Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

domingo, 2 de abril de 2023

A UNIÃO COM CRISTO

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito (Jo 15.1-7).

INTRODUÇÃO:

A união com Cristo é a base da salvação dos eleitos de Deus. Ela é a origem de todas as bênçãos e em função dela somos despertados para louvar a Deus e a viver de modo coerente com essa união. Ou seja, Cristo é tudo em nós e sem Cristo nada somos e nada temos.

Quando eleitos em Cristo na eternidade, fomos unidos a Ele em sua morte e ressurreição e assim permanecemos unidos em todo o processo de salvação, que inclui a regeneração em Cristo, a justificação em Cristo, a adoção em Cristo, a santificação em Cristo, a perseverança em Cristo e a glorificação em Cristo.

Assim, dá para entender que a nossa salvação depende absolutamente de nossa união com Cristo. Somos salvos porque fomos feitos um em Cristo e permanecemos salvos porque permanecemos unidos com Cristo e por permanecermos unidos a Cristo seremos um dia glorificados.

É muito importante entender nossa união com Cristo. Caso isso não ocorra são grandes as possibilidades de cairmos no legalismo, vivendo na dependência de regras externas para viver uma vida cristã ou poderemos cair no descaso em relação à vontade de Deus, desprezando a sua graça e até mesmo vivermos uma vida espiritual relaxada. O entendimento de nossa união com Cristo nos leva a uma vida cristã verdadeira, pois ela é motivada pela razão correta.

A união com Cristo é o ponto distintivo do cristianismo em relação às demais religiões. Todas elas apontam para algo que precisa ser feito pelo homem, enquanto que a Bíblia aponta unicamente para uma pessoa: Jesus Cristo. E ela não aponta apenas para os ensinos de Cristo, pois estes ensinos apontam para Ele próprio. Em Cristo está a salvação de que tanto necessitamos. É por essa razão que Jesus disse:

Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).

Note que Jesus não está dizendo que sabe o caminho, por isso o está apontando, nem mesmo está dizendo que sabe como ter a vida, mas sim está dizendo que Ele próprio, em si mesmo, é o caminho, a verdade e a vida. Somente em Cristo podemos desfrutar a salvação. Mas como é a nossa união com Cristo?

01 – NOSSA UNIÃO COM CRISTO COMEÇA NA ETERNIDADE:

A base bíblica para a doutrina da eleição é a união com Cristo, pois fomos escolhidos em Cristo. Portanto, nossa história de união com Cristo não tem início no momento da conversão, pois antes de criar o mundo Deus já havia planejado nossa salvação e determinado que ela seja em Cristo. Paulo confirma este ensino quando diz:

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Ef 1.3-14).

Deu para notar como que Cristo é tudo em todos? Percebeu que o plano de salvação foi arquitetado na eternidade? Todas as bênçãos celestiais com que somos abençoados sobrevêm a nós por meio de Cristo e quando ainda nada havia sido criado fomos escolhidos para sermos santos e irrepreensíveis em Cristo. Por mais estranho que pareça, por mais difícil que seja de crer que é assim não há outra forma de entender este texto de Paulo.

E Deus nos escolheu para salvação não porque Ele viu em nós algum mérito. Deus nunca escolheu uma pessoa por si mesma, nunca olhou para qualquer um dos eleitos de forma isolada, antes, Ele viu cada eleito em Cristo, ou seja, na obra que Cristo realizaria no futuro pelos eleitos de Deus. É isso que a Bíblia quer nos transmitir quando diz:

E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8).

João está dizendo sobre a besta que será adorada por aqueles que não foram eleitos, por aqueles cujos nomes não se encontram no Livro da Vida, no qual estão registrados os nomes dos eleitos de Deus. Nesta oportunidade ele diz que Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, foi morto desde a fundação do mundo. Ou seja, a sua morte, o seu sacrifício estavam planejados desde lá. E Pedro diz:

Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus (1 Pd 1.18-21).

A redenção em Cristo foi manifestada nos dias de Pedro e hoje eu e você podemos ser alcançados por esta redenção proclamada em nossos dias, mas ela foi planejada na eternidade, quando nem Pedro, nem eu e nem você havia nascido ainda. O sangue que nos resgata de nossa vida pecaminosa já foi conhecido antes da fundação do mundo. Desde a eternidade Deus já havia escolhido um povo em Cristo e decretado que Cristo morresse por este povo escolhido. E se Deus escolheu um povo e determinou um salvador para este povo, não há nenhuma razão para duvidar que Deus não execute seu plano ao longo da História.

Deus executou seu plano de salvação quando converteu a Pedro e assim Ele tem executado seu plano de salvação até aos dias hoje e continuará executando até que o último eleito de Deus seja convertido.

02 – NOSSA UNIÃO COM CRISTO EM SUA MORTE E RESSURREIÇÃO:

Tendo sido escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo para sermos salvos, Deus também nos inclui em Cristo durante seu ministério neste mundo. Neste ponto é necessário entender outro assunto que diz respeito à nossa união natural com Adão.

Adão foi o representante da humanidade no Jardim do Éden. A escolha que Adão fizesse afetaria toda a sua descendência, pois ele era o cabeça da raça humana. Adão escolheu a rebelião e a consequência disso é que toda a sua descendência foi envolvida nessa rebelião. Culpar Adão pela escolha dele não adianta nada e não nos livra de nosso envolvimento com ele, pois, diante de Deus, todos nós estávamos em Adão, de tal forma que, quando Adão pecou, todos nós pecamos com ele. Paulo confirma isso quando diz:

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5.12).

E diz ainda:

Visto que a morte veio por um homem ... Porque, assim como, em Adão, todos morrem (! Co 15.21-22).

Todos os homens já nascem com a realidade de estar em Adão. Porém, Deus resolver mandar um segundo Adão. Um novo representante para seus eleitos: Jesus Cristo. E da mesma forma como fomos incluídos por natureza nas atitudes de Adão, também somos incluídos espiritualmente em Cristo. Paulo confirma este ensino quando diz:

Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo (1 Co 15.21-22).

E é isso que a Bíblia nos ensina quando diz que morremos e ressuscitamos com Cristo:

Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado (Rm 6.4-&).

Em nossa União com Cristo nós morremos e ressuscitamos. Michael Horton diz algo interessante sobre isso:

É importante perceber que Cristo não vem para melhorar o antigo eu, guiar e redirecioná-lo para uma vida melhor; Ele vem para nos matar, a fim de nos ressuscitar em novidade de vida.

A morte de Jesus é a nossa morte e a ressurreição de Jesus é a nossa ressurreição, porque tanto na morte como na ressurreição de Cristo nós estávamos ligados a Ele. E tem mais, em Cristo já estamos até mesmo assentados nos lugares celestiais, conforme diz Paulo:

Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,
e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus
(Ef 2.4-7).

Após sua ressurreição Cristo subiu ao céu e lá Ele está desde então. Se estamos unidos a Cristo e Ele está no céu podemos dizer que nós estamos também. Você pode estar se perguntando: Mas como assim? Ainda estou na terra! Sim, mas a vitória de Cristo é a garantia da nossa vitória. Ele venceu por nós. A nossa vitória é a extensão da vitória de Cristo. Por isso que podemos dizer que, espiritualmente, estamos assentados com Cristo no céu. O fato de irmos até lá é só uma questão de tempo.

Nestes textos Paulo demonstra com clareza a nossa união com Cristo. Portanto, ou estamos em Adão ou estamos em Cristo. Se estamos somente em Adão o pecado de Adão é o nosso pecado. Mas se estamos em Cristo a sua justiça é a nossa justiça. A sua vitória é a nossa vitória.

03 – NOSSA UNIÃO COM CRISTO E A VIDA CRISTÃ:

A excelência de nossa vida cristã também depende de nossa união com Cristo. Paulo diz:

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co 5.17).

Em Cristo somos nova criatura e as coisas antigas ficam para trás somente porque foram anuladas na cruz de Cristo. A nova vida que o cristão desfruta depois de sua conversão não tem origem ou desenvolvimento em si mesma, pois ela depende exclusivamente de estar unida com Cristo.

Esta novidade de vida é porque, pela ressurreição de Cristo, podemos desfrutar de uma vida de ressurretos também, pois estávamos mortos no pecado de Adão, mas como morremos com Cristo nossa velha vida terminou nele, e como também ressuscitamos com Ele nossa nova vida começa nele. Por isso a razão de nossa existência hoje já não é mais a vida terrena, mas a vida do Espírito que nos é dada em Cristo.

Estar em Cristo, portanto, é a base de nossa existência como cristãos, pois não existimos mais independentemente. Existimos em Cristo, como se nossa existência se misturasse com a dele. Não é que somos Cristo, mas sim que estamos em Cristo. Justamente por isso que Paulo disse:

Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2.20).

Esta é uma expressão maravilhosa. E por que é importante que Cristo viva em mim? Porque quando Cristo vive em mim Deus não olha para minhas obras, olha para as obras de Cristo. Deus não olha para os meus pecados, olha para a justiça de Cristo. Quando deus olha para mim Ele vê a Cristo. Por isso que o cristianismo não é uma religião, mas uma única pessoa: Jesus Cristo. E todos os que nele crê fazem parte de Cristo. É isso que João quer ensinar quando diz:

E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida (1 Jo 5.11-12).

É simples assim. Ter a vida eterna basta apenas ter o Filho de Deus. A vida cristã é viver a vida de Cristo unido a Ele. Portanto, viver o cristianismo não é questão apenas de tentar fazer o que Cristo mandou ou seguir ao seu exemplo, mas sim é questão de ter o Filho de Deus e viver unido a Ele. Toda expectativa de nossa vida provém do fato de Cristo estar em nós. Essa habitação de Cristo em nós é o segredo da vida cristã.

04 – NOSSA UNIÃO COM CRISTO EM TODO O PROCESSO DE SALVAÇÃO:

A salvação é um processo de Deus em que a Trindade Santa realiza em nós e são diversos elementos que compõem este processo, existindo nele coisas que Deus faz na vida daquele que crê. E cada etapa de nossa salvação depende de Cristo, pois todas elas são realizadas em Cristo. Portanto, todo o processo de salvação acontece unicamente por meio de nossa união com Cristo. Calvino diz em as Institutas:

Enquanto Jesus permanecer exterior a nós, e estivermos separados dele, tudo o que Ele sofreu e fez para a salvação da raça humana permanece inútil e sem qualquer valor para nós.

A Igreja é comparada à Noiva do Cordeiro, pois estamos unidos a Cristo como em um casamento. John Gerstner usa esta ilustração do casamento para demonstrar como os benefícios de Cristo chegam até nós por causa de nossa união com Ele:

Sendo a Igreja casada com Cristo, tudo que é dele passa a ser de sua esposa. Uma esposa torna-se coerdeira de tudo que pertence ao esposo simplesmente por ser sua esposa, por sua união com ele pelo casamento.

Portanto, todas as bênçãos espirituais de Cristo são nossas em nossa união com Ele. E Bavinck diz:

Para ser aceito diante de Deus, para ser livre de toda culpa e punição e para desfrutar da glória de Deus e da vida eterna, nós temos que ter Cristo, não algo dele, mas o próprio Cristo.

E quais são estas etapas que ocorre em nossa salvação por estarmos unidos a Cristo?

a) A regeneração em Cristo:

Regeneração ou o novo nascimento é o ato divino pelo qual o Senhor traz alguém à vida pela união com Cristo. Desta forma, alguém que estava espiritualmente morto passa a estar espiritualmente vivo. Paulo confirma isso quando diz:

Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos Ef 2.4-5).

Esse ato de dar vida ao que estava morto é o que produz regeneração ou novo nascimento. É o nascer do Espírito anunciado por Jesus à Nicodemos. E observe que Paulo diz que isso aconteceu juntamente com Cristo. Isso quer dizer que estávamos espiritualmente mortos, mas, em um dado momento, Deus nos tornou espiritualmente vivos ao compartilharmos a vida de Cristo. Portanto, a regeneração acontece em Cristo.

b) A justificação em Cristo:

Justificação é o ato divino pelo qual Deus atribui àquele que crê a justiça de Cristo, de maneira que o pecador passa a ser declarado justo, e passa a ser visto assim por Deus. Paulo diz:

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21).

Mais uma vez Paulo nos inclui em Cristo ao usar a expressão “nele”. Em Cristo fomos feitos justos, de tal forma que nossa justificação depende inteiramente de nossa união com Cristo. Quanto a isso Horton diz:

Somente Cristo possuía em sí mesmo, em sua essência tanto quanto em suas ações, a justiça que Deus requer da humanidade. Portanto, somente por meio da união com Cristo pode o crente gozar da identidade de pertencer a Deus.

c) A adoção em Cristo:

Aquele que crê se torna filho de Deus. O Senhor nos adota como filhos por meio de Cristo Jesus. Paulo diz:

Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.4-5).

Mais uma vez, em mais uma etapa Paulo nos inclui em Cristo. Note que a adoção foi decretada na eternidade e consumada no tempo. Quanto a isso Paulo diz:

Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo; vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus (Gl 4.3-7).

Somos filhos em Cristo porque temos o Espírito de Cristo em nós. E Paulo diz que se somos filhos somos também herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo.

d) A santificação em Cristo:

Santificação é a atividade do Espírito pelo qual o crente é renovado dia a dia em conformidade com a imagem de Deus. É o ato de abandonar os pecados para viver em pureza na presença de Deus. Paulo diz:

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1 Co 1.30-31).

Além da justiça que temos em Cristo, Paulo também diz que Cristo é nossa santificação. A santificação não é algo que conseguimos por nós mesmos, como muitos pensam. Sei que é difícil entender e aceitar isso, mas embora inclua nossos esforços, a santificação é algo que só pode ser encontrado em Cristo. Nos escritos de João, Jesus deixou bem claro que dependeríamos dele para podermos fazer alguma coisa. João escreveu:

Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.3-5).

Nada somos sem Cristo e nada podemos fazer sem Ele. Somente em Cristo podemos ser santos.

e) A perseverança em Cristo:

Perseverança é a atitude de permanecer fiel até ao fim, capacitado pelo Espírito santo. E podemos perseverar até o fim somente se estivermos em Cristo. Paulo diz:

Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38-39).

Paulo está tratando sobre as dificuldades da vida presente, quando o cristão deseja ser fiel a Deus ante às dificuldades da vida. Seu argumento é que devemos permanecer fiéis mesmo em meio às tribulações da vida porque elas não podem nos separar do amor de Deus. E por que? Porque este amor de Deus está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Somente em Cristo encontramos o amor de Deus que não vai permitir que sejamos perdidos, pois desse amor nada poderá nos separar. Isso é promessa do próprio Senhor que disse:

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora (Jo 6.37).

Estamos seguros em Cristo.

CONCLUSÃO:

A nossa salvação, em todos os sentidos, depende inteiramente de nossa união com Cristo. Nele nós fomos eleitos, regenerados, justificados, santificados e guardados. É como Horton diz que a união com Cristo é a roda que une os aros da salvação e os mantém em perspectiva apropriada. Cristo é o maior tesouro que podemos ter, pois nada se compara aos benefícios que temos nele em função de estarmos ligados a Ele. E a união com Cristo é algo possibilitado a nós exclusivamente pela graça de Deus.

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Revista Expressão: A Essência da Fé. Autor: Leandro Antônio de Lima. Editora Cultura Crista

Michael Horton. União com Cristo. Em “Cristo o Senhor”. Org. Michael Horton. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, p. 105,106, 108.

João Calvino. As Institutas. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985.

John H. Gerstner. A Natureza da Fé Justificadora. Em Justificação Pela Fé Somente. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, P. 33.

Hermann Bavinck. Teologia Sistemática. São Paulo: SOCEP, 2001, p.499.