Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

COMO LIDAR COM A DOR E O SOFRIMENTO


13  Sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam e bebiam vinho na casa do irmão primogênito,
14  que veio um mensageiro a Jó e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pasciam junto a eles;
15  de repente, deram sobre eles os sabeus, e os levaram, e mataram aos servos a fio de espada; só eu escapei, para trazer-te a nova.
16  Falava este ainda quando veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos, e os consumiu; só eu escapei, para trazer-te a nova.
17  Falava este ainda quando veio outro e disse: Dividiram-se os caldeus em três bandos, deram sobre os camelos, os levaram e mataram aos servos a fio de espada; só eu escapei, para trazer-te a nova.
18  Também este falava ainda quando veio outro e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa do irmão primogênito,
19  eis que se levantou grande vento do lado do deserto e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre eles, e morreram; só eu escapei, para trazer-te a nova.
20 Então, Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou;
21  e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR!
22  Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma (Jó 1.13-22.
INTRODUÇÃO
Todos, sem exceção, vivenciamos a dor e o sofrimento em muitos momentos da vida. Neste ponto não há distinção entre um e outro, pois todos nós estamos susceptíveis à dor e ao sofrimento, independente de nossa situação social. Mark W. Baker, em seu livro: Como Deus cura a dor, diz:
Sofrer não é uma opção, pois muitas vezes o sofrimento se impõe.
Então, se estamos procurando uma solução para a dor e o sofrimento que nos aflige, temos que descartar a possibilidade de sua eliminação da nossa vida, por mais que venhamos a implorar isso a Deus, porque a dor e o sofrimento na vida são inevitáveis; a distinção que existe entre uns e outros neste ponto é a forma como lidamos com eles. Mark Baker diz:
Mas a forma de sofrer é uma escolha nossa. Contudo, independente da forma escolhida, devemos aprender a melhor maneira de sofrer se quisermos fazer da dor uma ferramenta para o nosso crescimento.
Deus, na Sua infinita graça e sabedoria dá-nos a capacidade de lidar com a dor. Contudo, quando nos aproximamos de Deus com a nossa dor devemos estar conscientes de que os seus métodos de cura nem sempre são aqueles com os quais contamos e seu agir nem sempre é da forma como queremos. Aprender como Deus lida com a nossa dor é um passo muito importante para a superação do nosso sofrimento e com certeza isso vai promover nosso crescimento e nossa felicidade, pois apesar de nos surpreendermos com os métodos sublimes de Deus, o poder curativo de seu amor é inquestionável, não sendo encontrado remédio melhor.
01 – A DOR PROVOCA EM NÓS PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES
Qual a consequência do sofrimento na vida? Responder a essa pergunta talvez seja até fácil, o difícil é esclarecer sua resposta para quem está afetado por algum trauma. Noemi saiu de sua terra natal e foi peregrinar em uma terra estranha por causa da fome com seu marido e seus dois únicos filhos. Lá morreram seu marido e também seus filhos. Transtornada pela dor volta a sua terra natal e diz:
Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara (que quer dizer águas amargas), porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso (Rt 1.20).
Palavras de uma mulher traumatizada, transtornada pela dor. O Apóstolo Paulo foi um homem que soube o que é sofrer. Homem que era perseguido e maltratado por causa do Evangelho por onde quer que fosse. Mas este homem, apesar de todo seu sofrimento dizia:
Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo (Fp 3.7).
Dois exemplos, dois resultados diferentes. Fato é que o sofrimento pode nos transformar em uma pessoa tanto melhor como pior. Conheço muitas pessoas vitoriosas, de caráter (este lapidado pelo sofrimento), mas também conheço muitas que se tornaram amargas por causa da dor, consequências de algum trauma sofrido na vida. Difícil entender as implicações da dor e do sofrimento em nossas vidas. Mark Baker, diz:
A dor é uma força poderosa que nos empurra para uma determinada direção. Ela pode nos guiar para a maturidade e a sabedoria ou para o desespero e a alienação.
O caminho a seguir depende da decisão tomada diante da dor. Mas isso não torna o sofrimento um vilão, em algo totalmente maléfico para a vida. Tiago confirma isso quando diz:
Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança (Tg 1.2,3).
As palavras de Tiago vão contra a maioria de nossas orações. Apreciamos mesmo é o “livra-nos do mal” (Mt 6.13). Apesar de odiarmos sofrer, Tiago fala o quanto o sofrimento pode beneficiar nossa formação. Portanto, não é o fato de sofrer que nos torna uma pessoa feliz ou amarga, mas as atitudes que tomamos diante do sofrimento farão o diferencial na transformação que a dor gerará em nossa vida. Nosso posicionamento diante da dor fará toda a diferença. Não temos a opção de escolha no tipo de sofrimento para enfrentar na vida, mas podemos escolher a direção a seguir na hora da dor. E o que fazer na hora da dor para ir na direção certa?
A) Lembre-se de que não estás sozinho
Sentir-se abandonado por Deus na hora do sofrimento é quase que impossível, todavia este sentimento nem sempre é uma declaração de falta de fé, pois ele pode ser um sentimento natural de um ser decaído e incapaz, no qual se tornou o homem sem Deus, mas também um sentimento que demonstra nossa insegurança e nossos medos diante de um gigante que é a dor e o sofrimento. Este sentimento nos faz sentir sozinhos e abandonados à mercê de nossa dor e esta sensação de solidão nos leva ao desespero. Creio que nenhuma palavra expressa o mais completo abandono quanto às ditas por Jesus na cruz quando disse:
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste (Mt 27.46)?
Jesus assim bradou porque se sentiu sozinho naquela cruz. E isso aconteceu porque, naquele momento, Ele estava nos representando em sua missão de resgatar o homem perdido, algo que somente Ele poderia fazê-lo. Portanto, se em algum momento de dor você já se sentiu sozinho e abandonado lembre-se de que o próprio Senhor Jesus já experimentou esse tipo de dor e, por isso, Ele saberá o que fazer e como ajuda-lo.
Apesar de sentir-se desamparado e só na hora do sofrimento ser um sentimento natural de um ser que tem grande tendência de viver se lamuriando diante de Deus, precisamos lidar com ele corretamente, porque certamente conseguiremos superar a dor, desde que não estivermos atravessando sozinho o deserto árido do sofrimento. A coisa mais importante que Deus nos concede para que a dor e o sofrimento nos aproximem dele e não nos afaste ainda mais é a sua presença. Davi dizia:
Na minha angústia, invoquei o SENHOR, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos (Sl 18.6).
Davi buscava a presença de Deus na hora do sofrimento e foi socorrido por Ele. E Jó, depois de sua angústia disse:
Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42.5,6).
A presença de Deus na vida destes homens foi o diferencial para suas vitórias. Portanto, quando estiveres sofrendo, volte-se para Deus e deixe que Ele seja a sua força. Não sofra sozinho! Não guarde rancor! Deus não deseja isso e promete estar presente para nos sustentar na hora da tribulação.
B) Não precisa ficar calado diante da dor: Grite
Gritar na hora da dor não é errado e nem pecado. Sofrer calado é muito perigoso! Jó é conhecido pela sua paciência, mas se tem uma coisa que Jó não ficou foi calado diante da dor. Constantemente ele expressava sua dor e seu sofrimento a Deus. Ele dizia:
Os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus (Jó 16.20). Por isso, não reprimirei a boca, falarei na angústia do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma (Jó 7.11).
Davi foi o homem segundo o coração de Deus, mas também não se calou diante da dor. Ele dizia:
Estou cansado de tanto gemer; todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago (Sl 6.6). Por pão tenho comido cinza e misturado com lágrimas a minha bebida (Sl 102.9).
E o profeta Jeremias dizia ao Senhor:
Por que dura a minha dor continuamente, e a minha ferida me dói e não admite cura? Serias tu para mim como ilusório ribeiro, como águas que enganam (Je 15.18)?
Como nos identificamos com Jó, Davi e Jeremias em muitos momentos da vida! Na hora da gratidão expressamos louvor e sentimos Deus nos acolher em seus braços e ouvimos a voz dele falar ao coração, mas na hora do desespero, quando clamamos, às vezes a sensação que temos é de encontrar uma porta fechada e tudo que conseguimos ouvir é o barulho de uma tranca sendo passada na porta. Aí dizemos como o salmista:
Por que, SENHOR, te conservas longe? E te escondes nas horas de tribulação (Sl 10.1)?
O silêncio de Deus nos perturba! A demora de Deus deixa-nos inquietos! A falta de urgência de Deus nos deixa no mais completo desespero! Entretanto, Deus não está inerte, Ele apenas lida com a nossa dor de uma forma que não entendemos e até mesmo não aceitamos no momento, mas no final, quando Deus completa a sua ação, enxergamos o quanto Ele esteve conosco e como nos amparava em todo momento. Só não o víamos por causa do nosso censo de urgência, porque a Bíblia diz que Deus:
Não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro (Sl 22.24).
C) Deus não nos livra da dor, mas nos capacita a lidar com ela
Deus não acaba com o nosso sofrimento, mas nos ampara nas tribulações. Ele faz algo muito melhor que o livramento, ele nos dota de força e de recursos para enfrentar o gigante do sofrimento, porque Ele sabe que este confronto pode nos transformar em pessoas melhores, mais fortes, resistentes, e não destruídos pela dor.
O aprendizado com a dor e o sofrimento é como o desenvolvimento com as frustrações. Quantas vezes na vida não somos afetados pela frustração? Quantas vezes não somos impedidos de atingir as nossas realizações? Quantas vezes não somos bloqueados em nossa motivação por barreiras que surgem ao longo da vida e que nos impede de alcançar nossos objetivos? A frustração causa uma desestruturação emocional em vários níveis que acarreta consequências muito sérias na vida. Mas é a partir das experiências frustradas que mais aprendemos e crescemos na vida. Entretanto, a frustração pode também dominar uma vida e deixa-la completamente sem ação, sem reação e a faz desistir de seus sonhos e a lança na cova da autocomiseração.
Sei que é muito sufocante quando nossas necessidades parecem inesgotáveis, que por mais que lutamos mais elas surgem, sei que não é fácil ter fé quando não sabemos o que esperar, mas não podemos permitir que sejamos dominados pela desesperança, não podemos consentir que o sofrimento nos transforme em pessoas amargas e revoltadas com a vida. Digo que mesmo desanimado e, talvez, revoltado com Deus, precisamos escolher o caminho da vida e não o da morte, o caminho da superação e não o da desistência, porque Deus, de algum modo, nos dará forças para sobreviver. Isso nos colocará em um processo de transformação rumo ao crescimento.
Nossa luta contra a desesperança e a frustração é diária, a convivência com os traumas da vida pode perdurar até ao fim de nossos dias e a coisa mais certa nesta vida são as dificuldades, a dor e muito sofrimento. Que Deus nos capacite a lidar com as mazelas da vida e não permita que venhamos a ficar prostrados no meio do caminho, lamuriando e derrotados pelas tribulações da vida, mas que seu agir em nossas atitudes nos transforme em vencedores e assim venhamos a resistir até a consumação de nossos dias esperando pela vitória final porque ela é certa. Lembre-se de Noemi que passou pelo trauma da fome, da peregrinação, do trauma de perder seu marido, perder seus dois únicos filhos, tanto que quando retornou para sua terra exprimiu a sua amargura com Deus. Mas não muito tempo depois disso, assim lhe falaram:
Então, as mulheres disseram a Noemi: Seja o SENHOR bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste. Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos (Rt 4.14,15).
Aquele neto foi o avô do grande rei Davi. Deus não livrou a Noemi de tremendas dores e fortes sofrimentos, mas tratou dos seus traumas e certamente Ele também quer cuidar dos seus traumas, das suas perdas insubstituíveis. Descanse nele. Não sofra sozinho. Não fique calado na hora da dor, mas clame, implore, suplique, porque Deus não vai te livrar de passar por sofrimentos na vida, mas certamente Ele quer muito estar ao seu lado para te amparar e passar contigo suas tribulações.
02 – A DOR PODE NOS LEVAR A VIVER NO PASSADO E IGNORAR O PRESENTE E O FUTURO
Qual relação pode haver entre a dor e a nostalgia? Nostalgia é um termo que descreve uma sensação de saudade idealizada, que às vezes pode ser irreal, por momentos vividos no passado associada a um desejo sentimental de regresso, impulsionado por lembranças de momentos felizes e antigas relações sociais. Temos uma tendência muito forte de voltar ao passado, principalmente nos momentos de tribulação. E por causa disso muitas pessoas estão presas às lembranças do passado de forma que não conseguem viver o presente. São pessoas que mesmo estando no meio de uma multidão sentem-se isoladas, solitárias, tão diferentes que se sentem estranhas ao grupo. São pessoas que vivem tanto no passado que perderam a identidade, que não conseguem mais estabelecer ligação com seu próximo. Estas pessoas sentem que ninguém, nem mesmo Deus, pode entender ou avaliar a intensidade de sua dor e por causa disso se isolam, mas este isolamento só piora a situação.
A) As causas de um sentimento nostálgico
São muitas as causas que podem nos traumatizar e nos tornar um saudosista e nos deixar dependentes do passado. Uma delas pode ser a perda de um ente querido, de uma pessoa que amamos de forma sem igual, principalmente se ocorrer de forma trágica. Pode ser a perda da mãe ou do pai, de um filho ou de uma filha, de um irmão ou de uma irmã, da esposa ou do marido. E quando isso acontece não há como evitar os questionamentos, os conflitos interiores a partir de então. Muitos porquês vão tinir em nossa mente como um sino. Constantemente seremos pegos pensando: Como Deus que tanto amo pode permitir que algo tão terrível acontecesse? O sentimento do nosso coração é que não vamos conseguir sobreviver a esta dor. Sei que muitas perdas são insubstituíveis, mas caso não cuidemos adequadamente desta dor ela pode criar um abismo entre nós e os outros, e até mesmo entre nós e Deus.
Veja que mais uma vez nos encontramos diante de um dilema em que a atitude que tomarmos fará toda diferença. E qual é a melhor atitude a ser tomada?
B) A melhor solução para o sentimento nostálgico: Buscar ajuda
Novamente reforçamos que se sofrermos sozinhos e recusarmos ajuda corremos o risco de terminar nossos dias isolados e largados em um saudosismo que nada mais fará do que nos fazer viver no passado e perder tanto o presente quanto o futuro. Mas se buscarmos e aceitarmos ajuda, poderemos até viver em conflito por um período de tempo, contudo logo encontraremos o caminho novamente e sigamos a vida, mesmo que machucados, pois logo perceberemos que não estamos sozinhos, mesmo que assim o pareça.
Sei que não é fácil, e não estou dizendo que se você lidar corretamente com a dor ela terminará e vai embora, mas o que digo é que a melhor opção é tomar uma atitude que nos conduza a superação, porque é muito mais fácil fugir da realidade e viver no mundo dos sonhos (como que se lá a dor não existisse), assim como é muito melhor viver nas lembranças do passado do que encarar os desafios do futuro.
O sofrimento pode acabar com as nossas esperanças e nos afastar das pessoas. Mas na hora da dor a presença dos amigos é o melhor remédio, mesmo que suas palavras pareçam inúteis. Afinal, Deus nos criou com a capacidade de nos relacionarmos com os outros. E quando nos sentimos desesperadamente sós, interagir faz muito bem ao coração machucado. Podemos até achar que não queremos a companhia de alguém, mas escolhermos estar com os amigos é a melhor opção de superararmos a dor. Se agirmos assim não vamos ficar presos ao passado, mas vamos caminhar para o lado certo da vida: Para frente!
Não fique aprisionado entre o passado e o futuro, como se o aqui e o agora não existissem. Seus amigos estão aí! Eles podem não compreender a intensidade da dor que estás sentindo, mas eles querem estar ao seu lado! Os amigos de Jó não entenderam o que estava se passando com ele e falaram o que não era verdade, tanto que Jó assim falou deles:
Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois consoladores molestos (Jó 16.2).
Mas eles ficaram do lado de Jó o tempo todo. Quando sentirmos profundamente que ninguém pode compreender o tamanho do nosso sofrimento, quando sentirmos que os comentários superficiais e consoladores mais parecem um insulto do que um conforto, lembremos que Jesus também conheceu a dor da perda de um ente querido e quando isso aconteceu a Bíblia diz que Jesus chorou (Jo 11.35). Ele chorou porque amava a Lázaro e a morte de seu amigo irmão abalou seu íntimo e a dor da morte, da perda o fez fazer o que é mais natural nesta hora: Chorar! E chorar não é errado, mas a Bíblia diz:
Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30.5).
O choro não pode ser eterno de forma que se viveres chorando viverás trancado dentro de si, em meio a sombras que insistem em pairar sobre sua cabeça e, então, não mais viverás, mas apenas existirás. E quanto ao passado olhe para ele com prudência, porque o passado pode ser fonte de bem-estar emocional, mas também de depressão. Se queres algo do passado busque o exemplo de que Tiago nos oferece quando diz:
Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo (Tg 5.10,11).
Devemos nos lembrar dos bons exemplos a serem seguidos. Busque a Deus e diga como Davi:
SENHOR, meu Deus, clamei a ti por socorro, e tu me saraste (Sl 30.2).
E caso tenha sofrido a dor da perda de um ente querido, a Bíblia diz:
Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos (Sl 116.15).
Apesar de triste e da mais intensa separação até mesmo na morte pode haver esperanças. Estas palavras não trarão seu ente de volta, mas tem o poder de aliviar a sua dor e confortar seu coração. E é justamente isso que Deus quer fazer em tua vida. Ele quer estar contigo, porque ninguém suporta sofrer sozinho. E na hora da dor, por mais que venhamos a desejar estar só, interagir ajuda a superar a dor, principalmente com Deus.
03 – APESAR DA DOR E DO SOFRIMENTO, SEJA UM SOBREVIVENTE E NÃO UMA VÍTIMA
É muito difícil dimensionar a dor para poder afirmar qual é a pior, mas creio que a dor da violência e do abuso está entre as piores; e todos os dias pessoas são vítimas destes crimes. Portanto, todos os dias pessoas são jogadas à mercê de um mal tão grande que pode tornar suas vidas sombrias, amarguradas e depressivas.
Falamos que a dor não é opcional porque ela se impõe sobre nossas vidas. Falamos também que conforme as atitudes que tomarmos diante da dor e do sofrimento nossas vidas tomarão determinado destino. Da mesma forma, ninguém escolhe ser vítima da violência e nem de abuso, pois estas tragédias simplesmente acontecem e alguém se torna alvo delas sem que estas tenham a oportunidade de opinar. Embora você não escolha e não seja culpa sua for vítima, continuar na situação de vítima pode ser uma alternativa, porque somos dotados de força para poder reagir.
Quem foi vítima de violência ou de abuso sempre será uma vítima deste mal, mas você pode sair dessa situação como um sobrevivente ou permanecer nela como uma vítima. Mark Baker explica o que é um e outro. Ele diz:
Sobreviventes são pessoas que, apesar das dificuldades e sofrimentos mantêm seu poder pessoal e a crença de que podem agir de forma diferente quando surgirem novas provações. Vítimas são aquelas que, a partir do que sofreram, passam a se sentir impotentes e derrotadas.
Às vezes, as dificuldades da vida se tornam tão difíceis que parece que nossas vidas são interrompidas naquele ponto. Essa situação pode nos deixar com medo de não mais conseguir prosseguir com a trajetória de sucesso como outroramente e pode representar que nossa vida acabou quando estava ainda começando. A partir daí nos sentimos impotentes para recomeçar. Podemos até nos sentirmos impotentes em relação ao que nos acontecera, mas devemos rejeitar a ideia de sermos uma vítima. Mark Baker diz:
Se você se considera uma vítima do que lhe aconteceu no passado, corre o enorme risco de se sentir impotente em relação ao que pode lhe acontecer no futuro (grifo meu).
Para que isso aconteça é muito importante você se ver como uma pessoa batalhadora e esse poder mudará a direção de sua vida. Mark Baker diz:
Os sobreviventes são pessoas que foram vítimas de sofrimento, mas conservaram seu poder, enquanto que as vítimas o perderam.
O poder de lutar nos permite sermos sobreviventes e não vítimas. E assim como nas demais situações difíceis já mencionadas, a cooperação dos amigos é fundamental na superação do sofrimento decorrente de alguma violência ou de abuso. No caso de abuso muitas vezes é resultado de uma traição e sermos traído por alguém a quem estamos ligados afetivamente ou de quem dependemos afeta a nossa capacidade de confiar e de se relacionar com os outros, porque achamos que voltar a acreditar torna-nos vulneráveis, o que pode ser muito arriscado e destrutivo. Mas afastar ou evitar as pessoas nos deixa solitários e não é fácil superar tão grande dor sozinho.
Caso nos rendemos ao isolamento que o trauma provoca certamente nos tornaremos em pessoas amargas. Às vezes, por desconfiança, achamos que os outros nos atrapalha, que se intrometem, tachamos suas palavras de inúteis por acharmos que ninguém nos entende, mas agindo assim não damos a oportunidade aos outros de estar conosco e recusamos o suporte que elas nos oferecem.
Sempre enfrentamos e sempre enfrentaremos situações difíceis na vida, mas Deus jamais nos abandona em nossos sofrimentos. A Bíblia diz que:
Deus Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor (Is 40.29).
Deus não nos promete uma vida sem sofrimento, mas promete nos dar forças. A presença de Deus é o elemento que fará toda a diferença entre sermos sobreviventes ou vítimas. A Bíblia diz:
Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam (Is 40.30,31).
Não se sinta culpado por estar cansado ou debilitado, mas escolha sobreviver recorrendo aos recursos que Deus nos oferece, porque Deus nos dá recursos e nos dota de forças para que possamos deixar de sermos vítimas e tornarmos sobreviventes. E este Deus que nos capacita diz:
Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel (Is 41.10).
A presença de Deus em tua vida fará toda diferença na hora do sofrimento. Não fique à mercê da dor, mas faça o que a Bíblia nos diz:
Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade (Ec 11.10).
A vida é curta e muito passageira para perdermos tempo na lamúria. É muito danoso ficar parado no tempo lamentando o que aconteceu. Sacudamos o pó adquirido na queda e sigamos em frente na luta.
CONCLUSÃO
Precisamos aprender a lidar com a dor e o sofrimento! Precisamos parar de exigir que Deus retire de nós a dor e o sofrimento! Precisamos nos posicionar corretamente diante deste gigante que nos atemoriza, porque conforme o nosso posicionamento a dor e o sofrimento nos aproximará ainda mais de Deus, mas ele também pode nos afastar ainda mais de Deus e das pessoas. E na hora da dor e do sofrimento não queira sofrer sozinho! Aceite a presença de Deus e peça a Ele para lhe dar forças para sobreviver, porque não podemos permitir que a dor nos isole e nos empurre para a solidão e amargura.
Tiago diz que o sofrimento deve produzir em nós a perseverança, ou seja, em algo bom, proveitoso, benéfico, e para que o sofrimento contribua para o nosso bem é necessário mais do que suportá-lo. Não podemos tirar de nós o sofrimento, mas podemos responder a ele com atitudes nobres e não apenas aguardar que algo melhor aconteça. Não devemos simplesmente manter uma atitude positiva diante da dor, mas reagir diante dela com amor e optar em fazer o bem todos os dias. Esse é o tipo de comportamento que nos ajudará a superar a dor e nos levará a uma transformação sem igual na vida. É como a metamorfose de uma lagarta que assim entra em um casulo e sai de lá uma linda borboleta. Entramos no sofrimento inexperiente e devemos sair de lá amadurecidos. Só não se esqueça de que esta metamorfose pode ser brusca, mas provavelmente será lenta e permanecerá por um longo período que exigirá de nós perseverança.
Que Deus lhe guie e te dê sabedoria para fazeres a escolha correta diante da dor e ao fazeres a melhor escolha verás a diferença entre ser um sobrevivente e ser uma vítima. Que Deus assim te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco

Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
BAKER, Mark W. Como Deus Cura a Dor. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

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