Pois não me envergonho do evangelho, porque
é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em
fé, como está escrito: O justo viverá por fé (Rm 1.16-17).
INTRODUÇÃO:
Que a paz do Senhor Jesus esteja
contigo! Convido-o a estudar a Palavra de Deus na carta de Paulo aos Romanos, dando
prosseguimento a nossa série de estudo desta carta tão preciosa. E chegamos
aqui hoje a esses dois versículos que são uma declaração gloriosa do que é a
mensagem central do cristianismo e ao mesmo tempo o tema da carta. Que o
Espírito Santo o ilumine para compreensão da Palavra do Senhor, para a
compreensão do Evangelho de Deus, para que vejas as maravilhas do Evangelho,
que te conduza e inclina o seu coração, ilumine os olhos do teu entendimento
para que possas contemplar, sem impedimento, a verdade que o Senhor quer te
revelar.
Na mensagem anterior vimos como o Apóstolo
Paulo revela aos crentes de Roma a intenção que ele tem de fazer-lhes uma
visita. Os planos de Paulo eram de chegar em Jerusalém. Ele estava indo para lá
levando uma oferta para os cristãos pobres da região da Judeia. E uma vez
estando em Jerusalém, Paulo planejava tomar um navio e ir até a cidade de Roma
e lá ele queria ser hospedado pela igreja. Paulo não é o fundador da Igreja de
Roma, havia algumas pessoas na igreja que conheciam a Paulo e a relação delas
está descrita no final da carta. Mas, embora Paulo não era conhecido
oficialmente da igreja, Paulo desejava estar com aqueles irmãos. Queria
compartilhar com eles o Evangelho. Queria ser abençoado no convívio com eles. E
Paulo tinha planos de ser enviado pela Igreja de Roma para a Espanha, onde ele
queria pregar o Evangelho, aonde Cristo não havia sido ainda anunciado. Ele
fala desses planos que tem no final da carta, onde ele detalha esse desejo que
ele tem do apoio missionário da Igreja de Roma:
Essa foi a razão por que também,
muitas vezes, me senti impedido de visitar-vos. Mas, agora, não tendo já campo
de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a
Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por
vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa
companhia (Rm 15.22-24).
Paulo amava aquela igreja. Paulo
orava por eles. Mesmo que não os conhecia, Paulo desejava ter comunhão com eles
e ele diz que se sentia devedor aos romanos. Não somente aos romanos como
também se sentia devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes. Por isso que ele diz que estava pronto para ir a Roma anunciar ao Evangelho.
E em seguida ele faz essa declaração que nós lemos aqui, que está no verso 16 e
17 e que é o resumo da Carta aos Romanos e também o resumo da mensagem do
Evangelho.
São dois versos gloriosos, cheios de
majestade, cheios de conteúdo. Foi lendo essa passagem que Martinho Lutero
entendeu qual o caminho da salvação. Isso no século XVI e deu origem a Reforma
Protestante. Lutero entendeu que a justificação de Deus, a maneira como Deus
salva o pecador é mediante a fé, na pessoa de Jesus Cristo. Esses versículos
têm influenciado a Igreja cristã através da História. Eles servem de base para
a doutrina principal da reforma protestante que são os cinco Solas:
Sola Scriptura = Somente a Escritura;
Solus Christus = Somente Cristo;
Sola Gratia = Só a Graça;
Sola Fide = Só a Fé;
Soli Deo Gloria = Somente a Deus a Glória.
E são esses os dois versículos que vamos
estudar hoje na expectativa de que Deus nos abençoe na compreensão de sua
Palavra e que o teor das verdades que estão contidas aqui nos alcances
plenamente. E vamos começar com a declaração que Paulo faz.
01 – PAULO NÃO SE ENVERGONHA DO EVANGELHO:
Pois
não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego (Rm 1.16).
Paulo não tinha vergonha do Evangelho.
Isso significava que ele não tinha vergonha de um dia ter crido em Jesus
Cristo. Paulo era judeu. Paulo tinha sido um perseguidor do cristianismo. Ele
tinha entendido que Jesus era um falso profeta e que os seus seguidores eram
uma ameaça a verdadeira religião e que eles precisavam ser eliminados. Paulo manteve
uma cruzada pessoal para eliminar os cristãos. Ele chegou a obter a autorização
das autoridades em Jerusalém para caçar cristãos nas cidades circunvizinhas. Onde
ele chegava que estourava uma casa de culto dos cristãos, ele levava esses
cristãos presos para Jerusalém, onde eles eram interrogados, as vezes
torturados, presos e em caso como o de Estevão, que está narrado no livro de
Atos capítulo 7, eram apedrejados até a morte.
Um dia Paulo conheceu Jesus a quem
ele perseguia no caminho de Damasco e o perseguidor se tornou em adorador, se
tornou em discípulo. E aquilo que ele antes perseguia, que odiava e do qual
tinha vergonha, agora é a própria fé que ele abraça. E não somente isso, ele
dedica a sua vida a pregar o mesmo Evangelho que antes ele tinha perseguido.
Então, essa declaração dele: Eu não me
envergonho do Evangelho ganha um sentido extraordinário quando a gente
lembra quem é que está dizendo isso. Era um homem para quem antes o Evangelho
era motivo de vergonha para a nação de Israel. Um Carpinteiro pendurado em uma
cruz, o Filho de Deus. Aquilo era escândalo. Mas, agora, Paulo se torna um
cristão. E não somente isso, ele se torna um Apóstolo de Jesus Cristo, um
pregador do Evangelho de Jesus e ele não se envergonhava deste Evangelho.
Na verdade, ele se sentia grato por
ter crido no Evangelho, ele se sentia privilegiado, porque Cristo lhe apareceu
e lhe mostrou a verdade. Ele se sente abençoado por Deus por ter tido aquela revelação
no caminho de Damasco. E também porque Deus o constituiu um pregador do
Evangelho. Essa era a razão pela qual ele diz que está pronto para anunciar o Evangelho
também em Roma, porque ele não tem vergonha de dizer que é cristão e muito
menos de pregar, onde for possível, o Evangelho de que Deus em Cristo salva o
pecador.
E quando nós pensamos que ele está
dizendo isso com relação a Roma, essa declaração dele ganha um sentido ainda
maior, porque Roma era a capital do Império. Os romanos valorizavam a força, o
poder, o domínio, eles eram uma nação dominadora da sociedade conhecida, do
mundo conhecido da época. Os romanos haviam imposto o seu domínio através das
suas legiões, através dos seus exércitos, do seu poderio militar, que fez com
que Roma dominasse as outras nações, subjugasse as outras nações, impusesse o
seu domínio. Todas as nações eram tributárias e subservientes à Roma naquela
época, em que o romano valorizava o poder e a força.
Agora, imagina Paulo chegar nessa
cidade, capital do Império, do poder, do domínio e da força para dizer que Deus
veio salvar o mundo através de um carpinteiro que nasceu lá na cidadezinha
obscura e que ninguém sabia direito quem era e que cresceu lá no meio do povo e
não tinha educação, que quem seguia Ele era um bando de pescadores, que tinha
um publicano, um cobrador de impostos, que foi traído por um dos seus
seguidores, negado por outro, que foi condenado pelo seu próprio povo, que foi
entregue à morte por um procurador Romano, Pôncio Pilatos, o qual decretou sua
morte de cruz e Ele morre daquela forma, que para o Império Romano era a forma
mais vergonhosa de se morrer, pois a cruz era um instrumento de crucificação e
tortura para os piores criminosos em Roma. E era a pena que os romanos impunham
aos inimigos políticos e aos piores criminosos.
Agora, Paulo vai na capital do Império
dizer que aquele homem, que morreu pendurado em uma cruz, naquela forma de
execução escandalosa, que foi rejeitado pelo seu povo e executado por ele,
aquele, na verdade, era Deus, era Deus salvando o pecador. Eu imagino Paulo
tendo que pregar isso nas cidades orgulhosas de Roma, aos ouvidos
arrogantes dos Romanos. Por isso que ele disse: Eu não tenho vergonha. Eu vou, se preciso for, até Roma para anunciar
esse Evangelho. Eu não me envergonho do Evangelho, não tenho vergonha nenhuma
de proclamar que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Por isso que ele está
disposto a fazer isso. E motivo pelo qual Paulo diz que não sentia vergonha de
ser cristão e pregador do Evangelho ele coloca aí no resto do verso que é o
nosso segundo ponto:
02 – PORQUE O EVANGELHO É A MANIFESTAÇÃO DO PODER DE DEUS:
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16).
Longe de ser uma fraqueza, como talvez
os romanos pensariam, o Evangelho, na verdade, era a manifestação do poder de
Deus. É no Evangelho que o poder de Deus se manifesta de maneira mais
extraordinária e clara. Há vários pontos aqui que precisam ser explicados para que
a gente entenda plenamente o que é que Paulo está dizendo ao escrever que o
Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.
a) A Depravação Total da Humanidade e Sua Incapacidade de Salvar-se por
Si Mesmo:
Paulo está explicitando, ele está
supondo, ele está assumindo o fato de que a humanidade está perdida, senão ele
não podia falar do Evangelho como sendo o poder de Deus para salvação se a
humanidade está salva, se todo mundo vai para o céu, se depois da morte todo
mundo vai para um lugar feliz. Se for assim para que a salvação? Salvar de quê?
Então, ao dizer que o Evangelho é o
poder de Deus para salvação, Paulo está pressupondo que a humanidade está
perdida. E quando ele fala humanidade, quando falamos humanidade, estamos
falando de maneira inclusiva, todos, sem exceção, os gregos e bárbaros estão
perdidos. Paulo vai explicar isso nos versos seguintes que estudaremos
posteriormente, se Deus quiser e assim o permitir. Ele vai dizer que mesmo os
gregos e bárbaros, que nunca ouviram o Evangelho, estão perdidos, estão
condenados, porque eles rejeitaram a revelação que Deus fez de Si mesmo na
natureza. E embora eles têm suas próprias religiões e seus deuses, eles estão
cegos, eles não conhecem a verdade, estão endurecidos e pensam que são sábios,
mas estão debaixo da ira de Deus, estão caminhando para condenação eterna.
Eles precisam de salvação, por isso
que Paulo quer ir para a Espanha pregar o Evangelho, por isso que ele quer ir
para Roma, para que a igreja o apoie em seus esforços missionários, para chegar
até os espanhóis com a pregação do Evangelho. Se Paulo não acreditasse que os
espanhóis estavam perdidos, ele não teria plano nenhum de ir a Espanha e nem a
Roma, mas quando ele fala: O Evangelho é
o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, ele está com isso
dizendo que a humanidade está perdida e que a humanidade precisa de salvação.
E não somente os gregos, os bárbaros,
os idólatras que viviam nas trevas da ignorância, mas os próprios judeus. Ele
vai explicar isso a partir do capítulo 2 e metade do capítulo 3. Ele vai dizer
que até os judeus, que receberam a revelação de Deus no Antigo Testamento,
receberam a Aliança, as promessas, o Pacto de quem veio o Messias, de quem são
as Escrituras, de quem é o culto, até os judeus estão perdidos, porque eles
receberam a Lei de Deus, mas eles não entenderam como o Evangelho se revela
nela, eles pensavam que ela era o caminho de salvação e criaram uma religião
legalista, uma religião de mérito, tentando se salvar pelo cumprimento das
obras da Lei. Tanto os gregos, romanos, espanhóis, os bárbaros, quantos os
próprios judeus estão perdidos. É no capítulo 3 que Paulo faz aquela declaração
que é tão conhecida: Pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus (Rm 3.23).
Porque todos pecaram, todos, os
judeus e não judeus, todos pecaram e carecem da glória de Deus. E essa
condenação ela se estende a toda a raça humana, independente de nacionalidade,
de gênero, de cor e de idade. Nossos filhos estão perdidos, as nossas crianças
estão perdidas, os nossos adolescentes estão perdidos, os nossos jovens estão
perdidos, os nossos adultos e os nossos velhos também, toda a raça humana, não
tem exceção, estamos manchados pelo pecado e condenados por conta do pecado,
porque Deus é justo, Ele é Santo e Ele conhece cada pessoa.
Então, essa declaração para ser
entendida de que o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que
crê ela pressupõe, primeiro, a verdade, o estado em que a humanidade se
encontra. E é aqui que você vai perceber a diferença entre o cristianismo e as
outras religiões. As outras religiões insistem em dizer que o homem é
intrinsicamente bom, que existe uma bondade no coração do homem e que a
salvação está dentro do homem, o homem apenas precisa olhar para dentro de si
mesmo. É tão popular isso: Ouça o seu coração! Ouvir o coração porque a ideia é
que o homem é bom, há uma bondade intrínseca no homem. Se ele é mau é porque
ele nasceu no ambiente depravado. Você vê isso no próprio Brasil, quando você
vê casos de estupro e dizem que a culpa é da sociedade que provoca, que cria
essa mentalidade de estupro. A culpa é da sociedade, a culpa é da erotização, mas
não é do estuprador. O estuprador é uma vítima, ele cresceu nesse ambiente de
favela, ouvindo essas coisas e tudo mais. É uma sociedade que não admite pecado,
que coloca a culpa na cultura, nos pais, na educação e o indivíduo foge da sua
responsabilidade.
Essa é a religião do homem moderno,
essa religião que agrada o coração. Quem que não gosta de uma religião que vai
dizer para você que você é bonzinho? Que você não é responsável pelos seus atos?
E que se você fizer alguns rituais religiosos, pagar algumas promessas, enfim,
Deus vai ficar de bem com você, de boa com você, que está tudo resolvido? Isso não
é cristianismo! Cristianismo começa com a má notícia de que você é pecador, que
você quebrou a Lei de Deus desde que você era criança e que você está debaixo
da ira de Deus, um Deus que é poderoso para fazer você sofrer eternamente no
inferno. Isso que é cristianismo, começa dizendo isso que ele ensina, por isso
que ele é diferente de todas as outras religiões, é o único nesse sentido.
Então, essa é a primeira coisa que nós temos que observar aqui nesta declaração
de Paulo.
b) Deus Salva Pecadores Mediante o Evangelho:
A segunda declaração de Paulo quando
ele diz: O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê
é que Deus salva pecadores e ele salva pecadores mediante o Evangelho.
O Evangelho é a boa notícia de que
Deus, no seu grande amor por essa humanidade perdida, enviou o seu Filho Jesus
Cristo, nascido de mulher, nascido como um de nós, participante da nossa
natureza humana e que na cruz do Calvário, como nosso representante, Ele
suportou a ira de Deus e o castigo que nós merecemos. Ele experimentou, naquela
cruz, a ira desse Deus Santo.
Então, longe de ser um momento de
fraqueza, como talvez os romanos pensariam, ali você tem a revelação do poder
de Deus, quando aquele homem, na cruz, derrama sua última gota de sangue e
grita: Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste? O quadro da fraqueza! Um crucificado clamando, se sentindo
abandonado, quando, na verdade, era a manifestação do poder de Deus, porque ali
Jesus estava levando sobre si a nossa iniquidade. E a salvação vem através do
Evangelho, vem através do anúncio dessa verdade, desse fato, desse ato salvador
de Deus em Cristo Jesus.
E quando Paulo aqui fala “salvação” nós
temos que entender a palavra “salvação” no contexto da Carta aos Romanos. Quando
a gente ler aqui “salvação”, a gente pensa, geralmente, que é somente salvação
da condenação do inferno, mas na verdade o Evangelho nos salva em todos os
sentidos. O Evangelho nos salva da culpa do pecado e, portanto, nos coloca em
paz com Deus. O Evangelho nos salva do poder do pecado aqui nesse mundo. E por
causa disso nós aprendemos a largar os nossos hábitos, a vencer os nossos
pecados, as tensões do nosso coração, a subjugar os desejos mais ímpios da
nossa alma e a viver fazendo o que é certo, que é amando ao próximo e perdoando.
O Evangelho nos livra da presença do
pecado porque um dia esse Redentor voltará, a ressurreição dos mortos
acontecerá e nós participaremos, com Ele, na consumação de todas as coisas, que
é a redenção e a salvação final, quando, então, o pecado será extinto
definitivamente da história da raça humana. É uma salvação completa, não
somente da culpa, mas também do poder do pecado e da presença do pecado na
ressurreição dos mortos. É assim que Deus salva pecadores. Não é de
nenhuma outra maneira, não há nenhuma outra forma de salvação, dada aos homens,
a não ser mediante ao Evangelho. Deus salva pecadores por meio do Evangelho.
c) A Salvação é a Maior Manifestação do Poder de Deus:
A terceira coisa
que Paulo nos diz aqui quando escreve: Porque
é o poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê é que a salvação que é a manifestação deste poder de
Deus. A gente pode entender
porque que Paulo diz que o Evangelho é a manifestação do poder de Deus. Eu
gosto de pensar no Evangelho nesses termos. O Evangelho é o poder de Deus! Tem
muita gente hoje atrás de poder. Na verdade, a gente pode quase que dizer que
grande parte dos evangélicos vivem aquilo que a gente chama de “religião de
poder”. Os evangélicos querem ser poderosos, eles querem ter poder. Poder para
conquistar, poder para receber os seus sonhos, poder para vencer na vida, poder
para derrubar os gigantes, poder para conquistar a terra prometida. Os
evangélicos querem poder!
De fato, o Evangelho é uma religião
de poder, mas nesse sentido aqui. A maior demonstração do poder de Deus não é
conceder a você um carro do ano, uma casa própria, um bom emprego e um
excelente casamento, mas a maior manifestação do poder de Deus está na salvação,
na sua salvação, da culpa do poder e da presença do pecado, mais do que em
qualquer outro ato miraculoso que Deus porventura queira fazer. Ressurreição de
mortos, por exemplo, é fichinha perto disso aqui.
Deus pegar pecadores culpados como
você e como eu e nos fazer filhos dele, perdoar as nossas iniquidades e nos
fazer seus herdeiros, do novo Céu e da nova Terra, onde habita a justiça, isso
é que é poder. E quando eu penso no Evangelho como sendo o poder, isso me leva
à conclusão de que o cristianismo não é uma religião formal, que cristianismo é
só você cumprir determinados atos, vir à igreja para escutar seu irmão todo Domingo,
isso não é cristianismo, é você se tornar membro de uma igreja. Dar oferta, dar
dízimo, participar de alguma atividade, participar dos adolescentes, da mocidade,
cantar no coral, isso não é cristianismo. Cristianismo consiste, basicamente, em
você experimentar esse poder de Deus.
Cristianismo não é uma religião
formal, de realização humana, mas é, vitalmente, uma experiência libertadora
que vem através do Evangelho em que você experimenta o poder de Deus. Vamos
usar o termo “experimentar” no sentido de que envolve experiência, você sentir,
você provar, mudar a sua vida. Tem muita gente que pensa que é cristão porque
nasceu na igreja, porque cresceu em um lar evangélico, que canta no coral, que
participa da mocidade, mas sentado no banco da igreja, escutando a pregação da
Palavra, ouve e não entende nada, porque não está interessado e fica no
WhatsApp na hora do culto. Pessoas que estão na igreja, mas que ainda não se
converteram, não nasceram de novo, não foram transformados, lavados pelo lavar
regenerador do Espírito Santo.
Não estou dizendo que você precisa
ter uma experiência dramática como aquela de Paulo no caminho de Damasco. Deus
tem maneiras diferentes de fazer com que as pessoas experimentem o poder do
Evangelho. O que importa é que esse poder alcançou você, quando você era ainda
uma criança, quando você era um adolescente, quando você era um jovem ou depois
na idade adulta. Alguns experimentam esse poder através de um processo impactante,
enquanto que outros tem uma epifania, de repente dá um clique e ele agora entende,
ou então é um longo processo quando de repente você acorda, olha para trás e
diz: Agora eu estou entendendo. Tem pessoas que nem sabem quando esse poder
agiu pela primeira vez na sua vida.
Por isso que algumas pessoas não
sabem dizer quando foi que elas tiveram a experiência de conversão, porque até
onde elas se lembram, desde que eram crianças eram crentes, mas dá para ver o
poder de Deus na vida dessas pessoas. Então, não se iluda, cristianismo não é
só fazer parte do rol de membros de uma igreja. O Evangelho é o poder de Deus
para salvar você da culpa do poder e da presença do pecado. Ele é um poder de
Deus e não há salvação fora desse poder.
d) O Poder de Deus se Manifesta pela Fé:
Quarta coisa que Paulo nos diz aqui quando
escreve: Porque é o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê é que esse
poder nos chega mediante a fé. Não é poder de Deus para salvar a humanidade,
mas para salvar aquele que crê, ou seja, não é por mérito, não é por raça,
gênero, idade, condição social, educação, moralidade, boas obras, caridade ou
bondade, mas como Paulo diz: É de fé em fé. É o que ele vai dizer no verso 17.
Ou seja, é fé do começo ao fim. É mediante a fé que a salvação nos alcança. E é
por isso que a salvação pode ser estendida a todo aquele que crê, a judeus e a gregos,
a grandes e a pequenos, a crianças e a velhos, porque eles podem crer pela
graça de Deus.
Paulo diz que a salvação é primeiro do
judeu, porque esse Evangelho foi anunciado, primeiramente, ao judeu, na Antiga
Aliança, sobre a forma de símbolos, de tipos, de figuras. Eles foram os
primeiros que ouviram o Evangelho. E depois esse Evangelho foi anunciado ao
mundo todo e salva a todos àqueles que creem. Crer aqui não é somente acreditar
que Paulo e os demais Apóstolos nos disseram a verdade a respeito de Cristo. Fé
aqui não é simplesmente um sentimento intelectual, você concordar
intelectualmente dizendo: Isso aqui é verdade,
Jesus Cristo é o Filho de Deus, é o salvador, eu acredito nisso. Fé não é
isso. O diabo também acredita nisso, o diabo também sabe que isso é verdade,
mas você precisa ter mais fé do que o diabo para ser salvo.
Para ser salvo você precisa receber o
Evangelho, apropriar-se dele, render-se a Jesus, colocar sua confiança
completamente nele e na obra completa que ele fez na cruz do Calvário, dizer a
Deus isso que Paulo está ensinando aqui: Eu
sou um pecador perdido. Deus, se o Senhor me mandar para o inferno é justo, eu
mereço por causa dos meus pecados, não tenho expectativa nenhuma em mim mesmo,
não há mérito algum em mim, se o senhor não tiver misericórdia de mim, através
do sacrifício de Jesus, eu estou condenado pelos meus pecados, aceita-me como
pecador. É isso que é fé. É você abraçar esse Evangelho de todo o coração. Com
sua mente você tem que entender, tem que concordar com ele, é verdade, e
abraçá-lo com seu coração, envolver-se nele, render-se a Jesus e dizer: Eu estou disposto, ó Deus, pela tua graça,
de viver para Ti e não quero viver um minuto mais sem essa comunhão preciosa
contigo. Era dessa forma que esse poder de Deus nos é dado mediante a fé em
Cristo Jesus.
03 – PORQUE É NO EVANGELHO QUE DEUS REVELA A SUA JUSTIÇA:
Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está
escrito: O justo viverá por fé (Rm 1.17).
Paulo termina explicando em que sentido
o Evangelho é o poder de Deus para salvação. Ele explica um pouquinho mais e
esse vai ser o tema da carta. Ele diz no verso 16: Não me envergonho do Evangelho porque é o poder de Deus para salvação
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. E em que
sentido o Evangelho é o poder de Deus? É porque no Evangelho Deus revela a sua
justiça e em nenhum outro lugar.
A justiça de Deus aqui não é somente
aquela qualidade de Deus de que Ele é justo. Uma pessoa justa é aquela que trata
a todos de acordo com o mérito. Um juiz justo é aquele que condena o culpado e
absorve o inocente. Então, uma pessoa justa é aquela que trata as outras de
acordo com o merecimento delas. E Deus é justo. Ele não faz acepção de pessoas.
Se Ele encontrar um culpado, Ele vai condenar o culpado. E se Ele ver o
inocente, Ele vai absolver o inocente. Então, Deus é justo.
A pergunta é: Não havendo um único
justo na raça humana quem pode se salvar? Ou, então, colocando de outra maneira,
como é que Deus pode salvar pecadores sendo Ele justo? Seria a mesma coisa de
um juiz, diante de um condenado, uma pessoa acusada, culpada, sobre quem não
resta menor dúvida, réu confesso, o juiz disser: Está absolvido, está livre, tem que pagar nada não, pega suas coisas e
vai embora. Nós ficamos revoltados com isso. Há um senso de justiça na raça
humana, não é verdade? A respeito disso basta que a gente veja agora a
indignação nacional, quando determinados escândalos estão vindo à tona e
determinadas decisões inocentando, livrando o culpado. Nós ficamos indignados,
não é? Como é que a justiça deixa passar determinadas coisas?
E aí, agora, vem a mesma questão com
relação a Deus. Como é que Deus pode, simplesmente, salvar pecadores? Pecadores
merecem a condenação e se Deus é justo Ele tem que condenar. Deus não tem que
salvar ninguém, tem que condenar a raça humana toda. Como é que Ele pode salvar?
Aí a resposta está exatamente no Evangelho. No Evangelho é revelado como é que
Deus pode ser justo e ao mesmo tempo justificar o pecador. E a resposta que nos
chega no Evangelho é essa: Deus nos mandou seu Filho, que assumiu a nossa
natureza, como nosso representante e o castigo que nos era devido, Deus fez
cair sobre Ele. Então, na cruz, Deus mostra sua justiça, porque Ele está, na cruz,
castigando o pecado, como Deus justo que é.
Ele tinha que castigar o pecado e o castiga
em Jesus. Jesus leva o nosso pecado. Ele leva a nossa culpa. Ele sofre a nossa
dor, a dor que nós merecíamos. E agora, Deus toma a justiça de Cristo, porque Ele
era perfeito e sem pecado e a transfere para o pecador. É o que nós chamamos de
imputação. Deus imputa a justiça de Cristo ao pecador, uma troca, na cruz do
Calvário, Cristo leva a minha culpa e eu recebo a sua justiça. É assim que o
Deus justo justifica pecadores. Ele continua sendo justo, o pecado foi
castigado e agora ele transfere os méritos de Cristo para o pecador, de forma
que Ele, agora, pode receber o pecador. Ele olha para o pecador em Cristo e não
tem mais condenação. Mais adiante Paulo vai dizer isso no Capítulo 8:
Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1).
Porque Deus salva pecadores é que não
há mais nenhuma condenação para quem está em Cristo Jesus. Não há mais nenhuma
condenação porque Cristo a levou, toda, e Deus nos atribui a justiça de Cristo.
É no Evangelho que isso se revela e em nem um outro lugar. O Evangelho,
portanto, é o poder de Deus para salvar todo aquele que crê, porque é no Evangelho
que Deus revela de que maneira Ele justifica o pecador, de fé em fé, do começo
ao fim, a própria fé sendo um dom de Deus.
E Paulo termina citando uma passagem
do Antigo Testamento: Como está escrito: O
justo viverá por fé. Ou seja, aquele que, pela fé, é justo, viverá, aquele
que, pela fé, foi tornado justo, viverá eternamente, será salvo da morte eterna
e da condenação eterna. Aqui ele está citando o livro do profeta Habacuque capítulo
2, verso 4.
CONCLUSÃO:
Quero terminar com algumas aplicações
práticas para nós. Primeiro lugar, para aqueles que, sinceramente, procuram
como ser justo diante de Deus, você que já sentiu na sua consciência, no seu
coração, o peso dos seus pecados, a culpa, o medo de morrer, o medo da morte,
do que vem depois dela, atemorizado, talvez, do juízo de Deus, dos terrores de
Deus na sua vida, hoje você está lendo a revelação de como Deus pode justificar
você mediante a obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Hoje você pode crer
em Jesus Cristo e receber esse experimentar, esse poder que transforma e que
muda. Não há nenhuma razão pela qual você caminha daqui para a frente sem ter
essa consciência de que no Evangelho Deus se reconcilia conosco e nos faz
reconciliar com Ele mediante a fé. Creia nisso nessa hora!
Segunda palavra que eu queria trazer
é para aqueles cujo cristianismo se resume a ouvir sermão. Vir à igreja não é algo
ruim. Você vir à igreja, ouvir sermão, isso é muito bom, mas é insuficiente. Cristianismo
é mais do que isso. Cristianismo é o poder de Deus para salvar você de todas as
maneiras possíveis e você precisa experimentar esse poder. Examine a sua vida
para verificar onde esse poder do Evangelho tem se manifestado. O Evangelho tem
salvo você de hábitos pecaminosos, da desobediência aos pais, da teimosia, da
infidelidade, da imoralidade, da desonestidade? Porque o Evangelho nos foi dado
para isso. Não somente de nos perdoar os nossos pecados, mas de nos dar a força
também, para nós vencermos, para que nós possamos vencer.
Uma palavra aqui para aqueles que são
cristãos, mas estão no ambiente hostil, tipo: trabalho, universidade, não tenha
vergonha do Evangelho. Não se envergonhe do Evangelho diante dos seus colegas. Não
tenha vergonha porque o Evangelho é como um leão, você só tem que abrir a jaula
e deixar ele sair, porque ele é o poder de Deus para transformar a vida dos
mais radicais inimigos do Evangelho, como fez com Saulo de Tarso. É o mesmo
Deus, é o mesmo Evangelho. Não tenha vergonha no seu ambiente de trabalho de
dizer que você é cristão, que você crê em Jesus Cristo como Filho de Deus e de
viver as implicações disso. Não se vergonhe daquele que, na cruz do Calvário,
deu a vida dele pela sua. Não tenha vergonha dele, ao contrário, você pode
dizer com humildade: Eu sou grato a Deus
porque eu sou cristão. Sou grato a Deus pelo privilégio que Ele me deu de
entender o Evangelho, de experimentar esse poder. Nunca se envergonhe do
Evangelho.
E, finalmente, a todos nós, louvemos
a esse Deus, esse Deus que quis salvar pecadores, cujo poder se revela na
mensagem do seu Filho, pendurado na cruz, morto e ressurreto pelos nossos
pecados. Louvemos a Deus porque Ele nos quis salvar. Louvemos a Deus porque nós
conhecemos essa mensagem. Vivamos para a glória desse Deus, nos entreguemos a Ele
e nos coloquemos diante dele dizendo: Ó, Senhor,
de que maneira te poderei dar e de que forma que poderia retribuir pela
manifestação do teu Evangelho, que é o teu poder na minha vida? Toma minha vida,
usa-me para tua glória, onde quer que eu esteja, no meu trabalho, na minha
família, onde quer que eu vá que eu seja o emissário da Cruz, que eu seja um
proclamador desse Evangelho, sabendo que ele é o poder de Deus e que ninguém
pode conter ou resistir. Que Deus nos ajude a vivermos à altura desse Evangelho
maravilhoso. Amém!
Leia esta oração: Ó Deus, o teu poder
se revela no Evangelho, a tua justiça se revela na cruz e a tua misericórdia
chega até nós através dessa mensagem. Pai eu quero te pedir que nessa hora que Tu
queiras esclarecer a cada coração o significado do Evangelho. Oro pelos nossos
adolescentes, pelas nossas crianças, pelos nossos filhos. Senhor, que nenhum
deles esteja enganado ou iludido, mas que possa perceber o seu pecado e a
necessidade de crer. Oro por aqueles que estão na igreja a tanto tempo e que,
talvez, nunca experimentaram o poder salvador, transformador do Evangelho. Oro
por aqueles que estão presos a ressentimentos, mágoas, raivas ocultas e antigas,
que aprendam a perdoar porque foram perdoados. Ó Deus, oro também por aqueles
que estão sem direção, sem rumo ainda, preso aos seus pecados, que o teu Espírito
Santo queira iluminar seus olhos do entendimento a abraçarem, pela fé, de viver
esse Evangelho na sua plenitude. A Ti pedimos por amor de Jesus, o nosso Salvador.
Amem!
Luiz Lobianco
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida
em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil.
Sociedade Bíblica do Brasil.
Rev. Augustus
Nicodemus. Mensagem da Série Romanos: O Evangelho: Poder de Deus para Salvar.
YouTube.
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