Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sábado, 3 de junho de 2023

A ALIANÇA DE DEUS COM O HOMEM E SEU INSTITUIDOR: DEUS

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn1.18).

E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.16-17).

INTRODUÇÃO:

Aliança significa pacto, acordo, ajuste, concerto. Teologicamente, diz respeito ao acordo entre Deus e o homem, entre Deus e o seu povo. Deus é Deus de alianças e a iniciativa da Aliança sempre foi de Deus, que estabelece as condições. O Antigo Testamento é chamado de Antiga Aliança e o Novo Testamento de Nova Aliança. E através delas Deus, pelo seu imensurável amor, nos dá a garantia de restauração e de bênçãos, principalmente se houver fé e obediência por parte do pactuante.

01 – O CONCEITO DE ALIANÇA:

A Aliança iniciou-se com um casal lá no Jardim do Éden e culminou com o sacrifício de Cristo e sua ressurreição. O acordo com Adão e Eva foi o princípio, mas desde então vieram diversas renovações, sendo as principais com Noé, Abraão, Moisés, Davi e encerrou-se em Jesus Cristo. Portanto, entre Adão e Cristo ela foi renovada diversas vezes e a cada renovação a Aliança sofre alterações, afinal, apesar de Deus ser imutável em seu ser, o seu agir não está ligado a um único modo. Quantas vezes tem na Bíblia a história de um homem que de escravo tornou-se governador do Egito? A história de um povo escravo libertado por mãos poderosas? A história de um povo que peregrinou por um deserto 40 anos sem faltar provisões? A história de homens que sobreviveram a uma fornalha de fogo? A história de um homem que sobreviveu a cova de leões? A história de um pastor de ovelhas que se tornou rei?

Nisso você pode questionar: Mas como assim sofreu alteração? Deus não é imutável? Sua Palavra não é permanente? Sim! Mas esta permanência pode não significar de que seus preceitos estão ativos, afinal, pode haver outra razão de Deus preservá-los em seus escritos. Que sentido haveria você ler o Novo Testamento sem ter conhecimento do Velho?

Além do mais não devemos nos esquecer de três coisas muito importantes. Primeiro, que todos os aspectos da Aliança prefiguravam seu grande final de forma que tudo culminava no Messias Prometido: Jesus Cristo. Sendo assim, nós que vivemos sob a Nova Aliança, não vivemos mais sob a sombra da Antiga Aliança, pois o que prefigurava se cumpriu. O Antigo Testamento é a promessa e o Novo Testamento é o cumprimento. E examinando as Escrituras podemos perceber que não houve nenhuma falha em seu cumprimento; isso é um privilégio que nossos patriarcas sonhavam em contemplar. O autor de Hebreus diz isso:

Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé NÃO OBTIVERAM, CONTUDO, A CONCRETIZAÇÃO DA PROMESSA, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados (Hb 11.39-40).

Muitos ignoram o Velho Testamento e atem-se mais ao Novo Testamento. Mas não podemos retirar da Bíblia o Velho Testamento. Imagine que se hoje retiramos dela o Velho Testamento, daqui a cem anos que sentido haveria a leitura do Novo Testamento? Como comprovar o cumprimento das promessas? Como perceber que a promessa foi escrita e determinada antes que ela acontecesse? Pois neste quesito está a glória de Deus, o de falar e cumprir, o de revelar as coisas antes que elas aconteçam. Hoje, temos o privilégio de comprovar o cumprimento das profecias e nossas gerações vindouras também devem ter esse mesmo privilégio.

Segundo, que a resposta de Deus à Aliança dependeria da resposta do homem. E todos nós sabemos qual foi a resposta do homem à Aliança de Deus. Se Adão e Eva tivessem permanecido fiel à Aliança não haveria necessidade da promessa de um Messias, a Aliança não sofreria renovações, a criação de Deus não teria sido amaldiçoada e o homem viveria até hoje naquele Jardim, porque toda a Terra seria um Jardim do Éden. Com a quebra da Aliança Deus poderia muito bem ter abandonado o homem e ter partido para outra coisa; poderia até mesmo recriar um novo planeta e uma nova criatura. Mas movido pelo seu imensurável amor, Ele resolve renovar a Aliança, mas não sem alterar os seus termos, pois houve uma quebra, uma transgressão a ela. E por causa da infidelidade do pactuante a alteração dos termos está presente em todas as renovações da Aliança, mas estas renovações aconteciam por culpa do pactuante e nunca por parte de Deus.

E terceiro, precisamos entender os propósitos de Deus em cada renovação. Apesar de mudar seus termos, Deus sempre se manteve firme ao princípio da Aliança: Restaurar o homem e restabelecer com ele um relacionamento. Deus nunca fugiu dessa finalidade e este era o motivo de sua fidelidade à Aliança, mas isso não significaria que a Aliança teria a mesma escrita para sempre. Para percebermos isso precisamos focar no Novo Testamento, porque é ele quem vai nos explicar o que aconteceu e vai nos trazer segurança para seguir, com paz no coração, as modificações que Deus realizou na Nova Aliança.

Não foi somente na vinda de Cristo e na Igreja Primitiva que a Lei Mosaica confundiu o povo. Até hoje ela provoca divisões. Mas se houve alterações entre a Aliança Adâmica com a Aliança com Noé, a Aliança com Abraão, a Aliança Mosaica e a Aliança com Davi, porque não haveria entre a Antiga e a Nova Aliança? As alterações existentes naquelas devem ser suficientes para nos convencer da alteração advinda com a Nova Aliança. E o estudo da Palavra pode nos convencer disso. Paulo, por exemplo, entendeu muito bem o propósito da Lei Mosaica quando escreveu:

Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, PORQUE TUDO ISSO TEM SIDO SOMBRA DAS COISAS QUE HAVIAM DE VIR; porém o corpo é de Cristo (Cl 2.16,17).

E ele mesmo anuncia a alteração de Deus na Nova Aliança ao escrever:

E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; TENDO CANCELADO O ESCRITO DE DÍVIDA, QUE ERA CONTRA NÓS E QUE CONSTAVA DE ORDENANÇAS, O QUAL NOS ERA PREJUDICIAL, REMOVEU-O INTEIRAMENTE, ENCRAVANDO-O NA CRUZ; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, TRIUNFANDO DELES NA CRUZ (Cl 2.13-15).

O triunfo do Messias foi a cruz e ali Ele encerrou o que nos condenava. Isso não quer dizer que Paulo considerava a Lei errada, pois disse em outra ocasião:

Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! MAS EU NÃO TERIA CONHECIDO O PECADO, SENÃO POR INTERMÉDIO DA LEI; POIS NÃO TERIA EU CONHECIDO A COBIÇA, SE A LEI NÃO DISSERA: NÃO COBIÇARÁS (Rm 7.7).

O problema não está na Lei, mas em nós. A Lei é perfeita, boa e agradável, mas é ela que desponta nosso pecado e mostra nossa incapacidade de obediência, isso por causa da exigência de Deus de satisfazer-se somente com cem por cento de obediência.

No entendimento de Paulo, sabendo que a exigência de Deus é a perfeição, ele sabia que jamais conseguiria esta perfeição com o cumprimento da Lei, pois ele sempre descreveu a impossibilidade do homem de cumprir toda a Lei. Por isso que Paulo se vangloriava em Cristo e não na Lei, pois assim ele testemunha:

AGORA, PORÉM, LIBERTADOS DA LEI, ESTAMOS MORTOS PARA AQUILO A QUE ESTÁVAMOS SUJEITOS, DE MODO QUE SERVIMOS EM NOVIDADE DE ESPÍRITO E NÃO NA CADUCIDADE DA LETRA (Rm 7.6).

Tudo culminou em Cristo. Este era o propósito da Lei e este era o motivo de Jesus dizer na última ceia:

Porque isto é o meu sangue, O SANGUE DA [NOVA] ALIANÇA, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados (Mt 26.28).

Com a celebração da última Páscoa, Jesus encerra a Lei e abre a porta da graça. O véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo. Não há mais necessidade de se fazer sacrifícios de animais. Acabou! E o autor de Hebreus confirma isso dizendo:

QUANDO ELE DIZ NOVA, TORNA ANTIQUADA A PRIMEIRA. ORA, AQUILO QUE SE TORNA ANTIQUADO E ENVELHECIDO ESTÁ PRESTES A DESAPARECER (Hb 8.13).

Mas este antiquado e envelhecido não saiu das Escrituras Sagradas, porque elas são a base da Aliança de Deus e sem ela não entenderíamos o plano de redenção de Deus e não poderíamos ver a fidelidade de Deus e sua soberania ao longo da História.

Apesar da Aliança de Deus ter-se renovado ao longo da História e a cada renovação ela passa por alterações, todas tendo como base o amor e a fidelidade de Deus, não significa que por causa disso os termos da Aliança foram amenizados, ou seja, fácil de ser cumprido, nem subjetivo, pois é para todos sem nenhuma exceção, e nem que será tolerada qualquer violação de seus termos. Ou seja, aquele jeitinho brasileiro de querer se livrar da mão da justiça não tem lugar na Aliança. E não é isso que ouvimos por aí? Que Deus é amor e por isso não castiga ninguém? O que podemos ver nisso é a tentativa de equiparar Deus ao ser humano.

Não é porque temos a incapacidade de disciplinar nossos filhos, quando estes erram, que Deus não vá fazê-lo com suas criaturas. Deus é amor sim, mas Ele também é perfeito e justo, e a sua perfeição e a sua justiça não podem permitir qualquer violação sem o devido castigo. Portanto, é a justiça de Deus, e não o seu amor, que determina que os desobedientes vão para o inferno e os remidos pela justiça de Cristo para o Céu. Portanto, o amor de Deus não lança ninguém no inferno, pois seu infinito amor providenciou o livramento, vai para lá quem se recusa e não aceita o livramento de Deus.

Além do mais, estudar a Aliança de Deus é conhecer a maior história de amor já contada, amor este revelado, primeiramente, a um casal rebelde em um maravilhoso jardim. Amor este provado, dramaticamente, por um homem crucificado em uma cruz. E amor este confirmado, gloriosamente, em um túmulo vazio, sendo assim proclamado ao mundo todo. Falar da Aliança de Deus é falar do plano de Deus para a redenção do homem e falar de salvação é estudar a Palavra de Deus, porque sua narrativa nada mais é do que o sublime drama da redenção, a qual nos é revelada progressivamente até o seu grande final com a vitória do Cordeiro descrita no livro de Apocalipse.

A Aliança impediu o afastamento de Deus do homem e a Lei refletia os princípios de Deus ao homem, mas o uso desta mesma Lei foi o apogeu da condenação de Cristo, pois ela foi usada para sustentar as acusações contra Ele. E na Igreja primitiva vemos os Apóstolos batizar em vez de circuncidar, guardar o primeiro dia da semana ao invés do sétimo, deixar de observar o jejum de alimentos e colocar Cristo e seu sacrifício acima de todas estas coisas. Isso deve acender em nós uma luz de alerta nos informando que alguma coisa mudou, de que algo foi alterado. Que o Espírito de Deus lhe capacite a enxergar estes detalhes no decorrer deste estudo. Amém!

02 – A ALIANÇA E SEU INSTITUIDOR: DEUS:

A Aliança se iniciou com Adão e Eva lá no Éden, renovou-se com os patriarcas, culminou com a vinda do Messias prometido que é Jesus Cristo e se findará com a sua volta, quando então Deus criará novamente todas as coisas. A resposta de Deus à Aliança dependeria do comportamento do pactuante, de sua fidelidade aos termos da Aliança. E por causa da infidelidade do pactuante, esta Aliança é alterada ao longo da História. E por causa de sua infidelidade e da degradação de seu estado, o homem tornou-se completamente incapaz de reagir e de buscar restauração com Deus por si só. Deus, então, vendo a incapacidade de sua criatura, resolve não findar a sua Aliança, mas sim preparar um caminho de retorno, prometendo um Messias que pagaria a dívida, que satisfizesse a justiça de Deus e traria o homem redimido de volta para seu Deus.

Depois da promessa do Messias, Deus institui a Lei e ela exigia do pactuante o que era impossível para ele: A perfeição! Ou seja, o cumprimento integral da Lei. Deus sabia da incapacidade do homem de cumprir a Lei. Portanto, ela não foi instituída com a finalidade de redimir ao homem, mas ela prefigurava àquele que haveria de vir e faria o que para o homem era impossível: Cumprir integralmente a Lei. Quando você relaciona o sacrifício de Cristo com os cerimoniais da Lei você consegue entender isso claramente. Somente alguém perfeito como Deus poderia engendrar tão grande redenção! Diante do exposto pode se perceber que toda a glória pertence ao Instituidor da Aliança. Quem é Ele? Quem é Deus? Explicar Deus nunca foi o objetivo da Bíblia. Ela simplesmente começa dizendo:

No princípio criou Deus os Céus e a Terra (Gn 1.1).

Deus nem sequer se apresenta! Ele vai se apresentar bem depois com Moisés quando disse:

Eu Sou o Que Sou (Ex 3.14).

Quem é Ele? Ele é o que é e acabou! Nossa mente limitada nunca vai conseguir conceber Deus em toda a sua glória. A atitude que convém ao homem diante da grandeza de Deus não é a de especulação nem de interrogação, mas a de adoração, porque nós fomos criados para glorifica-lo. O que cabe a nós é exercer a fé, porque Deus não é para ser compreendido com a razão, mas aceito pela fé. E a missão do Messias era justamente de revelar Deus ao homem, pois assim escreveu João:

Ninguém jamais viu a Deus; O DEUS UNIGÊNITO, QUE ESTÁ NO SEIO DO PAI, É QUEM O REVELOU (Jo 1.18).

A missão de Jesus não era a de explicar Deus, mas sim de revelá-lo a nós. E Ele tinha toda autoridade para fazer isso porque Ele veio do Céu, do lugar da habitação de Deus e Ele estava com Deus desde o princípio, desde a criação. João, falando sobre o Verbo, que é Jesus Cristo, diz:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. ELE ESTAVA NO PRINCÍPIO COM DEUS (Jo 1.1-2).

Jesus conhecia a Deus intimamente e literalmente; Ele podia chama-lo de Pai. Jesus era a Pessoa mais apropriada para nos revelar a Deus, o Instituidor da Aliança.

E lembra o que é uma aliança? Uma aliança é um pacto, é um acordo firmado entre duas partes. De um lado está quem a instituiu: Deus. E quem é Deus? Ele é aquele que criou todas as coisas, aquele que governa sobre toda a sua criação, aquele que sustém a sua criação, aquele que redime ao que foi corrompido, aquele que restaura ao que foi perdido, aquele que julga os homens e aquele em quem tudo se consuma. Deus é aquele que pode fazer e desfazer conforme o conselho de sua vontade. Deus é aquele que exige daquele que se aproxima dele o exercício da fé. Por causa disso Ele nunca foi claro e explicativo, mas sua revelação sempre vem emaranhada em mistérios e prefigurações, que mais serve para confundir do que esclarecer, que desperta a fé naqueles que penetram em seus mistérios, mas provoca incredulidade naqueles que não conseguem discernir os mistérios de Deus. Deus é único e insubstituível! É assim que Ele se apresenta:

EU SOU DEUS, E NÃO HÁ OUTRO, EU SOU DEUS, E NÃO HÁ OUTRO SEMELHANTE A MIM; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; QUE DIGO: O MEU CONSELHO PERMANECERÁ DE PÉ, FAREI TODA A MINHA VONTADE; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. EU O DISSE, EU TAMBÉM O CUMPRIREI; TOMEI ESTE PROPÓSITO, TAMBÉM O EXECUTAREI (Is 46.9-11).

Nada e ninguém deste mundo podem ser equiparado a Deus. Deus é incomparável, insubstituível.

Deus é Rei e quem é rei tem um trono e o trono significa o centro a partir do qual o poder é exercido. Deus está assentado no Trono e dele governa todo o Universo. Ao seu comando segue toda a natureza e toda a humanidade. E tudo foi criado para a glória deste Deus único. Na visão do Trono de Deus João descreve:

TU ÉS DIGNO, SENHOR E DEUS NOSSO, DE RECEBER A GLÓRIA, A HONRA E O PODER, PORQUE TODAS AS COISAS TU CRIASTE, SIM, POR CAUSA DA TUA VONTADE VIERAM A EXISTIR E FORAM CRIADAS (Ap 4.11).

Deus é o Rei Supremo deste Universo e Ele tem um reino, e quem tem um reino tem um domínio, tem um governo, que no caso de Deus abrange todo o Universo. Nada nem ninguém estão fora deste domínio, portanto, seja o fiel ou o rebelde, seja o crente ou o pagão, seja o justo ou o ímpio, todos, independentemente de sua crença, estão sob o domínio do reinado de Deus. E isso está determinado por Ele mesmo que disse:

Por minha vida, diz o Senhor, DIANTE DE MIM SE DOBRARÁ TODO JOELHO, e toda língua dará louvores a Deus (Rm 14.11).

E isso acontecerá independente da fé ou da vontade de quem quer que seja, pois até mesmo àqueles que negam e blasfemam de Deus terá que se prostrar um dia diante dele e reconhecer a sua Soberania.

E este Rei, que está assentado no Trono, que tem o domínio sobre todos e que tem um reinado, este reinado tem muitas particularidades que sobrepõe a qualquer reinado deste mundo. O reinado de Deus é eterno, ele nunca terá fim. Seu reinado é exercido com autoridade, pois Deus é irresistível, de tal forma que ninguém pode resistir a Ele, ninguém pode questioná-lo, ninguém pode enfrentá-lo, ninguém pode discutir com Ele, ninguém pode argumentar com Ele. A Bíblia diz:

QUEM guiou o Espírito do SENHOR? Ou, COMO SEU CONSELHEIRO, O ENSINOU?  COM QUEM TOMOU ELE CONSELHO, PARA QUE LHE DESSE COMPREENSÃO? QUEM O INSTRUIU na vereda do juízo, E LHE ENSINOU sabedoria, E LHE MOSTROU O CAMINHO DE ENTENDIMENTO (Rm 8.13-14)?

Quem? Quem pode bater no peito e se vangloriar de tal feito? Ninguém em todo o Universo! Deus é Soberano e Eterno, e a eternidade do reinado de Deus lhe dá esta superioridade. Seu reinado é justo porque Ele é perfeito e porque Ele é perfeito, Ele faz as coisas com perfeição e porque Ele faz tudo com perfeição, Ele tem a autoridade de ser inquestionável. O sábio Salomão disse:

NÃO HÁ sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho CONTRA O SENHOR (Pv 21.30).

A coisa mais absurda que existe é a criatura voltar-se contra o seu criador.

E por Deus ter o domínio de tudo em suas mãos, tudo o que vemos e tudo que acontece ao nosso derredor nada mais são do que o cumprimento da vontade de Deus, a execução de um plano por Ele elaborado, independente de nós concordarmos com Ele ou não, de o acharmos justo ou não, de o acharmos certo ou não. Quem somos nós, súditos pequenos e miseráveis, limitados no tempo e no conhecimento para sugerirmos a Deus que as coisas que Ele fez e faz não está certo, que não é o correto, que não é o melhor, que não é justo? Quem somos nós?

Somos tentados a pensar como o filme “Fúria de Titãs” e tantos outros, que querem nos fazer pensar que Deus é como um de nós, que Deus é limitado, que Deus pode ser derrotado pelas forças do mal, que Deus pode até morrer, que Deus precisa de nós, que Deus precisa de nossa adoração, que Deus precisa de nossas orações e que Deus pode até mesmo ser manipulado. Mas Deus não é como um de nós. Ele é Soberano, Ele é eterno e jamais pode ser manejado por nada e nem por ninguém; e Ele também não necessita de coisa alguma porque Ele é completo em seu Ser. Por isso, Deus tem toda a autoridade para realizar alianças tanto com a natureza, como com a humanidade e com todo o Universo, que nada são além de sua criação e a Ele está subordinado. Ele pode fazer e desfazer, mas sempre mantendo sua fidelidade às suas promessas.

Ás vezes, pelas coisas não acontecerem de acordo como achamos que deveria ser, temos dificuldades de vermos o domínio de Deus sobre todas as coisas. Quando vemos ser instituída de autoridade a pessoa menos qualificada para isso, ao relacionarmos este feito com a Soberania de Deus, somos tencionados a achar que Deus não é tão perfeito assim, caso contrário, Ele não cometeria um erro tão absurdo. Mas Paulo diz:

Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; PORQUE NÃO HÁ AUTORIDADE QUE NÃO PROCEDA DE DEUS; E AS AUTORIDADES QUE EXISTEM FORAM POR ELE INSTITUÍDAS (Rm 13.1).

Não importa se é a pessoa certa ou não, se ela foi instituída de autoridade procede de Deus. Foi Deus quem instituiu a Faraó do Egito e endureceu o seu coração, para que, na sua incredulidade, Deus fosse glorificado. Foi Deus quem institui no trono a Ciro e tocou em seu coração para que devolvesse os exilados de Judá à sua terra natal. Foi Deus quem instituiu a Pôncio Pilatos de autoridade e permitiu cair em suas mãos a sentença final do sacrifício de seu Filho Jesus Cristo.

O fato de não aceitarmos ou de não entendermos o agir de Deus não significa que tal fato não procede de Deus. O fato de acharmos que este mundo está como um caminhão sem freio descendo ladeira abaixo, não significa que Deus não esteja no controle. O fato de a Aliança sofrer profundas alterações ao longo da História, não significa que Deus errou e teve que replanejar, porque tudo aconteceu e acontece de acordo o seu querer, por mais estranho que pareça aos nossos olhos. E este Deus perfeito, Instituidor de uma Aliança perfeita, conhece perfeitamente a cada um de nós, individualmente. Ele conhece as nossas fraquezas e os nossos pontos fortes, conhece nossas esperanças e nossos medos. Este ser Sublime está sempre presente nos corações que o buscam. Que Deus lhe abençoe a pensar sobre isso e a perceber a sabedoria de Deus na Instituição de sua Aliança. Amém!

03 – A ALIANÇA E SEU INSTITUIDOR: A CRIAÇÃO E O AMOR INFINITO DE DEUS:

A criação tem um papel significativo na Aliança. Deus cria todas as coisas, inclusive o homem e a mulher e estabelece com Eles uma Aliança. Deus providencia um jardim, com todos os tipos de frutas, um verdadeiro pomar e coloca o homem para ali viver, estabelece princípios e exige deles a fidelidade, mas estes desobedecem a Deus e degradam-se moralmente até ao ponto de separarem-se completamente de seu Criador. Então eles são expulsos do Jardim do Éden e são lançados para viver em uma terra agora amaldiçoada por causa de sua rebeldia. Apesar disso, Deus provê sustento não somente para aquela criatura rebelde, mas para toda a sua criação; a sustentabilidade da criação é o reflexo de um amor incomensurável.

O elemento principal na Aliança é o amor de Deus. Se não fosse o amor imensurável de Deus pelo pactuante, muito provavelmente sua existência não teria ido além daquele casal rebelde naquele jardim, pois quando estes foram expulsos daquele ambiente, especialmente preparado para eles, se não fosse a providência de Deus eles não teriam sobrevivido fora do Jardim do Éden. Outro elemento, não menos importante, é a fidelidade de Deus à Aliança. Na Aliança Deus deu uma ordem:

Sede fecundos, MULTIPLICAI-VOS, ENCHEI A TERRA E SUJEITAI-A; DOMINAI sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1.28).

Era para o homem se procriar e encher a terra e dominar sobre ela. Era para o homem viver em um jardim, cheio de frutos e livre de qualquer maldição. Era para o homem viver feliz naquele jardim que era provisório, enquanto Deus fazia de toda a Terra um Jardim do Éden. Este era o plano original do Criador, mas como a resposta dele à Aliança dependeria da resposta do pactuante, as coisas se complicaram para o lado do homem, quando este resolve se rebelar e causar contra si mesmo a condenação. Mas mesmo diante desta tragédia, que não foi inesperada para Deus, Ele resolve não por fim à existência de sua criação.

Com a desobediência e queda do pactuante, se não fosse o amor de Deus e a sua fidelidade, a ordem de Deus de se multiplicarem e de encherem a Terra teria caído no esquecimento e a Terra estaria vazia de seres humanos até hoje. Mas Deus, em seu infinito amor, resolveu que este não seria o final da história da humanidade, pois havia um plano elaborado desde o princípio. E na história da criação está embutida a história da redenção, na qual sobressai de uma forma ainda mais virtuosa o amor de Deus. É isso que João quis dizer quando escreveu:

PORQUE DEUS AMOU AO MUNDO DE TAL MANEIRA que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).

Foi por amor à sua criação que Deus fez o que fez. E desde a criação podemos notar este amor ilimitado de Deus, pois quando Deus resolve estabelecer um retorno a Ele através do sacrifício de seu próprio Filho Unigênito, Deus demonstra, Deus declara àquela criatura infame seu imenso amor por ele. Esta redenção tem como papel fundamental trazer o homem de volta ao plano original de Deus. E quando o homem valoriza mais o Céu do que este mundo, Jesus está realizando nele os propósitos da redenção. Um dos ensinos impactantes de Jesus foi:

BUSCAI, POIS, EM PRIMEIRO LUGAR, O SEU REINO E A SUA JUSTIÇA, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.33).

E quando Jesus nos ensinou a orar disse:

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, QUE ESTÁS NOS CÉUS, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra COMO NO CÉU (Mt 6.9-10).

Deus reina nos céus. E antes de partir Jesus deixou bem claro que aqui não era a nossa casa, pois disse:

NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, QUANDO EU FOR E VOS PREPARAR LUGAR, voltarei e vos receberei para mim mesmo, PARA QUE, ONDE EU ESTOU, ESTEJAIS VÓS TAMBÉM (Jo 14.2-3).

Nossa casa não é aqui neste mundo. E Paulo disse:

POIS A NOSSA PÁTRIA ESTÁ NOS CÉUS, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp 3.20).

Somos peregrinos nesta terra. O céu se sobressai sobre a terra e vemos isso desde a criação, pois assim ela começa:

No princípio, criou Deus OS CÉUS e a terra (Gn 1.1).

Primeiro Deus cria o Céu e depois a Terra. Primeiro Deus povoa o Céu e depois a Terra. Somente o amor infinito de Deus criaria algo tão maravilhoso como o Céu. E continuando a demonstração do amor de Deus na criação, no primeiro momento Deus cria o elemento crucial para nós e para a vida, pois assim segue a criação segundo a Bíblia:

Disse Deus: HAJA LUZ; E HOUVE LUZ (Gn 1.3).

E quando Cristo veio ao mundo dizia:

EU SOU A LUZ DO MUNDO; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida (Jo 8.12).

Para Deus não há diferença entre a luz e as trevas, pois Ele não depende de nenhum destes dois elementos para sobreviver, mas nós somos dependentes da luz, principalmente da luz espiritual, pois Jesus disse:

São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, CASO A LUZ QUE EM TI HÁ SEJAM TREVAS, QUE GRANDES TREVAS SERÃO (Mt 6.22-23)!

A luz nos impede de andar errante pelo caminho, pois é ela quem ilumina e nos indica o caminho. Para isso Deus deixou para nós a sua Palavra, conforme diz o salmista:

LÂMPADA PARA OS MEUS PÉS é a tua palavra E, LUZ PARA OS MEUS CAMINHOS (Sl 119.105).

Esta mesma palavra que trouxe à existência todas as coisas é a luz que ilumina nosso caminho. Somente o amor imensurável de Deus poderia criar algo tão maravilhoso como a luz.

Deus criou os céus e criou a luz, mas o ambiente ainda não era adequado para o pactuante, pois ele seria terreno e precisava de terra. E Deus, movido pelo amor, continua adequando o ambiente para a sobrevivência do pactuante. Deus faz aparecer a porção seca, planta nela árvores e a preenche de vegetação verde e cria também os animais terrestres. As águas se mantiveram, pois os animais marinhos já haviam sido criados. E neste ambiente magnífico de terra, ar, água, plantas e animais, Deus coloca o pactuante para, não somente viver nele, mas também de governar sobre ele. Este ambiente tornou-se tão maravilhoso que reflete a glória de seu Criador, pois o salmista diz:

OS CÉUS PROCLAMAM A GLÓRIA DE DEUS, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19.1).

E neste ambiente extraordinário Deus coloca a sua criatura para cuidar dele e cultivá-lo. E o que esta criatura infame faz? Quebra o acordo e mancha este ambiente com trevas, pragas e maldições, pois logo após a queda Deus disse:

E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, MALDITA É A TERRA POR TUA CAUSA; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida (Gn 3.17).

Somente o amor incomensurável de Deus poderia criar um ambiente tão esplêndido. Mas nada reflete mais a perfeição e o amor de Deus quanto na convivência de Deus com o homem no Jardim do Éden. Deus não foi pego de surpresa. A queda do homem não foi inesperada para Deus. O plano de redenção não foi um plano emergencial, feito às pressas, não foi um segundo plano, porque o primeiro plano falhou, pois desde o princípio Deus sabia o que iria acontecer. Mas mesmo assim, Ele vinha todos os dias conversar face a face com aqueles que um dia iria trair a sua confiança. Mesmo sabendo o que iria acontecer no futuro Deus nunca os tratou com indiferença enquanto conviveram no Jardim.

Esta é uma virtude que está na essência de Deus, pois quando Jesus veio ao mundo escolheu para si doze homens para acompanha-lo em seu ministério, os quais foram chamados de seus discípulos e de Apóstolos. Mas um destes o trairia no futuro. Ele não somente escolheu ao seu traidor como também conviveu com este traidor durante todo o seu ministério; e isso sem lhe destratar em nenhum momento.

Este amor é tão verdadeiro que não faz distinção de pessoas. Logo no início da criação, depois da rebeldia do homem, vemos duas linhagens se distinguindo: A de Sete, se relacionando com o seu Criador e a de Caim, que resolveu se afastar de Deus e viver longe de sua presença. Mesmo assim, Deus preserva a sua criação para atender a sobrevivência de ambos. Faz a chuva regar a terra de ambos e faz o sol nascer sobre ambos. Isso acontece porque Deus é perfeito. E Deus exige de todos aqueles que dele se aproxima este mesmo comportamento que Ele tem com a sua criação, pois Jesus assim ensinou:

Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, PORQUE ELE FAZ NASCER O SEU SOL SOBRE MAUS E BONS E VIR CHUVAS SOBRE JUSTOS E INJUSTOS. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, SEDE VÓS PERFEITOS COMO PERFEITO É O VOSSO PAI CELESTE (Mt 5.43-48).

Esta virtude de Deus é uma das bases da sua Aliança com a humanidade.

CONCLUSÃO:

A ordem existente na criação é uma prova inquestionável de que ela foi criada e planejada. Em toda ela o amor de Deus se sobressai. A perfeição da criação, seu esplendor e glória, proclamam a glória de Deus e exalta ao seu infinito amor. A fidelidade de Deus sustenta a Aliança por Ele instituída e quando olhamos para ela é impossível não ver nela expressada o amor de Deus. Ele foi quem a instituiu e Ele foi quem a sustentou e a sustentará até ao fim. O pactuante é apenas um elemento de subordinação à Aliança, mas foi por amor que Deus o criou, foi por amor que Deus não o abandonou, foi por amor que Deus o restaurou e é por amor, que até aos dias de hoje, Ele restaura vidas para sua própria glória, pois o fim principal de nossa existência é glorificar a Deus. Que Deus te abençoe e que o propósito de tua vida seja de glorificar a Deus. A Ele toda honra e toda glória para sempre! Amém e amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.

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