Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

LIÇÃO VII – A JUSTIFICAÇÃO


1  Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2  por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus (Rm 5.1,2).
Introdução
O Breve Catecismo de Westminster, na pergunta 33, define assim a Justificação: Justificação é um ato da livre graça de Deus, no qual Ele perdoa todos os nossos pecados, e nos aceita como justos diante de Si, somente por causa da justiça de Cristo a nós imputada e recebida só pela fé.
A Justificação pela fé foi a questão central levantada pela Reforma Protestante no século 16. João Calvino referiu-se a essa doutrina como “o principal ponto de apoio sobre o qual se articula a religião” (Institutas 3.11.1). Podemos dizer que nela está a essência do Evangelho. Se nós não entendermos o que a Bíblia diz sobre justificação, não nos deleitaremos em Deus na obra bendita da salvação.
João Calvino deu a seguinte definição para justificação: “Interpretamos a justificação simplesmente como a aceitação pela qual Deus nos recebe em seu favor como homens justos, e dizemos que ela consiste na remissão dos pecados e na imputação da Justiça de Cristo” (Institutas 3.11.1).
Podemos dizer que a Justificação é o ato judicial de Deus pelo qual Ele declara que o pecador não está mais sujeito à pena da Lei, mas restaurado por causa de Cristo.
Há duas coisas que precisamos estar cientes quando falamos de Justificação. A primeira é a culpa do homem, ele é culpado perante Deus, pois transgrediu Sua ordem. A segunda é que Deus é justo e por ser justo não pode deixar de aplicar as penalidades da Lei pela transgressão do homem a Sua ordem. Por isso Ele não pode simplesmente inocentar o homem, Deus precisava cumprir a Lei e salvar o homem perdido. É neste sentido que a Justificação deve ser entendida.
O que é, então, a Justificação? Para entendê-la é preciso relembrar a situação pecaminosa do homem. Já estudamos sobre isso na primeira e na terceira lição, mas este é um tópico tão importante no tema da salvação que sempre vamos estar voltando a ele.
1 – A condição injustificável do homem
Uma das conseqüências do pecado de Adão foi a corrupção da natureza humana, o que provocou a depravação total da humanidade e causou a incapacidade do homem se redimir. Isso quer dizer que a depravação alcançou todas as partes da natureza humana, com isso o espírito do homem não é mais puro, o coração do homem se tornou perverso e sua natureza se tornou carnal.
9  Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? (Je 17.9).
19  Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias (Mt 15.19).
10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
11  não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
13  A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios,
14  a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
15  são os seus pés velozes para derramar sangue,
16  nos seus caminhos, há destruição e miséria;
17  desconheceram o caminho da paz.
18  Não há temor de Deus diante de seus olhos.
23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.10-18, 23).
A Bíblia diz que você é pecador, eu sou pecador, todos nós somos pecadores, porque ela diz que não há justo, nenhum sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus, porque todos pecaram. A Bíblia diz que nos desviamos desde a nossa concepção, pois a Bíblia diz que nós nascemos no pecado. A Bíblia também diz que o nosso coração é desesperadamente corrupto, que o mal está em nós não apenas nas estruturas sociais, mas que o mal está dentro de nós.
E a situação deplorável do homem não para por aí, pois a Bíblia diz que se você guardar toda a lei, mas tropeçar em um único ponto, você é culpado da lei inteira, porque maldito é aquele que não perseverar em toda a obra da lei para a cumprir:
Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las (Rm 3.10).
Hernandes Dias Lopes exemplifica muito bem este assunto. Imagine você fazendo uma omelete para sua família. Pega na geladeira dez ovos e coloca uma frigideira no fogo e quebra nove ovos e todos estão bons, mas quando você quebra o décimo ovo ele estava podre e caiu lá. Quanto da omelete você estragou? Todo ele. Mas tinha somente um ovo podre. O padrão que Deus exige para entrar no céu é a perfeição, somente os perfeitos entram no céu. Você não é perfeito, eu não sou perfeito. Nenhum de nós podemos entrar no céu com nossa imperfeição.
Diante desse retrato você pode estar pensando: Estamos fritos! É isso mesmo! Não há alternativa, não há a mínima chance, a mínima possibilidade de sermos salvos pela nossa justiça, de entrarmos no céu pelos nossos méritos, pelos nossos esforços, pelos nossos predicados, pela nossa religiosidade; não há a mínima chance. A não ser pela Justificação de Deus.
2 – A justificação de Deus
Então, como é que pode ser a questão da salvação? Pela justificação! A justificação é a resposta de Deus a mais importante de todas as questões humanas: Como uma pessoa pode se tornar aceitável diante de Deus? A Bíblia diz que Deus é aquele que justifica o ímpio (Rm 4.5), mas Ele não anula a Sua Lei para justificar o ímpio. Portanto, aquilo que você não pode fazer, Deus fez por você:
19  Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus,
20  visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
21  Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
22  justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,
23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
24  sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
25  a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26  tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3.19-26).
E como Deus se tornou o justificador daqueles que crêem? A Bíblia diz que Deus mandou ao mundo seu Filho, Seu único Filho Jesus Cristo, como seu fiador, como seu representante, como seu substituto. Jesus Cristo pagou a pena pelo pecado do homem.
Deus é Justo e não poderia justificar o homem comprometendo a Sua Lei. A Bíblia diz que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23), o homem pecou e merecia a morte. A condenação era justa, mas Deus, por amor, deu Seu Único Filho para morrer a nossa morte e assim pagar o preço do nosso resgate:
16  Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
8  Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
Nós somos justificados por causa dos méritos de Cristo. O sacrifício de Cristo era necessário para poder haver a justificação. Somente um podia pagar o preço de nossa justificação: Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Quando Jesus Cristo veio, Ele foi para a cruz em nosso lugar. Era o que estava acontecendo quando Jesus estava lá na cruz, depois de ser humilhado, depois de ser cuspido, de ser pregado, de ser torturado e de ser açoitado. Ele estava exposto naquele momento de horror e vergonha, pois quando Ele estava lá naquela cruz, Deus fez cair sobre Ele a iniqüidade de todos nós. Deus jogou sobre Ele a nossa maldade, a nossa incredulidade, a nossa impureza, a nossa vaidade, o nosso orgulho, a nossa soberba, todos os nossos pecados foram jogados sobre Ele. Diz a Bíblia que Jesus foi ferido, foi traspassado pelas nossas iniqüidades. Quando Jesus estava no alto daquela cruz Ele foi feito pecado por nós, Ele foi feito maldição por nós, não havia beleza nele naquele momento, porque toda a feiúra nossa estava nele, toda a condenação que o nosso pecado merecia estava sobre Ele.
Jesus pagou o preço pelos nossos pecados. Portanto, Justificação é o ato de Deus mediante o qual Ele, em sua graça, declara justo o pecador pelos méritos de Cristo, isentando-o de qualquer condenação e o pecador recebe esta Justificação pela fé:
4  Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida.
5  Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça (Rm 4.5).
Apesar do homem receber a Justificação pela sua fé, ele não pode se gloriar nela, porque a fé é um dom de Deus. A fé é um ato da parte do homem, mas não é uma obra meritória dele, pois a justificação acontece pelos méritos de Cristo e somente pela fé:
28  Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (Rm 3.28).
Algumas pessoas acham que Deus torna o homem bom para poder salvá-lo, mas isso não é Justificação, não podemos confundir Justificação com Santificação. A Santificação ensina que Deus transforma a pessoa salva, mas a Justificação ensina que Deus justifica o ímpio. A Justificação não se refere a uma mudança intrínseca no indivíduo, e sim a uma declaração feita por Deus. Visto que não temos justiça própria e somos culpados diante de Deus, Ele nos declara justos com base na expiação de nossos pecados por Cristo e na sua justiça imputada a nós.
21  Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21).
Deus fez Cristo pecado por nós. Cristo foi considerado como pecado e castigado em nosso lugar. Cristo tomou o nosso lugar e deu-nos o lugar dele. Cristo tomou o nosso pecado e deu-nos a Sua Justiça.
9  pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos (2 Co 8.9).
Assim, a fonte da Justificação é a graça de Deus, o fundamento da Justificação é a obra de Cristo e o meio da Justificação é a fé. A fé é o canal através do qual a Justificação é concedida ao pecador que crê; é o meio pelo qual ele toma posse das bênçãos obtidas por Cristo. A fé é o único meio de receber o que Deus fez por nós, ficando excluídos todos os outros atos ou obras.
3 – O resultado da Justificação
Encontramos dois importantes resultados na Justificação:
A – A remissão da pena
Deus absolve os pecadores que crêem em Cristo e declara-os justos. Não os declara inocentes, mas declara que as exigências da Lei foram satisfeitas e que eles estão livres da condenação.
Quando Jesus estava naquela cruz, diz a Bíblia que Ele dá um grande brado: está consumado. Jesus pega o escrito de dívida que havia contra nós, rasga este escrito de dívida e a encrava na cruz e diz: está pago! Aquele que crê em mim não deve mais nada, pois foi justificado. Presta atenção nesta bendita verdade, naquele momento Jesus Cristo pagou a sua dívida, toda a sua dívida. A Bíblia diz que:
1  Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1).
B - Restauração
Além de livrar da punição, Deus trata o pecador como se fosse e tivesse sido justo. Por isso que Justificação é mais do que perdão. Imagine que você deva um milhão de reais e esteja falido. Não tem um milhão e tem uma dívida de um milhão, está completamente quebrado. Imagine que um amigo vai ao banco e faz um depósito de um milhão e quite sua dívida. Você não deve mais nada, mas está quebrado do mesmo jeito, falido do mesmo jeito. Continua não tendo nada. Só não teria mais dívida. Isso seria perdão. Mas a Bíblia diz que:
9  pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos (2 Co 8.9).
O justificado recebe não só a remissão da pena, mas também recompensas. Perdão tem a ver com coisas que você fez lá no passado. A Justificação tem a ver com o passado, com o presente e com o futuro. Significa que quando o Senhor Jesus foi à sua ficha, estava escrito lá: dívida impagável. Ele pegou esta dívida, rasgou esta nota promissória, encravou-a em Sua cruz e a pagou completamente com Seu sangue. Ele pegou sua ficha e depositou na sua conta, lá no tribunal de Deus, a Sua infinita Justiça, de tal maneira que você tem um crédito infinito na sua conta. Quando Deus olha para você, não vê o seu pecado, Ele vê os méritos de Jesus Cristo, a Justiça de Jesus Cristo. É por isso que a Bíblia diz que:
1  Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1).
Não pode haver condenação para quem foi justificado. Isso é justificação.
Conclusão
O que precisamos entender é que a Justificação não é um processo como a santificação, mas é um ato único e exclusivo e que não se repete. A Justificação não acontece dentro de nós, mas a Justificação acontece no Tribunal de Deus. A Justificação não é algo que Deus faz em você, mas é algo que Deus faz por você. Não existem graus de Justificação, pois o homem ou a mulher mais piedoso, mais santo, mais consagrado, não está mais justificado do que o crente mais fraco, porque todas as pessoas salvas estão justificadas na mesma proporção, na mesma perfeição, completa, cabal e absoluta.
Isto significa que a justiça do crente é somente uma justiça imputada, atribuída a ele, sem incluir uma transformação moral e espiritual? Não, a Justificação é seguida de perto por uma transformação de conduta, de forma que, se não a houver, a pessoa não está justificada. Mas a Justificação em si não se refere a essa mudança. Deus nunca nos torna justos antes de nos declarar justos. Estando justificados pela graça e reconciliados com Deus mediante a fé, com base somente nos méritos de Cristo, aí sim estamos capacitados para crescer em santificação. Em suma, Deus não somente nos declara justos com a Justificação, mas posteriormente nos torna justos com a Santificação.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

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