Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

AS SETE CARTAS DE APOCALIPSE - LIÇÃO VII – A CARTA À IGREJA DE ESMIRNA



8  Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver:
9  Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.
10  Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte (Ap 2.8-11).

A cidade de Esmirna: Na época do Novo Testamento, Esmirna tinha uma população de aproximadamente 100.000 habitantes. Por ter um porto excelente que facilitava o comércio entre a Ásia e a Europa tornou-se uma cidade próspera.
O conteúdo desta carta tem muito a ver com o histórico desta cidade. Esmirna era a cidade mais bonita da Ásia e ficava a cerca de 60 km de Éfeso, sendo a segunda maior cidade da Ásia Menor, perdendo apenas para Éfeso. Esmirna era uma cidade com uma arquitetura sensacional com grandes palácios, prédios luxuosos, rica, bela e importante por vários aspectos: primeiramente, por ser uma cidade portuária tinha um comércio influente, isso porque o porto de Esmirna era um importante ponto de escoamento de produção de toda aquela região. Pelo seu forte comércio deveria ser a razão de haver ali uma grande concentração de judeus. Outro aspecto é o fato daquela cidade ser muito influente nos jogos esportivos, sendo ela um grande centro esportivo do mundo, porque aconteciam ali os jogos mais importantes da época. Outro aspecto que vale ressaltar é que Esmirna tinha uma grande influência cultural havendo ali grande concentração de bibliotecas e famosos teatros. Por último, aquela cidade havia sido edificada 1.000 anos a.C. e ela foi totalmente destruída por volta dos anos 600 a.C., passando cerca de 400 anos em ruínas. Por volta dos anos 200 a.C., Lisímaco de Trácia reconstrói a cidade de Esmirna para ser a cidade mais bela da Ásia. Esmirna é uma cidade que sai das cinzas para ser a beleza mais sublime da arquitetura do tempo antigo em toda a Ásia Menor. O Senhor Jesus vai usar todos estes detalhes históricos no envio de sua mensagem para aquela Igreja.
Ainda quanto a cidade de Esmirna vale destacar que ela era símbolo de fidelidade a Roma, sendo, depois de Roma, o maior centro de adoração ao Imperador, de forma que não havia em todo o Império outra cidade que prestasse maiores honras ao Imperador do que a cidade de Esmirna, chegando a construir um templo para a deusa Roma.
Esmirna era também um centro de oposição dos judeus à Igreja cristã. Eles se mancomunaram com os romanos para atacar e perseguir a Igreja e eles acusavam aos cristãos diante de Roma e acionavam a mão de Roma para perseguir a Igreja. Foi na cidade de Esmirna que Policarpo, discípulo do Apóstolo João, foi levado ao martírio aos 86 anos de idade.
Hoje, Esmirna é conhecida como Izmir, a terceira maior cidade da Turquia e o segundo mais importante porto do país.
Quanto a Igreja de Esmirna não temos informação sobre quem a fundou, mas podemos ter uma forte impressão de que tenha sido o Apóstolo Paulo, pois durante o período em que ele ficou em Éfeso, na sua terceira viagem missionária, diz a Bíblia que:

10  Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos (At 19.10).

A partir de Éfeso o Evangelho se espalhou por toda a Ásia Menor pelo trabalho de Paulo. É bem possível que a Igreja em Esmirna esteja incluída nesta citação. Mas, a primeira vez que ela é identificada por nome é nas citações do Apocalipse. Por isso, não temos informações específicas sobre esta igreja, além dos quatro versículos desta carta. O pouco que sabemos é positivo. Esta carta elogia e encoraja sem oferecer nenhuma crítica aos cristãos em Esmirna. Vamos ao seu conteúdo:

1 – A apresentação de Jesus à Igreja de Esmirna

8  Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver:

Cada apresentação de Jesus está relacionada com o problema identificado na Igreja. Como Jesus se apresenta àquela Igreja?

8  ... Estas coisas diz o primeiro e o último ...

Por que Jesus se apresenta assim? Aquela cidade adorava ao imperador de Roma e para eles a figura mais importante, mais expoente, de maior projeção no planeta era o imperador romano. Para eles, não havia ninguém que pudesse ocupar um posto mais elevado do que o imperador.
E mais, para aquela Igreja que estava sendo perseguida, massacrada e muitos crentes estavam passando pelo martírio, Jesus se apresenta como o primeiro e o último, ou seja, como aquele em quem tudo se inicia e tudo converge para Ele. Jesus é o centro de todas as coisas e não César e nem Roma. E Jesus prossegue dizendo que é aquele:

8  ...que esteve morto e tornou a viver:

Jesus começa esta carta com palavras já proferidas no primeiro capítulo:

17  Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último
18  e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.

Jesus está aqui frisando a sua eternidade e destaca a vitória sobre a morte na ressurreição. Na situação dos discípulos de Esmirna, encarando perseguições difíceis, seria especialmente importante lembrar a ressurreição de Jesus. O Senhor deles não fracassou diante da morte, antes a venceu! Eles, sendo fiéis, teriam a mesma esperança de vitória.
Jesus está dizendo: Eu sou o remédio para vocês. Vocês estão abatidos, abalados, tristes por causa da morte, por causa do sofrimento, pois Eu sou aquele que já passou pela morte e venceu a morte.
A Igreja de Esmirna, para existir, vivia todos os dias o drama do martírio, e para esta Igreja Jesus diz que esteve morto, mas que hoje está vivo, ou seja, Ele está dizendo que é o conquistador da morte e que tem autoridade para dizer à Igreja: se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida! A morte não tem a palavra final sobre a vida da Igreja porque não teve a palavra final na vida de Jesus, Ele venceu a morte e dá agora uma palavra de ânimo para a Igreja.
Jesus está dizendo que Ele pode nos animar e nos livrar quando tivermos que atravessar o vale da morte, não vamos passar por este momento sozinhos. Esta é uma mensagem relevante e atual para a Igreja porque nunca, na história da Igreja, a perseguição aos cristãos foi tão extensa, pois em muitos países hoje ser cristão é proibido e o fato de alguém se apresentar como cristão é ser exposto à prisão, a morte, ao martírio.
Será que se explodisse uma perseguição à Igreja hoje, aqui, você suportaria? Se te encostassem uma arma à cabeça e dissesse: ou morre ou apostata, o que você faria? Creio que nenhuma pessoa convertida retrocede nesta hora porque o poder para enfrentar o martírio não vem da ousadia humana, mas aquele que venceu a morte nos capacita para enfrentarmos o martírio.
Os crentes em Esmirna não eram diferentes de nós. Eles eram da mesma natureza que nós somos, com as mesmas fraquezas, com os mesmos problemas e enfrentaram o martírio com ousadia e fé. E se tivermos que enfrentar uma situação semelhante Deus vai nos capacitar para enfrentar, porque a Bíblia nos diz que:

38  Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,
39  nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38, 39).

2 – A apreciação de Jesus à Igreja de Esmirna

9  Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.

Jesus apreciou quatro coisas naquela igreja:

A – Jesus disse que conhecia a tribulação daquela Igreja

O que é tribulação? A palavra tribulação nos trás a ideia de um lugar apertado, de um peso ou de uma força que te espreme, que te oprime, que te esmaga e te sufoca. Jesus está falando aqui de situação, de circunstâncias, de quando a Igreja está vivendo em um ambiente hostil, perigoso, onde não é fácil ser cristão.
Nós do ocidente não sofremos perseguição física, mas a enfrentamos na área das ideias. Não somos jogados atrás das grades, mas somos atingidos de uma forma mais sutil, perigosa, que afeta o estilo de vida cristã e atinge a nossa mente. São formas e maneiras de tribulação e Jesus está dizendo que conhece a nossa tribulação e este conhecer não significa ter informação a respeito, mas é saber intimamente. Jesus é um Salvador que conhece a nossa situação, a nossa angústia, a nossa luta contra o pecado.
Jesus, no meio dos candeeiros, viu o sofrimento dos cristãos em Esmirna, e da mesma maneira que Ele se compadeceu dos angustiados na terra durante o seu ministério, Ele olhou com compaixão para aqueles que sofriam naquela Igreja.

B – Jesus disse que conhecia a pobreza daquela Igreja

Qual era a avaliação que o mundo fazia da Igreja de Esmirna? Na opinião do mundo, Esmirna era uma igreja pequena, fraca e pobre. Aqui é importante destacar o grego. O N. T. emprega duas palavras distintas para descrever a pobreza, a palavra penes e a palavra ptochos. A palavra penes era utilizada para descrever a pobreza daquele que tem o básico, mas não tem o luxo e ptochos era utilizada para descrever a pobreza extrema, de quando a pessoa tem que mendigar para sobreviver. A palavra que Jesus emprega aqui é ptochos, pobreza desprovida do básico, do essencial.
Apesar de morarem numa cidade próspera, os cristãos em Esmirna eram pobres. Qual a causa de sua pobreza? Primeiro, porque a maioria daqueles cristãos era composta de escravos, que eram pessoas sem direito algum, desprovidos de qualquer direito, inclusive o de ser livre, pois eram controlados em todos os sentidos. E em segundo lugar os cristãos livres estavam sendo atacados, roubados e tendo seus bens confiscados, pois sofriam discriminação por causa da fé, e é bem possível, também, que tivessem sacrificado seus recursos em prol do evangelho.
Você já imaginou tendo a sua casa, o seu negócio, e de repente chega um bando de vândalos, entra em sua casa e vai saqueando tudo que você tem? Já imaginou ter o seu trabalho de onde tira o seu sustento e de repente é mandado embora pela razão de ser cristão? E sem poder recorrer a qualquer tribunal porque, como cristão, não se tem direito algum?

C – Jesus considerava aquela Igreja rica

Talvez, aquela Igreja tinha um orçamento muito reduzido, ela era uma Igreja pobre, mas Jesus olha para aquela igreja e faz outra avaliação: Mas tu és rica. A pobreza material não tem importância quando se há riqueza espiritual.
A situação dos discípulos em Esmirna era muito melhor do que a da igreja em Laodicéia, que se achava rica apesar de sua pobreza espiritual:

17  pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu (Ap 3.17).

Para a igreja rica e abastada Jesus diz: tu és pobre. E para aquela desprovida de tudo Jesus diz: tu és rica. A avaliação do céu é muito diferente da avaliação da terra. A riqueza de uma igreja não está na beleza de seu templo, não está na grandeza de seu orçamento, não está na quantidade de seus membros e nem na influência política de seus membros; a riqueza de uma igreja está em ser firmada na graça de Deus apesar da perseguição e das dificuldades.
Será que somos considerados uma igreja rica na avaliação divina? Será que somos uma igreja que possui as riquezas celestiais mesmo desprovidos das riquezas materiais? Somos herdeiros de Deus e coparticipantes de Sua natureza e esta é uma riqueza maravilhosa.

D – Jesus conhecia a blasfêmia daqueles que perseguiam a Igreja

9  Conheço ... a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.

Blasfemar é falar mal. Aqui, porém, a blasfêmia é um aspecto do sofrimento dos crentes em Esmirna pela perseguição dos judeus. Esta difamação veio de pessoas que se chamavam judeus, mas não eram verdadeiros judeus, pois perseguiam aos cristãos. Agindo desta forma, ao invés de serem verdadeiros judeus e descendentes espirituais de Abraão, eram, na verdade, servos de Satanás, o principal mentiroso e acusador dos fiéis.
Quando os judeus se reuniam na sinagoga eles entendiam que eles eram a sinagoga do Senhor, só que como judeus, eles se reuniam ali para perseguir a Igreja e para acionar as forças de Roma contra a Igreja, para denunciar a Igreja aos romanos e Jesus olha para aqueles judeus e diz: vocês não são sinagoga do Senhor, vocês são sinagoga de Satanás, porque todos aqueles que perseguem a Igreja de Deus são agentes de Satanás, porque a função de Satanás é opor-se a obra de Deus e perseguir aos cristãos. Todos aqueles que cumprem estes propósitos são agentes de Satanás. Paulo expressa muito bem isso quando diz:

28  Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne.
29  Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus (Rm 2.28,290.

Paulo fala que o verdadeiro judeu não é aquele que o é por causa de sangue, mas por causa do novo nascimento em Cristo.

3 – O encorajamento de Jesus à Igreja de Esmirna

10  Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias...

A oportunidade que Jesus oferece para a Igreja de Esmirna é muito diferente das que Ele oferece para aquelas em que há alguma reprovação dele. A oportunidade é um encorajamento àquela Igreja: Não temas as coisas que tens de sofrer. Isso é muito importante porque vivemos em uma sociedade em que ninguém suporta nem mesmo a ideia de sofrer. Não que queira ir para o lado masoquista, mas a sociedade hoje não suporta a questão do sofrimento, ninguém quer saber de passar por lutas, por provações porque vivemos todos em uma filosofia hedonista. Esta filosofia afetou a sociedade em todas as áreas. Na vida conjugal, por exemplo, ninguém quer saber de lutas é mais fácil partir logo pra outra. Não há comprometimento com as raízes, qualquer probleminha se cai fora para se viver uma vida sem barreiras e para aproveitar ao máximo a vida.
Jesus encoraja aquela Igreja a não ter medo diante do sofrimento. Mesmo conhecendo a tribulação daquela igreja, Jesus não poupou os crentes de toda a dor e disse para eles que seu sofrimento não era uma possibilidade, mas sim uma coisa certa.
Pessoas que ensinam que o servo fiel será próspero e livre de sofrimentos nesta vida precisam conhecer esta mensagem que Jesus mandou à Igreja em Esmirna! O conforto oferecido por Jesus à Igreja de Esmirna não é o livramento do sofrimento, mas Ele anima os crentes em Esmirna a não desistirem diante das tribulações. A mensagem desta carta vai de encontro com as palavras de Paulo a Timóteo que diz:

12  Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos (2 Tm 3.12).

O Senhor nos alertou e abriu os nossos olhos de que sempre vamos ter perseguições. A ausência de perseguição à Igreja deve ser um motivo forte para ela repensar: Por que não estou incomodando?
Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós: já vimos que o diabo é visto como a fonte da perseguição à Igreja. E como Satanás prenderia os cristãos? Usando Roma como seu agente. Não eram somente os judeus que haveria de perseguir a Igreja, Roma também o faria e por ter vínculos tão fortes com a idolatria oficial de Roma, Esmirna se tornou uma cidade perigosa para os cristãos.
Agora pare e pense: Já imaginou o que era ser preso nas masmorras romanas? Estas masmorras eram, na verdade, uma antessala da sepultura, pois se seus prisioneiros não morriam lá de fome eles ficavam pesteados.
O diabo é o nosso acusador. Ele nos acusa de dia e de noite. Ele é o tentador. Ele é maligno, é mal, é perverso. Jesus está dizendo aqui que esta Igreja que enfrenta o martírio o diabo está furioso com ela. O diabo está por trás das tribulações que esta Igreja está enfrentando. Por isso que a Bíblia dos diz que:

12  porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Ef 6.12).

Para seres postos à prova: O efeito da tribulação seria o de provar a fé desses cristãos. A sua lealdade a Cristo seria testada sob ameaças de morte.
E tereis tribulação de 10 dias: Já descrevemos anteriormente o que é tribulação e falamos sobre ela. Vale destacar que 10 dias aqui não devem ser literais, pois 10 é um tempo definido, completo, mas breve.
A perseguição à Igreja nunca fez cair a qualidade da fidelidade dos cristãos, pelo contrário, sempre que ela enfrenta a perseguição a Igreja do Senhor Jesus cresce em qualidade.

4 – A promessa de Jesus à Igreja de Esmirna

10  ... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.

Não é ser fiel até ao dia de morrer, mas é ser fiel ao ponto de morrer. Seja fiel ainda que isto te custe a vida. É ser fiel ao ponto de dar a própria vida por sua fidelidade. O fim da perseguição, para alguns, poderia ser a própria morte. Mesmo assim, deveriam ser fiéis. Jesus está dizendo: não importa se o martírio chegue se fiel porque você terá a coroa da vida. Às vezes, arrumamos qualquer desculpa para não fazer algo que Deus pede. Mas nada, nem a nossa própria vida, deve ser mais importante do que a nossa fidelidade a Deus.
Um dia perguntaram a um servo de Deus se a Igreja fosse mais perseguida ela seria mais fiel. A resposta daquele servo foi: Não! Se a Igreja for mais fiel ela será mais perseguida. E era esta exatamente a postura da Igreja de Esmirna. Ela não retrocedeu diante da pobreza, da perseguição, da prisão e da própria morte.
E dar-te-ei a coroa da vida: Esta é a recompensa de Jesus pela fidelidade. A palavra coroa também é descrevida no N. T. por duas palavras gregas: diadema e stephanos e a palavra que aparece aqui é stephanos. Esta não é uma coroa de glória, mas era uma coroa temporária que as pessoas recebiam em momentos especiais, por exemplo, na vitória de um jogo atlético. Ela se refere à coroa de vitória. Jesus está aqui comparando a vida cristã com a vida de um atleta. Foi assim que Paulo também o fez quando disse:

7  Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
8  Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda (2 Tm 4.7).

Para você que corre a vida cristã com fidelidade, segundo as normas, Jesus está dizendo que tem uma coroa para você. Há uma coroa de justiça para aqueles que completam a sua carreira cristã, para aqueles que fizerem tudo que o Senhor lhes coloca às mãos para fazer. A coroa stephanos também era colocada nas pessoas em uma grande festa. Nós também receberemos a nossa coroa nas Bodas do Cordeiro, aquela grande festa que será a alegria da Igreja. A coroa da vida vem de Deus, o único que pode dar a vida eterna.
Como em todas as cartas às Igrejas, Jesus chama os destinatários a ouvirem a sua mensagem:

11  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.

Por que Jesus faz esta promessa para a Igreja de Esmirna? Porque era uma igreja perseguida. Porque era uma igreja torturada. Porque era uma igreja que estava enfrentando o martírio e aí Jesus diz: o vencedor pode morrer, mas ele não vai enfrentar a segunda morte. O mundo pode nos matar, nos perseguir, nos prender. Podemos enfrentar o martírio, mas ninguém pode nos matar com a segunda morte porque o texto diz que o vencedor não sofrerá o dano da segunda morte. O vencedor jamais poderá perecer.
A ideia de vencedor aqui é muito diferente do que é para nós hoje. Hoje, a ideia de vencedor é daquele que não tem luta, não passa por dificuldades, não sofre provações. Aqui, o vencedor é aquele que é preso, que é pobre, que não tem dinheiro nem para comer, que passa fome. Já imaginou a ideia de um vencedor que é decapitado, que é queimado vivo? A ideia de vencedor na Bíblia é a daquele que enfrenta todas as adversidades sem perder a sua fidelidade e sua firmeza na fé. Este é o vencedor!

Conclusão

Um discípulo do apóstolo João, Policarpo, foi Bispo da igreja de Esmirna. Policarpo, aos 86 anos de idade, foi preso pelas autoridades romanas e foi convocado a negar a sua fé e a blasfemar contra Jesus. Ele disse: Não vou blasfemar contra Jesus. Eu o sirvo há 86 anos e tem-me feito somente o bem, como é que vou blasfemar contra Ele? Ameaçaram-no com feras, com açoites, com prisões, com gladiadores, mas ele permaneceu firme. Então disseram: então vamos lhe queimar vivo e ele disse para seus algozes: Vocês podem me queimar, mas o fogo com que vão me queimar vai durar apenas alguns minutos ou poucas horas, mas o fogo que vocês enfrentarão é o fogo eterno que jamais poderá ser apagado. E este homem morreu queimado em uma pira na cidade de Esmirna glorificando a Jesus pelo privilégio de morrer por Ele. Jesus disse:

10  ... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11  ... O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.

Não sofrerá os danos do castigo eterno. O vencedor será aquele que permanecer fiel diante das perseguições. Morar em Esmirna no primeiro século não era fácil para um discípulo de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, ele teria que enfrentar uma ameaça organizada e poderosa que o tentava a abandonar a sua fé para melhorar as suas circunstâncias ou até mesmo para evitar uma morte violenta. Para vencer esta tentação, teria que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Se mantivesse sua confiança no Senhor, mesmo se morresse a vida eterna lhes seria garantida.

Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia principal: Rev. Hernandes Dias Lopes

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