E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos,
multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar,
sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn1.18).
E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim
comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás;
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.16-17).
INTRODUÇÃO:
Aliança significa pacto,
acordo, ajuste, concerto. Teologicamente, diz respeito ao acordo entre Deus e o
homem, entre Deus e o seu povo. Deus é Deus de alianças e a iniciativa da
Aliança sempre foi de Deus, que estabelece as condições. O Antigo Testamento é
chamado de Antiga Aliança e o Novo Testamento de Nova Aliança. E através delas
Deus, pelo seu imensurável amor, nos dá a garantia de restauração e de bênçãos,
principalmente se houver fé e obediência por parte do pactuante.
01 – O CONCEITO DE ALIANÇA:
A Aliança iniciou-se com um casal lá no Jardim
do Éden e culminou com o sacrifício de Cristo e sua ressurreição. O acordo com
Adão e Eva foi o princípio, mas desde então vieram diversas renovações, sendo
as principais com Noé, Abraão, Moisés, Davi e encerrou-se em Jesus Cristo. Portanto,
entre Adão e Cristo ela foi renovada diversas vezes e a cada renovação a
Aliança sofre alterações, afinal, apesar de Deus ser imutável em seu ser, o seu
agir não está ligado a um único modo. Quantas vezes tem na Bíblia a história de
um homem que de escravo tornou-se governador do Egito? A história de um povo
escravo libertado por mãos poderosas? A história de um povo que peregrinou por
um deserto 40 anos sem faltar provisões? A história de homens que sobreviveram
a uma fornalha de fogo? A história de um homem que sobreviveu a cova de leões?
A história de um pastor de ovelhas que se tornou rei?
Nisso você pode questionar: Mas como assim
sofreu alteração? Deus não é imutável? Sua Palavra não é permanente? Sim! Mas
esta permanência pode não significar de que seus preceitos estão ativos,
afinal, pode haver outra razão de Deus preservá-los em seus escritos. Que
sentido haveria você ler o Novo Testamento sem ter conhecimento do Velho?
Além do mais não devemos nos esquecer de três
coisas muito importantes. Primeiro, que todos os aspectos da Aliança
prefiguravam seu grande final de forma que tudo culminava no Messias Prometido:
Jesus Cristo. Sendo assim, nós que vivemos sob a Nova Aliança, não vivemos mais
sob a sombra da Antiga Aliança, pois o que prefigurava se cumpriu. O Antigo
Testamento é a promessa e o Novo Testamento é o cumprimento. E examinando as
Escrituras podemos perceber que não houve nenhuma falha em seu cumprimento; isso
é um privilégio que nossos patriarcas sonhavam em contemplar. O autor de
Hebreus diz isso:
Ora, todos estes que
obtiveram bom testemunho por sua fé NÃO
OBTIVERAM, CONTUDO, A CONCRETIZAÇÃO DA PROMESSA, por haver Deus provido
coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem
aperfeiçoados (Hb
11.39-40).
Muitos ignoram o Velho Testamento e atem-se
mais ao Novo Testamento. Mas não podemos retirar da Bíblia o Velho Testamento.
Imagine que se hoje retiramos dela o Velho Testamento, daqui a cem anos que
sentido haveria a leitura do Novo Testamento? Como comprovar o cumprimento das
promessas? Como perceber que a promessa foi escrita e determinada antes que ela
acontecesse? Pois neste quesito está a glória de Deus, o de falar e cumprir, o
de revelar as coisas antes que elas aconteçam. Hoje, temos o privilégio de
comprovar o cumprimento das profecias e nossas gerações vindouras também devem
ter esse mesmo privilégio.
Segundo, que a resposta de Deus à Aliança
dependeria da resposta do homem. E todos nós sabemos qual foi a resposta do
homem à Aliança de Deus. Se Adão e Eva tivessem permanecido fiel à Aliança não
haveria necessidade da promessa de um Messias, a Aliança não sofreria renovações,
a criação de Deus não teria sido amaldiçoada e o homem viveria até hoje naquele
Jardim, porque toda a Terra seria um Jardim do Éden. Com a quebra da Aliança
Deus poderia muito bem ter abandonado o homem e ter partido para outra coisa;
poderia até mesmo recriar um novo planeta e uma nova criatura. Mas movido pelo
seu imensurável amor, Ele resolve renovar a Aliança, mas não sem alterar os
seus termos, pois houve uma quebra, uma transgressão a ela. E por causa da
infidelidade do pactuante a alteração dos termos está presente em todas as
renovações da Aliança, mas estas renovações aconteciam por culpa do pactuante e
nunca por parte de Deus.
E terceiro, precisamos entender os propósitos
de Deus em cada renovação. Apesar de mudar seus termos, Deus sempre se manteve
firme ao princípio da Aliança: Restaurar o homem e restabelecer com ele um
relacionamento. Deus nunca fugiu dessa finalidade e este era o motivo de sua
fidelidade à Aliança, mas isso não significaria que a Aliança teria a mesma
escrita para sempre. Para percebermos isso precisamos focar no Novo Testamento,
porque é ele quem vai nos explicar o que aconteceu e vai nos trazer segurança
para seguir, com paz no coração, as modificações que Deus realizou na Nova
Aliança.
Não foi somente na vinda de Cristo e na Igreja
Primitiva que a Lei Mosaica confundiu o povo. Até hoje ela provoca divisões.
Mas se houve alterações entre a Aliança Adâmica com a Aliança com Noé, a
Aliança com Abraão, a Aliança Mosaica e a Aliança com Davi, porque não haveria
entre a Antiga e a Nova Aliança? As alterações existentes naquelas devem ser
suficientes para nos convencer da alteração advinda com a Nova Aliança. E o
estudo da Palavra pode nos convencer disso. Paulo, por exemplo, entendeu muito
bem o propósito da Lei Mosaica quando escreveu:
Ninguém, pois, vos julgue por causa de
comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, PORQUE TUDO ISSO TEM SIDO SOMBRA DAS COISAS QUE HAVIAM DE VIR;
porém o corpo é de Cristo (Cl
2.16,17).
E ele mesmo anuncia a alteração de Deus na
Nova Aliança ao escrever:
E a vós outros, que estáveis mortos
pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida
juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; TENDO CANCELADO O ESCRITO DE DÍVIDA, QUE ERA CONTRA NÓS E QUE CONSTAVA
DE ORDENANÇAS, O QUAL NOS ERA PREJUDICIAL, REMOVEU-O INTEIRAMENTE, ENCRAVANDO-O
NA CRUZ; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os
expôs ao desprezo, TRIUNFANDO DELES NA
CRUZ (Cl 2.13-15).
O triunfo do Messias foi a cruz e ali Ele
encerrou o que nos condenava. Isso não quer dizer que Paulo considerava a Lei
errada, pois disse em outra ocasião:
Que diremos, pois? É a lei pecado? De
modo nenhum! MAS EU NÃO TERIA CONHECIDO
O PECADO, SENÃO POR INTERMÉDIO DA LEI; POIS NÃO TERIA EU CONHECIDO A COBIÇA, SE
A LEI NÃO DISSERA: NÃO COBIÇARÁS
(Rm 7.7).
O problema não está na Lei, mas em nós. A Lei
é perfeita, boa e agradável, mas é ela que desponta nosso pecado e mostra nossa
incapacidade de obediência, isso por causa da exigência de Deus de
satisfazer-se somente com cem por cento de obediência.
No entendimento de Paulo, sabendo que a
exigência de Deus é a perfeição, ele sabia que jamais conseguiria esta perfeição
com o cumprimento da Lei, pois ele sempre descreveu a impossibilidade do homem
de cumprir toda a Lei. Por isso que Paulo se vangloriava em Cristo e não na Lei,
pois assim ele testemunha:
AGORA,
PORÉM, LIBERTADOS DA LEI, ESTAMOS MORTOS PARA AQUILO A QUE ESTÁVAMOS SUJEITOS,
DE MODO QUE SERVIMOS EM NOVIDADE DE ESPÍRITO E NÃO NA CADUCIDADE DA LETRA (Rm 7.6).
Tudo culminou em Cristo. Este era o propósito
da Lei e este era o motivo de Jesus dizer na última ceia:
Porque isto é o meu sangue, O SANGUE DA [NOVA] ALIANÇA, derramado
em favor de muitos, para remissão de pecados
(Mt 26.28).
Com a celebração da última Páscoa, Jesus
encerra a Lei e abre a porta da graça. O véu do santuário se rasgou em duas
partes, de alto a baixo. Não há mais necessidade de se fazer sacrifícios de
animais. Acabou! E o autor de Hebreus confirma isso dizendo:
QUANDO
ELE DIZ NOVA, TORNA ANTIQUADA A PRIMEIRA. ORA, AQUILO QUE SE TORNA ANTIQUADO E
ENVELHECIDO ESTÁ PRESTES A DESAPARECER
(Hb 8.13).
Mas este antiquado e envelhecido não saiu das
Escrituras Sagradas, porque elas são a base da Aliança de Deus e sem ela não
entenderíamos o plano de redenção de Deus e não poderíamos ver a fidelidade de
Deus e sua soberania ao longo da História.
Apesar da Aliança de Deus ter-se renovado ao
longo da História e a cada renovação ela passa por alterações, todas tendo como
base o amor e a fidelidade de Deus, não significa que por causa disso os termos
da Aliança foram amenizados, ou seja, fácil de ser cumprido, nem subjetivo,
pois é para todos sem nenhuma exceção, e nem que será tolerada qualquer
violação de seus termos. Ou seja, aquele jeitinho brasileiro de querer se
livrar da mão da justiça não tem lugar na Aliança. E não é isso que ouvimos por
aí? Que Deus é amor e por isso não castiga ninguém? O que podemos ver nisso é a
tentativa de equiparar Deus ao ser humano.
Não é porque temos a incapacidade de
disciplinar nossos filhos, quando estes erram, que Deus não vá fazê-lo com suas
criaturas. Deus é amor sim, mas Ele também é perfeito e justo, e a sua
perfeição e a sua justiça não podem permitir qualquer violação sem o devido
castigo. Portanto, é a justiça de Deus, e não o seu amor, que determina que os
desobedientes vão para o inferno e os remidos pela justiça de Cristo para o Céu.
Portanto, o amor de Deus não lança ninguém no inferno, pois seu infinito amor
providenciou o livramento, vai para lá quem se recusa e não aceita o livramento
de Deus.
Além do mais, estudar a Aliança de Deus é
conhecer a maior história de amor já contada, amor este revelado, primeiramente,
a um casal rebelde em um maravilhoso jardim. Amor este provado, dramaticamente,
por um homem crucificado em uma cruz. E amor este confirmado, gloriosamente, em
um túmulo vazio, sendo assim proclamado ao mundo todo. Falar da Aliança de Deus
é falar do plano de Deus para a redenção do homem e falar de salvação é estudar
a Palavra de Deus, porque sua narrativa nada mais é do que o sublime drama da
redenção, a qual nos é revelada progressivamente até o seu grande final com a
vitória do Cordeiro descrita no livro de Apocalipse.
A Aliança impediu o afastamento de Deus do
homem e a Lei refletia os princípios de Deus ao homem, mas o uso desta mesma
Lei foi o apogeu da condenação de Cristo, pois ela foi usada para sustentar as
acusações contra Ele. E na Igreja primitiva vemos os Apóstolos batizar em vez
de circuncidar, guardar o primeiro dia da semana ao invés do sétimo, deixar de
observar o jejum de alimentos e colocar Cristo e seu sacrifício acima de todas
estas coisas. Isso deve acender em nós uma luz de alerta nos informando que
alguma coisa mudou, de que algo foi alterado. Que o Espírito de Deus lhe
capacite a enxergar estes detalhes no decorrer deste estudo. Amém!
02
– A ALIANÇA E SEU INSTITUIDOR: DEUS:
A Aliança se iniciou com Adão e Eva lá no
Éden, renovou-se com os patriarcas, culminou com a vinda do Messias prometido
que é Jesus Cristo e se findará com a sua volta, quando então Deus criará
novamente todas as coisas. A resposta de Deus à Aliança dependeria do
comportamento do pactuante, de sua fidelidade aos termos da Aliança. E por
causa da infidelidade do pactuante, esta Aliança é alterada ao longo da
História. E por causa de sua infidelidade e da degradação de seu estado, o
homem tornou-se completamente incapaz de reagir e de buscar restauração com
Deus por si só. Deus, então, vendo a incapacidade de sua criatura, resolve não
findar a sua Aliança, mas sim preparar um caminho de retorno, prometendo um
Messias que pagaria a dívida, que satisfizesse a justiça de Deus e traria o
homem redimido de volta para seu Deus.
Depois da promessa do Messias, Deus institui a
Lei e ela exigia do pactuante o que era impossível para ele: A perfeição! Ou seja,
o cumprimento integral da Lei. Deus sabia da incapacidade do homem de cumprir a
Lei. Portanto, ela não foi instituída com a finalidade de redimir ao homem, mas
ela prefigurava àquele que haveria de vir e faria o que para o homem era impossível:
Cumprir integralmente a Lei. Quando você relaciona o sacrifício de Cristo com
os cerimoniais da Lei você consegue entender isso claramente. Somente alguém
perfeito como Deus poderia engendrar tão grande redenção! Diante do exposto
pode se perceber que toda a glória pertence ao Instituidor da Aliança. Quem é
Ele? Quem é Deus? Explicar Deus nunca foi o objetivo da Bíblia. Ela
simplesmente começa dizendo:
No princípio
criou Deus os Céus e a Terra
(Gn 1.1).
Deus nem sequer se apresenta! Ele vai se
apresentar bem depois com Moisés quando disse:
Eu Sou o Que
Sou (Ex 3.14).
Quem é Ele? Ele é o que é e acabou! Nossa
mente limitada nunca vai conseguir conceber Deus em toda a sua glória. A atitude que convém ao homem diante
da grandeza de Deus não é a de especulação nem de interrogação, mas a de
adoração, porque nós fomos criados para glorifica-lo. O que cabe a nós é exercer a fé, porque Deus
não é para ser compreendido com a razão, mas aceito pela fé. E a missão do
Messias era justamente de revelar Deus ao homem, pois assim escreveu João:
Ninguém jamais viu a
Deus; O DEUS UNIGÊNITO, QUE ESTÁ NO SEIO
DO PAI, É QUEM O REVELOU (Jo 1.18).
A missão de Jesus não era
a de explicar Deus, mas sim de revelá-lo a nós. E Ele tinha toda autoridade
para fazer isso porque Ele veio do Céu, do lugar da habitação de Deus e Ele
estava com Deus desde o princípio, desde a criação. João, falando sobre o
Verbo, que é Jesus Cristo, diz:
No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. ELE ESTAVA NO PRINCÍPIO COM DEUS (Jo 1.1-2).
Jesus conhecia a Deus
intimamente e literalmente; Ele podia chama-lo de Pai. Jesus era a Pessoa mais
apropriada para nos revelar a Deus, o Instituidor da Aliança.
E lembra o que é uma aliança? Uma aliança é um
pacto, é um acordo firmado entre duas partes. De um lado está quem a instituiu:
Deus. E quem é Deus? Ele é aquele que criou todas as coisas, aquele que governa
sobre toda a sua criação, aquele que sustém a sua criação, aquele que redime ao
que foi corrompido, aquele que restaura ao que foi perdido, aquele que julga os
homens e aquele em quem tudo se consuma. Deus é aquele que pode fazer e
desfazer conforme o conselho de sua vontade. Deus é aquele que exige daquele
que se aproxima dele o exercício da fé. Por causa disso Ele nunca foi claro e
explicativo, mas sua revelação sempre vem emaranhada em mistérios e
prefigurações, que mais serve para confundir do que esclarecer, que desperta a
fé naqueles que penetram em seus mistérios, mas provoca incredulidade naqueles
que não conseguem discernir os mistérios de Deus. Deus é único e
insubstituível! É assim que Ele se apresenta:
EU
SOU DEUS, E NÃO HÁ OUTRO, EU SOU DEUS, E NÃO HÁ OUTRO SEMELHANTE A MIM; que desde
o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que
ainda não sucederam; QUE DIGO: O MEU
CONSELHO PERMANECERÁ DE PÉ, FAREI TODA A MINHA VONTADE; que chamo a ave de
rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. EU O DISSE, EU TAMBÉM O CUMPRIREI; TOMEI
ESTE PROPÓSITO, TAMBÉM O EXECUTAREI (Is
46.9-11).
Nada e ninguém deste mundo podem ser
equiparado a Deus. Deus é incomparável, insubstituível.
Deus é Rei e quem é rei tem um trono e o trono
significa o centro a partir do qual o poder é exercido. Deus está assentado no
Trono e dele governa todo o Universo. Ao seu comando segue toda a natureza e
toda a humanidade. E tudo foi criado para a glória deste Deus único. Na visão
do Trono de Deus João descreve:
TU
ÉS DIGNO, SENHOR E DEUS NOSSO, DE RECEBER A GLÓRIA, A HONRA E O PODER, PORQUE
TODAS AS COISAS TU CRIASTE, SIM, POR CAUSA DA TUA VONTADE VIERAM A EXISTIR E
FORAM CRIADAS (Ap
4.11).
Deus é o Rei Supremo deste Universo e Ele tem
um reino, e quem tem um reino tem um domínio, tem um governo, que no caso de
Deus abrange todo o Universo. Nada nem ninguém estão fora deste domínio,
portanto, seja o fiel ou o rebelde, seja o crente ou o pagão, seja o justo ou o
ímpio, todos, independentemente de sua crença, estão sob o domínio do reinado
de Deus. E isso está determinado por Ele mesmo que disse:
Por minha vida, diz o Senhor, DIANTE DE MIM SE DOBRARÁ TODO JOELHO, e
toda língua dará louvores a Deus (Rm
14.11).
E isso acontecerá independente da fé ou da vontade
de quem quer que seja, pois até mesmo àqueles que negam e blasfemam de Deus terá
que se prostrar um dia diante dele e reconhecer a sua Soberania.
E este Rei, que está assentado no Trono, que
tem o domínio sobre todos e que tem um reinado, este reinado tem muitas
particularidades que sobrepõe a qualquer reinado deste mundo. O reinado de Deus
é eterno, ele nunca terá fim. Seu reinado é exercido com autoridade, pois Deus
é irresistível, de tal forma que ninguém pode resistir a Ele, ninguém pode
questioná-lo, ninguém pode enfrentá-lo, ninguém pode discutir com Ele, ninguém
pode argumentar com Ele. A Bíblia diz:
QUEM guiou o
Espírito do SENHOR? Ou, COMO SEU
CONSELHEIRO, O ENSINOU? COM QUEM TOMOU ELE CONSELHO, PARA QUE LHE DESSE
COMPREENSÃO? QUEM O INSTRUIU na
vereda do juízo, E LHE ENSINOU sabedoria,
E LHE MOSTROU O CAMINHO DE ENTENDIMENTO (Rm 8.13-14)?
Quem? Quem pode bater no peito e se vangloriar
de tal feito? Ninguém em todo o Universo! Deus é Soberano e Eterno, e a eternidade
do reinado de Deus lhe dá esta superioridade. Seu reinado é justo porque Ele é
perfeito e porque Ele é perfeito, Ele faz as coisas com perfeição e porque Ele
faz tudo com perfeição, Ele tem a autoridade de ser inquestionável. O sábio
Salomão disse:
NÃO HÁ sabedoria, nem inteligência, nem
mesmo conselho CONTRA O SENHOR (Pv 21.30).
A coisa mais absurda que existe é a criatura
voltar-se contra o seu criador.
E por Deus ter o domínio de tudo em suas mãos,
tudo o que vemos e tudo que acontece ao nosso derredor nada mais são do que o
cumprimento da vontade de Deus, a execução de um plano por Ele elaborado,
independente de nós concordarmos com Ele ou não, de o acharmos justo ou não, de
o acharmos certo ou não. Quem somos nós, súditos pequenos e miseráveis,
limitados no tempo e no conhecimento para sugerirmos a Deus que as coisas que
Ele fez e faz não está certo, que não é o correto, que não é o melhor, que não
é justo? Quem somos nós?
Somos tentados a pensar como o filme “Fúria de
Titãs” e tantos outros, que querem nos fazer pensar que Deus é como um de nós,
que Deus é limitado, que Deus pode ser derrotado pelas forças do mal, que Deus
pode até morrer, que Deus precisa de nós, que Deus precisa de nossa adoração,
que Deus precisa de nossas orações e que Deus pode até mesmo ser manipulado.
Mas Deus não é como um de nós. Ele é Soberano, Ele é eterno e jamais pode ser manejado
por nada e nem por ninguém; e Ele também não necessita de coisa alguma porque
Ele é completo em seu Ser. Por isso, Deus tem toda a autoridade para realizar
alianças tanto com a natureza, como com a humanidade e com todo o Universo, que
nada são além de sua criação e a Ele está subordinado. Ele pode fazer e
desfazer, mas sempre mantendo sua fidelidade às suas promessas.
Ás vezes, pelas coisas não acontecerem de
acordo como achamos que deveria ser, temos dificuldades de vermos o domínio de
Deus sobre todas as coisas. Quando vemos ser instituída de autoridade a pessoa
menos qualificada para isso, ao relacionarmos este feito com a Soberania de
Deus, somos tencionados a achar que Deus não é tão perfeito assim, caso
contrário, Ele não cometeria um erro tão absurdo. Mas Paulo diz:
Todo homem esteja
sujeito às autoridades superiores; PORQUE
NÃO HÁ AUTORIDADE QUE NÃO PROCEDA DE DEUS; E AS AUTORIDADES QUE EXISTEM FORAM
POR ELE INSTITUÍDAS (Rm 13.1).
Não importa se é a pessoa
certa ou não, se ela foi instituída de autoridade procede de Deus. Foi Deus quem
instituiu a Faraó do Egito e endureceu o seu coração, para que, na sua
incredulidade, Deus fosse glorificado. Foi Deus quem institui no trono a Ciro e
tocou em seu coração para que devolvesse os exilados de Judá à sua terra natal.
Foi Deus quem instituiu a Pôncio Pilatos de autoridade e permitiu cair em suas
mãos a sentença final do sacrifício de seu Filho Jesus Cristo.
O fato de não aceitarmos
ou de não entendermos o agir de Deus não significa que tal fato não procede de
Deus. O fato de acharmos que este mundo está como um caminhão sem freio
descendo ladeira abaixo, não significa que Deus não esteja no controle. O fato
de a Aliança sofrer profundas alterações ao longo da História, não significa
que Deus errou e teve que replanejar, porque tudo aconteceu e acontece de
acordo o seu querer, por mais estranho que pareça aos nossos olhos. E este Deus
perfeito, Instituidor de uma Aliança perfeita, conhece perfeitamente a cada um
de nós, individualmente. Ele conhece as nossas fraquezas e os nossos pontos
fortes, conhece nossas esperanças e nossos medos. Este ser Sublime está sempre
presente nos corações que o buscam. Que
Deus lhe abençoe a pensar sobre isso e a perceber a sabedoria de Deus na
Instituição de sua Aliança. Amém!
03
– A ALIANÇA E SEU INSTITUIDOR: A CRIAÇÃO E O AMOR INFINITO DE DEUS:
A criação tem um papel significativo na
Aliança. Deus cria todas as coisas, inclusive o homem e a mulher e estabelece
com Eles uma Aliança. Deus providencia um jardim, com todos os tipos de frutas,
um verdadeiro pomar e coloca o homem para ali viver, estabelece princípios e
exige deles a fidelidade, mas estes desobedecem a Deus e degradam-se moralmente
até ao ponto de separarem-se completamente de seu Criador. Então eles são
expulsos do Jardim do Éden e são lançados para viver em uma terra agora
amaldiçoada por causa de sua rebeldia. Apesar disso, Deus provê sustento não
somente para aquela criatura rebelde, mas para toda a sua criação; a
sustentabilidade da criação é o reflexo de um amor incomensurável.
O elemento principal na Aliança é o amor de
Deus. Se não fosse o amor imensurável de Deus pelo pactuante, muito
provavelmente sua existência não teria ido além daquele casal rebelde naquele
jardim, pois quando estes foram expulsos daquele ambiente, especialmente preparado
para eles, se não fosse a providência de Deus eles não teriam sobrevivido fora
do Jardim do Éden. Outro elemento, não menos importante, é a fidelidade de Deus
à Aliança. Na Aliança Deus deu uma ordem:
Sede fecundos, MULTIPLICAI-VOS, ENCHEI A TERRA E SUJEITAI-A; DOMINAI sobre os peixes
do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1.28).
Era para o homem se
procriar e encher a terra e dominar sobre ela. Era para o homem viver em um
jardim, cheio de frutos e livre de qualquer maldição. Era para o homem viver
feliz naquele jardim que era provisório, enquanto Deus fazia de toda a Terra um
Jardim do Éden. Este era o plano original do Criador, mas como a resposta dele
à Aliança dependeria da resposta do pactuante, as coisas se complicaram para o
lado do homem, quando este resolve se rebelar e causar contra si mesmo a
condenação. Mas mesmo diante desta tragédia, que não foi inesperada para Deus, Ele
resolve não por fim à existência de sua criação.
Com a desobediência e
queda do pactuante, se não fosse o amor de Deus e a sua fidelidade, a ordem de
Deus de se multiplicarem e de encherem a Terra teria caído no esquecimento e a
Terra estaria vazia de seres humanos até hoje. Mas Deus, em seu infinito amor,
resolveu que este não seria o final da história da humanidade, pois havia um
plano elaborado desde o princípio. E na história da criação está embutida a
história da redenção, na qual sobressai de uma forma ainda mais virtuosa o amor
de Deus. É isso que João quis dizer quando escreveu:
PORQUE DEUS AMOU AO MUNDO DE TAL MANEIRA que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
Foi por amor à sua
criação que Deus fez o que fez. E desde a criação podemos notar este amor ilimitado
de Deus, pois quando Deus resolve estabelecer um retorno a Ele através do
sacrifício de seu próprio Filho Unigênito, Deus demonstra, Deus declara àquela
criatura infame seu imenso amor por ele. Esta redenção tem como papel
fundamental trazer o homem de volta ao plano original de Deus. E quando o homem
valoriza mais o Céu do que este mundo, Jesus está realizando nele os propósitos
da redenção. Um dos ensinos impactantes de Jesus foi:
BUSCAI, POIS, EM PRIMEIRO LUGAR, O SEU REINO E A SUA JUSTIÇA, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.33).
E quando Jesus nos
ensinou a orar disse:
Portanto, vós orareis
assim: Pai nosso, QUE ESTÁS NOS CÉUS,
santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na
terra COMO NO CÉU (Mt 6.9-10).
Deus reina nos céus. E
antes de partir Jesus deixou bem claro que aqui não era a nossa casa, pois
disse:
NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, QUANDO EU FOR E VOS PREPARAR LUGAR,
voltarei e vos receberei para mim mesmo, PARA
QUE, ONDE EU ESTOU, ESTEJAIS VÓS TAMBÉM (Jo 14.2-3).
Nossa casa não é aqui
neste mundo. E Paulo disse:
POIS A NOSSA PÁTRIA ESTÁ NOS CÉUS, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp 3.20).
Somos peregrinos nesta
terra. O céu se sobressai sobre a terra e vemos isso desde a criação, pois
assim ela começa:
No princípio, criou Deus OS CÉUS
e a terra (Gn 1.1).
Primeiro Deus cria o Céu
e depois a Terra. Primeiro Deus povoa o Céu e depois a Terra. Somente o amor
infinito de Deus criaria algo tão maravilhoso como o Céu. E continuando a
demonstração do amor de Deus na criação, no primeiro momento Deus cria o
elemento crucial para nós e para a vida, pois assim segue a criação segundo a
Bíblia:
Disse Deus: HAJA LUZ; E HOUVE LUZ (Gn 1.3).
E quando Cristo veio ao
mundo dizia:
EU SOU A LUZ DO MUNDO; quem me segue não
andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida (Jo 8.12).
Para Deus não há
diferença entre a luz e as trevas, pois Ele não depende de nenhum destes dois
elementos para sobreviver, mas nós somos dependentes da luz, principalmente da
luz espiritual, pois Jesus disse:
São os olhos a lâmpada
do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se,
porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, CASO A LUZ QUE EM TI HÁ SEJAM TREVAS, QUE
GRANDES TREVAS SERÃO (Mt 6.22-23)!
A luz nos impede de andar
errante pelo caminho, pois é ela quem ilumina e nos indica o caminho. Para isso
Deus deixou para nós a sua Palavra, conforme diz o salmista:
LÂMPADA PARA OS MEUS PÉS é a tua palavra E, LUZ PARA OS MEUS CAMINHOS (Sl 119.105).
Esta mesma palavra que
trouxe à existência todas as coisas é a luz que ilumina nosso caminho. Somente
o amor imensurável de Deus poderia criar algo tão maravilhoso como a luz.
Deus criou os céus e
criou a luz, mas o ambiente ainda não era adequado para o pactuante, pois ele seria
terreno e precisava de terra. E Deus, movido pelo amor, continua adequando o
ambiente para a sobrevivência do pactuante. Deus faz aparecer a porção seca,
planta nela árvores e a preenche de vegetação verde e cria também os animais
terrestres. As águas se mantiveram, pois os animais marinhos já haviam sido
criados. E neste ambiente magnífico de terra, ar, água, plantas e animais, Deus
coloca o pactuante para, não somente viver nele, mas também de governar sobre
ele. Este ambiente tornou-se tão maravilhoso que reflete a glória de seu
Criador, pois o salmista diz:
OS CÉUS PROCLAMAM A GLÓRIA DE DEUS, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19.1).
E neste ambiente extraordinário
Deus coloca a sua criatura para cuidar dele e cultivá-lo. E o que esta criatura
infame faz? Quebra o acordo e mancha este ambiente com trevas, pragas e
maldições, pois logo após a queda Deus disse:
E a Adão disse: Visto
que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não
comesses, MALDITA É A TERRA POR TUA
CAUSA; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida (Gn 3.17).
Somente o amor incomensurável
de Deus poderia criar um ambiente tão esplêndido. Mas nada reflete mais a
perfeição e o amor de Deus quanto na convivência de Deus com o homem no Jardim
do Éden. Deus não foi pego de surpresa. A queda do homem não foi inesperada
para Deus. O plano de redenção não foi um plano emergencial, feito às pressas,
não foi um segundo plano, porque o primeiro plano falhou, pois desde o
princípio Deus sabia o que iria acontecer. Mas mesmo assim, Ele vinha todos os
dias conversar face a face com aqueles que um dia iria trair a sua confiança. Mesmo
sabendo o que iria acontecer no futuro Deus nunca os tratou com indiferença
enquanto conviveram no Jardim.
Esta é uma virtude que
está na essência de Deus, pois quando Jesus veio ao mundo escolheu para si doze
homens para acompanha-lo em seu ministério, os quais foram chamados de seus
discípulos e de Apóstolos. Mas um destes o trairia no futuro. Ele não somente
escolheu ao seu traidor como também conviveu com este traidor durante todo o
seu ministério; e isso sem lhe destratar em nenhum momento.
Este amor é tão
verdadeiro que não faz distinção de pessoas. Logo no início da criação, depois
da rebeldia do homem, vemos duas linhagens se distinguindo: A de Sete, se
relacionando com o seu Criador e a de Caim, que resolveu se afastar de Deus e
viver longe de sua presença. Mesmo assim, Deus preserva a sua criação para
atender a sobrevivência de ambos. Faz a chuva regar a terra de ambos e faz o
sol nascer sobre ambos. Isso acontece porque Deus é perfeito. E Deus exige de
todos aqueles que dele se aproxima este mesmo comportamento que Ele tem com a
sua criação, pois Jesus assim ensinou:
Ouvistes que foi dito:
Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do
vosso Pai celeste, PORQUE ELE FAZ NASCER
O SEU SOL SOBRE MAUS E BONS E VIR CHUVAS SOBRE JUSTOS E INJUSTOS. Porque,
se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos
também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais?
Não fazem os gentios
também o mesmo? Portanto, SEDE VÓS
PERFEITOS COMO PERFEITO É O VOSSO PAI CELESTE (Mt 5.43-48).
Esta virtude de Deus é
uma das bases da sua Aliança com a humanidade.
CONCLUSÃO:
A ordem existente na
criação é uma prova inquestionável de que ela foi criada e planejada. Em toda
ela o amor de Deus se sobressai. A perfeição da criação, seu esplendor e
glória, proclamam a glória de Deus e exalta ao seu infinito amor. A fidelidade
de Deus sustenta a Aliança por Ele instituída e quando olhamos para ela é
impossível não ver nela expressada o amor de Deus. Ele foi quem a instituiu e
Ele foi quem a sustentou e a sustentará até ao fim. O pactuante é apenas um
elemento de subordinação à Aliança, mas foi por amor que Deus o criou, foi por
amor que Deus não o abandonou, foi por amor que Deus o restaurou e é por amor,
que até aos dias de hoje, Ele restaura vidas para sua própria glória, pois o
fim principal de nossa existência é glorificar a Deus. Que Deus te abençoe e
que o propósito de tua vida seja de glorificar a Deus. A Ele toda honra e toda
glória para sempre! Amém e amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em
português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil.
Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva: O Pacto da
Graça. Editora Cultura Cristã.
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