A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode
conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os
atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso,
indesculpáveis (Rm
1.18-20).
INTRODUÇÃO:
Dando continuidade a nossa série de estudos
na Carta aos Romanos, pedimos a Deus que ilumine o nosso entendimento e que a
tua Palavra fale ao nosso coração. Que o Senhor, a Si mesmo se revele à nossa
consciência, e que através da tua Palavra, pelo poder do Espírito Santo, que
todos nós tenhamos a consciência de estar na presença de Deus e que essa
consciência mude a nossa vida e o nosso comportamento.
Relembrando, Paulo escreveu essa
carta com o objetivo de expor o Evangelho que ele prega. Ele escreveu a carta
para os cristãos da Igreja de Roma, a quem ele pretendia visitar. O plano de
Paulo era passar um tempo na Igreja de Roma e convencer os romanos a apoiarem o
seu projeto missionário que era pregar o Evangelho na Espanha, mais ao norte,
onde Cristo ainda não havia sido anunciado. A Igreja de Roma não conhecia Paulo,
embora muitas pessoas lá o tivessem conhecido em outras situações. Também
corriam muitos boatos e rumores sobre o apóstolo Paulo, oriundos da comunidade
judaica e Paulo entendeu que precisava esclarecer estas coisas. Ele escreve
essa carta no final da sua terceira viagem missionária, a caminho de Jerusalém,
onde ia levar uma oferta para os pobres. A carta foi planejada pelo Apóstolo
Paulo e escrita com o propósito de se apresentar e apresentar ao Evangelho que
ele prega, e também relatar os seus planos de ir à Igreja de Roma.
Nos Capítulos iniciais desta carta
Paulo fala da perdição de toda a raça humana, tanto dos gentios pagãos que
nunca ouviram o Evangelho, que não tiveram a Lei de Moisés, como dos judeus que
as tiveram. Todos eles estão perdidos. Paulo começa a falar disso no capítulo um,
no texto que vamos estudar hoje. Depois, ele diz, no capítulo dois, que os
próprios judeus, que receberam a Lei de Moisés e a revelação de Deus, no Antigo
Testamento, também estão perdidos, porque eles não guardam essa revelação. A conclusão,
que ele fala no capítulo três, é que todos estão perdidos. Ele resume isso
dizendo: Todos pecaram e carecem da glória
de Deus (Rm 3.23).
E a partir da metade do capítulo três
ele fala como que Deus justifica o pecador através da obra de Cristo Jesus,
realizada na cruz do Calvário e na sua ressurreição. Ele vai até o capítulo cinco
falando de como Deus perdoa, tanto os judeus como os gentios, mediante a fé em
Jesus Cristo, porque não há diferença entre judeus e gentios, pois todos são
pecadores e são salvos pela mesma graça de Deus em Cristo Jesus.
Do capítulo seis até ao capítulo oito
Paulo vai mostrar como aqueles que foram perdoados devem andar. E no capítulo
nove até o capítulo onze ele vai explicar qual é o papel de Israel, da nação de
Israel na história da Redenção, nessa história maravilhosa que está se
desenvolvendo. E do capítulo doze até ao final Paulo traz algumas orientações
práticas para a vida da Igreja, terminando no Capítulo dezesseis com saudações
àquelas pessoas que ele conhecia.
O que nós vimos até agora é que Paulo
se apresenta, se identifica como Apóstolo de Jesus Cristo, fala a respeito do Evangelho
que se concentra na Pessoa de Jesus Cristo, se dirige aos romanos e fala de sua
intenção de visitá-los e estar com eles, e o objetivo dele é pregar o Evangelho
lá em Roma, porque Paulo não se envergonha do Evangelho, porque o Evangelho é o
poder de Deus para salvar a todo aquele que crê, que a justiça de Deus se
revela no Evangelho de fé em fé.
E a partir do verso dezoito, Paulo
começa a expor a necessidade que todos têm do Evangelho. Ele começa a falar do
pecado da humanidade e da ira de Deus contra a humanidade. Então, nesse estudo
de hoje, no texto básico acima, o apóstolo Paulo fala de uma revelação que Deus
fez de Si mesmo na consciência de todos os homens e através das coisas que
foram criadas, deixando, portanto, a humanidade indesculpável. Não tem pessoa
alguma, desde o início do mundo, que possa alegar ignorância a respeito da
existência de Deus e de quem é esse Deus. Todos têm esse conhecimento na
consciência, no coração e brilhando ao nosso redor na natureza. Paulo fala
desta revelação que os teólogos chamam de Revelação Natural que é o que vamos
estudar agora.
Essa revelação que Paulo fala do
verso 18 até o verso 20 é mencionada logo depois dele ter dito, no verso 17,
que a justiça de Deus se revela no Evangelho. A pergunta é de que forma o
pecador pode ser justificado dos seus pecados diante de Deus? Ele diz no verso
17 que essa forma, essa justiça de Deus, se revela no Evangelho. É no Evangelho
de Cristo, pela fé, que Deus justifica o pecador, recebe o pecador e o perdoa
dos seus pecados. Mas enquanto Deus está revelando a sua justiça, através do
Evangelho, porque o Evangelho está sendo pregado no mundo todo, há uma outra revelação
que já vem acontecendo desde a criação do mundo e desde que Deus colocou o
homem nesse planeta e ele pecou, que é a revelação da ira de Deus.
Pode-se perceber o contraste existente
nestas duas revelações. No verso 17 a justiça de Deus se revela no Evangelho e
no verso 18 a ira de Deus se revela do céu. São duas revelações que estão
acontecendo agora, nesse instante. Por um lado, o Evangelho está sendo pregado
ao mundo e em Cristo Jesus Deus revela de que maneira Ele quer nos perdoar. Por
outro lado, do céu Deus revela a sua ira, Ele está revelando a sua ira. Essas
duas revelações acontecem ao mesmo tempo, mas elas vão levar a destinos
distintos. Essa revelação que Deus faz no Evangelho, ela traz perdão e vida
eterna, mas essa revelação que Deus faz na natureza e na nossa consciência é
apenas para mostrar que Deus está irado com a humanidade e que a humanidade, em
seus pecados, será condenada eternamente. Vamos ver, então, sobre essa
revelação.
01 – HÁ UM DEUS E ELE ESTÁ IRADO:
A ira
de Deus se revela do céu contra
toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;
porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus
lhes manifestou (Rm 1.18-19).
Paulo nos diz aqui, a respeito dessa
revelação natural que Deus faz, que a ira de Deus se revela do céu. Existe um
Deus e esse Deus está irado e Ele revela a sua ira do céu, o local da sua
habitação, do mundo espiritual, da sua existência e do seu poder. Deus mostra
para o homem que Ele existe e que Ele está irado.
Deus faz isso na consciência das
pessoas. Por isso que o sentimento religioso é universal. Qualquer país do
mundo, em qualquer época do mundo, você vai encontrar pessoas com medo de um
poder superior. A prova disso é que todas as religiões vão incluir algum tipo
de pagamento de pecado, de culpa, tentativa de apaziguar essa divindade, pois
essa consciência em que o homem entende que existe algo superior, faz com que
ele viva aterrorizado. O sentimento de culpa é universal. Você vai encontrar
gente sentindo culpa na China, nos Estados Unidos, entre os povos mais bárbaros,
entre os índios que sacrificam suas crianças, que fazem sacrifícios brutais de
animais. Deus fala na consciência do homem e mesmo o homem mais bruto sabe, lá
dentro, em seu íntimo, que existe um Deus e que esse Deus está irado com seus
atos. A ira Deus se revela do céu. Existe um Deus e Ele está irado.
A ira de Deus não pode ser comparada
com a raiva humana, porque a raiva humana, frequentemente, envolve egoísmo,
desejo de vingança, compensação. A ira de Deus é o desprazer que esse Deus Santo
sente diante da rebelião das suas criaturas. É o propósito determinado que Ele
tem de que Ele vai punir essa desobediência e esse pecado. É a resolução
imutável do seu ser em rejeitar o pecado. E, finalmente, tratar com justiça àqueles
que desafiam a sua existência e a sua autoridade. Essa é a ira de Deus. É a
retribuição da sua natureza Santa, diante da ofensa que o pecador lhe faz.
Do céu a ira de Deus se revela e essa
revelação é feita em nossa consciência. Nós sabemos disso por intuição, mesmo
os povos mais distantes, aqueles que nunca ouviram falar de Deus ou receberam a
Lei de Deus têm essa consciência de que há um Deus a quem eles ofenderam. A
prova disso são a existência de religião, pois desde que o homem existe ele
sente necessidade de se curvar diante de um altar e tentar apaziguar um ser
superior, e é exatamente por isso que do céu a ira de Deus se revela, porque
não se curvam diante do Deus verdadeiro e único.
02 – DEUS ESTÁ IRADO CONTRA TODA IMPIEDADE E PERVERSÃO:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens ...
Segunda coisa que Paulo nos ensina
aqui é que Deus está irado contra toda a impiedade e perversão dos homens que
detém a verdade pela injustiça. A ira de Deus é contra duas coisas. Ele está
irado por conta de duas coisas. A primeira é o que Paulo chama aqui de impiedade.
Impiedade é um termo que significa a falta de religião. É você viver como se
Deus não existisse. Uma pessoa piedosa é uma pessoa que reconhece a Deus, anda
nos caminhos de Deus, adora a Deus e quer servir a Deus. Uma pessoa impiedosa é
uma pessoa que não reconhece Deus na sua vida e vive como se Ele não existisse;
não leva Deus em consideração. É isso que a Bíblia chama de impiedade. Então, a
ira de Deus é contra a impiedade da humanidade, porque a humanidade não o reconhece
como Deus, não o trata como Deus, não busca a Ele, não o serve e não o adora.
Mas tem outra coisa do porque Deus
está irado. Não é somente contra a impiedade de toda raça humana, mas Ele está
irado contra a perversão dos homens. Enquanto que a impiedade fala do
relacionamento do homem com Deus, perversão fala do relacionamento do homem com
o homem. A perversão, aqui, é perverter o direito, perverter a dignidade,
perverter a justiça. É o tratamento imoral, injusto e opressor de uma pessoa
com a outra. E Deus está irado contra isso também. Não somente porque as
pessoas não o adoram e o buscam, mas porque elas se maltratam, se odeiam, se
enganam, se defraudam, se oprimem; o homem prejudicando e fazendo o seu
semelhante sofrer. Deus está irado contra isso. Agora, como é que a humanidade
chegou nessa situação de impiedade e perversão?
A ira de Deus se revela do céu
contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça ...
Eles detêm a verdade pela injustiça. A
verdade aqui é a verdade a respeito de Deus, que Ele revelou de Si mesmo, quer
seja na natureza, quer seja em nossa consciência. A verdade é que há um Deus e
esse Deus é Santo e esse Deus deve receber respeito, adoração, ação de graças
de todos os povos, mesmo daqueles que nunca ouviram do Evangelho, nunca ouviram
da Lei de Moisés, porque esse conhecimento inato está no coração do homem e por
conta disso o homem deveria fazer isso. Mas o que é que o homem faz com a
verdade? Paulo diz aqui que o homem detém a verdade pela injustiça. Presta
atenção nessa palavra. Deter significa, literalmente, manter embaixo. E a ideia
aqui é de matar alguém por afogamento, pegar a cabeça de alguém e empurrar para
baixo da água, até que vai sufocando, até que a pessoa morre. É isso que a
palavra deter aqui significa.
O homem não pode mudar a verdade, mas
ele pode sufocá-la, ele pode reprimi-la, ele pode suprimi-la e a ira de Deus é
exatamente por isso, porque Ele se revelou à humanidade na criação e na nossa
consciência, e o que é que a humanidade faz com o conhecimento de Deus? Empurra
para baixo, sufoca, reprime e como resultado vem a impiedade e vem a perversão.
Ninguém nasce ateu, pois o
conhecimento de Deus é inato a todo ser humano. Nós nascemos com a imagem de
Deus em nós e a consciência de que existe um Deus. Esse conhecimento de Deus é
inato a todo ser humano. O ateísmo, a impiedade, o materialismo é uma
deliberação que a pessoa toma depois, quando adulto, mas ninguém nasce ateu, a
pessoa toma essa decisão mais tarde. E para fazer isso ela tem que suprimir a
luz de Deus que brilha no seu coração e na sua consciência, ela tem que fazer
isso para poder viver como se Deus não existisse. Ela tem que suprimir essa
revelação de Deus no seu coração para que ela possa tomar a decisão de ser ateu.
03 – A IRA DE DEUS É JUSTA:
... porquanto o que de Deus se pode conhecer
é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Paulo está dizendo que essa ira de
Deus é justa porque alguém poderia dizer: Mas
é justo Deus ficar irado? Os homens conhecem realmente a Deus? Existe esse
conhecimento de Deus, tão claro assim, para que Deus possa cobrar do homem,
responsabilizar cada ser humano por isso? A resposta de Paulo é sim. Deus
está irado porque o que de Deus se pode
conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
É certo que esse Deus é infinito e
nós nunca o poderemos conhecer plenamente. Deus é infinito no seu Ser, Ele é
infinito nos seus atributos, nas suas qualidades, na sua santidade, no seu
poder, na sua onipresença, na sua onisciência, na sua justiça, na sua santidade,
na sua misericórdia. Esse Deus extrapola toda e qualquer possibilidade de
conhecimento exaustivo por parte da criatura. Mas Ele deu a conhecer algumas
coisas a respeito dele. Paulo fala aqui que o que de Deus se pode conhecer (porque
tem coisas que nós não podemos por causa da nossa limitação, pois nós somos
criaturas limitadas) é manifesto entre nós. E além disso, pecadores não podem
compreender o Ser de Deus completamente, totalmente, mas apenas algumas coisas
que Deus deu a conhecer a respeito de Si mesmo. E Ele deu a conhecer essas
coisas.
Paulo diz: Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles. Eles, aqui, são os
homens, a humanidade em geral. É manifesto entre eles, não é a eles, mas entre
eles, com a intimação de que essa manifestação de Deus é dentro de nós.
Portanto, a ira de Deus se revela do céu. Deus se manifestou entre nós ou no
nosso meio, dentro de nós. Esse conhecimento inato de Deus, que nós temos desde
o nosso nascimento, e que é a imagem e semelhança de Deus em nós, que ainda
apesar do pecado essa imagem permanece em nós, e é por isso que todos nós somos
religiosos, pois todos nós temos essa necessidade, essa consciência de que
alguém, além desse mundo, alguém superior a nós, a quem vamos prestar contas,
de quem nós dependemos, Ele existe, Ele é real e Ele se manifestou a nós.
Essa necessidade que o homem tem de
Deus e esse reconhecimento no coração está lá dentro, em seu interior, sufocado
e, às vezes, o homem descuida e esse conhecimento vem à tona, especialmente nas
tragédias. A pessoa vive como se Deus não existisse, mas basta acontecer uma
tragédia ou um sofrimento pessoal muito grande e aí valha-me Deus. Como alguém
já disse: Só existe ateu enquanto o pitbull
não pula a cerca. Depois que o pitbull pulou a cerca valha-me Deus, socorre-me.
Não é isso? Então, esse conhecimento possível de Deus é manifesto no nosso
coração porque Deus lhe manifestou, de outra maneira nós não conheceríamos a
Deus.
Pode-se perceber de quem é a
iniciativa até aqui. Quem é que revela a sua ira? Deus! Quem é que diz que está
irado por causa da perversão dos homens? Deus! Quem é que manifesta o
conhecimento de Deus? Ele próprio! Então, pode-se perceber que se não fora essa
iniciativa de Deus de se revelar a nós a humanidade andaria em trevas, a
humanidade não teria a menor ideia do que ela está fazendo aqui nesse planeta,
quem nós somos, de onde viemos, por que estamos aqui, qual o propósito da vida.
A humanidade andaria em trevas. Deus é quem toma a iniciativa de revelar-se,
manifestar-se à humanidade, porque Ele deseja que nós o reconheçamos, que nós o
amemos, que nós o sirvamos de todo o nosso coração.
04 – A REVELAÇÃO DOS ATRIBUTOS DE DEUS:
Porque
os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por
isso, indesculpáveis (Rm1.120).
A quarta coisa que Paulo fala aqui é a
respeito das coisas possíveis de se conhecer e que Deus revelou. Primeira coisa
há um Deus, Ele está irado e Ele diz isso nas nossas consciências. Segunda
coisa Ele está irado contra a impiedade e perversão dos homens, porque os
homens sufocaram a luz da verdade em seu coração e a trocaram pela injustiça. Terceira
Deus é justo por estar irado porque o que se pode conhecer de Deus Ele
manifestou ao homem, Ele se revelou na consciência e no coração humano. Agora,
em quarto lugar, Deus revelou alguns atributos ou algumas coisas a seu respeito
na criação.
Paulo diz que os atributos invisíveis
de Deus, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem por
meio das coisas criadas. No verso anterior Paulo disse que o que de Deus se
pode conhecer é manifesto aos homens em nossa consciência, mas aqui ele diz que
este conhecimento de Deus que está manifesto em nós, não é só manifesto em
nossa consciência e no nosso coração, mas ele brilha ao nosso redor, nas coisas
que foram criadas, de maneira que um complementa o outro.
A natureza, a criação, a beleza do Universo,
a sua harmonia, a sua imensidão, não faria nenhum sentido para mim se dentro de
mim eu já não tivesse essa consciência de que há um Deus e que Ele é o autor
disso tudo. Então, há uma harmonia entre a consciência que eu tenho de Deus e a
criação, o mundo ao meu redor. Eu só posso olhar para a criação e deduzir que
existe um Deus porque a luz dele já brilha em mim. Então, a criação, ela apenas
confirma aquilo que a minha consciência já diz, que há um Deus e esse Deus, de
acordo com o que a criação manifesta, Ele é um Deus cujos atributos são
invisíveis.
A palavra atributo significa
simplesmente qualidade. Por exemplo, se você tem a barba branca é um atributo
seu, da mesma forma se você for careca ou cabeludo, alto ou baixo, gordo ou
magro. Então, atributos é o que me define é o que me caracteriza o que me torna
conhecido. Então, Deus tem atributos e a Bíblia menciona vários desses
atributos, desde a sua santidade até a sua misericórdia. São muitos os
atributos de Deus. E alguns atributos pertencem só a Deus, como, por exemplo,
onipotência, onisciência, onipresença, eternidade, só Deus tem essas
qualidades. Mas alguns outros dos seus atributos Deus transmitiu para nós, como
inteligência, criatividade, consciência, arbítrio, sentimento, são coisas que
Deus passou para nós.
Nós somos feitos à imagem desse Deus
e é por isso que nós somos assim e é por isso que, por definição, nós clamamos
por Ele, sentimos que Ele existe e percebemos que Ele existe olhando ao nosso
redor, mas esses atributos são invisíveis, porque Deus é Espírito. Deus nos deu
uma coisa que Ele mesmo não tem, Ele nos deu um corpo, embora séculos depois Ele
resolveu assumir um corpo também, na pessoa do seu Filho Jesus Cristo. Mas Deus
é espírito e, portanto, Ele é invisível. Só que esses atributos invisíveis de
Deus, essas qualidades que o olho não pode ver, elas se tornam visíveis pela
nossa mente. Os olhos da mente, contemplando a criação e já tendo consciência
de que existe um Deus, consegue ver que há um Deus.
Os atributos invisíveis de Deus se
veem claramente. Parece até uma contradição, aquilo que é invisível se vê, mas
é o que Paulo está dizendo aqui, aquilo que é invisível aos olhos, aos nossos
olhos carnais é visível pela nossa mente e pela nossa consciência. Há um Deus
que criou todas as coisas e que fez todas as coisas. Os atributos invisíveis de
Deus nos passam essa mensagem.
E Paulo menciona dois desses
atributos que estão entre aquelas coisas possíveis de serem conhecidas. O
primeiro é o seu eterno poder. O primeiro atributo de Deus que dá para perceber,
pelas coisas criadas, é o eterno poder de Deus. O que Paulo está dizendo aqui é
que, pela observação da criação e da natureza, nós devemos perceber que a
natureza não se gerou a si mesma, como dizem os materialistas, os
evolucionistas e os naturalistas, que o Universo se gerou a si mesmo, que a
matéria se gerou a si mesma.
Outra opção que eles dizem é que a
matéria é eterna. Paulo diz aqui que, observando a natureza, nós vemos que
existe um poder eterno, que existia antes da natureza e que deu origem a ela, que
estas coisas, com esse nível de complexidade da criação, do cosmos, do ser
humano, do microcosmos, do Universo, das partículas subatômicas, tudo isso é
impossível que tenha vindo do acaso ou que isso foi gerado do nada, que o Universo
se gerou. Há um poder por detrás disso. Esse é um dos atributos invisíveis de
Deus que Deus nos deu a conhecer através da criação e que é percebido pela
nossa consciência. Não é possível que tudo isso que existe por aí tenha surgido
do nada, há um poder eterno que antecede ao Universo e que deu origem a tudo
isso.
O segundo atributo invisível de Deus,
que Paulo menciona aqui, é a sua própria divindade. Está no verso 20. Ele fala
do eterno poder e da sua própria divindade. E o que é a divindade de Deus? É
uma expressão que significa simplesmente que Deus não é criado, que Ele não é
como nós, mas Ele é totalmente outro. Ele não é limitado como nós, Ele não é
finito, Ele não teve um começo e não terá fim, Ele não faz parte da sua própria
criação. Deus não é a alma do mundo, Deus não é o mundo e o mundo não é Deus,
mas Ele é Divino, Ele está acima da sua criação.
E, aliás, foi essa concepção que deu
origem a ciência moderna. Vocês já se perguntaram por que que a ciência moderna
nasceu na Europa Cristã da Idade Média e não em civilizações mais antigas e
mais avançadas, como por exemplo, os mesopotâmicos, os egípcios, os gregos e os
chineses? Eles eram civilizações bem mais avançadas e antigas do que aquela
civilização europeia da Idade Média, cristianizada. Mas por que a ciência moderna
não nasceu naquelas civilizações e veio nascer a 500 anos atrás? Ou menos,
talvez, 400 anos atrás, lá na Europa Cristã? A razão é que todas essas
civilizações elas eram panteístas, elas acreditam que Deus é o mundo e o
mundo é Deus, por isso adora vaca, adora árvore, adora o sol, adora estrela,
adora os animais, adora o crocodilo. Os deuses são apresentados como sendo
manifestações da natureza. Na mitologia grega os deuses moravam em árvores,
moravam em cavernas, haviam as fadas que estão ligadas as árvores e flores. Então,
nessas religiões e nessas culturas, a visão é de panteísmo. Pan quer dizer tudo
e teísmo quer dizer Deus. Tudo é Deus e Deus é tudo, como se Deus fosse a alma
do mundo.
Por isso, ninguém se atrevia a
investigar os fenômenos naturais, pois acreditavam que quando tem um trovão é
Deus que está com raiva, que quando cai um raio isso é os deuses, Zeus, aquele
deus do Olimpo, que joga aquele raio. Dizem que é Zeus que está fazendo isso. Ninguém
queria saber como é que funciona. Aí chegou o cristianismo, dizendo que no
princípio criou Deus os céus e a terra, que o mundo é uma criação de Deus e não
é uma extensão de Deus, que Deus criou o mundo com base em leis naturais, que
regem, explicam os fenômenos. Então, o cristianismo libertou o homem do
misticismo dessas religiões e o homem, agora, se sentiu livre para examinar a
natureza. O cristianismo desmistificou a natureza. A natureza não é divina, o
boi não é divino, a ave não é divina, portanto, eu posso pesquisar os fenômenos
naturais.
Todos os autores dos modernos ramos
da ciência são cristãos. Há bons livros a respeito da história da ciência que
fala e mostra que os grandes ramos da ciência moderna tiveram início com a
pesquisa de cristãos, que queriam saber mais a respeito de Deus e da Glória de
Deus, porque eles viam o Universo como expressão, não como extensão da Glória e
da majestade de Deus, da sua divindade, do seu eterno poder. Então, pela
natureza, nós podemos ver isso, que há um poder eterno e que esse poder é
majestoso, é glorioso, é inteligente, é pessoal, e que tudo isso aqui não
surgiu do nada, não veio do acaso, não se auto gerou. É isso que Paulo diz aqui,
que esses atributos invisíveis de Deus se revelam na natureza, o seu poder
eterno e a sua divindade.
05 – ESTA REVELAÇÃO É CLARA, ANTIGA E UNIVERSAL:
Porque os atributos invisíveis de Deus,
assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio
do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais
homens são, por isso, indesculpáveis (Rm1.120).
Paulo diz que essa revelação que Deus
fez de Si mesmo, na consciência e na criação, que ela é clara, antiga e
universal. Paulo está dizendo que há um Deus e que esse Deus é santo, que Ele
está irado e isso claramente se percebe na criação. E se você não percebe o
problema não é com Deus e nem com a criação, o problema é com você, pois Paulo está
dizendo que dá para ver, com clareza, que existe um Deus, que isso é natural, que
está em nossa consciência, que existe um Deus e esse Deus é superior a nós, que
Ele está irado com os nossos pecados, que Ele é Todo Poderoso e que Ele é
distinto da criação. Isso dá para se perceber claramente. Diz o Apóstolo Paulo
que essa revelação é clara.
Segunda coisa, essa revelação é
antiga. Ele diz aqui que isso é desde o
princípio do mundo. Desde quando Deus criou o mundo e colocou o homem nele,
a sua glória e a sua Majestade estão impressos na consciência do homem e nas
coisas criadas, de maneira que, desde Adão, até ao último homem que nasceu hoje,
ele tem esse conhecimento de Deus. Isso é perceptível, dentro dele e fora dele,
a glória de Deus brilha dentro de nós e fora de nós.
A terceira coisa que Paulo diz é que
esse conhecimento é universal. Esse conhecimento está em toda criatura que já
pisou o solo desse planeta, em todo o país e toda língua, povo, tribo, nação,
porque todos têm consciência e todos têm acesso à natureza. Eles podem perceber
isso e esse não é um conhecimento secreto, privado, particular, esotérico, mas
é um conhecimento público, que Deus fez de si mesmo na criação e na consciência
de todos os homens.
06 – OS HOMENS SÃO POR ISSO INDESCULPÁVEIS:
Porque os atributos invisíveis de Deus,
assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas
que foram criadas. Tais homens são, por
isso, indesculpáveis (Rm1.120).
Sexto ponto que Paulo fala é que tais
homens são indesculpáveis. Essa é a conclusão do que Paulo está dizendo aqui.
Tais homens são esses homens, são aqueles que detém a verdade pela injustiça,
rejeita o conhecimento de Deus, não tem piedade e são perversos. Então, tais
homens são indesculpáveis diante de Deus.
Essa palavra indesculpável aqui é uma
palavra que Paulo está tirando da linguagem jurídica dos seus dias. Literalmente,
no grego, essa palavra é apologia. Apologia é uma defesa que você apresenta ao
ser acusado de algum crime e é uma tentativa que a pessoa acusada faz de se
justificar, tipo assim: Eu sou inocente,
não fiz isso, e se eu fiz, eu fiz por conta disso. Então, há diversos
atenuantes aqui. O que Paulo está dizendo é que no dia do juízo nenhuma pessoa
terá uma apologia a apresentar diante de Deus, do tipo assim: Eu não sabia que existia um Deus, eu não
sabia que isso era errado, eu não sabia que esse Deus se ira contra o pecado,
eu não sabia de nada disso. Ninguém tem desculpa diante de Deus. É isso que
Paulo está dizendo aqui. Por isso, tais homens são indesculpáveis.
Portanto, há um Deus e este Deus está
irado. Ele manifesta a sua ira em nossa consciência. A ira dele é contra a
impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça. É justo
que Deus esteja irado porque o que se pode conhecer de Deus, Ele manifestou a
nós, pela consciência e pela criação. Pela criação nós vemos algumas coisas que
podem ser conhecidas de Deus, como seu eterno poder e a sua própria divindade. E
essa revelação é clara, universal e antiga.
Não tem inocente diante de Deus, nem
aqui, nem no Amazonas, nem na Antártida, nem no Polo Norte, nem no deserto
árabe, nem nas florestas mais ocultas do mundo. Nunca teve e nunca haverá um
inocente diante de Deus, porque os homens detêm a verdade pela injustiça, eles
adoram outros Deuses, eles adoram a natureza, eles vivem como se Deus não
existisse, eles se matam, se perseguem, se odeiam e se oprimem por isso. A Ira
de Deus está sobre o mundo pagão. É isso que Paulo está falando aqui.
CONCLUSÃO:
Algumas implicações para nós. Isso
aqui é importante para mim e para você para que nós possamos entender porque é
preciso o Evangelho, porque que o Evangelho é necessário, porque que é preciso
de uma outra revelação além da revelação da natureza. Essa revelação aqui da
Ira de Deus ela é suficiente para deixar você sem desculpa, mas ela não é
suficiente para lhe salvar, porque ela não diz de que maneira você pode escapar
da Ira de Deus. As árvores, o mar, os rios, as estrelas, a lua, o sol, o Universo,
eles não vão dizer para mim de que maneira eu posso me reconciliar com esse
Deus de perdão e ser aceito por Ele. Eles não vão me dizer isso. Eles só vão
mostrar que há um Ser todo poderoso, maior do que eu, por trás de todas as
coisas, mas como eu posso me reconciliar com esse Ser a natureza não vai me
dizer, é preciso uma outra revelação e essa é a revelação que nós chamamos de revelação
especial que Deus deu, através de Jesus Cristo, seu Filho, que é o Evangelho de
Cristo.
Essa revelação Paulo vai desdobrar
aqui na Carta aos Romanos. Ele vai explicar, mais adiante, que essa revelação é
a única forma pela qual nós podemos ser salvos da Ira de Deus e para que você
entenda a necessidade do Evangelho e a exclusividade do Evangelho, primeiro é
necessário que você entenda a perdição da raça humana toda. Estamos debaixo da
Ira de Deus, não há inocente diante de Deus. Então, essa é a primeira reação
prática que eu quero lhe mostrar. Medite nisso e valorize o Evangelho,
privilégio que você está tendo nessa hora de ouvir este Evangelho, enquanto que
milhões nunca ouviram falar deste Evangelho, embora estejam condenados com
justiça pela rebelião dos seus corações da Revelação que Deus fez de Si mesmo
na sua consciência e na criação. O fato de você estar lendo este Evangelho seria
motivo de você se pôr de joelhos diante dele e dizer: Deus, como é que eu continuo ainda a viver como se o Senhor não
existisse? Como que eu continuo a viver ainda sem levar o Senhor em
consideração? Por que que eu continuo desafiando ao Senhor? Por que que eu
continuo sendo indiferente para contigo? Reflita nisso.
Segunda coisa que eu queria que você
pensasse é que você examinasse o seu coração, especialmente se você é uma
daquelas pessoas que têm dificuldade de acreditar em Deus, argumentando coisa
do tipo: Evolução da ciência, das descobertas científicas, da racionalidade. Queria
que você pensasse que o ateísmo não é a consequência lógica da ciência. A
negação de Deus e o materialismo é o resultado da repressão dessa luz de Deus
no coração de todo homem. O problema não é intelectual, o problema é moral, o
problema é espiritual. Examine o seu coração para ver se lá no fundo, essa sua
recusa em acreditar em Deus não seja resultado de alguma amargura, alguma raiva,
algum sentimento de injustiça ou uma tentativa de justificar um comportamento
seu. Você não quer que Deus exista porque se ele existir você vai ter que mudar
de vida, por isso você não quer que Ele exista. Então, muito dessa negação de
Deus não é resultado de intelectualidade, mas é um problema moral, é um
problema espiritual.
Terceira coisa que eu queria que você
pensasse é que aqui está a razão pela qual nós insistimos em evangelização e
pregar o Evangelho, exatamente porque os povos precisam ouvir o Evangelho,
receber a revelação especial de Deus. Por isso que nós mandamos missionários. É
por isso que nossa igreja faz viagem missionária. É por isso que nós apoiamos
aqueles que vão para países distantes, levar o Evangelho de Deus. É por isso
que nós insistimos com os cristãos, que compartilhem a fé deles para com as
pessoas, porque elas estão perdidas. Ninguém vai se salvar com base na
ignorância da moralidade. Não há salvação fora do Evangelho de Jesus Cristo e
você que conhece esse Evangelho e tem acesso a essa revelação especial do
Evangelho, você é responsável por leva-lo avante, por transmitir ele a outras
pessoas.
E a última coisa que eu queria que
você pensasse é a respeito do seu estado diante de Deus. Há um Deus e esse Deus
é um Deus Santo. Ele é um Deus que se ira, ao contrário, talvez, do que você
ouviu por aí, de outras pessoas dizerem de um Deus que é só amor. Deus é amor, mas
Ele é Santo também e porque Ele é Santo, Ele está irado pelos seus pecados. E
você não tem desculpa nenhuma para viver longe dele, não há nenhuma apologia
que você possa oferecer para justificar a sua vida ímpia ou a sua vida de
imoralidade ou a sua vida de materialismo, consumismo, totalmente alheio a Deus,
como se Deus não existisse. Não tem nada que justifique isso, não tem nada que
justifica a sua idolatria, você adora imagens de escultura como se Deus pudesse
ser representado, adora outros deuses que não é o Deus Supremo, que se revela
na natureza e no Evangelho. Que nessa hora você também reconheça que esse Deus
tem compaixão de pecadores que reconhecem que são pecadores, que estão perdidos
e que o buscam humildemente, não para dizer a Deus o que Deus tem que fazer,
mas com a mão estendida e de joelhos, dizendo: Deus, tenha misericórdia de mim, pecador. Não mereço nada a não ser a
tua Ira e o teu justo castigo. Espero na tua misericórdia, já que o Senhor
tomou iniciativa de se revelar. Isso mostra que o Senhor deseja me conhecer,
que o senhor deseja que eu te conheça plenamente. Me ilumina, me guia mediante
Jesus Cristo, para que eu possa me reconciliar contigo e viver para tua glória.
Você pode fazer isso nessa hora e se curvar diante do Todo Poderoso, criador
dos céus e da terra e aproveitar a misericórdia dele, enquanto Ele ainda lhe
permite viver e escutar esse Evangelho. A Ele toda glória! Amém!
Termino fazendo essa oração: Bendizemos
o teu nome ó Pai, pela tua Majestade e pela tua grandeza. Os céus refletem a tua
glória e o firmamento fala da obra das suas mãos. Te damos graças, ó Deus, pelo
teu grande poder e pela tua divindade. Pedimos perdão pelo sufocamento da tua
verdade, pela impiedade e pela perversão. E se alguém nessa hora, Senhor, que
ainda não compreendeu a plenitude do teu Evangelho, porque precisa do Evangelho,
que isso fique claro em seu coração. Desperta em nós gratidão a Ti pela tua
misericórdia e nos dá o conhecimento de Cristo. Abençoa a tua Igreja para que
ela seja um farol, composta de pecadores redimidos que levam o Evangelho a
outras pessoas. Oramos pela tua igreja no Brasil também, tenha misericórdia de
nós. Em nome de Jesus! Amém!
Luiz Lobianco
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida
em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil.
Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Augustus
Nicodemus. Mensagem da Série Romanos: A Revelação Natural. YouTube.
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