Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

ROMANOS: ABANDONADOS: O JUÍZO DE DEUS SOBRE NOSSA GERAÇÃO

Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! (Rm 1.24-25).

INTRODUÇÃO:

Que Deus nos dê a compreensão na sua Palavra e que essa verdade aqui exposta cale profundamente nosso coração e nos ajude a entender a nossa própria situação e a situação da humanidade ao nosso redor. Que o Senhor abra aos nossos olhos para que possamos ver além da letra, ver ao Senhor. Que possamos ver essas verdades que estão ao nosso redor e, por vezes, nos passam despercebidas. Que Deus nos dê uma mentalidade espiritual aprovada diante dele, uma disposição mental que esteja de acordo com a tua Palavra, de tal maneira que possamos entender a realidade como o Senhor mesmo a vê. Que a exposição dessas palavras seja usada por Deus para falar ao coração de todos aqueles que a leem.

No estudo anterior nós vimos como que Paulo explicou aos cristãos de Roma que Deus havia se revelado ou tem se revelado à humanidade, através de duas formas. Primeiro, através da consciência. Nós vimos isso nos versos 18 e 19, que lá do céu Deus revela a sua existência. E o fato de que Ele está irado com a humanidade é por causa da rebelião que a humanidade manifestou com relação a esta revelação. Então, Deus se revela a todo homem pela consciência, de forma que todo homem tem consciência de que há um Deus, embora ele se rebele contra esta revelação de Deus.

Deus também se revelou pela criação, pelas coisas criadas. A natureza, o mundo, o Universo na sua beleza, diversidade e complexidade, no seu propósito, na sua profundidade, tudo isso fala de um poder inteligente por detrás da realidade visível. O mundo não veio a existir ao acaso e matéria não gera matéria, do nada nada se produz. Então, existe alguém anterior à criação, alguém pessoal, alguém inteligente, alguém que tem propósito eterno, alguém todo poderoso, que criou a vida com toda a sua complexidade e de forma inteligente. A criação fala a respeito dessas coisas.

Em seguida Paulo explica que, apesar dessa revelação de Deus na consciência e na natureza, o homem, o ser humano, rejeitou essa revelação e a ela não se rendeu. Nós lemos isso a partir do verso 21, que mesmo tendo conhecimento de Deus os homens preferiram sufocar esse conhecimento e, dizendo-se por sábios se tornaram loucos e começaram a procurar explicações para a existência do mundo, para a existência da vida, para sua própria existência, para o funcionamento do Universo. Enfim, para as questões básicas da vida, sem levar Deus em consideração.

E Paulo começa a descrever esse processo que começa na mente que rejeita a Deus, depois o coração que se escurece, depois atinge a consciência que perde a noção da verdade e, finalmente, os homens caem na idolatria, eles substituem Deus por outros deuses e rejeitam ao Deus Soberano, o qual lhes deu a sua revelação, seu conhecimento através da natureza e da consciência e o que eles fazem? Fazem deuses para si mesmo e se prostrem diante deles, adorando e fazendo a eles suas orações.

Deus se revela, o homem rejeita, e agora chegou a vez de Deus, do verso 24 até ao verso 31, onde Paulo fala da retribuição de Deus. Deus se revelou, o homem rejeitou e Deus retribuiu. A retribuição de Deus está marcada aqui pela repetição, por três vezes, da expressão “por isso Deus entregou”, conforme por ser visto em:

Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si (Rm 1.24).

Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza (Rm 1.26).

E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes (Rm 1.28).

O que nós vamos começar a estudar hoje é exatamente isso que nós chamamos de retribuição de Deus, ou seja, Deus está dando o troco, porque Ele se revelou à humanidade e ela o rejeitou. E, agora, é a vez de Deus. O que é que Deus fez diante da rejeição da humanidade? Diante da revelação que Ele fez de Si mesmo? É o que Paulo vai explicar aqui. Ele vai dizer que a reação de Deus foi entregar a humanidade aos desejos do seu coração, foi abandonar a humanidade à corrupção da sua alma, foi deixar que a humanidade recebesse aquilo que ela quer. Ela rejeitou a Deus e fez deuses para si e Deus, então, diz: Está bem, vai ser do jeito que vocês querem. E Deus, então, entrega a humanidade aos seus próprios desejos.

Eu quero explicar esses dois versículos com alguns pontos que podem ser tirados desta passagem. O objetivo é que Deus nos ajude a entender esta verdade terrível de que nós vivemos debaixo da Ira de Deus e da sua justa retribuição e que a situação do homem é muito pior do que ele imagina. E que qualquer pretensão a mérito ou justiça própria ou caminho de salvação que dependa do homem é tudo ilusão, a realidade é outra. Vamos começar com a afirmação de Paulo que está no verso 24.

01 – O CORAÇÃO DO HOMEM ESTÁ CORROMPIDO E CHEIO DE CONCUPISCÊNCIAS:

Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si (Rm 1.24).

A palavra concupiscência significa simplesmente desejos e pode ser um desejo bom ou um desejo ruim, só que no Novo Testamento essa palavra “concupiscência”, ela sempre é usada para significar desejos ruins, ou seja, o desejo de ter ou fazer alguma coisa errada. Uma concupiscência é uma paixão por alguma coisa proibida, é o anseio por alguma coisa que é contra a natureza de Deus. E aqui Paulo está dizendo que o coração do homem abriga as concupiscências ou esses desejos. É assim um coração humano.

O coração aqui se refere àquilo que nós somos por dentro e de acordo com o que a Bíblia diz aqui e em outras passagens, nós estamos cheios dessas paixões e desses anseios e desejos por aquilo que não é lícito, por aquilo que é errado. Mas não foi sempre assim. Quando Deus criou a raça humana, Deus criou os nossos primeiros pais à sua imagem e semelhança, em santidade e inocência, embora com a possibilidade de pecarem. E eles usaram essa liberdade e se revoltaram contra Deus, desobedeceram a ordem de Deus e como resultado eles se precipitaram e também a toda descendência que viria depois dele.

Primeiro, por estarem em um estado de condenação diante de Deus, Ele passou a condenação para Adão e Eva e por extensão a todos aqueles que nascem de Adão e Eva. Isso significa que você e eu já nascemos condenados, debaixo da justa condenação de Deus, porque Adão e Eva eram nossos representantes e ao serem condenados nós também fomos condenados com eles.

E segundo, precipitou a raça humana na corrupção. Nós herdamos aquela natureza corrompida do primeiro casal. Nós somos filhos de Adão e Eva, já nascemos inclinados ao mal, já nascemos com um coração abrigando desejos errados e esses desejos se manifestam na mais inocente “criancinha”, no “bebezinho mais bonitinho”, pois logo que nascem a gente percebe ele botar as garrinhas de fora, e você vai ver de quem realmente ele é filho. Cedo você vai perceber, vai descobrir que ele é filho de Adão e Eva, como você também, e como serão os seus filhos também.

O coração do homem está cheio de concupiscência é assim que nós viemos a esse mundo. Nosso coração é inclinado para o mal, esses desejos que estão dentro de nós e que governam o que nós fazemos, as nossas escolhas, as nossas preferências e o caminho que nós queremos tomar. A concupiscência dos seus próprios corações. Esse é o primeiro ponto e é o ponto de partida aqui.

02 – ESTA CONCUPISCÊNCIA LEVA O HOMEM A MUDAR A VERDADE DE DEUS EM MENTIRA:

Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! (Rm 1.25).

O segundo ponto diz que os homens mudaram a verdade de Deus em mentira. Este ponto também está relacionado com o que já estudamos anteriormente e não somente com as concupiscências de seus corações, fatos que levaram Paulo a concluir afirmando a trágica mudança que os homens fizeram. A concupiscência em seu coração é a razão pela qual o homem natural, no seu estado natural, rejeita a revelação que Deus fez de si mesmo.

Deus se revela à nossa consciência e se revela na natureza como um Deus Santo, um Deus Justo, um Deus verdadeiro e todo poderoso, que demanda nossa obediência e a nossa submissão, mas o nosso coração é cheio de concupiscência e não queremos se submeter a um Deus que vai nos condenar naquilo que nós tanto gostamos. Quem quer um Deus que vai ficar o tempo todo lhe dizendo: Você não pode olhar para a mulher do seu próximo. Quem quer um Deus que vai ficar o tempo todo lhe dizendo: Você tem que ser honesto, você tem que fazer as coisas tudo certinho. Quem quer um Deus que vai ficar o tempo todo lhe dizendo: Você tem que perdoar os seus inimigos, você tem que amar sua sogra, você tem que gostar do seu vizinho. Ninguém quer um Deus desse.

Então, a concupiscência do coração faz com que o homem rejeite o conhecimento de Deus desde o nascimento. Embora a glória de Deus brilhe ao nosso redor, na consciência, nas coisas criadas, o homem não quer saber de Deus, ele rejeita essa revelação que Deus fez de Si mesmo em sua consciência e também em toda a criação. E não somente isso, ele não somente rejeita, mas faz ainda pior, o homem muda o conhecimento de Deus. Veja o que Paulo disse no verso 23:

E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm 1.23).

Veja a gravidade da situação. Deus se mostra na natureza como sendo diferente da criação. Ele é o Criador, Ele é incorruptível, quer dizer que Ele não vai se corromper como nós, pois nós vamos morrer e o nosso corpo vai para a sepultura e lá ele vai se decompor, pois nós somos corruptíveis. Mas Deus é incorruptível, Ele não se decompõe, Ele não se estraga, Ele é eterno, Ele sempre é o mesmo. Agora, os homens pegaram o conhecimento desse Deus e mudaram a Glória desse Deus Eterno, incorruptível, em semelhança da imagem de homem corruptível.

Os homens preferiram adorar a si mesmos, preferiram adorar outros homens, preferiram deuses feitos à sua imagem e semelhança. E o que é pior é que não ficaram só no homem não, foram baixando, adoram aves, quadrúpedes e répteis, adoram os seres irracionais também. Mudaram a glória de Deus. Então, essa concupiscência, essas trevas do coração, trazem não somente a rejeição de Deus, mas uma mudança, pois torceram o conhecimento de Deus, em vez de adorar a Deus eles fizeram deuses para si. E no verso 25 Paulo diz sobre outra mudança que os homens fizeram, dizendo:

Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! (Rm 1.25).

Mudaram a verdade de Deus em mentira. A palavra mudar aqui no verso 25 é diferente da palavra mudar no verso 23. Mudar no verso 23 significa mudar, mas mudar no verso 25 é mais do que mudar, é travestir. Travestir significa você mudar a natureza de uma coisa e representa-la vestida de outra coisa. Daí vem o termo que nós conhecemos como travesti, um homem que se veste de mulher ou uma mulher que se veste de homem, faz cirurgia, faz operação e etc. O termo vem desse verbo, que significa você mudar a natureza de uma coisa e apresentá-la como sendo outra coisa.

É isso que esse verbo significa, que os homens travestiram a verdade de Deus em mentira e a mentira que Paulo está se referindo aí é a idolatria, essa que é a mentira, os homens tomaram Deus e travestiram Deus, representaram Deus numa forma falsa. E que forma falsa é essa? Ídolos, imagens de homens, imagens de animais, adoração do sol, da lua, da estrela, o que a gente chama de feiticismo, que é adorar a árvore, adorar o rio, adorar a montanha ou a objetos.

Os homens mudaram e travestiram a glória de Deus e criaram, fizeram para si essas religiões. E por que que eles fizeram isso? Por que o homem fábrica Deuses para si? Por causa da concupiscência do seu coração. Eles não querem Deus. O coração está cheio de concupiscência, por isso que os deuses que eles inventaram, os deuses da mitologia grega, os deuses do Egito, os deuses de Roma, os deuses do paganismo, das religiões orientais, são, na verdade, homens com poderes sobre humanos, mas com as paixões humanas. São deuses vingativos, deuses cruéis, deuses assassinos, deuses imorais, que se misturam com os homens e com as mulheres e tem filhos semideuses. São deuses que ficam tramando guerras de poder para ver quem vai dominar. Todas essas divindades são criadas segundo a imaginação do homem, segundo a concupiscência de seus corações.

A verdade é que ninguém quer um Deus como Deus, que se revela na consciência e na criação, porque nós teríamos que nos humilhar diante desse Deus e servi-lo. Na verdade, a escolha é entre você crer nesse Deus e se submeter a Ele ou, então, você tomar o lugar dele e você mesmo declarar que é deus ou àqueles que você diz que é deus. Mas, de um jeito ou de outro o homem sempre estará ajoelhado diante do altar de algum deus, se não for do Deus verdadeiro, será de um travestir desse Deus que ele mesmo inventou e ele mesmo criou. É isso que Paulo nos diz aqui, nos diz o que que Deus fez com aqueles que rejeitaram a sua verdade, recusaram a sua revelação.

03 – E DEUS OS ENTREGA AOS DESEJOS DE SEU PRÓPRIO CORAÇÃO:

Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si (Rm 1.24).

Primeiro, o coração do homem é corrompido e cheio de concupiscência. Segundo, isso leva o homem a mudar a verdade de Deus e travestir Deus como se fosse imagens e ídolos que ele mesmo criou. E terceiro Deus, então, entrega o homem ao seu próprio coração. No verso 24 Paulo começa dizendo “por isso”, apontando para o verso anterior. Se os homens mudaram a glória do Deus incorruptível, “por isso”, ou seja, por causa disso, porque eles fizeram isso, Deus entregou tais homens à imundícia pelas concupiscências do seu próprio coração para desonrarem os seus corpos entre si.

E o que que significa isso aqui? O que significa que Deus entregou tais homens à imundícia? Entregar, aqui, significa abandonar o pecador ao poder do pecado em seu coração. A figura é mais ou menos essa: O coração está cheio de concupiscências, mas ninguém é tão ruim, ninguém é tão perverso, ninguém é tão imoral quanto poderia ser, porque Deus refreia. E como é que Deus refreia o mal do coração? É quando você nasce em um lar e desde cedo lhe ensinam princípios, ensinam a verdade. É quando você nasce em um país onde a polícia reprime a violência, nasce em um país onde existe lei, existe autoridade, e você fica com medo de fazer determinadas coisas, porque você sabe que se você fizer você vai preso, você vai pagar uma multa, você pode ser processado. Então, Deus, através das leis dos governantes, da polícia, através do castigo, através da educação, através de bons exemplos, porque você teve bons exemplos na sua vida e gente séria, gente boa, gente que foi bem-sucedida, fazendo o bem. Então, Deus usa estas coisas para reprimir a corrupção do seu coração, o mal que está dentro dele.

Seu coração é tão ruim quanto o de um estuprador, de um traficante de drogas, o meu também é cheio de concupiscência. Mas, por que que eu não sou tão ruim quanto eles? Por que que você não é tão ruim como eles? Porque Deus restringe o seu coração, Ele segura a corrupção do seu coração, Ele não deixa você ser tão corrupto quanto você pode ser. Por isso que o castigo de Deus para aqueles que o rejeitam é tirar o pé do freio, é Deus simplesmente soltar o freio de mão. Abandonar, aqui, significa tirar as travas e deixar que o pecador vai até o fim no seu pecado, significa permitir que o pecado vai até o fim, como um ato de julgamento.

E Deus faz isso não é porque Ele desistiu da humanidade, mas é um ato de julgamento, porque o castigo para o pecado é mais pecado ainda. Pense em uma conta bancária. Você fica devendo todo mês, aí vai aumentando os juros, não é isso? O banco não cobra. Cobra, mas não executa. Aí todo mês essa dívida vai aumentando, vai aumentando, vai aumentando, até chegar o dia do acerto no banco, em que você vai ter que resolver aquilo ali. É mais ou menos isso, Deus diz assim: É isso que você quer? É assim que você quer? Viver como se Eu não existisse? Você me rejeita e quer seguir os seus caminhos segundo os seus deuses? Tudo bem então, vai seguindo o seu caminho, mas eu estou anotando tudo que você está fazendo, está bom?

Deus está anotando tudo e a conta vai aumentando, vai aumentando e no dia do juízo a conta que essas pessoas vão dar diante de Deus é muito maior do que se Deus tivesse refreado as paixões mundanas de seus corações. Quando Deus entrega a humanidade ou uma cultura ou uma raça ou uma pessoa à imundícia, isso significa um ato judicial de Deus, um ato de condenação de Deus. É um ato de julgamento, de castigo de Deus contra aquele povo, contra aquela raça, contra aquele país, contra aquela cultura. Deus os entrega ao seu próprio coração.

 Paulo diz aqui que Deus entregou tais homens à imundícia. Imundícia é uma palavra grega que significa imoralidade sexual. Note que ela já existe no coração do homem, mas agora Deus deixa que ela se manifeste no corpo. Já tinha antes no coração, na concupiscência, mas agora Deus disse: Vai em frente. E ela, então, começa a se manifestar naquilo que Paulo chama de imundícia do seu coração. Deus entrega, então, o homem, a essa imundícia, deixando de refrear as suas paixões, deixando os imorais sem castigo, com toda a liberdade para as suas paixões carnais.

E essa é uma das maneiras que Deus abandona, que deixa o pecador fazer o que ele faz, Deus não castiga. Vocês já se perguntaram por que que não desse um raio do céu ou não vem um castigo, não cai uma pedra em cima, um piano em cima de um imoral, desafiador de Deus, que a terra não se abre e o engole na hora de seu pecado? É porque uma das maneiras pelas quais Deus castiga é deixando de punir. Porque imagine o pecador que rejeita a Deus, pratica imoralidade e Deus o castiga, o que que ele vai fazer? Opa! Não vou fazer mais. E quando Deus não castiga ele faz uma vez, viu que não tem castigo e faz de novo, vai fazer de novo, vai ficar fazendo de novo.

E essa é a diferença do filho de Deus, pois quando o filho de Deus faz, ele apanha, porque Deus bate nos filhos dele, mas não bate nos filhos dos outros, mas o filho dele Ele castiga. Portanto, se você desobedecer, você que é filho de Deus, crente em Jesus Cristo, se você pular a cerca pode ter certeza de que Deus vai atrás, Ele também vai pular a cerca atrás de você. Mas os que não são dele, Ele vai deixar e, dessa forma, o pecador vai se afundando cada vez mais na imoralidade, nas trevas do seu coração e nada acontece por aqui. Mas estamos falando aqui, nada acontece por aqui e agora, mas o dia do juízo está chegando, em que Deus vai ajustar contas com ele e, assim, está aumentando, acumulando a Ira de Deus para o grande dia do juízo.

É isso que significa que Deus entrega o homem à imundícia do seu próprio coração. Essa é a Ira de Deus. Lembra que nós lemos no verso 18 que a Ira de Deus se revela? E a gente olha ao redor e diz: Mas como a Ira de Deus está se revelando? A resposta é essa: Deus entregando a humanidade aos seus prazeres, Deus deixando de castigar, Deus deixando de reprimir, Deus tirando bons governantes, Deus tirando leis justas e boas, Deus tirando a autoridade policial, Deus deixa os criminosos, os violentos, os terroristas, os imorais, os pedófilos tomarem conta da situação, estão crescendo no mundo e Deus simplesmente está dizendo: Mas não foi isso que vocês quiseram na hora que vocês me rejeitaram? O que que vocês estavam pensando que ia acontecer?

Olho para a sociedade ao redor, para a nossa cultura ocidental e vejo claramente o sinal da Ira de Deus sobre nós. As leis estão sendo derrubadas, ninguém acredita mais no poder policial, os bons governantes, onde estão eles? A igreja calada e a sociedade se dissolvendo moralmente, avança a imoralidade cada vez mais aberta e ninguém faz nada, ninguém consegue reagir. O que é isso senão o sinal da Ira de Deus sobre a nossa civilização? Ela está caminhando para o fim e isso bem diante dos nossos olhos. Nós estamos vivendo esse período triste da nossa história. E essa sempre foi a maneira de Deus agir. Veja o que diz o salmista:

¹⁰ Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito. Abre bem a boca, e ta encherei. ¹¹ Mas o meu povo não me quis escutar a voz, e Israel não me atendeu. ¹² Assim, deixei-o andar na teimosia do seu coração; siga os seus próprios conselhos (Sl 81.10-12).

É a mesma coisa que Paulo está dizendo. A nação de Israel não quis ouvir a voz de Deus, então, Ele diz: Está bom, ande na teimosia do seu coração, siga os seus próprios conselhos, vai em frente, não é isso que você quer? Deus fez isso com a própria nação de Israel. E veja o livro de Ezequiel o que que Deus mandou dizer ao povo:

⁴ Portanto, fala com eles e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Qualquer homem da casa de Israel que levantar os seus ídolos dentro do seu coração, e tem tal tropeço para a sua iniquidade, e vier ao profeta, eu, o Senhor, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos; ⁵ para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos (Ez 14:4,5).

Deus mandou o profeta Ezequiel falar isso ao povo de Israel. Deus está dizendo que se um Israelita fosse idólatra, tivesse ídolos no coração e resolvesse ir na casa de Deus e consultasse a Deus, sabe o que que Deus ia fazer? Deus ia responder segundo o seu ídolo. Isso quer dizer que quando a pessoa fosse consultar ao deus baal, baal fala, fosse consultar ao deus renfã, renfã fala, fosse consultar a deusa astarote, astarote responde. Aí ele vai dizer: Eu fui curado por baal, eu fui curado por renfã, eu fui curado por astarote, eu fui curado pelo meu deus, pelo meu ídolo, mas quem é que estava por detrás? Deus! E olha o verso cinco o porquê que Deus faz isso:

Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos (Ez 14:4,5).

Sabe o que que Deus está dizendo aqui? Que quando vocês me abandonam eu entrego vocês aos seus ídolos e vocês vão falar com seus ídolos e os seus Ídolos vão te responder, vocês vão fazer oração e o ídolo vai responder, você vai pedir cura e ele vai curar você, vai pedir uma maravilha e o ídolo vai fazer. E sabem quem é que está fazendo isso? Eu mesmo, diz o Senhor. É Ele quem faz, porque Deus é o único poder que existe, o ídolo é falso, é claro. E por que que Deus faz isso? Exatamente para apanhar o pecador na sua própria armadilha. E você está achando isso muito pesado? Veja o que diz Paulo aos Tessalonicenses:

⁹ Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, ¹⁰ e com todo engano de injustiça aos que perecem (2 Ts 2:9-10).

Iníquo aqui é o anticristo e Paulo está dizendo que o seu surgimento será segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder e sinais e prodígios da mentira, com toda forma de engano possível. E por que isso acontece?

Porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos (2 Ts 2:10).

Deus, no seu amor, mandou a verdade, mas eles não acolheram esta verdade, não deram crédito a ela, antes, a rejeitaram e a mudaram em mentira. Agora veja que é por esse motivo pois que Deus lhe manda a operação do erro:

¹¹ É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira (2 Ts 2:11).

Deus lhes manda a operação do erro para darem crédito à mentira. Não quiseram ouvir ao profeta? Não quiseram ouvir a Palavra de Deus? Não deram crédito à verdade? Deus lhes manda falso profeta e aqueles que não quiseram ouvir a verdade vão ouvir a mentira e vão crer na mentira. E sabem por que?

¹² a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça (2 Ts 2:12).

Agora você sabe porque no mundo de hoje crescem as seitas, o erro religioso, tanta gente correndo atrás de mentiras, é Deus abandonando, é a Ira de Deus, o castigo de Deus sobre esse povo que rejeita a verdade de Deus, que não quer a Deus no fundo dos seus corações. E vamos ver mais uma passagem:

⁴¹ Naqueles dias, fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras das suas mãos (At 7:41).

Aqui Estevão, pregando ao povo de Israel, está se referindo ao tempo em que a nação de Israel andou no deserto por 40 anos. Ele está se referindo à idolatria que eles cometeram lá no deserto. Quando o povo de Israel saiu do Egito e trouxeram com eles os deuses do Egito, escondidinho debaixo do casaco e lá no deserto adoravam a Deus, mas adoravam também a esses ídolos. Arão até fez um bezerro de ouro. Agora, veja que o verso seguinte fala:

⁴² Mas Deus se afastou e os entregou ao culto da milícia celestial (At 7:42).

Quando Deus viu que eles estavam adorando aos ídolos, Deus se afastou e os entregou ao culto da milícia celestial. Milícia celestial é o sol, a Lua e a estrela. Deus se afastou e os entregou ao culto do sol, da lua, e da estrela. É como Deus dizendo: Podem adorar, mas um dia vocês vão dar conta disso tudo. É isso que significa.

E voltando para Romanos capítulo 1, o Apóstolo Paulo não está dizendo nada novo, nada que o Antigo Testamento não tenha dito, que os profetas não tinham avisado, que o castigo de Deus para rebelião do seu povo e para idolatria é Deus entregar o homem à corrupção do seu próprio coração. Deus entrega o homem ao erro, Deus entrega o homem ao falso profeta, ao falso culto, a falsa religião, quando no íntimo do seu coração ele rejeita a Deus e a revelação que Ele faz de Si mesmo. Você entra, então, nesse processo de retribuição de Deus.

04 – E DEUS OS ENTREGA À IMUNDÍCIA PARA DESONRAREM OS SEUS CORPOS ENTRE SI:

Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si (Rm 1.24).

Esse é o resultado final, quando Deus entrega uma cultura, uma pessoa, uma sociedade, um país, uma geração aos desejos do seu próprio coração. O resultado final é desonrar os seus corpos entre si, o que nos diz que, quando Deus criou os nossos corpos, esses corpos foram criados para um fim honroso. E a Bíblia é muito clara quando fala sobre isso, especialmente nas relações sexuais. Deus criou um homem e uma mulher. Ele não criou um homem e um homem, ou uma mulher e uma mulher. Ele não criou dois homens e uma mulher ou duas mulheres e um homem, Ele criou um homem e uma mulher e os uniu em casamento, ou seja, o propósito do meu corpo, pensando na área sexual, é que eu tenha relações heterossexuais monogâmicas no casamento.

Desonrar o corpo é fazer qualquer coisa fora disso. Fornicação, que é o sexo entre pessoas solteiras, adultério, que é sexo em que uma pessoa casada está envolvida, que não seja seu cônjuge, prostituição, quando isso envolve dinheiro, ou relações homo afetivas ou homossexualidade, são distorções desse projeto original de Deus. E é isso que acontece quando Deus entrega uma sociedade, um indivíduo e uma geração aos desejos do seu coração, vai caminhando até finalmente desonrar o seu corpo entre si.

Agora, imagine lermos essas palavras de Paulo em sua época. Paulo vivia na época de Roma, a sociedade mais dissoluta da época, dos 15 imperadores de Roma, 14 praticava homossexualidade. Tinha concubina, prostituição, meninos de programa, isso era comum para o cidadão romano, era aceitável na sociedade. E na Grécia, então, nem se fala, o culto ao corpo, a imoralidade, a devassidão, cidades como Corinto, que era famosa pela quantidade de prostitutas que havia lá, a ponto de o nome da cidade virar símbolo de corrupção. Esse era o mundo que Paulo vivia, completamente depravado.

Quando Deus retira o freio a humanidade se lança mais e mais na imoralidade sexual para desonrar os seus corpos entre si. E veja a justiça e a ironia de Deus: Vocês me desonraram, então, Eu vou entregar a vocês a vocês mesmos para se desonrarem. Deus está retribuindo na justa medida, vocês me desonraram, então, vocês serão desonrados. E da mesma forma que vocês mudaram a minha glória, vocês vão mudar o que é natural entre vocês. A justiça de Deus na aplicação do juízo.

05 – ALGUMAS LIÇÕES PRÁTICAS PARA NOSSAS VIDAS:

Quero terminar tirando para nós algumas lições que esse texto tem a nos dizer. Tem tantas lições que nós poderíamos tirar desses dois versículos, mas vamos mencionar alguma delas.

a) O texto Fala da Profunda Depravação do Coração Humano:

Estamos diante de mais uma passagem da Bíblia que fala da profunda depravação do coração humano. Não se deixe enganar por aqueles que de alguma forma sugerem que a resposta para os nossos problemas está dentro do nosso coração, que nós somos bonzinhos por natureza, que a nossa índole é boa. Essa não é a visão bíblica, a visão bíblica é que nós somos corrompidos desde a raiz dos cabelos, não há nada bom em nós, não há um justo, não há um sequer.

As nossas justiças são como trapo de imundícia. Só não somos piores porque Deus refreia, você só não é pior porque Deus lhe segura, Deus está puxando o freio de mão, senão você seria tão perverso e imoral como qualquer outra pessoa que você, às vezes, critica e condena, como sendo pior do que você. Mas o nosso coração é corrompido, completamente corrompido e você não tem poder sobre ele, você não consegue controlar isso, se algum controle você tem é porque Deus está suprimindo, Deus está segurando, Deus está puxando o freio de mão para que você não seja tão ruim quanto você poderia ser. Lembre-se disso.

E isso é verdade também do cristão. Quando nós cremos em Jesus, nós somos perdoados, justificados e aceitos por Deus, como que nascemos de novo, mas essa corrupção ela permanece em nós até o último dia da nossa vida aqui nesse mundo e o cristão vai lutar contra isso todos os dias da sua vida. Isso é tão forte, tão sério, que, às vezes, te leva a achar que você não é um crente convertido. E isso não é de todo ruim, mas já é um bom começo você pensar assim e fazer essa pergunta, porque tem gente que acha que é e somente depois da morte vai descobrir que nunca foi. Então, é bom você perguntar isso aqui, enquanto há tempo para alguma coisa ser feita.

O que nos leva a fazer este tipo de questionamento é porque aqui a luta é muito grande, é constante, pois todos os dias estamos brigando com nosso coração, com nossas vontades e, às vezes, até caímos. Também não aguentamos quando fazemos alguma coisa errada que desagrada a Deus, choramos quando isso acontece, lamentamos e ficamos desesperados. Isso pode nos levar a perguntar se porventura somos crentes mesmo. Mas isso também pode ser a maior prova de que você é um crente convertido, porque um pecador que está entregue ao seu próprio coração, ele não está nem aí se ele está ofendendo a Deus, ele vai é arrumar desculpas pelo procedimento dele, para a imoralidade dele, para a mentira dele, vai ficar se justificando. Mas, o crente verdadeiro, ele não suporta a corrupção do coração dele. A vida cristã é uma luta constante, uma briga constante e este texto fala disso, da corrupção do nosso coração.

b) A Nossa Cultura Está Debaixo da Ira de Deus:

Eu sei que todos nós queremos pensar em Deus como sendo um Deus de amor. E Ele é um Deus de amor, vamos ver isso a partir do capítulo três de Romanos. Mas, antes de chegar no amor de Deus temos que falar da Ira dele e os sinais da Ira dele estão em todo lugar. Os freios estão sendo tirados, a impunidade é cada vez maior para quem pratica o mal, a culpa da nossa geração está sendo acumulada para o dia do juízo.

E nós vemos isso até entre os próprios evangélicos, sinais de que Deus está tirando o freio. É só você olhar a roupa de algumas irmãs, a sensualidade, a provocação e elas não veem mal nisso e vai até dizer assim: O problema é o olhinho do irmão. É também, mas perderam a vergonha, a verdade é essa, perderam a vergonha, se vestem mostrando tudo e a gente pergunta: Onde foi parar o pudor, a vergonha, a castidade? Está indo embora. Até mesmo entre o povo de Deus está indo embora. Os homens também se vestem do mesmo jeito.  A vergonha dos homens também foi embora, parece que querem se exibir mesmo, provocar mesmo. E os namorados? Parece normal no meio da juventude evangélica namorado ir para a cama com a namorada e ter relações como se fosse a coisa mais normal do mundo. Mas não é não, isso é desonrar os corpos, isso é sinal exatamente de que Deus está tirando os freios.

E quando a igreja começa a achar que tudo isso é normal, quando a igreja para de falar, os pastores param de falar disso, com medo de perder membro, os pastores param de denunciar esse tipo de coisa, com medo de receber críticas da igreja, é sinal de que Deus está tirando os profetas e está entregando mesmo aquela geração aos seus próprios desejos, porque uma das coisas que ainda controla e segura é quando Deus levanta o profeta que mete o dedo no nariz e diz: Isso está errado e eu estou dizendo que está errado.

E aí vem o adultério, flertar com a mulher dos outros, pornografia, que o pessoal consome como se fosse uma coisa natural e parece que não se preocupam com isso. E isso corre solto no meio evangélico, poucos ousam levantam a voz e falar. Eu vejo esses sinais da Ira de Deus ao nosso redor, eu vejo sim, e peço que Deus tenha misericórdia, primeiro da minha própria vida, porque eu sou um pecador, não diferente dos outros, peço por misericórdia por mim e pelas outras pessoas também.

c) Somente o Próprio Deus Pode nos Salvar Dessa Situação:

Esta é mais uma verdade que este texto nos ensina. Somente o próprio Deus pode nos salvar dessa situação. O que nós precisamos para nos livrar desse círculo férreo é de um poder extraordinário que quebre as amarras, que abra os nossos olhos, que nos liberte da escravidão de nós mesmos e nos tire das trevas para a luz e da escravidão para a liberdade dos filhos de Deus. E esse poder é o Evangelho de Jesus Cristo. Esse poder não é humano, ele não está em nós, não está em nenhuma instituição e em nenhuma pessoa, mas tão somente em Deus. Lembra do que Paulo se refere no início de Romanos, no capítulo 1 verso 16?

¹⁶ Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).

É preciso um poder para nos libertar disso, para mudar essa situação, e só o Evangelho de Cristo pode fazer isso. Nós não precisamos de remendo, nós precisamos de ressurreição, não adianta você pensar: Vou reformar minha vida, você precisa nascer de novo, precisa ser liberto, e só o poder do Evangelho pode fazer isso.

CONCLUSÃO:

E para terminar falo aqui a você, que já foi alcançado por esse poder, que pense na realidade das pessoas ao seu redor, seus vizinhos, seus amigos, amigos da academia, amigos da escola, do seu ambiente de trabalho, eles estão debaixo da Ira de Deus e você tem que os ver dessa forma. É assim que você tem que enxergar a realidade ao seu redor. E você deve falar para eles, dizer para eles do poder de Deus, de Cristo, que pode libertá-los dessa situação, para onde eles caminham, inexoravelmente, se não forem libertos pelo poder do Evangelho. São idólatras, estão debaixo da Ira de Deus, escravos de suas paixões, por isso testemunhe, ore por eles, compartilhe o Evangelho, não esqueça que os seus vizinhos estão debaixo da Ira de Deus e caminham para a condenação.

Medita no seu próprio estado, a tendência da idolatria do seu coração e da imoralidade e todo dia se ajoelha aos pés da cruz e diga: Oh Deus! Tem misericórdia de mim, tem misericórdia de mim, me segura, me sustenta, não me abandona, não abandona meu coração, não me deixe entregue à minha própria vontade, porque eu sei do que é que eu sou capaz de fazer, mas controla a minha vida, guia os meus caminhos, livra-me do mal. Ore Como Jesus nos ensinou a orar: Não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal, livra-me do mal, Senhor. Essa tem que ser nossa oração diária, tem que ser a sua oração diária, gastando tempo com Deus, com a Palavra e com a oração.

E você que está lendo esta mensagem e que ainda não conhece o poder do Evangelho, ainda não experimentou esse poder extraordinário que vem pela mensagem da cruz, creia nele nesta hora e entregue sua a Jesus Cristo, aquele que morreu por nós, que experimentou por nós o ferrão do pecado, que levou sobre Si a nossa culpa, ressuscitou ao terceiro dia e está vivo e poderoso para atender a todo pecador que reconhece o seu estado de perdição e chega para Ele não dizendo ou impondo limites ou condições, mas dizendo: Eu sou um pecador miserável, mereço a condenação, mas em Ti há poder, Jesus, para me perdoar, para me livrar, para me libertar da escravidão do pecado e das suas consequências. Creia nele nessa hora e vem a Ele nesse momento e em Cristo Jesus você vai encontrar perdão, libertação e uma nova vida. Que Deus nos escute, que Ele seja servido em abençoar essa Palavra aos nossos corações.

Termino fazendo essa oração: Senhor Deus nós nos curvamos diante de Ti nesse instante, confessando que somos parte de uma geração culpada e abandonada aos seus corações depravados. Senhor, contemplamos com tristeza os sinais da tua Ira ao nosso redor, o crescimento da iniquidade, da imoralidade, a falta de freio, a falta de pudor, de vergonha, tudo isso crescendo ao nosso redor e, às vezes, até dentro de nós. Pedimos, Pai, misericórdia, não nos castigue com essa geração perversa, mas segundo Jesus Cristo, segundo o amor de Jesus Cristo, trata-nos segundo a tua misericórdia e compaixão, ouve a oração de todo aquele que, nessa hora, contrito, deseja se apegar a Ti, que treme diante da tua Palavra. Senhor, fala aos nossos corações, livra aos nossos filhos, as nossas crianças, aos nossos jovens, do engano do pecado, dai-lhes ouvidos para ouvirem a Ti. É o que nós te pedimos nessa hora por amor de Jesus, nosso salvador. Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Rev. Augustus Nicodemus. Mensagem da Série Romanos: Abandonados: O juízo de Deus Sobre Nossa Geração. YouTube.

quarta-feira, 19 de julho de 2023

A ALIANÇA: SEU CONCEITO E FINALIDADE

Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem? Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor, teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão somente o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê. Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz. Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes. Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito. Ao Senhor, teu Deus, temerás; a ele servirás, a ele te chegarás e, pelo seu nome, jurarás. Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e temíveis coisas que os teus olhos têm visto. Com setenta almas, teus pais desceram ao Egito; e, agora, o Senhor, teu Deus, te pôs como as estrelas dos céus em multidão (Dt 10.12-22).

INTRODUÇÃO:

Temos visto até aqui os mistérios que envolvem a Aliança de Deus com a humanidade para tentarmos compreender os propósitos de Deus. Vimos que Deus, o instituidor da Aliança é quem toma toda iniciativa. Ele decidiu criar ao pactuante à sua imagem e semelhança, dar a ele uma glória superior às demais criaturas e fazer com ele uma Aliança, a fim de relacionar-se com sua criatura, criando entre os dois um laço de amor, amor este imensurável por parte do Criador.

Como instituidor é Deus quem determina as regras do jogo, porque Ele não está em pé de igualdade com sua mais bela criatura, porque Deus é Eterno, Imortal, e possui a virtude da misericórdia na mais completa perfeição. Mas Ele também é justo e firme, e nunca um Zé Mané levado pelas ondas e influenciado pela ignorância, pelo egoísmo, pelo orgulho do pactuante. Esta superioridade do Instituidor da Aliança é a segurança que temos do cumprimento da parte de Deus no acordo, porque se dependesse do pactuante a Aliança não teria passado da primeira fase. É exatamente isso que estamos descrevendo ao longo deste estudo. Que Deus abra o seu coração e a sua mente para entender a verdade e não venhas a cair nas velhas tradições humanas que exaltam o homem e negam a sublimidade do sacrifício de Cristo.

01 – O CONCEITO DA ALIANÇA:

O grande objetivo da Aliança de Deus com a humanidade é oferecer ao homem a oportunidade de relacionar-se com Ele, pois uma aliança é um acordo, um tratado, um compromisso feito entre um grupo de pessoas que regulamenta os direitos e os deveres de cada um. E em nosso caso a questão é a Aliança de Deus com a humanidade. Basicamente, esta Aliança são as diretrizes do relacionamento entre Deus e as suas criaturas. Deus vinha todos os dias ao Jardim do Éden para falar com o homem face a face para saber como fora o seu dia, refletindo aí o verdadeiro conceito da Aliança. Fico imaginando quais seriam os conteúdos diários desta conversa íntima com Deus. Foi assim até ao dia em que o homem quebrou o acordo e perdeu este relacionamento íntimo e perfeito com Deus.

E como o homem decaído tem aversão a Deus, esse relacionamento é restaurado por Deus através de um laço de amor. E este laço de amor é constituído de promessas, deveres, leis, bênçãos e maldições. E as promessas de Deus representam um sinal e afirmam a fidelidade de Deus. Deus tem sido fiel ao cumprimento de suas promessas e tem estabelecido deveres ao pactuante, mas este tem negligenciado seus deveres, rejeitados as bênçãos da Aliança e colhido as consequências de sua negligência.

Quantos aos deveres do pactuante, eles estão constituídos em leis, mandamentos, estatutos e regras para que os cumpramos, os quais determinam como deve ser nosso relacionamento com Deus. Para vermos sobre o conceito e finalidade da Aliança, vamos avançar um pouco, para a renovação da Aliança com Moisés, momento em que nos foi dada a Lei, a qual diz:

Agora, pois, ó Israel, QUE É QUE O SENHOR REQUER DE TI? NÃO É QUE TEMAS O SENHOR, TEU DEUS, E ANDES EM TODOS OS SEUS CAMINHOS, E O AMES, E SIRVAS AO SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO E DE TODA A TUA ALMA, PARA GUARDARES OS MANDAMENTOS DO SENHOR E OS SEUS ESTATUTOS QUE HOJE TE ORDENO, PARA O TEU BEM (Dt 10.12-13)?

Deus quer relacionar-se com suas criaturas, mas pela sua justiça e santidade haveria regras para isso, sendo os mandamentos constituídos por essa finalidade. E estes mandamentos e estatutos foram muito bem resumidos por Jesus em apenas duas ordenanças que, quando lhe perguntaram, disse:

Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: AMARÁS O SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO, DE TODA A TUA ALMA E DE TODO O TEU ENTENDIMENTO. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22.36-40).

Jesus está dizendo que o que Deus quer é relacionar-se com sua criatura e que este reflita este relacionamento em sua relação uns com os outros, que demonstre ao seu próximo a mesma ternura, o mesmo amor que Ele teve e tem pelo homem que criou. Este é um verdadeiro resumo dos termos da Aliança de Deus com a humanidade, de forma que, se nós realmente o cumprirmos não quebraremos os termos da Aliança, porque quando quebramos a Aliança com Deus, basicamente, ou transgredimos contra Deus ou transgredimos contra o nosso próximo. Outra forma de resumo pode ser encontrada nos primórdios da Lei:

Eis que, hoje, eu ponho diante de vós A BÊNÇÃO E A MALDIÇÃO: A BÊNÇÃO, QUANDO CUMPRIRDES OS MANDAMENTOS DO SENHOR, VOSSO DEUS, QUE HOJE VOS ORDENO; A MALDIÇÃO, SE NÃO CUMPRIRDES OS MANDAMENTOS DO SENHOR, VOSSO DEUS, MAS VOS DESVIARDES DO CAMINHO QUE HOJE VOS ORDENO, para seguirdes outros deuses que não conhecestes (Dt 11.26-28).

Este conceito esteve presente desde o princípio, pois se o homem tivesse permanecido fiel ele estaria até hoje recebendo todos os dias a visita de Deus e estava assim se relacionando com Ele até aos dias de hoje. Se não tivesse quebrado a Aliança o homem não teria conhecido a morte, não teria se separado de seu Criador, não tinha perdido a comunhão com Ele e a Terra não teria sido amaldiçoada e passasse a produzir também caldos e abrolhos, mas permaneceria perfeita para sempre, assim como o novo Céu e a nova Terra permanecerá por toda a eternidade.

A fidelidade a Deus, aos termos da Aliança, sempre foram valorizados e destacados por Deus. Quando você olha para a Antiga Aliança, para a vida dos patriarcas, dos profetas, de reis e tantos outros homens e mulheres, você pode observar que o que fez a diferença em suas vidas foi o relacionamento que tiveram com Deus. E como obtiveram intenso relacionamento com Deus? Observando aos preceitos da Aliança. Fizeram o que Adão e Eva deveriam ter feito: Permanecido fiel. E onde encontraram base para este relacionamento? Na Palavra de Deus. O salmista destaca muito esta verdade. Ele diz:

LÂMPADA PARA OS MEUS PÉS É A TUA PALAVRA E, LUZ PARA OS MEUS CAMINHOS (Sl 119.105).

A Palavra de Deus era o seu guia. Ele confirma essa verdade quando diz:

DE QUE MANEIRA PODERÁ O JOVEM GUARDAR PURO O SEU CAMINHO? OBSERVANDO-O SEGUNDO A TUA PALAVRA (Sl 119.9).

Porque ele tinha em mente a valorização dos preceitos de Deus e submetia-se a eles dizendo:

TU ORDENASTE OS TEUS MANDAMENTOS, PARA QUE OS CUMPRAMOS À RISCA (Sl 119.4).

Ele tinha firme em sua mente a importância de obedecer a Deus. Ah! Como que Adão e Eva tinham que ter tido isso firme na mente quando estavam lá no Jardim do Éden. O guia de suas vidas deveria ter sido a ordenança de Deus quando disse:

De toda árvore do jardim comerás livremente, MAS DA ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL NÃO COMERÁS; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.16-17).

Mas eles não se mantiveram firme nesta palavra, foram infelizes e com ele toda a humanidade. E, hoje, se alguém deseja se relacionar com Deus não há outra maneira a não ser por intermédio de Jesus Cristo e a sua permanência em sua palavra. Quem assim o faz é feliz e colhe as mais ricas bênçãos de Deus, conforme diz o salmista:

BEM-AVENTURADOS OS QUE GUARDAM AS SUAS PRESCRIÇÕES E O BUSCAM DE TODO O CORAÇÃO; NÃO PRATICAM INIQUIDADE E ANDAM NOS SEUS CAMINHOS (Sl 119.2-3).

É muito feliz aquele que obedece a Deus e se relaciona com Ele. E como estamos hoje em que vivemos sob a Nova Aliança? Antes de partir Jesus deixou estabelecido um memorial para não nos esquecermos da Aliança quando disse:

Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: ESTE CÁLICE É A NOVA ALIANÇA NO MEU SANGUE; FAZEI ISTO, TODAS AS VEZES QUE O BEBERDES, EM MEMÓRIA DE MIM (1 Co 11.25).

E a finalidade desta Nova Aliança continua sendo a mesma: Andar com Deus. E Jesus sempre deixou isso bem claro quando dizia:

PERMANECEI EM MIM, E EU PERMANECEREI EM VÓS. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim (Jo 15,4).

Isso trás a ideia de relacionamento, justamente a ideia do conceito da Aliança. E o que acontece com aquele que não se relaciona com Deus? Jesus responde:

SE ALGUÉM NÃO PERMANECER EM MIM, SERÁ LANÇADO FORA, à semelhança do ramo, E SECARÁ; E O APANHAM, LANÇAM NO FOGO E O QUEIMAM (Jo 15.6).

Ou seja, quem não se relaciona com Deus não gozará a eternidade no Céu, na presença de Deus, mas sim no inferno, onde há a absoluta ausência de Deus.

Desde os dias de Cristo o homem ouve as boas-novas do evangelho, no qual Deus apresenta o sacrifício de Seu Filho, Jesus Cristo, como suficiente para cumprir as exigências de Deus na restauração e salvação do homem. Caso o homem aceite e viva nos termos da Aliança ele se relaciona com seu Criador, mas caso venha a rejeitar a Cristo e não crer nele, se ele morrer nesta condição, as maldições da Aliança será a única alternativa para ele, sendo ela a de perecer eternamente no inferno por rejeitar a salvação de Deus. Deus cumpriu a sua promessa providenciando o Messias e quando Ele veio ofereceu o bem mais precioso deste mundo ao dizer:

EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA E A TENHAM EM ABUNDÂNCIA (Jo 10.10).

Aproveite a oportunidade de restauração que Deus lhe oferece hoje e volta-se para Ele, porque, como no princípio, Deus quer se relacionar com você. Pense nisso!

02 – A ALIANÇA E SUA FINALIDADE: ANDAR COM DEUS:

Quando Deus criou o homem, formando-o do pó da Terra, soprou em suas narinas o sopro da vida e ele passou a ser alma vivente. A partir deste momento a sua alma jamais morrerá porque ela é uma extensão de Deus. A vida lhe entrou pelas narinas, em seu íntimo, em seu interior e dali vivificou o corpo. Este ato maravilhoso da graça de Deus tinha uma finalidade: Criar uma criatura à imagem e semelhança dele para relacionar-se com ela. Mas Deus é perfeito e Santo e só pode relacionar-se com alguém em igual perfeição e santidade. A Bíblia diz que DEUS É LUZ E NÃO HÁ NELE TREVA NENHUMA (1 Jo 1.5).

E quando o homem perdeu seu estado original de perfeição e santidade, ele perdeu seu relacionamento com seu Criador. No Éden, Deus vinha todos os dias conversar face a face com o homem. Não era um relacionamento espiritual, mas pessoal. E o homem, com a queda, perdeu esta comunhão. Deus, em sua infinita graça, resolveu restaurar este relacionamento ao invés de por um fim nele, mas para isso haveria algo a se fazer, um preço a se pagar, porque uma dívida foi criada.

E neste contexto entra a Pessoa do Filho de Deus, que não é somente uma extensão de Deus, como o homem, mas o próprio Deus. E porque este relacionamento não é mais algo natural e espontâneo para o homem, ele acontece somente através de uma guerra que acontece no íntimo, no interior, na parte provinda do sopro de Deus que fora afetada pelo pecado. Então, para relacionar-se com sua criatura, Deus estabelece uma Aliança e é através desta Aliança que as criaturas que habitam na Terra se relacionam com Deus.

Deus fez com sua criatura um acordo, um trato, um compromisso regulamentado por direitos e deveres de cada um. E os preceitos desta Aliança tornam-se as diretrizes do relacionamento entre Deus e as suas criaturas. Com a quebra do homem no acordo Deus, motivado por um amor imensurável, toma a iniciativa e estabelece critérios para restabelecer o relacionamento entre Ele e a sua criatura. É a parte fiel do Instituidor da Aliança que mantêm vivo o acordo, mas pela sua justiça Deus estabelece mais uma vez os deveres do pactuante, constituídos em leis, mandamentos, estatutos e regras para que os cumpramos, os quais determinam como deve ser nosso relacionamento com Deus. Moisés expressa muito bem isso quando escreveu:

Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, E ANDES EM TODOS OS SEUS CAMINHOS, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, PARA GUARDARES OS MANDAMENTOS DO SENHOR E OS SEUS ESTATUTOS QUE HOJE TE ORDENO, PARA O TEU BEM (Dt 10.12-13)?

O objetivo principal dos deveres do pactuante estipulados por Deus é regulamentar o relacionamento entre o homem para com Ele. Relacionar-se com Deus era o objetivo da Aliança e seus preceitos tinham uma finalidade: Conduzir o homem a andar com Deus.

E quando tudo parecia perdido e que o objetivo da Aliança parecia ter fracassado, surge dentre os perdidos um que anda com Deus: Enoque. Este conseguiu vivenciar em sua vida os preceitos da Aliança e cumpriu, prazerosamente, com seus deveres instituídos pelo Criador. Aquilo foi tão agradável a Deus que este o trasladou deste mundo para o Reino de Deus sem que este conhecesse a morte. Deus não precisa de motivação, mas a vida de Enoque era como que se estivesse falando a Deus que vale a pena continuar fiel à sua Aliança. E quando o Messias prometido veio a sua mensagem era de relacionamento, sendo o ápice desta mensagem João capítulo 15, onde Jesus diz:

EU SOU A VIDEIRA, VÓS, OS RAMOS. QUEM PERMANECE EM MIM, E EU, NELE, ESSE DÁ MUITO FRUTO; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5).

E o grande mandamento da Lei era de relacionamento, pois Jesus disse quando lhe perguntaram:

Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: AMARÁS O SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO, DE TODA A TUA ALMA E DE TODO O TEU ENTENDIMENTO. Este é o grande e primeiro mandamento (Mt 22.36-38).

E só conseguiremos expressar este amor se andarmos com Deus. E Jesus relaciona este relacionamento com Deus com o relacionamento com nosso próximo quando disse:

O segundo, semelhante a este, é: AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22.39-40).

Por isso João diz:

Se alguém disser: AMO A DEUS, E ODIAR A SEU IRMÃO, É MENTIROSO; POIS AQUELE QUE NÃO AMA A SEU IRMÃO, A QUEM VÊ, NÃO PODE AMAR A DEUS, A QUEM NÃO VÊ (1 Jo 4.20).

Impossível amar a Deus e odiar ao seu irmão. Logo depois da queda o relacionamento com o próximo entra em colapso. Primeiro, com Adão e Eva jogando a culpa um no outro e depois quando Caim mata a Abel, seu irmão. E porque isso aconteceu? Porque Caim parou de andar com Deus. Esta foi a grande diferença entre Caim e Abel: O relacionamento com Deus, a proximidade com Deus. E estes dois grandes mandamentos de Jesus é um verdadeiro resumo dos termos da Aliança de Deus com a humanidade, de forma que, se nós realmente o cumprirmos não quebraremos os termos desta Aliança, porque quando quebramos a aliança com Deus, basicamente, ou transgredimos contra Deus ou transgredimos contra o nosso próximo, de forma que não somente o nosso relacionamento com Deus é relevante, como também nosso relacionamento com o próximo, pois não é a toa que seis dos dez mandamentos referem-se ao relacionamento com nosso próximo, sendo eles:

Honra teu pai e tua mãe; Não matarás; Não adulterarás; Não furtarás; Não dirás falso testemunho contra o teu próximo; Não cobiçarás (Ex 20.12-17).

Pode-se notar a importância que Deus dá aos nossos relacionamentos. A Aliança está relacionada com andar com Deus, sendo esta a melhor expressão para a compreendermos, pois ela trás a ideia de um relacionamento motivado pelo amor de Deus para com a sua criação, para com o homem, fazendo-o viver novamente para a glória de Deus. Noé andava com Deus, Abraão andava com Deus e andar com Deus era a exigência principal dos estatutos de Deus a Israel, seu povo. E quando alguns homens se dispuseram a seguir a Jesus, Ele deixou bem claro que seguir a Ele implicava em renúncia e devoção quando disse:

Então, disse Jesus a seus discípulos: SE ALGUÉM QUER VIR APÓS MIM, a si mesmo se negue, TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME (Mt 16.24).

Este é o preço de andar com Cristo. Esse é o espírito da Aliança. E esse relacionamento com Deus está sempre alicerçado na Palavra de Deus que assegura as suas condições com promessas, com bênçãos, mas também com maldições, caso o homem seja infiel. Embora todas as maldições advindas do pecado tenham sido removidas por Cristo na cruz, o princípio da obediência é eterno, e Deus jamais terá por inocente o culpado. Que Deus te abençoe a permanecer fiel aos princípios da Aliança. Amém!

03 – A ALIANÇA E SUA FINALIDADE: SER O TEU DEUS E DA TUA DESCENDÊNCIA:

Deus, em sua soberania, criou os Céus, a Terra e o homem e instituiu uma Aliança com ele. Uma das finalidades desta Aliança é que o homem se relacione com Deus e ande com seu Criador. E qual seria a outra finalidade desta aliança? Desta vez vamos avançar para a renovação da Aliança com Abraão. Deus mesmo responde quando diz:

ESTABELECEREI A MINHA ALIANÇA entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, Aliança perpétua, PARA SER O TEU DEUS E DA TUA DESCENDÊNCIA (Gn 17.7).

Observe a finalidade da Aliança: Para ser o teu Deus e da tua descendência. Esta finalidade faz parte da Aliança desde o Éden, pois é para “ser o seu Deus” é que Deus redime e restaura o homem. E esta finalidade vai se repetir em todas as renovações da Aliança ao longo da História e faz parte também do plano da Redenção. Esta era a finalidade da Aliança com Noé, com Abraão, com Israel, com Davi e também com a Nova Aliança efetivada por Jesus Cristo, o Messias, mostrando que o grande desejo de Deus era estar sempre presente com o seu povo, relacionando-se assim com ele. Foi exatamente isso que Jesus falou aos seus discípulos naquele momento de despedida, quando disse:

E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, PARA QUE, ONDE EU ESTOU, ESTEJAIS VÓS TAMBÉM (Jo 14.3).

Ele é o bom pastor e seu desejo é estar junto a suas ovelhas para ser o seu pastor, o seu Deus. Esta ideia de relacionamento entre Deus e sua criatura está muito presente na Aliança. No princípio da Nova Aliança, quando um anjo anunciou o nome do filho de Maria, ele fez referência a Emanuel, que quer dizer Deus conosco. Quando o Senhor Jesus inicia seu ministério escolhe discípulos para estarem com Ele, e afirmou que na casa de seu Pai há muitas moradas, e que era seu propósito que onde quer que Ele esteja seus discípulos estivessem também com Ele. E quando Jesus estava para ser elevado às alturas, as suas últimas palavras foram:

E EIS QUE ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS ATÉ À CONSUMAÇÃO DO SÉCULO (Mt 28.20).

Esta presença, este relacionamento era para estabelecer Deus como único Deus de suas vidas. Sempre que Jesus menciona nosso relacionamento com Ele, Jesus afirma que este relacionamento deve acontecer para a glória de Deus:

NISTO É GLORIFICADO MEU PAI, em que deis muito fruto; E ASSIM VOS TORNAREIS MEUS DISCÍPULOS (Jo 15.8).

Tornamo-nos discípulos de Cristo no momento em que glorificamos a Deus como Senhor de nossas vidas. Isso significa que relacionar com Deus não é apenas levantar as mãos na hora do apelo na igreja, mas permanecer em Deus. Quem não permanece nele e em suas palavras não pode chama-lo de meu Deus.

Quando Jesus entrou triunfantemente em Jerusalém Ele sabia que a sua hora estava chegando. A partir daquele momento Jesus começa a se despedir de seus discípulos. E uma das palavras mais repetida por Jesus neste momento foi a palavra “permanecer”. Em uma destas vezes Ele disse:

Eu sou a videira, vós, os ramos. QUEM PERMANECE EM MIM, E EU, NELE, ESSE DÁ MUITO FRUTO; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5).

E em outro momento Ele disse:

AQUELE QUE TEM OS MEUS MANDAMENTOS E OS GUARDA, ESSE É O QUE ME AMA; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele (Jo 14.21).

Muitos cristãos estão confundindo a vida na Aliança, que é um constante andar com Deus, com mera religiosidade. Quando Jesus convidou os discípulos para estarem com Ele, Jesus estava estabelecendo um relacionamento de vida com eles. E antes de partir Jesus enfatizou a necessidade da permanência deste relacionamento, porque permanecer é interagir com Deus. O mesmo Ele pretende fazer hoje com você, pois quando Jesus nos convida para ir até Ele, não nos convida para entrarmos em uma denominação, mas nos convida para segui-lo e estabelecer com Ele um relacionamento.

A Bíblia fala da necessidade de obediência ao evangelho de Deus em que estão os termos da Nova Aliança. Fomos eleitos não somente para sermos salvos. Salvação é o direito da eleição, mas a obediência é o nosso dever quanto a ela. A Bíblia diz:

Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, AOS ELEITOS que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, ELEITOS, SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DE DEUS PAI, em santificação do Espírito, PARA A OBEDIÊNCIA e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas (1 Pd 1.1-2).

Quem não obedece não permanece nas palavras de Cristo. Muitas pessoas têm sido levadas a pensar que estão salvas pelo simples fato de um dia terem levantado as suas mãos em um culto, dizendo com isso aceitar a Jesus. Triste engano! Aceitar a Jesus é crer nele, na sua Palavra. Aceitar a Jesus é mudar de vida, é nascer de novo. Aceitar a Jesus é andar com Ele e perseverar em estar em sua presença, porque ser o seu Deus é a finalidade principal da Aliança, ser o seu Deus é a razão do sacrifício de Cristo na cruz por você, ser o seu Deus é o motivo da ressurreição de Cristo e é por ser e para ser o seu Deus é que um dia Ele voltará nas nuvens para buscar a sua Igreja. Esta é a finalidade da Aliança.

CONCLUSÃO:

Podemos concluir que o coração da Aliança, segundo a Bíblia, é a restauração da comunhão entre Deus e os homens, perdida lá no Jardim do Éden e restaurada no sacrifício de Cristo. Por isso que falar da Aliança é falar de um relacionamento iniciado por Deus, sustentado por Deus, e mantido eternamente por Deus e somente por Deus. E por quê? Porque Ele quer ser o nosso Deus. E não foi exatamente isso que profetizou o profeta Jeremias quando disse:

Porque ESTA É A ALIANÇA QUE FIRMAREI com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; EU SEREI O SEU DEUS, E ELES SERÃO O MEU POVO (Je 31.33).

Isso não seria possível pela iniciativa própria do homem. Era necessária uma aliança entre um soberanamente posicionado e o outro completamente decaído e impossibilitado de qualquer reação positiva voltada para Deus.

Entendeu a lógica da Aliança? Relacionar-se com Deus e ter Ele como Senhor de sua vida? Consegue vislumbrar isso com a morte de Cristo? A Aliança da redenção, estabelecido no dia em que o homem pecou e caiu de seu estado natural, foi motivado pela graça de Deus, pois o homem, na condição de pecado e miséria em que ficou precisava mais do que a bondade de Deus, ele precisava agora da justiça e da misericórdia de Deus, justiça esta encontrada somente em Cristo. Que Deus nos abençoe e nos ajude a andar com Ele todos os dias de nossa vida para que tenhamos com o nosso Deus um relacionamento de vida e assim podermos chama-lo de nosso Deus, pois somente quem permanece nele e em suas palavras, obedecendo aos seus mandamentos pode chama-lo de Aba, Pai! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.