45 Pois assim está escrito: O primeiro homem,
Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro o espiritual, e sim o
natural; depois, o espiritual.
47 O primeiro homem, formado da terra, é
terreno; o segundo homem é do céu.
48 Como foi o primeiro homem, o terreno, tais
são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também
os celestiais.
49 E, assim como trouxemos a
imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial (1 Co
15.45-49).
Introdução
Já vimos que Deus elaborou um plano de
salvação para o homem e o quanto é maravilhoso saber que fazemos parte deste
plano de Deus, que estávamos no coração de Deus desde a eternidade, mas será
que somos merecedores de tal benefício? Será que havia alguma coisa boa no
homem que despertasse em Deus a vontade de salvá-lo? Será que podemos fazer
alguma coisa a nosso favor para alcançar este tão grandioso benefício que Deus
nos oferece? Nesta lição vamos estudar sobre o homem. Vamos ver a sua
incapacidade e sua passividade em sua salvação.
1
– Sua incapacidade
Pode o homem cooperar com Deus em sua
salvação? Se a resposta é sim, então podemos admitir que o propósito de Deus em
salvar o homem pode ser frustrado. Mas, se a resposta é não, podemos
compreender, então, o conceito da Graça de Deus e a razão do porque somente
através dela sermos salvos, uma vez que Deus nos deu vida, estando nós mortos
nos nossos delitos e pecados.
Quando o homem pecou lá no Jardim do
Éden ocorreu nele a depravação total de toda a sua natureza. Isso significa que
o pecado alcançou todas as partes da natureza humana. Por causa disso o homem
tem seu coração totalmente hostil a Deus e não consegue ter discernimento
espiritual para crer no Evangelho e aceitar a Cristo. A confissão de fé de
Westminster assim descreve a incapacidade total do homem:
O homem, caindo em estado de pecado, perdeu
totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que
acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a
esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo próprio poder, converter-se ou
mesmo preparar-se para isso.
A Bíblia nos ensina sobre o homem que:
A
– Ele não pode cumprir as exigência da Lei de Deus
O homem é incapaz de fazer qualquer
bem espiritual que obtenha a aprovação de Deus e cumpra as exigências da Lei de
Deus. No que se resume a Lei de Deus?
26 Então, Jesus lhe
perguntou: Que está escrito na Lei? Como
interpretas?
27 A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
28
Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás (Lc 10.26-28).
O homem, por si só, jamais poderá
cumprir estes princípios, pois Adão perdeu na queda a capacidade de fazer
qualquer coisa boa que resulte em obediência a Lei de Deus. Por isso a Bíblia
nos diz que:
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito:
Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro) (Gl 3.13).
O homem pode ser honesto, sustentar
sua família, desempenhar muito bem as suas obrigações de cidadão. Tudo isso são
coisas boas, mas elas não são boas no sentido espiritual e não tem nada a ver
com a salvação.
A Bíblia diz que o homem não pode
desejar ser salvo, não pode converter-se a si mesmo e nem mesmo se preparar
para a conversão:
1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados,
2 nos quais andastes outrora,
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito
que agora atua nos filhos da desobediência;
3
entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações
da nossa carne, fazendo a vontade da
carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os
demais (Ef 2.1-3).
Uma pessoa morta não pode fazer
absolutamente nada por si mesmo. A forma como o homem está imerso no pecado o
torna um morto espiritual e um morto espiritual nada pode fazer para reagir e
mudar sua situação por si mesmo.
B
– Ele não pode mudar sua preferência pelo pecado
O pecado separou o homem de seu
Criador. O homem estava sob o senhorio do mais completo e perfeito Senhor.
Viver e trabalhar liderado por Deus trazia segurança para o homem. Adão gozava
dessa segurança, até que resolveu mudar de senhorio e ouvir a voz de outro, que
nenhum bem lhe fizera antes. Adão preferiu o desconhecido e desprezou o seu
benfeitor. Quando isso aconteceu, conseqüentemente, mudou de natureza,
corrompendo-se completamente.
O pecado desorientou o homem,
obscureceu-lhe a visão, empobreceu-lhe o entendimento, limitou-lhe a
compreensão da vida, prejudicou-lhe nos relacionamentos, especialmente com
Deus.
Em decorrência do afastamento de Deus
e da perversão da vontade, as conseqüências foram terríveis: Separação do Pai
celeste, seu protetor, seu orientador e seu sustentador; desentendimento com a
esposa; conflito entre os dois primeiro filhos em que ocorreu o primeiro
homicídio; a instauração do sofrimento no mundo, começando pelas dores do
parto; a conturbação da natureza, que lhe passou a ser hostil, produzindo
cardos e espinhos, a ponto da Bíblia dizer que:
22
Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora (Rm 8.22).
Esses males todos foram causados pelo
pecado que também distorceu a imagem de Deus no homem, impossibilitando-o de
ter vontade justa e perfeita e exercê-la correta e plenamente. Em suma, o homem
é incapaz de ter vontade isenta de imperfeições.
Ele conserva a liberdade de ação,
opção, escolha e decisão, mas sem a clareza devida e o discernimento lúcido
necessários à perfeita consumação da vontade. Por falta deste discernimento
ocorrem os erros, as frustrações, as decepções, os sonhos não realizados, os
conflitos e as derrotas.
2
– Sua passividade
Depois da Queda todo homem tornou-se
incapaz de querer qualquer bem espiritual que agrade a Deus. Significando que
este homem não possui mais nenhuma disposição de voltar-se, por si mesmo, à
comunhão com Seu Criador, pois devido ao pecado original, esse homem não aceita
as coisas do Espírito Santo de Deus e nem pode entendê-las. Paulo fala sobre
isso em Coríntios:
14
Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente (1 Co 2.14).
Se o homem está morto no pecado,
impotente, espiritualmente cego e incapaz de crer em Cristo, então, podemos
dizer que a ação do homem em favor de sua salvação é inexistente.
Se o homem não salvo é incapaz de
fazer qualquer bem espiritual em favor de sua salvação a não ser pelo novo
nascimento em Cristo, então, o sacrifício de Cristo na cruz não somente remove
a culpa do pecado do homem, como também é a garantia da obra redentora de Deus
a indivíduos específicos, escolhidos anteriormente por Deus.
A salvação é uma obra totalmente de
Deus. O homem não tem a capacidade de contribuir em nada para a sua salvação,
pois até mesmo a fé e o arrependimento são dons de Deus:
8 Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus;
9 não de obras, para que ninguém se glorie
(Ef 2.8,9).
13
porque Deus é quem efetua em vós
tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.13).
18 E,
ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido
o arrependimento para vida (At 11.18).
Portanto, devemos nos prostrar diante
de Cristo, exaltar a Deus, agradecê-Lo por sua graça e dar toda glória por
nossa salvação ao nosso Redentor. Este é o último ponto de nossa lição de hoje.
3
– A gratidão a ser demonstrada
Por que devemos ser gratos a Deus? São
muitas as respostas a essa pergunta. Deus nos deu vida, e preparou um mundo
especial para nós vivermos nele. Ele é a fonte das nossas necessidades diárias.
Mas, o cristão deve sentir gratidão a Deus também por outras razões além das
bênçãos materiais. Ele foi resgatado das trevas e reconciliado com Deus. São
motivos que devem fazer dele grato a Deus por toda a sua vida.
Na verdade, há muito pouco que
possamos fazer a fim de retribuirmos a Deus tamanho amor e tamanha
misericórdia. Na realidade, nada há que lhe possamos dar em troca, pois se
somos felizes, espiritualmente ricos e amados por Deus, tudo é graças ao
sacrifício do Filho de Deus em nosso benefício. Mas há coisas que muito agrada
a Deus, e dentre estas coisas se encontra em destaque a gratidão. O salmista
apresenta a forma ideal de expressar gratidão ao Senhor:
12 Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo?
13 Tomarei o cálice da salvação
e invocarei o nome do SENHOR.
14
Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo (Sl
116.12-14).
O salmista pensou em retribuir a Deus.
Apesar de não ter como retribuir, ele pensou em algo que agradaria a Deus, e
que ele pudesse fazer para denotar sua gratidão a Deus.
Esta pergunta do salmista todo cristão
deve respondê-la individualmente. As bênçãos do Senhor não têm preço, não temos
como pagar com dinheiro. A única coisa que podemos oferecer a Deus é a nossa devoção
e a nossa gratidão. O salmista nos diz o que podemos fazer para expressarmos
gratidão a Deus por tantos benefícios que Ele nos tem dado.
A
– Aceitando a Jesus como Salvador e Senhor
A melhor maneira de demonstrar
gratidão a Deus é entregar sua vida a Ele. Tomar o cálice da salvação é
aceitá-lo como Senhor e Salvador de sua vida. Os benefícios são para nós, mas
Deus se alegra em nos salvar.
Aqueles que tiveram suas vidas
transformadas pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo, a estes existe uma
magnífica e prazerosa realidade: Encontraram o maior tesouro que um homem pode
achar:
44 O
reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem,
tendo-o achado, escondeu. E,
transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo
(Mt 13.44).
A demonstração de alegria é a primeira
reação daqueles que são alcançados por Cristo. O Conhecimento de Deus é o maior
bem que alguém pode possuir nesta vida efêmera:
23 Assim diz o SENHOR: Não se
glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas
suas riquezas;
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em
me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e
justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR (Je 9.23,24).
Que bom é saber que existe um Deus no
controle de todas as coisas, e quão maravilhoso é saber que esse Deus é
bondoso, generoso e carinhoso para com todos os que o amam e se prostam diante
dele.
B
– Invocando o nome do Senhor
Deus se sente honrado quando buscamos
cada vez mais a Sua face. Uma forma de prestar devoção a Deus é buscar a Sua
face. Deus não gosta de ser ignorado, de ser deixado de lado. Deve existir uma
sintonia entre você e Deus.
E esta invocação deve ser feita em
qualquer circunstância. Se fomos resgatados por Cristo as circunstâncias
exteriores não devem produzir em nós murmurações, mas em meio a elas se devem
brotar uma genuína gratidão a Deus. É isso que aprendemos com o profeta
Habacuque:
17 Ainda que a figueira não
floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não
produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não
haja gado,
18 todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no
Deus da minha salvação Hb 3.17,18).
O nome do Senhor deve ser invocado a
qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer circunstância. Se o seu coração
estiver transbordante de alegrias, invoque ao Senhor. Se os teus olhos se
consomem em lágrimas, invoque assim mesmo ao Senhor. Se a sua vida está em
aperto e angústias, invoque ao Senhor e experimentarás libertação.
C
– Obedecendo ao Senhor
A
obediência também agrada muito a Deus e ela é a melhor forma de expressar
gratidão a Deus por todos os benefícios recebidos de suas mãos. No Salmo 106
está registrado a triste atitude do povo de Israel que se esqueceu de Deus e
contra Ele murmurou. Observe os impressionantes registros da ingratidão a Deus:
10 Salvou-os das mãos de quem os
odiava e os remiu do poder do inimigo.
11 As águas cobriram os seus
opressores; nem um deles escapou.
12 Então, creram nas suas palavras
e lhe cantaram louvor.
13 Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguardaram os
desígnios;
14
entregaram-se à cobiça, no deserto; e tentaram a Deus na solidão (Sl
106.10-14).
19 Em Horebe, fizeram um bezerro
e adoraram o ídolo fundido.
20 E, assim, trocaram a glória de Deus pelo simulacro de
um novilho que come erva.
21 Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas
portentosas,
22
maravilhas na terra de Cam, tremendos feitos no mar Vermelho (Sl
106.19-22).
24 Também desprezaram a terra aprazível e não deram crédito à sua
palavra;
25 antes, murmuraram em suas tendas e não acudiram à voz do SENHOR.
26 Então, lhes jurou, de mão
erguida, que os havia de arrasar no deserto;
27 e
também derribaria entre as nações a sua descendência e os dispersaria por
outras terras (Sl 106.24-27).
E todos nós sabemos o triste resultado
de tamanha ingratidão. Não devemos agir dessa forma com aquele que pagou um
preço tão alto pela nossa redenção, antes, devemos fazer o que diz outro salmo:
1 Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, e a sua misericórdia
dura para sempre.
2 Digam-no os remidos do SENHOR, os que ele
resgatou da mão do inimigo (Sl 107.1,2)
A gratidão é a mais sublime das lições
da Bíblia. Que aprendamos a reconhecer os benefícios da gratidão a Deus e que
venhamos a desprezar toda e qualquer murmuração contra este Deus maravilhoso
que tanto nos ama e que tudo já fez por nós. Esta gratidão deve ser espontânea
na vida do cristão.
E se nesta vida já podemos
experimentar deliciosas alegrias espirituais, regozijos deleitáveis, quão
maiores não serão as alegrias reservadas para nós lá no céu, para aqueles que
perseveram em seguir a Cristo, como nos diz Paulo:
9
mas, como está escrito: Nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que o amam ( 1 Co 2.9).
O céu será por demais de maravilhoso
aos nossos olhos. Lá desfrutaremos de bênçãos hoje inimagináveis.
Conclusão
O
crente fiel sabe que os olhos de Deus estão em toda parte. Andar perante a face
do Senhor é ser santo. E isso deve acontecer não apenas na igreja, mas também
em casa, no trabalho, sempre adorando a Deus e lutando as batalhas espirituais.
O crente mostra gratidão e fidelidade a Deus quando anda em sua presença não só
na igreja, mas em toda parte.
Ele deve fazer isso para demonstrar
gratidão a Deus, porque ele estava perdido e foi achado, estava morto e reviveu
e o homem não precisou fazer nada para isso. Deus fez tudo por Ele. Sublime
amor, o amor de Deus!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
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