Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O PACTO E A NOVA ALIANÇA: ESPERANÇA PARA O POVO DE DEUS

31  Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.
32  Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR.
33  Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34  Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei (Je 31.31-34).
Introdução
Chegamos à Nova Aliança, a aliança contemporânea. Começamos com Adão, passamos por Noé, Abraão, Moisés, Josué, Davi e, finalmente, a Jesus Cristo, O Messias prometido, o Descendente prometido lá no Éden. Em todos estes personagens notamos o maravilhoso plano de Deus e neles podemos observar as etapas, o desenrolar ao longo da História do plano redentivo de Deus.
Diante de tanta quebra do Pacto por parte do homem, diante de tanta rebeldia do homem para com Deus, diante de tanta desobediência do homem aos termos do Pacto, podemos ver que Deus é fiel e Ele nunca desiste desta criatura tão infiel, mas que Ele tanto ama. A história do Pacto nos mostra que, apesar de Deus nunca desistir do homem, nunca desistir do Seu povo, Ele nunca deixou de punir toda e qualquer desobediência. Chegamos ao topo desta história com a Nova Aliança, mas por que uma Nova Aliança? Neste estudo você entenderá porque que Deus realiza uma Nova Aliança com o Seu povo.
01 – A INEFICIÊNCIA DA LEI: A IMPOSSIBILIDADE DE JUSTIFICAÇÃO POR INTERMÉDIO DA LEI E DAS OBRAS
A Lei veio para nos dar as diretrizes para o nosso relacionamento com Deus. Através dela sabemos o que devemos fazer e o que devemos evitar em nosso relacionamento com Deus. Ela distinguiu com clareza o que é certo do que é errado, mas ela não pode ir além desses objetivos e as necessidades do homem vai muito além de diretrizes para sua vida. Ele é um ser degenerado, que perdeu seu maior tesouro que é seu relacionamento com Deus. Ele precisa voltar ao estado original que fora criado lá no Éden. Ele precisa de justificação, e a Lei não pode oferecer para ele a justificação necessária para estar novamente na presença de Deus. Então, podemos claramente definir que o Pacto com a Lei não é a parte final do plano de Deus para salvar o homem. Ainda haveria uma nova etapa a ser revelada deste plano. Esta é uma das razões de Deus estar realizando com o Seu povo uma nova aliança. Deus valoriza a fé e deixa claro os limites da Lei. Paulo, ao apresentar a realização da promessa de Deus feita a Abraão e sua descendência, começa falando que a mesma não fora dada por intermédio da lei:
13  Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.
Não foi mediante a Lei que Deus prometeu a Abraão, e à sua descendência, que seriam herdeiros do mundo. Por isso a promessa de Deus não dependia das forças de Abraão, de modo que ele não tem de que se gloriar diante de Deus, como que se ele tivesse alcançado alguma justiça por meio das obras. Paulo confirma isso quando diz:
1  Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
2  Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus (Rm 4.1,2).
Portanto, não foi por esforço seu que Abraão se tornou herdeiro de Deus. A promessa de Deus a Abraão é que nele seriam benditas todas as famílias da terra e que a sua descendência habitaria a terra de Canaã.
1  Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;
de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!
3  Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3).
Abraão não conseguiria isso pela Lei, mas mediante a justiça da fé:
3  Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Rm 4.3).
Imputar é atribuir a alguém. Sendo atribuída a Abraão a justiça de Deus, ele foi justificado mediante a sua fé, e Abraão se tornou herdeiro das bênçãos de Deus. No livro de Gálatas, Paulo vai falar muito sobre a Lei, lá ele diz:
6  É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
7  Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.
8  Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos.
9  De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
10  Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.
11  E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
12  Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá.
13  Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14  para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl 3.6-14).
Portanto, não é mediante a Lei e nem por intermédio das práticas das obras que nos tornamos herdeiros das promessas de Deus. Não foi assim com Abraão e não será assim conosco. Além do mais, caso a salvação seja pela prática das obras, invalida-se o sacrifício de Cristo bem como a graça de Deus, e desta forma ignoramos a salvação pela fé, conforme revelado nas Escrituras Sagradas.
02 – A ADMINISTRAÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA: A CONSUMAÇÃO DO PLANO DA REDENÇÃO EM JESUS CRISTO
Chegamos à Nova Aliança, mas até aqui muitas coisas aconteceram, muitos milagres foram realizados, muitas manifestações poderosas de Deus aconteceram, mas nada é comparável ao desenrolar do plano de Deus nas gerações. Deus é o Senhor da História. A História é o resultado da vontade ativa de Deus. Ele mesmo diz:
12  Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou Deus.
13  Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá (Is 43.12,13)?
O desenrolar da História é ação direta de Deus. Em todas as coisas está a presença da Sua poderosa mão. É assim que a visão bíblica compreende todos os acontecimentos da vida, sejam eles fatos importantes e significativos ou acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia.
20  Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21  é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
22  Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz (Dn 2.20-22).
29  Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai (Mt 10.29).
E assim todos os acontecimentos da História cumprem os propósitos de Deus. E dessa forma podemos crer que Deus administra a História. Especificamente na redenção, a administração de Deus na História pode ser vista através do Pacto. Um pacto é o modo de Deus administrar o seu relacionamento com a sua criação e os termos do Pacto estabelecem um compromisso de obediência a Deus. Veja como deveria ser:
3  E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera (Gn 2.3).
18  Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
19  Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles.
20  Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea.
21  Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne.
22  E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe.
23  E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.
24  Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne (Gn 2.18-24).
15  Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar (Gn2.15).
Esses mandatos foram dados como ponto de partida para que o homem cumprisse todo o seu propósito de existir debaixo do Pacto. A Queda interferiu no processo de obediência do homem e desestruturou o seu funcionamento, gerando rompimentos. E vemos isso já lá no Éden:
8  Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
9  E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
10  Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi (Gn 3.8-10).
11  Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12  Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi (Gn 3.11,12).
17  E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.
18  Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo.
19  No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gn 3.17-18).
E diante da desobediência e da incapacidade do homem de atender os propósitos para o qual fora criado, Deus não o abandonou, mas estabeleceu com ele um Pacto. Esse Pacto da Redenção tem como base a atitude graciosa de Deus, que vai ao encontro do homem para resgatá-lo de sua prisão, o pecado, restaurando-o para viver e servir a Deus. Esse pacto é apresentado no decorrer da História por meio de sucessivas renovações, que vai de Noé a Jesus Cristo. Com Noé Deus renova a sua aliança revelando a sua vontade de preservar para sempre a sua Criação:
8  Disse também Deus a Noé e a seus filhos:
Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência,
10  e com todos os seres viventes que estão convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os animais selváticos que saíram da arca como todos os animais da terra.
11  Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra.
12  Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações:
13  porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra.
14  Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco,
15  então, me lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres viventes de toda carne; e as águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir toda carne.
16  O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra.
17  Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança estabelecida entre mim e toda carne sobre a terra (Gn 9.8-17).
Após o dilúvio, a História mostra que o homem continuou em sua maldade, mas o Senhor renova a Sua Aliança com Abraão, revelando o propósito de usar um povo para abençoar a todas as famílias da Terra:
1  Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;
de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!
3  Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3).
Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência.
8  Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus (Gn 17.7,8).
Com Moisés, Deus estabelece um novo momento de seu pacto ao dar e instituir a Sua Lei ao seu povo:
9  Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o SENHOR fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.
10  Deu-me o SENHOR as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e, nelas, estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado convosco no monte, do meio do fogo, estando reunido todo o povo.
11  Ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o SENHOR me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança (Dt 9.9-11).
Deus guiava a conduta de seu povo por meio de suas prescrições e com isso consolidava a nação escolhida e a incumbia de cumprir os seus propósitos:
5  Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
6  vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel (Ex 19.5-6).
Mais à frente, na História, percebe-se o descaminho do povo e a sua incapacidade de servir a Deus com integridade. Começa os governos humanos e com ele todo o seu egocentrismo. Deus, então, revela um novo momento de seu pacto através de sua aliança com Davi:
12  Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.
13  Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
14  Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.
15  Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.
16  Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
17  Segundo todas estas palavras e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi (2 Sm 7.12-17).
É com Davi que Deus começa a consolidar a Sua Aliança, consumando-a em Jesus Cristo. Todas essas fases da aliança da redenção são administradas por Deus no decorrer da História e todas elas apontam para a última e definitiva etapa e culminam com ela: a Nova Aliança em Cristo:
25  Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim (1 Co 11.25).
Portanto, todas as alianças apontavam para Cristo e o seu governo redentivo. Elas ocorreram no transcorrer da História humana pela providência de Deus.
03 – A RESPOSTA NEGATIVA DE ISRAEL A DEUS: A EXTENSÃO DO PACTO AOS GENTIOS
Embora fosse considerado por Deus como raça eleita, nação santa, reino de sacerdotes, Israel não vivia como povo eleito, não agia como povo santo, não intercedia pelas nações como sacerdote. Deus não deixou seu povo impune, mas corrigiu-os duramente ao longo das gerações. Deus é amor, mas também é justo. Os olhos humanos jamais contemplaram novamente tamanha manifestação do poder de Deus como as dez pragas do Egito para libertar o povo de Israel da escravidão e na providência de Deus ao sustentar seu povo por 40 anos no deserto, mas mesmo tamanha manifestação não foi suficiente para impedir que o povo agisse com incredulidade no deserto. Por causa disso nenhum deles entrou na terra prometida com exceção de Josué e Calebe porque creram. Deus nunca deixou a rebeldia impune.
Ao longo da história do povo de Israel podemos notar o tanto que a rebeldia foi trazendo trágicas consequências para Israel. Depois da morte de Salomão, o reino foi dividido em Reino do Sul, chamado de Judá, e Reino do Norte, chamado de Israel. Duas nações permaneceram no Reino do Sul sob o reinado de Roboão e dez ao Reino do Norte sob o reinado de Jeroboão. A partir daí a História nos mostra uma sucessão de altos e baixos. Os reis de ambos os lados, mas principalmente em Israel, foram gradativamente se afastando da vida e santidade requeridas no Pacto. O povo havia traído ao Senhor, e o coração de Deus estava ferido por causa disso. O profeta Ezequiel expressa muito bem a indignação de Deus contra o povo:
8  por isso, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu, eu mesmo, estou contra ti; e executarei juízos no meio de ti, à vista das nações (Ez 5.8).
11  Portanto, tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, pois que profanaste o meu santuário com todas as tuas coisas detestáveis e com todas as tuas abominações, eu retirarei, sem piedade, os olhos de ti e não te pouparei (Ez 5.11).
18  Pelo que também eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei (Ez 8.18).
O grande problema para Israel, em chegar a essa condição de divórcio espiritual, era a sua infidelidade a Deus. Mas era também a fidelidade de Deus, porque Deus prometeu que, caso Israel fosse infiel, eles seriam espalhados pelo mundo e habitariam no meio de povos estranhos:
25  Quando, pois, gerardes filhos e filhos de filhos, e vos envelhecerdes na terra, e vos corromperdes, e fizerdes alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa, e fizerdes mal aos olhos do SENHOR, teu Deus, para o provocar à ira,
26  hoje, tomo por testemunhas contra vós outros o céu e a terra, que, com efeito, perecereis, imediatamente, da terra a qual, passado o Jordão, ides possuir; não prolongareis os vossos dias nela; antes, sereis de todo destruídos.
27  O SENHOR vos espalhará entre os povos, e restareis poucos em número entre as gentes aonde o SENHOR vos conduzirá.
28  Lá, servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram (Dt 4.25-28).
E Deus sempre cumpre o que promete. Obediência era a principal resposta requerida por Deus ao povo de Israel. E tão fiel quanto foi em cumprir a promessa de fazer o povo herdar a terra, fiel seria o Senhor para arrancá-los desta terra por desobediência, coisa que Ele fez com Israel que foi levado cativo para Samaria e Judá, que foi levado cativo para Babilônia. Portanto, tanto o favor de Deus quanto a Sua ira são aspectos da fidelidade de Deus.
Israel, ao quebrar os preceitos do Pacto, ofendeu a natureza, a santidade e a soberana vontade de Deus, provocando, assim, a Sua ira. Quando se arrependiam e se voltavam para Deus, alcançavam o favor de Deus e Ele lhes restaurava a terra e sua liberdade. Em tudo, tanto na obediência quanto na desobediência, havia o santo propósito de saberem que o Senhor é Deus. Os profetas usaram esta expressão: “Saberão que Eu Sou O Senhor” dezenas de vezes. Israel saberia que O Senhor é fiel em recompensar tanto a desobediência quanto o zelo e a dedicação de seu povo.
Foi nesta situação de decadência espiritual de Israel que Deus, por meio de seu profeta Jeremias, revelou o estabelecimento de uma Nova Aliança. Mas por que uma nova aliança? Lembra da promessa de Deus a Abraão de nele serem benditas todas as famílias da terra? A Nova Aliança é o ponto desta promessa. A rejeição de Israel a Deus e ao Pacto abriu a oportunidade para que Deus bendiga todas as famílias da terra, firmando um novo Pacto. Nosso texto básico diz:
32  Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR.
O auge desta rejeição aconteceu quando Cristo veio a este mundo. O povo aguardava o Messias, mas quando Ele veio não foi bem recebido. Por isso que a Bíblia diz que:
11  Veio para o que era seu, e os seus não o receberam (Jo 1.11).
Eles não o receberam porque não esperavam um Messias que pregasse o amor aos seus inimigos, porquanto eles esperavam que seriam libertos de seus inimigos pelo Messias. Eles seriam libertos sim, de seu principal inimigo, do jugo do pecado, mas eles não entenderam isso. Nosso texto básico é do Antigo Testamento. Uma profecia feita pelo profeta Jeremias, mas ela já falava dos planos de Deus em firmar esta Nova Aliança:
31  Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.
Já estava na mente de Deus a realização de outra aliança com Seu povo. Observe que neste versículo Deus menciona os dois reinos, Judá e Israel, mas no versículo 33 Ele diz:
33  Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Deus fala novamente da Aliança, mas desta vez dirige-se ao Seu povo, não ao Reino do Norte ou ao Reino do Sul, mas a Israel. Observe que o propósito dessa nova aliança é unir as casas de Israel e Judá, na época separadas. Na verdade Deus quer um povo para Si. E quem é este Israel aqui mencionado? O Apóstolo Paulo responde. Ele diz que os verdadeiros descendentes da promessa não são os israelitas descendentes da carne:
6  E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas;
nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8  Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa (Rm 9.6-8).
E quem são estes filhos da promessa? Ele responde ao dizer quem são os verdadeiros israelitas:
15  Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.
16  E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus (Gl 6.15,16).
E que regra era esta? A regra de ser nova criatura. E o que acontece com aqueles que aceitam a Cristo como seu salvador?
17  E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co 5.17).
Eles se tornam nova criatura. Quem está em Cristo é descendente de Abraão. Vimos acima que Jesus não foi recebido e aceito por Israel, e o que aconteceu àqueles que O receberam?
12  Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome (Jo 1.12)
Vimos que o verdadeiro israelita não vem do sangue. E de onde vêm estes que são chamados de filhos de Deus?
13  os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1.13).
Eles também não têm nada a ver com a descendência por sangue. O Israel a quem se dirige a Nova Aliança é um povo transformado, nova criatura, novo coração. A profecia de Jeremias aponta para um Novo Pacto que haveria de gerar um novo povo de Deus. Pedro, ao falar à Igreja, diz:
9  Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
10  vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia (1 Pd 2.9,10).
O povo é novo, mas os objetivos são os mesmos: Proclamar as virtudes de Deus. A rejeição de Israel abriu as portas para Deus se manifestar aos povos gentios, povos que não são judeus, e formar, destes povos, um povo exclusivamente Seu: A Igreja de Cristo.
04 – A SUBLIMIDADE DA NOVA ALIANÇA
Deus havia prometido uma nova aliança, uma aliança superior, diferente, não como as anteriores. O autor da Carta aos Hebreus nos fala desta Nova Aliança:
6  Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas (Hb 8.6).
Viu por que a Nova Aliança é superior? Porque o Seu mediador é superior e as suas promessas também são superiores. E ele diz o porquê que está sendo buscado uma nova aliança:
Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda (Hb 8.7).
A primeira apresentava um defeito: Não podia justificar ao homem diante de Deus. E nesta Nova Aliança a misericórdia e a graça de Deus é o seu alicerce:
12  Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei (Hb 8.12).
E ele diz ainda o que aconteceria com a Aliança anterior:
13  Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer (Hb 8.13).
E o que Deus promete nesta Nova Aliança? Logicamente, alguma coisa iria mudar nesta Nova Aliança, e mudou muito! Estando debaixo da Nova Aliança, a aliança da graça, gozamos e desfrutamos dos benefícios desta Nova Aliança. As principais bênçãos desta Aliança da graça são:
A – A regeneração por obra do Espírito Santo
3  Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.
4  Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos,
5  não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,
6  que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador,
7  a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna (Tt 3.3-7).
B – A justificação pela fé
1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).
C – A adoção de filhos
12  Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome (Jo 1.12)
D – A garantia da ressurreição dos mortos
5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição (Rm 6.5).
E – A vida eterna
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
E tem muito mais. Nesta Nova Aliança a Lei de Deus será gravada na mente e no coração. Ela não seria escrita em tábuas, como Moisés recebeu a Lei lá no monte Sinai, mas ela será escrita no coração do povo. Na Nova Aliança o conhecimento do Senhor será acessível a todos. Nos Pactos anteriores homens eram os mediadores, mas na Nova Aliança há apenas um único Mediador: Jesus Cristo, o Filho de Deus, provido com poder suficiente para ensinar, para persuadir, para revelar o conhecimento de Deus. Na Nova Aliança o perdão é definitivo. O sangue não seria mais de sacrifícios de animais, mas do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O pecado não seria apenas coberto, mas apagado totalmente da memória de Deus. Todas estas bênçãos apresentam um grande progresso na revelação do plano redentivo de Deus.
Conclusão
A Nova Aliança aponta para os efeitos do Evangelho de Cristo, que haveria de ser revelado com a vinda do Senhor Jesus. É o Evangelho que, uma vez escrito em nosso coração pela mediação do Espírito Santo, permite que a obediência não nos seja penosa. Além disso, na Nova Aliança, temos a mudança da natureza humana, o perdão definitivo, a santificação e a dispensa do sacrifício de animais pela eficácia do sacrifício de Jesus Cristo. Temos ainda o conhecimento pessoal de Deus pela mediação de Cristo que nos dá o Espírito Santo. Os preceptores humanos são dispensáveis, uma vez que, habitando no coração do crente, o Espírito Santo o faz amar a obediência, indispensável em todos os Pactos.
Deus esperou a plenitude do tempo para enviar Seu Filho, a fim de que os descendentes da promessa fossem salvos por Ele. Que Jesus Cristo transforme a sua vida e habite em seu coração. Seja Ele gracioso para contigo como tem sido comigo! Que Ele te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.

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