Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de
geração em geração. Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o
mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. Tu reduzes o homem ao pó e
dizes: Tornai, filhos dos homens. Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia
de ontem que se foi e como a vigília da noite. Tu os arrastas na torrente, são
como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e
floresce; à tarde, murcha e seca. Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu
furor, conturbados. Diante de ti puseste as nossas iniquidades e, sob a luz do
teu rosto, os nossos pecados ocultos. Pois todos os nossos dias se passam na
tua ira; acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. Os dias da nossa
vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor
deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos. Quem
conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor que te é devido?
Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio (Sl
90.1-12).
INTRODUÇÃO:
Quanto à
durabilidade da Aliança, precisamos entender algumas coisas sobre a eternidade
de Deus. Deus é infinito e nós nunca o poderemos conhecer em sua plenitude.
Deus é infinito no seu Ser, nos seus atributos, nas suas qualidades, na sua
santidade, no seu poder, na sua onipresença, na sua onisciência, na sua
justiça, na sua santidade, na sua misericórdia. Deus extrapola toda e qualquer
possibilidade de conhecimento exaustivo por parte da criatura, embora Ele nos
desse a conhecer algumas coisas a respeito dele, pois Paulo fala em Romanos:
A IRA DE DEUS SE REVELA DO CÉU contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela
injustiça; porquanto O QUE DE DEUS SE
PODE CONHECER É MANIFESTO ENTRE ELES, PORQUE DEUS LHES MANIFESTOU. PORQUE OS
ATRIBUTOS INVISÍVEIS DE DEUS, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, CLARAMENTE SE
RECONHECEM, DESDE O PRINCÍPIO DO MUNDO, SENDO PERCEBIDOS POR MEIO DAS COISAS
QUE FORAM CRIADAS. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto,
tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças;
antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o
coração insensato (Rm 1.18-21).
Conhecemos de
Deus apenas o que se pode conhecer (porque tem coisas que nós não podemos por
causa da nossa limitação, pois nós somos criaturas limitadas), somente aquilo
que nos foi manifestado por Ele entre nós. Conhecemos de Deus somente aquilo
que podemos, porque pecadores não podem compreender o Ser Santo de Deus em sua
plenitude, mas apenas algumas coisas que Deus deu a conhecer a respeito de Si
mesmo.
Diante da
eternidade de Deus é importante considerarmos a seguinte questão: O tempo é
sempre presente para Deus, mas, quando Ele age na história humana, respeita os
limites que Ele mesmo estabeleceu para sua criação: O passado, o presente e o
futuro. O ser humano está preso ao tempo; por isso, Deus vê os eventos humanos
dentro desses limites e atua conforme estes condicionamentos temporais, para
poder oferecer seu amor, sua graça e sua misericórdia. Em todo o tempo Ele é
Deus, pois assim Ele diz:
Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: QUE EU SOU DEUS, E NÃO HÁ OUTRO, EU SOU DEUS, E NÃO HÁ OUTRO SEMELHANTE
A MIM; QUE DESDE O PRINCÍPIO ANUNCIO O QUE HÁ DE ACONTECER E DESDE A
ANTIGUIDADE, AS COISAS QUE AINDA NÃO SUCEDERAM; que digo: o meu conselho
permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde
o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu
também o cumprirei; tomei este propósito,
também o executarei (Is 46.9-11).
Deus se
apresenta a nós usando termos humanos que expressam o passado, o presente e o
futuro. E o Apóstolo Paulo entendeu corretamente a atuação de Deus no tempo, ao
dizer:
VINDO, PORÉM, A PLENITUDE DO
TEMPO, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a
fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.4-5). E o autor de
Hebreus, neste mesmo sentido, diz: HAVENDO DEUS, OUTRORA, FALADO, muitas vezes e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, NESTES ÚLTIMOS
DIAS, NOS FALOU PELO FILHO, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas,
pelo qual também fez o universo (Hb 1.1-2).
Deus, que não está preso
ao tempo, observa-o na esfera humana, acompanha os acontecimentos, os avanços
do tempo, para, na hora certa, agir em favor da humanidade. E se Deus age no
tempo para salvar, Ele também usa este mesmo tempo para condenar, pois a Bíblia
nos diz:
Porquanto ESTABELECEU UM DIA EM
QUE HÁ DE JULGAR O MUNDO COM JUSTIÇA, por meio de um varão que destinou e
acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At 17.31).
É muito importante termos
tudo isso em mente quando falamos da eternidade de Deus.
01 – A ALIANÇA E SUA DURABILIDADE:
A Aliança é eterna? Sim, claro! Não por causa
do pactuante, mas por causa de seu instituidor que é eterno, que movido pelo
seu imensurável amor, resolveu não por fim a ela, mas sim renová-la. Ele fez
isso quando a salpicou com amor sacrificial, através da entrega de seu Filho
Unigênito, em sacrifício pelos pecados do pactuante, por causa da quebra no
acordo firmado.
A durabilidade da Aliança é um aspecto muito
importante. Já imaginou o que teria sido de nós se ela tivesse se encerrado ali
no Éden com a queda do homem? Como estaria o homem hoje? Se com a providência
da redenção de alguns a coisa já está feia, complicado para o lado do
pactuante, já imaginou sem ela? Todos nós estaríamos irremediavelmente perdidos
para sempre. A Aliança não poderia
estar sustentada no pactuante, porque além de ele ser finito ainda é imperfeito,
a sua limitação está até em entender aos princípios da Aliança, quanto mais ter
qualquer discricionalidade sobre ela.
Como pactuante,
por estarmos presos ao tempo, compreendemos tudo de forma parcial, porque nesta
vida nunca saberemos das coisas em sua plenitude, principalmente de fatos
espirituais como a vida e a morte, o bem e o mal, a salvação e a condenação,
Deus e o diabo. Sempre conheceremos estas coisas de forma incompleta, pois a
queda no Éden nos limitou moral e espiritualmente, nos tornando impotentes e
passíveis às vicissitudes da vida terrena. Até mesmo quando julgamos estar
bem-informados a respeito de Deus e de seus mistérios, pelas Escrituras
Sagradas, conhecemos a Ele apenas em parte.
E como seres
limitados que somos, precisamos ter cuidado para não nos apresentarmos como
pessoas que sabem de tudo e que tem respostas para tudo. Quando agimos assim,
nos tornamos insuportáveis. Só Deus sabe tudo! O alvo da nossa vida deve ser a
perfeição, claro, entretanto, por mais que queiramos viver uma vida cristã pura
e perfeita, sempre estaremos suscetíveis a erros e enganos por causa do pecado
e de nossas fraquezas e limitações.
Deus é eterno, infinito, ilimitado e
mantenedor da Aliança. E o que significa que Deus é eterno? Eterno significa "perpétuo, sem
começo e sem fim." A Bíblia fala muito da eternidade de Deus. O salmista
diz:
ANTES que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, DE ETERNIDADE A ETERNIDADE, TU ÉS DEUS.
Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a
vigília da noite (Sl 90.2,4).
E por ser Eterno e
Soberano, o aspecto da eternidade da Aliança recai
somente sobre Deus, porque somente Ele é fiel e somente Ele é eterno para
manter a Aliança em vigor. Ou seja, a manutenção das condições da Aliança, no
decorrer das gerações, é responsabilidade exclusiva de Deus, porque somente Ele
permanece absolutamente fiel à Aliança, somente Ele permanece vivo desde a sua
instituição e somente Ele tem a discricionalidade sobre ela. E é justamente por
isso que a infidelidade do homem não invalida a Aliança.
Para nós, seres humanos,
conceber o conceito de algo que não teve começo e que não terá fim, que sempre
tem existido e que sempre existirá, não é nada fácil, pois usamos o tempo para
medir tudo. No entanto, a Bíblia nunca tenta provar a existência ou a
eternidade de Deus. Ela simplesmente começa dizendo: No princípio criou Deus os Céus e a Terra (Gn 1:1), indicando que
no princípio do tempo registrado, Deus já existia. Os anjos, os homens, os
animais e quaisquer outras criaturas tiveram início, passaram a existir a
partir do momento em que foram criadas, diferente do Criador, pois uma
característica que separa o Criador das criaturas é a eternidade. Portanto, a duração do tempo, que se estende
sem limite ao passado e sem limite ao futuro, Deus foi e será para sempre, pois
a eternidade não é um período longo de tempo e sim um conceito que vai além do
tempo e que não pode estar sujeito à medição.
Amo a expressão que Deus usou para
que Moisés, homem comissionado por Deus, usasse para ir aos israelitas, com uma
mensagem sua e o apresentasse ao povo. Moisés não sabia o que dizer ao povo se
este lhe perguntasse qual era o nome do Deus que lhe estava enviando, afinal,
passaram-se 400 anos desde a experiência de José. A resposta é muito
reveladora:
Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás
aos filhos de Israel: EU SOU ME ENVIOU A
VÓS OUTROS (Ex 3.14).
Essa expressão revela a verdadeira
essência de Deus, sua eternidade, sua auto existência e que Ele é o Ser Supremo
do Universo. Não descreve somente a eternidade de Deus, mas também sua imutabilidade,
bem como a sua constância e fidelidade no cumprimento de suas promessas do
passado, presente e futuro. Deus está dizendo que Ele não é apenas o que era no
momento, mas que Ele continuará a ser o que tem sido e que sempre será o que é
hoje.
Não havia uma apresentação de Deus
mais real do que essa. Ela subentende a fidelidade de Deus que não se esqueceu,
nestes últimos 400 anos, das promessas que Ele mesmo fizera aos patriarcas.
Deus demonstra nesta apresentação a sua divindade. E o que é a divindade de
Deus? É uma expressão que significa simplesmente que Deus não é criado, que Ele
não é como nós, mas Ele é totalmente outro. Ele não é limitado como nós, Ele
não é finito como nós, Ele não teve um começo e não terá fim, Ele não faz parte
da sua própria criação. Ele é eterno.
Este mesmo aspecto de eternidade pode
ser encontrado também na Nova Aliança, pois Jesus Cristo, Deus encarnado,
também constatou a sua divindade e eternidade às pessoas do seu tempo ao
declarar-lhes:
Perguntaram-lhe, pois, os judeus:
Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão? RESPONDEU-LHES JESUS: EM VERDADE, EM VERDADE EU VOS DIGO: ANTES QUE
ABRAÃO EXISTISSE, EU SOU (Jo 8.57-58).
É evidente que Jesus estava afirmando
ser Deus em carne, porque os judeus, ao ouvir esta declaração, tentaram
apedrejá-lo até a morte, pois para os judeus, declarar ser o Deus eterno era
uma blasfêmia digna de morte, conforme ordenava a lei:
AQUELE QUE BLASFEMAR O NOME DO SENHOR SERÁ
MORTO (Lv 24.16).
Mas Jesus não estava blasfemando ao
afirmar ser Deus e ser eterno, assim como o Pai é eterno, porque essa era a
mais pura verdade. E essa verdade foi declarada por João a respeito da natureza
de Cristo:
No princípio era
o Verbo, e o Verbo estava com Deus, E O
VERBO ERA DEUS (Jo 1.1).
O Verbo, a quem João está se
referindo aqui é Jesus Cristo. É sobre Ele que João está falando. E Paulo
também escreve sobre a eternidade de Cristo quando diz:
Este é a imagem do Deus invisível, O PRIMOGÊNITO DE TODA A CRIAÇÃO; POIS,
NELE, FORAM CRIADAS TODAS AS COISAS, NOS CÉUS E SOBRE A TERRA, AS VISÍVEIS E AS
INVISÍVEIS, SEJAM TRONOS, SEJAM SOBERANIAS, QUER PRINCIPADOS, QUER POTESTADES.
TUDO FOI CRIADO POR MEIO DELE E PARA ELE. ELE É ANTES DE TODAS AS COISAS. NELE,
TUDO SUBSISTE (Cl 1.15-17).
Portanto, antes dos registros dos
tempos, Jesus e o Pai eram um em essência e compartilhavam, igualmente, o
atributo da eternidade. Outros autores da Bíblia destacaram também a eternidade
de Cristo. O autor de Hebreus, falando do sentido da confiança nas promessas de
Deus, reconhece o atributo da eternidade em Jesus quando diz:
Jesus Cristo, ONTEM E HOJE, É O MESMO E O SERÁ PARA
SEMPRE (Hb 13.8).
Deus é eterno, Jesus é Deus e Ele é
eterno. Ser eterno não é que Deus sempre usa os mesmos meios e métodos no seu
trabalho, e sim que o caráter dele nunca altera, pois de eternidade em
eternidade, Ele é Deus e Ele nunca morre. Adão
e Eva morreram, mas a Aliança permaneceu. Noé morreu, mas a Aliança permaneceu de
pé. Moisés morreu, mas a Aliança continuou. Davi morreu, mas a Aliança
prosseguiu. Jesus morreu, mas ressuscitou e está vivo e porque Ele está vivo a
sua Aliança está de pé, firme, porque o Instituidor da Aliança é eterno e fiel.
E Paulo também fala do atributo
da eternidade de Deus quando diz:
Porque OS ATRIBUTOS INVISÍVEIS DE DEUS, assim o seu eterno poder, como
também a sua própria divindade, CLARAMENTE
SE RECONHECEM, DESDE O PRINCÍPIO DO MUNDO, SENDO PERCEBIDOS POR MEIO DAS COISAS
QUE FORAM CRIADAS (Rm 1.20).
Todos os homens veem e entendem esse
aspecto da natureza de Deus pelo testemunho dos vários aspectos da ordem
criada. O sol, a lua, as estrelas e os corpos celestes continuam em suas
órbitas séculos após séculos. As estações vão e vêm em seu tempo determinado,
as árvores produzem folhas na primavera e perdem-nas no outono. Ano após ano as
coisas continuam, e ninguém pode parar ou alterar o plano de Deus. Tudo isso
comprova o poder eterno de Deus e o seu plano para a Terra. Um dia tudo será
destruído e, então, Deus criará um novo céu e uma nova terra e eles, como Ele,
continuarão por toda a eternidade. Nós, que pertencemos a Cristo, mediante a fé
continuaremos por toda a eternidade também, compartilhando a eternidade do
nosso Deus, em cuja imagem nós fomos criados. E neste mesmo sentido de
permanência da criação está a permanência da Aliança.
Deus é eterno. Jesus Cristo,
instituidor da Nova Aliança é Deus e Ele é eterno. E em função deste atributo
de Deus a Aliança é eterna. E por ser eterno Deus é quem administra a História
de modo que todos os acontecimentos da História cumprem os propósitos de Deus. E
na redenção a administração de Deus na História pode ser vista através da
Aliança, sendo ela o modo de Deus administrar o seu relacionamento com a sua
criação, com termos que estabelecem um compromisso de obediência a Deus.
Foi assim desde o começo. Com Adão e
Eva Deus pactuou que guardassem o Sábado, deixasse o homem seu pai e sua mãe e
se unisse à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne, que crescessem e se
multiplicassem e os colocou no Jardim do Éden para cultivá-lo e o guardar, com
um único mandamento de não comerem do fruto proibido. A Queda interferiu no
processo e desestruturou o seu funcionamento que era perfeito, gerando
rompimentos.
E diante da desobediência e da
incapacidade do homem de atender aos propósitos para o qual fora criado, Deus
não o abandonou, mas estabeleceu com ele uma Aliança. Essa Aliança da Redenção
tem como base a atitude graciosa de Deus, que vai ao encontro do homem para
resgatá-lo de sua prisão: O pecado! Restaurando o homem para viver e servir a
Deus. Essa Aliança, que se iniciou com Adão e Eva e é apresentada no decorrer
da História por meio de sucessivas renovações, que vai de Adão a Jesus Cristo,
ela é eterna, porque seu instituidor é eterno. Que Deus te abençoe a entender
estas coisas.
02
– A ALIANÇA E A IMUTABILIDADE DE DEUS:
A Aliança é eterna, mas ela é eterna na
literalidade de seus termos? Não! Deus é eterno e Ele é imutável em seu ser,
mas não o é em seu agir. Quando olhamos para as experiências pessoais dos
patriarcas, dos profetas e de outros autores da Bíblia, podemos notar a
diversidade existente no agir de Deus, porque Deus é infinito em seu Ser. E Ele
conhece muito bem a criatura que Ele mesmo criou; sabe da mutabilidade da
cultura desse ser tão prepotente! Porém, Deus, o instituidor da Aliança, o
mantenedor da Aliança é imutável, Ele nunca muda em seu Ser, mas quando olhamos
para as renovações da Aliança que aconteceram no decorrer da História, podemos
perceber a mudança no agir de Deus e na forma do pactuante permanecer nela.
Quando digo que a literalidade dos termos da
Aliança não é eterna, não estou dizendo que eles mudam em sua essência. Quando,
por exemplo, guardo o domingo no lugar do sábado não estou mudando a essência e
nem o sentido do termo pactuado, pois o sentido é guardar, separar um dia para
descanso. Também não estou fazendo isso só porque um dia tive vontade de
variar, sair dessa rotina, há uma fundamentação para isso. Os judeus
priorizaram a literalidade dos termos da Aliança, tanto que rejeitaram ao seu
Messias, o qual veio com outra visão da Aliança e não o aceitaram. Se Jesus
tivesse a mesma visão dos judeus, quando lhe perguntaram qual era o grande mandamento
da Lei, com certeza Ele responderia que era o guardar o sábado e abster-se de
alimentos. Entretanto, a sua resposta foi:
Respondeu-lhe Jesus: AMARÁS O
SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO, DE TODA A TUA ALMA E DE TODO O TEU
ENTENDIMENTO. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante
a este, é: AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A
TI MESMO. DESTES DOIS MANDAMENTOS
DEPENDEM TODA A LEI E OS PROFETAS (Mt 22.37-40).
Ele nem mencionou a
guarda de um dia e nem a abstenção de qualquer alimento. Aliás, em seu
ministério, em seus sermões, em seus ensinamentos, Ele nunca priorizou estes
assuntos. Mas há um grande perigo neste assunto,
pois, hoje, muitos pensam que as exigências de Deus evoluíram como evoluiu o
mundo, mas elas permanecem intactas em sua essência. Ouvimos muito hoje que a
Bíblia é coisa do passado, que o mundo mudou que papel aceita tudo, que as
coisas não são assim tão rígidas como pensamos, que Deus vai relevar no final e
assim por diante. Só que isso não é verdade.
Ora, se é na Bíblia que encontramos os termos
da Aliança e ela é perpétua, por que seus termos seriam mutáveis? E se o homem
não tem participação nenhuma nos termos desta Aliança, desfigurar a Bíblia ou
anulá-la nos dias atuais é desclassificar os termos da Aliança. Se isso pudesse
ser feito como ficariam os termos para nossos dias? Seriam elaborados por
homens? Nunca! Pois os homens não são eternos e nem perfeitos. Além disso, os
termos são para ele observar e guardar. Determinar seus termos não está na
discricionalidade do homem, mas somente em Deus.
Lembremos que constituições de Igrejas e
doutrinas não são termos da Aliança, apesar de que eles também devem estar
fundamentados na Bíblia para terem valor e aceitação diante de Deus. Além do
mais, dizer que os termos da Aliança caíram por terra é negar a soberania de
Deus, pois nele está fundamentada a permanência da Aliança nas gerações
vindouras.
Outro fator importante a ser lembrado é que a
consumação da Aliança não é os nossos dias atuais, pois mesmo que estejamos
vivendo um grande progresso na qualidade de vida, por outro lado, nunca vimos
tantas pessoas atormentadas, sofrendo, precisando de libertação. O Evangelho
continua de pé e libertando vidas, porque Jesus ainda não voltou, e ele faz
isso não através de guarda de dias ou de abstenção de alimentos, mas pelo poder
de Deus.
Além disso, sabemos que na consumação da
Aliança não haverá mais qualquer maldição e que Deus enxugará dos nossos olhos
toda lágrima, que Deus criará novamente todas as coisas, criará novos Céus e
nova Terra, porque a consumação da Aliança é a volta do Senhor Jesus e o juízo
final. E Jesus disse quando que aconteceria a consumação da Aliança:
Enquanto
comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos,
dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo
dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; PORQUE ISTO É O MEU SANGUE, O SANGUE DA
[NOVA] ALIANÇA, DERRAMADO EM FAVOR DE MUITOS, PARA REMISSÃO DE PECADOS. E
digo-vos que, desta hora em diante, NÃO
BEBEREI DESTE FRUTO DA VIDEIRA, ATÉ AQUELE DIA EM QUE O HEI DE BEBER, NOVO,
CONVOSCO NO REINO DE MEU PAI (Mt 26.26-29).
É na eternidade que veremos a consumação da
Aliança de Deus. Portanto, a Aliança continua em vigor e seus termos continuam
inalterados, cabe a nós observá-los. A Aliança é eterna, mas ela não é eterna
na literalidade de seus termos, porque Deus é imutável em seu Ser, mas não o é
em seu agir. É difícil aceitar isso porque encontramos escrito na Bíblia:
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (Ex 20.8).
Mas não encontramos outro
texto dizendo assim: “Olha, até aqui
vocês tem guardado o sábado, o sétimo dia da semana, porque Deus criou o mundo
em seis dias e descansou no sétimo, mas daqui pra frente vamos observar o
domingo, o primeiro dia da semana, porque foi neste dia que o Senhor Jesus
ressuscitou”. E como Deus nunca foi esclarecedor quanto à fé, senão a fé
não teria sentido, podemos chegar à conclusão de alteração nos termos da
Aliança analisando situações. A posição de Jesus diante dos fariseus quando
estes questionaram que seus discípulos não observavam o sábado já é motivo
suficiente para acender uma luz de alerta. O texto diz:
Por aquele tempo, EM DIA DE
SÁBADO, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com
fome, ENTRARAM A COLHER ESPIGAS E A
COMER. Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus
discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado. Mas Jesus lhes
disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como
entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era
lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos
sacerdotes? Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo
violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: AQUI ESTÁ QUEM É MAIOR QUE O TEMPLO. Mas, se vós soubésseis o que
significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado
inocentes. PORQUE O FILHO DO HOMEM É
SENHOR DO SÁBADO (Mt 12.1-8).
Não houve explicações por
parte de Jesus com esclarecimentos, da mesma forma que Ele o fez com a parábola
do semeador, mas os Apóstolos entenderam sua mensagem, tanto que Paulo diz:
Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de
festa, ou lua nova, OU SÁBADOS, PORQUE
TUDO ISSO TEM SIDO SOMBRA DAS COISAS QUE HAVIAM DE VIR; porém o corpo é de
Cristo (Cl 2.16-17).
Eles entenderam o
verdadeiro sentido da Lei. Da mesma
forma temos escrito na Bíblia:
NÃO COMEREIS COISA ALGUMA
ABOMINÁVEL. São estes os animais
que comereis: o boi, a ovelha, a cabra, o veado, a gazela, a corça, a cabra
montês, o antílope, a ovelha montês e o gamo. Todo animal que tem unhas
fendidas, e o casco se divide em dois, e rumina, entre os animais, isso
comereis. Porém estes não comereis, dos que somente ruminam ou que têm a unha
fendida: o camelo, a lebre e o arganaz, porque ruminam, mas não têm a unha
fendida; imundos vos serão. Nem o porco, porque tem unha fendida, mas não rumina;
imundo vos será. DESTES NÃO COMEREIS A
CARNE E NÃO TOCAREIS NO SEU CADÁVER (Dt 14.3-8).
E mais uma vez, Deus, que
nada esclarece, mas exige a fé, aparece em visão a um dos Apóstolos e diz:
No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, SUBIU PEDRO AO EIRADO, por volta da
hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe
preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e
descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra
pelas quatro pontas, CONTENDO TODA SORTE
DE QUADRÚPEDES, RÉPTEIS DA TERRA E AVES DO CÉU. E ouviu-se uma voz que se
dirigia a ele: LEVANTA-TE, PEDRO! MATA E
COME. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! PORQUE JAMAIS COMI COISA ALGUMA COMUM E IMUNDA. Segunda vez, a voz
lhe falou: AO QUE DEUS PURIFICOU NÃO
CONSIDERES COMUM (At 10.9-15).
Mais uma vez não houve
explicações e esclarecimentos, mas não é difícil entender o que o Senhor quis
dizer para Pedro, aquele mesmo Senhor que no passado disse para não comer
determinadas espécies de animais. Deus tinha uma missão para Pedro e havia um
paradigma para ser quebrado.
E quanto à comida temos
inúmeros textos que oferece apoio a essa doutrina da liberdade concedida pelo
Senhor, de poder-se comer de tudo. Voltemos ao texto de Hebreus e veja bem o
que ele diz:
Não vos deixeis envolver por
doutrinas várias e estranhas, porquanto O
QUE VALE É ESTAR O CORAÇÃO CONFIRMADO COM GRAÇA E NÃO COM ALIMENTOS, POIS NUNCA
TIVERAM PROVEITO OS QUE COM ISTO SE PREOCUPARAM (Hb 13.7-9).
Nem
no passado houve proveito da abstenção de comida diz o autor da carta, pois ela
nunca foi capaz de redimir uma vida, mas ela prefigurava a pureza e santidade
daquele que um dia morreria na cruz puro e santo. E Paulo diz quanto a isso:
NINGUÉM, POIS, VOS JULGUE POR
CAUSA DE COMIDA E BEBIDA, ou dia
de festa, ou lua nova, ou sábados, PORQUE TUDO ISSO TEM SIDO SOMBRA DAS
COISAS QUE HAVIAM DE VIR; porém o corpo é de Cristo (Cl 2.16-17).
Disse ainda:
NÃO É A COMIDA QUE NOS RECOMENDARÁ
A DEUS, pois NADA PERDEREMOS, SE NÃO COMERMOS, E NADA GANHAREMOS, SE COMERMOS
(1 Co 8.8).
Não há proveito
espiritual na abstenção de comida. É isso que a Nova Aliança ensina. E se você ainda acha que isso não tem sentido,
veja os princípios. Deus criou tudo puro, mas o homem manchou a criação com sua
desobediência, tanto que depois dela Deus disse:
E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da
árvore que eu te ordenara não comesses, MALDITA
É A TERRA POR TUA CAUSA; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias
de tua vida (Gn 3.17).
E assim a Bíblia fala a
respeito de Cristo:
Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de
entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus
que, nele, residisse toda a plenitude E
QUE, HAVENDO FEITO A PAZ PELO SANGUE DA SUA CRUZ, POR MEIO DELE, RECONCILIASSE
CONSIGO MESMO TODAS AS COISAS, quer sobre a terra, quer nos céus (Cl
1.18-20).
Jesus não reconciliou com
Deus apenas o homem, mas todas as coisas. Com estas palavras de Paulo a visão
de Pedro torna-se mais esclarecedora:
Segunda vez, falou a voz do céu: AO
QUE DEUS PURIFICOU NÃO CONSIDERES COMUM (At 11.9).
Para quem tem fé e para
quem é sadio na fé, encontra na Bíblia argumentação suficiente para observar as
alterações entre as fases da Aliança de Deus sem que isso lhe pese no coração e
na consciência. A Bíblia nos
adverte:
Lembrai-vos
dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando
atentamente o fim da sua vida, IMITAI A
FÉ QUE TIVERAM. JESUS CRISTO, ONTEM
E HOJE, É O MESMO E O SERÁ PARA SEMPRE. NÃO VOS DEIXEIS ENVOLVER POR DOUTRINAS
VÁRIAS E ESTRANHAS, porquanto O QUE
VALE É ESTAR O CORAÇÃO CONFIRMADO COM GRAÇA E NÃO COM ALIMENTOS, pois nunca
tiveram proveito os que com isto se preocuparam (Hb 13.7-9).
Se levarmos esta advertência do autor de
Hebreus a sério em nossas vidas, completaremos nossa carreira fiel ao Senhor e
à sã doutrina. Além do mais é muito sério as palavras finais de Apocalipse, que
diz:
Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro,
testifico: SE ALGUÉM LHES FIZER QUALQUER
ACRÉSCIMO, DEUS LHE ACRESCENTARÁ OS FLAGELOS ESCRITOS NESTE LIVRO; E, SE ALGUÉM
TIRAR QUALQUER COISA DAS PALAVRAS DO LIVRO DESTA PROFECIA, DEUS TIRARÁ A SUA
PARTE DA ÁRVORE DA VIDA, da cidade santa e das coisas que se acham escritas
neste livro (Ap 22.18-19).
O fato de não nos abstermos de alimentos e de
guardar o primeiro dia da semana não invalida a Aliança, nem nos condena e nem dos
deixa fora dela. Encontramos no Novo Testamento argumentação suficiente que
fundamenta esta doutrina. Também não significa que alteramos os termos da
Aliança, pois isso se encaixa nos mesmos moldes do batismo que substituiu a
circuncisão, contudo, não há na Bíblia um único texto que fundamente esta
alteração, mas mesmos aqueles que guardam o sábado o pratica sem questionar.
CONCLUSÃO:
Por diversas vezes, as Escrituras
frisam a existência ilimitada de Deus. Ao mesmo tempo, enfatizam que seus
atributos são, também, eternos. Deus é o mesmo agora que era no passado e que
era antes de criar o mundo. Ele sempre será o mesmo e as suas qualidades
também, pois elas nunca mudam. Quando Davi pediu perdão a Deus, ele pediu
baseado no eterno caráter de Deus:
Lembra-te, Senhor, das tuas
misericórdias e das tuas bondades, QUE
SÃO DESDE A ETERNIDADE (Sl 25.6).
Deus é santo. Sempre foi e sempre
será santo. Sua perfeita santidade não permite que Ele minta. Deus é amor.
Sempre foi e sempre será amor. E por causa disso que Deus poupa ao seu povo da
destruição merecida:
PORQUE EU, O SENHOR, NÃO MUDO; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos (Ml 3.6).
Homens são instáveis. Prometem uma
coisa, mudam de ideia e não cumprem sua palavra. Mas quando o eterno Deus promete,
Ele cumpre a sua palavra. A bondade de Deus para com os homens não tem limite,
porque faz parte de quem Ele é. Tiago diz:
Toda boa dádiva e todo dom perfeito
são lá do alto, descendo do Pai das luzes, EM
QUEM NÃO PODE EXISTIR VARIAÇÃO OU SOMBRA DE MUDANÇA (Tg 1.17).
Deus é eterno, é imutável e a sua Aliança
também é eterna, ela subsistiu a todas as gerações e independente de nossos
conflitos doutrinários ela se sustentará pelos séculos dos séculos. Que Deus te
abençoe a entender com clareza estas coisas. Amém!
Luiz Lobianco
Bibliografia:
Bíblia Sagrada.
Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no
Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva:
O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.
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