Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

SALVAÇÃO PELA GRAÇA MEDIANTE A FÉ

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9).

Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (Rm 3.19-26,28).

INTRODUÇÃO:

A salvação em Cristo é o bem mais precioso que existe. Ela é totalmente gratuita, a despeito de seu valor e de todas as tentativas humanas de merecê-la. Ter méritos pessoais na salvação é uma velha ilusão humana, fruto de velhas tradições do homem e infundadas na Palavra de Deus, que ensina claramente que a salvação do homem é somente pela graça de Deus mediante a fé, não de obras para que nenhum ser humano se vanglorie diante de Deus.

Entender o projeto de Deus para a salvação do homem ajuda a compreender o porquê da atribuição absoluta da graça de Deus na salvação. A Bíblia fala da culpa universal dos seres humanos pós-queda, de como ele é pecador e carente da glória de Deus e de como ele está irremediavelmente perdido. Fala também da ira de Deus que se manifesta contra todo pecado e não pode deixar de punir o culpado. Diante da impossibilidade do homem de salvar-se a si mesmo, Deus arquiteta um plano para salvá-lo e lhe faz uma proposta pública expondo a ele o caminho da salvação. Essa proposta foi a entrega de Seu Filho Unigênito como propiciação pelos pecados do homem, o que traz a ideia de justificar o homem e aplacar a ira divina. E foi exatamente isso que Jesus fez lá na cruz do Calvário. Ele desviou a ira de Deus de sobre nós e atraiu-a para si mesmo. Jesus tomou sobre si a nossa culpa, justifica-nos diante de Deus e assim somos inocentados, perdoados e salvos.

Apesar da salvação ser totalmente gratuita, não falta quem tenta achar um jeitinho de ser salvo sem precisar demonstrar justiça pessoal conquistada em Cristo. Nunca faltaram heresias na história da Igreja que oferecesse um caminho mais curto para o Céu. Por um lado, tem alguns que pregam a salvação pelo legalismo, destacando uma participação do homem em seu processo de salvação, enquanto que por outro lado alguns pavimentam o estreito e apertado caminho que conduz à salvação a fim de torna-lo razoavelmente confortável e extremamente fácil. Mas não é assim que a Bíblia nos ensina. Ela ensina que:

01 – NÃO EXISTE ATALHO PARA O CÉU:

Jesus deixou isso muito claro quando esteve por aqui em sua dolorosa missão de justificar o homem diante de Deus, remindo-o de seus pecados que o condena. Ele disse:

Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).

Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6.44).

E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido (Jo 6.65).

Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11.27).

Pense na lógica da questão: Se houvesse outro caminho, outra forma de salvação, você acha que Deus teria feito o que fez? Acha que o preço que Cristo pagou pelo nosso resgate foi pouco? Acha que foi uma negociação fácil? Se houvesse um anjo ou qualquer ser humano capaz de satisfazer a justiça de Deus, certamente Ele não teria escolhido Seu único Filho para esta árdua tarefa. Deus fez o caminho de volta até Ele e o homem, sob a influência do diabo, prepara atalhos que satisfaz a sua soberba em sua participação na salvação, mas estes caminhos tortuosos jamais o conduzirá até Deus. São alguns destes atalhos:

a) O sistema das indulgências:

Este é um sistema criado pelo catolicismo medieval e ele supostamente facilitava bastante a salvação dos pecadores. Segundo a doutrina católica, para se obter o perdão dos pecados era necessário seguir uma ordem. Primeiro o arrependimento interno, depois a confissão perante um sacerdote, e por fim, a penitência, que era uma espécie de reparação pelo erro cometido e que dependia da gravidade da falta. Note neste procedimento a ausência da graça de Deus, a inutilidade da fé e a participação humana na penitência. Notem também que a absolvição era sacerdotal, ou seja, aplicada por um homem. E a Bíblia nos ensina que: Todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23). Não há exceção nesta menção para qualquer ser humano.

Entretanto, o perdão pelas indulgências se estendia apenas às consequências eternas do pecado, ou seja, a única coisa que ele conseguia era libertar o culpado do inferno, justamente aquilo que Cristo conquistou na cruz e nada mais precisava ser feito a não ser crer nele:

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3.16-18).

Era assim que a igreja deveria ensinar ao povo, mas para enaltecer a seus líderes e tornar o povo subjugado a eles, criou-se atalhos que não conduz a Deus e nem salva o homem, pois se anula o sacrifício de Cristo na cruz e o torna dispensável.

As indulgências foram inicialmente usadas nas Cruzadas, em que os soldados lutavam em troca da remissão para si e para seus familiares, mas com o tempo achou-se uma forma mais lucrativa de aplica-las, pois começou-se a vende-las por uma boa quantia de dinheiro. Andava-se pelas ruas anunciando que, quando a moeda caia no cofre, e se ouvia o seu tilintar, naquele exato instante saia do purgatório a alma em favor de quem se havia comprado a indulgência e ia diretamente para o Céu.

Para o povo, em um tempo em que a igreja pregava ser tão difícil conseguir a salvação pessoal, aquela era uma rara oportunidade de adquirir a salvação. Não era por acaso que multidões se arrastavam atrás dos vendedores de indulgências. Afinal, comprar com um pouco de dinheiro algo que não tinha preço, na visão do povo era um excelente negócio. Mas caso você pudesse comprar a sua absolvição, estaria anulando o preço que Cristo pagou lá na cruz pelos nossos pecados.

b) O purgatório:

O purgatório é outro atalho até o Céu criado pelo homem. Ensina-se que o purgatório era um local intermediário entre o Céu e o inferno, onde aqueles que não haviam sido maus o suficiente para irem ao inferno e nem bons o bastante para irem diretamente para o Céu ficavam por algum tempo até serem purgados os seus pecados. Tal ensino é totalmente desencontrado pela Escrituras Sagradas que ensina que há dois únicos caminhos para o homem após a sua morte. Jesus deixou isso muito bem claro quando disse:

Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela (Mt 7.13,14).

Somente estes dois caminhos foi apresentado ao homem por Jesus Cristo. Os demais são invenções humanas. Além do mais, oportunidade de salvação existe somente nesta vida. O convite de Deus para o homem crer e aceitar a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador é para ser ouvido enquanto se está vivo. O chamado para a salvação é coletivo, mas a decisão é pessoal. A morte significa a decretação final de qualquer oportunidade de salvação. Depois dela não há mais nada o que se fazer para mudar o destino do indivíduo. É isso que a Bíblia ensina quando diz:

E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo (Hb 9.27).

E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu (Ec 12.7).

Depois da morte tudo que resta é o juízo de Deus. Se depois da morte houvesse possibilidade de mudança anularia a fé, pois que sentido teria a fé depois de você contemplar o além? É justamente a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não veem (Rm 11.1) que explica a fé.

c) A intermediação de santos:

Este é outro atalho criado pelo homem no caminho até Deus. Segundo este ensino, os santos estão conscientes no Céu e sabem o que se passa aqui na Terra, pois se encontram em um grau superior ao nosso. Portanto, você pode orar a eles e eles podem intermediar com Deus. Realmente, todos os que estão no Céu estão conscientes, não estão nem dormindo e nem em estado vegetativo, mas nada mais sabem do que se passa por aqui, pois estão limitados quanto ao tempo e espaço, pois somente Deus não é ilimitado quanto ao tempo e ao espaço. Jesus, para nos ensinar sobre isso, contou a parábola do homem rido e Lázaro. Estando no inferno após sua morte, o homem rico pediu:

Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama (Lc 16.24).

Deus refutou a este pedido, mencionando que o estado da alma depois da morte é inalterável. Aquele homem faz, então, um outro pedido:

Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos (Lc 16.27-29).

Deus descarta qualquer intermediação e intervenção de qualquer um, além dele, no relacionamento entre os vivos e os mortos, entre o Céu e a Terra. E Jesus explica o porquê desta impossibilidade:

E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós (Lc 16.26).

Esta linha do tempo e do espaço só pode ser ultrapassada por Deus e seus anjos, quando estes são enviados por Ele para determinadas missões.

Para que possa haver intermediação dos santos é necessário responder positivamente alguns questionamentos: Os santos podem realmente ouvir as orações realizadas a eles aqui na Terra? Eles podem ouvir a todos instanteneamente e até intimamente nas orações silenciosas? Isso demanda poder. Será que há neles este poder? Este poder pertence tão somente a Deus e assim Ele diz quanto a isso:

Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura (Is 42.8).

A glória de ser digno de toda adoração pertence somente a Deus. Somente a Ele nossos joelhos podem se dobrar. João, um dia, prostrou-se diante de um anjo. Veja qual foi a reação deste anjo diante daquela situação:

Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus (Ap 22.8,9).

E olha que os anjos são seres muito superiores a nós. Todos nós, independente de quanto somos santificados, somos limitados no tempo e no espaço, sendo somente Deus ilimitado. Outro questionamento é: Existe intermediação entre o Céu e a Terra além do próprio Deus e de seus anjos que são enviados por Ele com missões específicas? Ou seja, os santos podem realizar esta intermediação? A Bíblia apresenta apenas um único que pode realizar esta intermediação:

Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos (1 Tm 2.5,6).

Jesus conquistou isso com sua morte na cruz do Calvário quando derramou seu precioso sangue para nos remir. Se outro pudesse fazer isso, Jesus não teria pago tão alto preço.

Resumindo, para que qualquer santo, por maior que ele seja, para ouvir as orações de seus súditos aqui na Terra ele teria que ser onisciente e onipresente. Para um santo morto atender as orações de alguém, muitas vezes até mesmo em seu inconsciente, ele sem dúvida deve ter o atributo da onisciência. E para um santo morto ouvir as orações de pessoas que rezam a eles, simultaneamente, no Brasil, na Arábia, no Cazaquistão, na China e etc., eles devem estar cientes do que acontece em todos os lugares ao mesmo tempo, tendo assim o atributo da onipresença.

Contudo, estas características são atributos exclusivos do Todo-Poderoso. Só Deus pode atender várias orações ao mesmo tempo, pois isto é intrínseco à sua divindade. E não se esqueça da doutrina da Trindade, em que Deus é um só, mas que subsiste em três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Portanto, Jesus é um Ser Divino. Ele é Deus na mesma plenitude do Pai. Ele sim pode intermediar entre Deus e os homens porque Ele é Onisciente e Onipresente. O que passar disso cai na linha da idolatria.

Por fim, com a morte de Cristo na cruz, temos livre acesso ao Pai, pois quando Cristo morreu o véu do santuário foi rasgado ao meio, significando que um novo e vivo caminho para a presença de Deus estava aberto. Nada mais nos impede de chegarmos ao Pai! Temos livre acesso ao Pai mediante a morte redentora de Cristo Jesus por nós. Não precisamos passar por nenhum santo para isso, pois o véu que separava já não separa mais.

Todos estes atalhos existem somente por causa da falta de entendimento de como funciona a salvação e de qual é a natureza do evangelho. O homem não entende ou não quer entender que a salvação é pela graça, tornando-a a mais onerosa tarefa que o ser humano pode realizar.

02 – A SALVAÇÃO DO HOMEM PROVIDENCIADA POR DEUS:

A salvação de Deus para o homem não é nenhum atalho e nem um plano de emergência por algo ter dado errado, mas é um procedimento eficaz, eficiente e com custo zero para o justificado, para que este não tenha nenhum motivo de vangloriar-se, mas tão somente bendizer a Deus por tão grande salvação. Isso que Paulo quer dizer quando falou:

Tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3.26).

Todo mérito de nossa salvação está em Deus. O homem não tem condições para qualquer participação em todo seu procedimento. Não existe nem um único motivo para o homem se vangloriar diante de Deus pela sua salvação. E os homens são alcançados por esta salvação mediante algo que jamais pode ser excluído:

a) A salvação é concebida mediante a fé:

Ao contrário do que se pensava na Idade Média e muitos ainda pensam hoje, justiça não se compra, nem se conquista por meio de obras. Justiça se ganha! E o meio de ser alcançado por esta justiça, que não é uma justiça qualquer, é a fé, que é o único requisito exigido de Deus ao homem para que este seja salvo. Quando o carcereiro de Filipos jogou-se desesperado aos pés de Paulo e Silas na prisão, suplicando como poderia ser salvo, eles lhe responderam: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa (At 16.31). E na mais famosa declaração de Paulo sobre a salvação, ele diz:

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9).

Por isso que os reformadores apregoavam o Sola Fide (Só a fé), pois é só pela fé que podemos ser salvos. Mas nem todo tipo de fé salva. Há uma fé que não serve para nada, que não produz coisa alguma na vida daquele que, supostamente, crê. A Bíblia assim diz sobre esta fé:

Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta (Tg 2.26).

Paulo diz que somos salvos pela graça de Deus independente de obras. Tiago aqui relaciona a fé com as obras no sentido de que quem tem fé tem obras. Ele apresenta as obras como consequência da fé, pois antes das obras vem a fé. Neste texto, Tiago não está dizendo que a justifica de Deus vem pelas obras, mas ele está respondendo a uma questão:

Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante (Tg 2.20)?

Tiago não está falando de justificação, ele está falando a respeito do requisito exigido por Deus que é a fé. E ele estava tão convicto de que não é possível ter fé sem ter obras que desafia:

Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé (Tg 2.18).

Observe que ele aqui classificou a fé em dois tipos. E temos na Bíblia uma demonstração desses dois tipos de fé. Para aqueles que possuem a fé salvadora, será dito:

Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (Mt 25.34).

E por que lhes estavam sendo dada a posse do Reino de Deus? Jesus diz:

Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me (Mt 25.35,36).

Primeiro eles creram, e consequentemente reagiram a esta fé com obras. Mas para o outro grupo de fé será dito:

Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (mt 25.41).

E por que estes, apesar da fé, não foram justificados? Jesus diz:

Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me (Mt 25.42,43).

A fé que aqueles tinham era uma fé inútil, infrutífera, morta, porque não tinham obras. E você pode falar: Mas estes não tinham fé. Tinham sim! Eram convictos de que estavam no caminho certo. Em outro momento Jesus confirma isso quando diz:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade (Mt 7.21-23).

Estes eram os que ouviam a Jesus, creram nele, mas não praticavam suas palavras. Ou seja, tinham uma fé improdutiva. Jesus diz que quem tem a fé salvadora obtém outro resultado:

Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada (Jo 14.23).

Portanto, a fé salvadora é uma fé que produz diferença na vida daquele que crê. Ela não é uma fé que se orgulha de suas obras e nem de sua capacidade de crer. Somente possui a fé salvadora quem reconhece perante Deus seu estado de completa inaptidão para agradá-lo e sua absoluta incapacidade de conquistar a salvação e a vida eterna. Quem tem uma fé assim, recebe a justiça que garante a salvação nos moldes da graça de Deus.

b) A salvação é ofertada a todos:

Apesar de nem todos serem salvos, a salvação é para todos. A justiça de Deus, conquistada e manifestada em Cristo é oferecida a todos os homens e não somente a um grupo especial de pessoas que desempenham essa ou aquela tarefa. Essa verdade reflete a vontade de Deus:

Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.3,4).

Paulo não está dizendo que todos são salvos, mas que Deus deseja que todos sejam salvos. Para Deus não há distinção de raça, mas todos se encontram em uma mesma situação: Decaídos!

Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus Rm 3.22,23).

E Deus não faz distinção entre pecado e pecadores:

Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos (Tg 2.10).

A lei jamais será capaz de justificar o homem. No tempo das Cruzadas, o Papa concedia indulgências a todos que lutassem pelo cristianismo contra os muçulmanos e também aos que a comprassem com dinheiro, sendo que havia diferença de preço entre um perdão e outro. Entretanto, a Bíblia ensina que para Deus não há diferenças entre pecados. Mas a notícia maravilhosa é que todos podem ser salvos e que Deus não faz distinção entre pecadores escolhendo os mais bonzinhos. Você pode estar perguntando: Então todos são salvos? Não! A fé salvadora em Jesus Cristo garante a salvação para todos, mas quem são estes todos? São aqueles que creem em Jesus Cristo:

Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus Rm 3.22,23).

E temos ainda a famosa declaração de João que diz:

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome (Jo 1.12).

Todos são criaturas de Deus, mas nem todos podem ser chamados de seus filhos. O convite da salvação é estendido a todos, exigindo de seus ouvintes uma reação: A fé! Mas nem todos aceitam o convite e são justificados diante de Deus, mas somente aqueles que foram capacitados por Deus a crer e crer com a fé salvadora. Os demais continuam em seu estado decaído. É neste ponto em que haverá, na volta de Cristo, a separação entre as ovelhas e os cabritos. E quais são as qualidades que distinguem estes dois grupos?

Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito (Jo 3.5,6).

E João, quando distinguiu entre aqueles que são criaturas de Deus e os que são seus filhos, complementa dizendo quem é que são os filhos:

Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1.13).

Os filhos são aqueles que nasceram de Deus. E Paulo fala da transformação que ocorre naqueles que nascem de Deus e se tornam seus filhos:

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co 5.17).

Todos nós nascemos na carne um dia quando fomos concebidos, mas nascemos no espírito somente quando e se crermos em Jesus Cristo com a fé salvadora. Todos nós estamos em igualdade diante de Deus: Pecadores e absolutamente indignos da salvação, mas pela graça de Deus podemos ser alcançados e sermos salvos mediante a fé.

Não existe absolutamente nada que você possa fazer para ser justificado e salvo a não ser crer em Jesus Cristo. Não se iluda! Não confie seu bem mais precioso, que é a sua alma, a nenhum ser humano, pois seja ele quem for se encontra em uma mesma igualdade com você, precisando tanto quanto você de também ser justificado por Deus. De nada adianta um sacerdote humano te absorver se você não for absolvido diante de Deus por Jesus Cristo. Mas aleluia! Também de nada adianta qualquer pessoa te condenar se você foi justificado diante de Deus.

c) A salvação é totalmente de graça:

A parte mais difícil do homem entender e aceitar é a gratuidade da salvação. É muito difícil para ele conceber a ideia de que ele não tenha nenhuma participação na salvação, afinal, ela é mediante a fé e fé sou eu quem sinto, logo, a fé é um mérito meu, algo como uma obra minha. Contudo, a Bíblia diz que a salvação não é conquistada, mas sim recebida gratuitamente. Paulo diz que todos os homens são pecadores, ou seja, estão mortos em seus delitos e pecados, e quem está morto não consegue fazer nada por si mesmo. Por isso que ele diz:

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais (Ef 2.1-3).

Preste muita atenção a este texto e veja como que Paulo nos coloca em uma situação completamente inerte quanto a nossa disposição para buscar a Deus. Paulo está nos dizendo que a nossa desgraça está em nossa essência. Ele mesmo se inclui na impossibilidade de buscar a Deus por si só, por um despertar íntimo de seu coração ligado a sua própria vontade, mencionando o que éramos antes de sermos despertados pelo Espírito Santo. Depois de falar da impossibilidade humana de realizar qualquer obra meritória para sua salvação, ele diz:

Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.4-9).

Em Romanos ele diz:

Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.24).

Todo mérito da salvação pertence a Deus. Desde o momento em que você teve fé e através dela foste justificado em Cristo. Você não teve fé por iniciativa própria, porque estava morto, antes, teve fé porque foi despertado pelo toque do Espírito Santo que agiu em meio a sua impossibilidade de voltar-se para Deus. Na salvação não realizamos uma troca com Deus. Não oferecemos a Ele a nossa fé recebendo em troca a salvação, pois tudo o que acontece em relação a nossa salvação é regido pela palavra “gratuitamente”.

Para esclarecer bem isso vou lhe citar um exemplo. Se alguém lhe oferecer algo preciosíssimo, de elevado valor que você não tem como pagar e este alguém lhe der essa coisa, então você ganhou de graça; foi um presente. Mas se alguém lhe oferecer algo valiosíssimo, por um valor que você não pode pagar, mas este lhe oferece por um centavo e você paga, não é mais de graça. Pode ser muito barato, mas não é mais de graça. Você pagou por ele. É justamente isso que acontece em nossa salvação. Não contribuímos com absolutamente nada. Isso que Paulo quer nos dizer quando fala:

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8-9).

Todo mérito de nossa salvação pertence a Deus. Estávamos mortos espiritualmente, o que significa nossa inaptidão para sentir e fazer qualquer coisa. E nesta situação Deus nos deu vida e esse ato de dar vida significa capacitar o ser humano a crer e finalmente poder ser salvo. Portanto, a fé não é um mérito seu, mas ela faz parte do pacote da salvação. E este pacote você recebe gratuitamente de Deus.

03 – A NOSSA CONTA PARA COM DEUS FOI PAGA POR JESUS CRISTO:

Não é nosso dinheiro, nem nossas boas ações que garantem nossa salvação, mas tão somente o sacrifício de Jesus Cristo. João Batista, quando viu a Jesus pela primeira vez, disse:

No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29)!

Deus não perdoa o pecador sem que a conta pelo pecado seja quitada. Alguém precisava pagar a conta e Deus propôs que esse alguém fosse Jesus Cristo, seu único Filho. Podemos ser salvos porque há uma redenção em Jesus Cristo providenciada por Deus. Essa redenção Deus propôs que fosse feita por meio do sangue de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus. Esse direito é exclusivo de Jesus, tanto que o autor de Atos diz:

E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos At 4.12).

Cristo realizou um único sacrifício e este sacrifício foi perfeito, completo e suficiente. Através dele Jesus se tornou a ponte entre nós e Deus. Sua cruz liga os Céus à Terra e atravessa o imenso abismo que havia entre Deus e nós. Portanto, pensar na salvação sem pensar exclusivamente na obra de Jesus é afrontar a Deus, pois Ele investiu tudo de si mesmo para salvar o homem. Ele providenciou e executou o mais perfeito plano de salvação e o homem não teve e nem tem qualquer participação nesse procedimento. Deus oferece a salvação gratuitamente a todo aquele que crê. Entretanto, o fato de a salvação ser de graça, não significa que ela tenha custado barato e nem que seja fácil, pois custou a personificação de Jesus Cristo e sua morte na cruz.

Devemos eliminar de nossa mente toda ideia de que de alguma maneira podemos colaborar para o processo da salvação. Nosso dinheiro não pode comprar a salvação e nossas boas obras são inúteis para garantir a salvação. Quem não for salvo pela graça, não poderá ser salvo de maneira alguma.

Falar da salvação somente pela graça mediante a fé dentro dos moldes bíblicos é muito impopular, pois dizer que o homem não tem poder algum para se salvar é algo inaceitável para aquele que quer conquistar a salvação por elas mesmas. Não é nada fácil ao ser humano reconhecer sua completa incapacidade de crer por si só e descansar em Jesus Cristo. É por isso que a salvação é ao mesmo tempo de graça e a mais difícil de ser obtida.

CONCLUSÃO:

A Bíblia nos ensina que a graça de Deus abarca todo o procedimento de salvação sem qualquer participação do ser humano, sendo ela toda uma obra exclusivamente divina. A fé é o instrumento humano que se apropria da bênção de Deus que é a salvação, mas mesmo nessa fé não há mérito algum no homem, pois ela não é originária no homem, mas totalmente em Deus. Que Deus te abençoe e lhe capacite a crer com a fé salvadora! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com