. A História da redenção continua seu
desenvolvimento na humanidade com o próximo protagonista da história. Que Deus
te abençoe e que você viva a esperança da Aliança e das promessas de Deus! Em
Cristo! Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada.
Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no
Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra
Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.
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