Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sexta-feira, 27 de março de 2015

TRÊS PILARES DA FÉ CRISTÃ: 2º A QUEDA E SEUS EFEITOS



12  Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
11  não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
13  A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios,
14  a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
15  são os seus pés velozes para derramar sangue,
16  nos seus caminhos, há destruição e miséria;
17  desconheceram o caminho da paz.
18  Não há temor de Deus diante de seus olhos.
23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus(Rm 3.10-18,23,5.12).

Introdução

O terceiro capítulo de Gênesis é um dos mais importantes da Palavra de Deus, pois nele estão os fundamentos sobre os quais se apóiam muitas das principais doutrinas da nossa fé e também nele começa o grande drama da história da humanidade. Neste capítulo encontramos a versão Divina da queda do homem e da condição arruinada da nossa raça.
Os efeitos da Queda sobre o homem podem ser vistos logo em seguida ao seu acontecimento: a descoberta de que algo estava errado com ele mesmo; o esforço para esconder sua vergonha pelos próprios meios; medo de Deus e uma tentativa de se esconder de Sua presença; e, ao invés de confessar seu pecado, a necessidade de desculpá-lo.
Deus criou o homem santo, justo e sábio, e tendo uma bendita comunhão com seu Criador. Mas Adão não foi estabelecido irrevogavelmente em santidade, como os anjos eleitos o foram. Ele era bom, todavia, ele poderia cair de sua bondade e perder sua posição justa diante de Deus. E foi isto exatamente o que aconteceu, historicamente, com o que nos referimos como sendo a Queda, que ocorreu devido à deliberada desobediência do homem em escolher o mal voluntariamente.
E depois da queda, pode-se observar a total impotência do homem para andar no caminho da justiça, em consequência dos efeitos espirituais do pecado levar o homem a fugir de Deus, tornando-se esta uma tendência universal da natureza humana.
A cosmovisão cristã se diferencia das demais visões por conta da sua visão do homem como um ser em pecado. Para a visão cristã, o homem não é um ser neutro em suas escolhas, mas entende que os efeitos da queda são determinantes na geração das ações humanas. Tão importante quanto saber como Deus criou o mundo perfeito, é necessário ter consciência de todos os efeitos do pecado sobre a criação, em particular no coração do homem.

1 – OS EFEITOS INTERNOS DA QUEDA NO CORAÇÃO DO HOMEM

O registro Divino da Queda do homem é uma refutação evidente das hipóteses Darwinianas da evolução, pois ao invés de ensinar que o homem começou na base de uma escada moral e está vagarosamente subindo em direção aos céus, a Palavra de Deus declara que o homem começou no topo e caiu para a base. As hipóteses Darwinianas são uma das tantas outras que existem que tentam negar que o homem é uma criatura caída e de coração desesperadamente pecaminoso. Isso nos mostra que o problema com o homem não é exterior, mas interior. O que ele precisa não é de um novo lugar, mas de um novo nascimento.
O pecado é universal e não há império, nem nação, nem família livre desta terrível doença, porque todos compartilham de uma linhagem comum, todos nascem de um mesmo tronco: Adão.

12  Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5.12).

O pecado entrou no mundo por meio de Adão e todos os homens foram atingidos pelos seus efeitos. Quando analisamos o registro da queda, podemos observar a existência de uma oferta de substituição, pois o diabo oferece à mulher uma nova condição de entendimento do mundo, ou seja, uma nova cosmovisão. Antes da proposta de Satanás, a árvore do conhecimento do bem e do mal era considerada a partir de Deus, pois assim respondeu a mulher a Satanás:

3  mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais (Gn 3.3).

Após a oferta do diabo, porém, ao referir-se à árvore, a mulher já a considerou sem Deus:

6  Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu (Gn 3.6).

O homem sofreu uma mudança no modo como avalia a realidade ao seu redor. Nessa nova condição, o parâmetro para a avaliação da realidade não é centrado em Deus, mas no homem, e a definição do que é o bem e o mal não passaria mais pelo crivo de Deus e sim pelo do homem.
O coração humano foi invadido por uma mudança de cosmovisão. Deus deixou de ser o centro, por meio do qual tudo é avaliado e o homem passou a querer existir sem a interferência divina. O pecado afetou o coração do homem, atingindo áreas fundamentais para a vida humana.

A – Os efeitos da Queda sobre a mente humana

Um aspecto muito importante da corrupção do coração humano é o que chamamos de efeitos sobre a mente humana. A estrutura do pensamento do homem a respeito da realidade era, originalmente, centrada em Deus. Toda a sua percepção de si e do mundo o homem tinha Deus como o ponto de partida e a queda interferiu nessa estrutura.
A mente humana é o centro de quase todo o seu contato com a realidade, pois boa parte da nossa concepção de mundo é adquirida pelo modo como pensamos e o pecado turbou a mente humana e a distanciou de Deus.

17  Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos,
18  obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,
19  os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza (Ef 4.17-19).

O homem se tornou avesso à ideia de um Deus como centro existencial e deu início a um processo de rebelião:

2  Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o SENHOR é quem fala: Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim.
3  O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende (Is 1.2,3).

Para o homem, a realidade passou a fazer mais sentido a partir do seu próprio ego do que a partir de Deus. Por isso que encontramos muitos alertas na Bíblia a respeito da condição caída do homem e do seu modo maligno de pensar.

10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
11  não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer (Rm 3.10-12).

Após a Queda o homem foi entregue ao pecado, para seguir os planos maus da sua mente. Seu coração é agora cheio de dolo e seus desejos são continuamente maus. Há uma analogia entre a função da mente e a função do corpo após a Queda. Ainda temos corpos que exibem força física. O corpo ainda trabalha. Mas o trabalho do corpo agora é acompanhado de suor e fadiga. Semelhantemente, a mente ainda trabalha, mas o pensamento correto é laborioso para a mente.
A queda não destruiu a humanidade natural do homem. O homem ainda tem a capacidade de pensar, mas essa capacidade foi severamente danificada pelo pecado. Isso é verdadeiro particularmente com relação às coisas espirituais. Em nosso entendimento das coisas de Deus, Calvino diz que somos "mais cegos do que as toupeiras". Para o nosso conhecimento das coisas celestiais, dependemos da iluminação graciosa de Deus.

B – Os efeitos da Queda sobre a vontade humana

A vontade humana é o elemento da sua existência que diz respeito a seus desejos e preferências. Esses desejos e preferências são processos de conhecimento que influencia nossas escolhas. No primeiro pilar da fé vimos que o homem se diferencia do restante da Criação pelo fato de poder fazer escolhas. A Bíblia fala do coração, indicando-o também como o centro da atividade de nossa vontade

2  Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele recebereis a minha oferta (Ex 25.2).

Na Criação, o homem tinha uma inclinação positiva para o bem e para amar a Deus. Embora fosse possível que o homem pecasse, não havia necessidade moral para que assim agisse. A retidão do homem era movida por um conhecimento verdadeiro, um senso de justiça perfeito e a santidade original, que implicava em escolhas morais de acordo com a vontade de Deus.
A perda da liberdade foi algo desastroso que aconteceu à vontade humana sendo ela o resultado da queda. E também como resultado da queda o homem passou a ser escravo do mal. A vontade caída tornou-se uma fonte de mal no lugar de uma fonte do bem e o homem passou a ter uma inclinação pecaminosa atuando sobre a sua vontade.

19  Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias (Mt 15.19).

Desde então, o coração humano passou a decidir influenciado por sua natureza pecaminosa. Até mesmo quando os homens sem Deus fazem boas escolhas, são movidos pela influência do pecado, porque a origem de sua decisão não é Deus, mas as preferências do seu coração.
O pecado influenciou o funcionamento da vontade humana e a tornou uma inimiga da nossa ligação com Deus. Por isso Deus exortou Caim a ter cuidado com o próprio desejo do coração:

7  Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo (Gn 4.7).

C – Os efeitos da Queda sobre as emoções humanas

Outro elemento da mente humana é o emotivo. Por ser muito complexo ele pode ser considerado muito difícil de defini-lo. Nossas emoções são as responsáveis pela formação básica dos nossos sentimentos. A Bíblia afirma que as emoções são originárias do coração humano:

2  O rei me disse: Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração. Então, temi sobremaneira (Ne 2.2).
1  O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação (Jó 14.1).
14  Então, se acendeu a ira do SENHOR contra Moisés, e disse: Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele fala fluentemente; e eis que ele sai ao teu encontro e, vendo-te, se alegrará em seu coração (Ex 4.14).
1  Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim (Jo 14.1).

Elas funcionam como elementos motivadores para que nossas ações sejam empreendidas com maior ou menor empenho.
As emoções dão sentido às nossas ações, porque elas resultam da união dos elementos espiritual, cognitivo e material, produzindo os sentimentos que dão o colorido para cada situação vivida, sejam elas de alegria, ódio, ira, temor, satisfação, etc. Por exemplo, o caso de Neemias. Sua tristeza foi o resultado de sua indagação com a resposta recebida:

2  veio Hanani, um de meus irmãos, com alguns de Judá; então, lhes perguntei pelos judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio e acerca de Jerusalém (Ne 1.2).
3  Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas (Ne 1.3).
4  Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus (Ne 1.4).

Também temos o exemplo de Caim. Ele teve o seu semblante decaído, porque sua mente concebeu a rebeldia, as inclinações decaídas do seu coração manipularam seus desejos e tudo isso produziu o sentimento do ódio, que afetou sua alma, a sua mente e o seu corpo.

6  Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante (Gn 4.6)?

Os efeitos do pecado sobre a mente humana e a sua vontade transformaram diretamente o funcionamento das emoções humanas, levando-as a reagir concentrando-se no homem, movendo-se pelo egocentrismo. O homem faz o que gosta de fazer! O que move os homens são os seus desejos e não o amor a Deus.
Criado originalmente para sentir prazer e ter os seus sentimentos baseados em Deus, o homem passou a viver para os seus interesses, movido por pensamentos e inclinações egocêntricas, ao que a Bíblia chama de carne, natureza terrena ou concupiscência.

2 – OS EFEITOS EXTERNOS DA QUEDA NO CORAÇÃO DO HOMEM

A Queda não afetou somente o interior do homem, também afetou o seu exterior, e a idolatria é uma das consequências surgidas com a Queda. O homem é um ser essencialmente religioso, tendo essa semente implantada no seu coração. Entretanto, o pecado operou uma mudança radical na sua estrutura religiosa original.
Criado para manter no seu coração o amor único a Deus, o qual daria base adequada para todos os seus pensamentos, desejos e sentimentos, o homem foi transportado para outro amor, ou outro deus ou ainda o amor a si mesmo. Essa mudança estrutural da religiosidade do coração humano é chamada pela Palavra de Deus de idolatria.

A – A idolatria como substituição de Deus

Idolatria não pode ser reduzida às imagens de escultura, mas à substituição do amor a Deus no coração do homem. O pecado corrompeu a mente humana e a idolatria surgiu como um dos resultados dessa corrupção.

21  porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
22  Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos
23  e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm 1.21-23).

Como parte da maldição da Lei, Deus entregou os homens a essa disposição corrompida do coração, que resultou em um modo de vida completamente distante da justiça, harmonia e paz que deveriam marcar o domínio do homem sobre a Criação.

24  Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
25  pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!
26  Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
27  semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.
28  E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes,
29  cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores,
30  caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais,
31  insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia (Rm 1.24-31).

E Paulo conclui que tudo isso é o resultado da substituição de Deus por ídolos no coração do homem. Essa substituição idólatra é um exemplo da rebelião do homem contra o seu Criador.

B – A idolatria como interrupção da adoração a Deus

A Queda de Adão em pecado e desobediência ao seu Criador afetou as comunicações entre Deus e o homem. Inicialmente o homem desfrutava de doce e direta comunhão com seu Criador, que se encontrava com ele na viração do dia. Adão procurava comunhão e a desfrutava. Assim que ele procurou viver independentemente de Deus, quebrando seu mandamento, Adão se escondeu de Deus e ficou com vergonha de si mesmo e de seu Criador. Antes, Adão não tinha causa para se esconder de seu Criador; agora, assim que Deus o questiona para trazê-lo à confissão, Adão se escusa e culpa ao Criador por providenciar uma companheira para ele, a qual foi o instrumento em sua queda.
A partir daí o intelecto do homem é usado perversamente, ao invés de ser usado para admirar e adorar a Deus. Não somente foi assim com Adão, mas com todos seus descendentes por procriação natural. O homem, pensando ser sábio, inventa para si mesmo caminhos e meios para cumprir sua religiosidade, caindo em idolatria, trazendo sobre si a justa ira de Deus.
O ídolo é uma tentativa de representação da divindade, o que era proibido por Deus. A adoração de ídolos é fortemente vetada por Deus em toda a Escritura Sagrada em função dela interromper a adoração ao Deus Único:

24  Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (Mt 6.24).

C – A idolatria como separação de Deus

Parte da maldição que se seguiu à queda foi a expulsão do Éden. Deus baniu Adão e Eva do Jardim e colocou na entrada do Éden uma sentinela angelical que empunhava uma espada flamejante. Este sentinela prevenia que Adão e Eva voltassem ao jardim. Consequentemente, o ambiente no qual eles gozavam da presença imediata de Deus e da comunhão com Ele foi retirado. Com o exílio veio também as maldições: sobre a mulher, que deveria experimentar dor ao dar à luz; sobre a serpente, que iria rastejar no pó sobre o seu ventre; e sobre o homem, que iria, com suor e fadiga, trabalhar o solo.
Depois que a sentença do julgamento tinha passado sobre a serpente, depois sobre a mulher e, finalmente, sobre o homem, e depois que Deus graciosamente deu a eles a preciosa promessa de sustentar seus corações e fornecer uma vestimenta para cobrir sua vergonha, Adão e Eva foram colocados para fora do Jardim. O significado moral aí é evidente. Era impossível para eles permanecerem no Jardim e continuar se relacionando com o Senhor. Ele é Santo, e aquele que está maculado não pode entrar na Sua presença. O pecado sempre resulta em separação.

2  Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça (Is 59.2).

E a idolatria nos separa completamente de Deus. Satanás trabalha do exterior para o interior, o que é justamente o contrário da ação Divina. Deus começa Seu trabalho no coração do homem, e a mudança causada no coração reage e transforma a vida exterior. Mas Satanás começa com o exterior e, através dos sentidos do corpo, trabalha posteriormente o espírito. Isso pode ser notado lá no Éden:

6  Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu (Gn 3.6).

A idolatria oferece certo conforto para a mente caída do ser humano, gerando certa paz, pois ele se convence de que, se fizer coisas boas ou religiosamente corretas, isso o isentará de obediência em outras áreas e o livrará do juízo de Deus. Falsa sensação que brota no coração idólatra.

3 – O GRANDE CONFLITO SURGIDO COM A QUEDA DO HOMEM

O homem é um ser composto. Dois princípios estão na ativa dentro dele. Num momento ele faz aquilo que é nobre e louvável, no outro, aquilo que é desprezível e baixo. Às vezes ele é dócil com aquilo que é bom e nobre, mas com mais frequência ele se entrega aos prazeres do pecado. Em alguns estados conscientes da mente, assemelha-se a Deus, em outros, é claramente um filho do Diabo.
De onde vem este conflito entre o bem e o mal? Por que esta dualidade perplexa em nossa constituição comum? Somente uma explicação vai de encontro a todos os fatos. Por um lado, o homem é descendência de Deus; mas por outro, o pecado entrou pela Queda e corrompeu a obra do Criador.
A Queda iniciou um conflito que as Escrituras descrevem de diversas formas, uma delas é as trevas verso a luz. A luz representa a ordem da Criação e as trevas representam o reino intruso da inversão, da mentira e da oposição direta a Deus.

13  Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.13)

A – O Reino da Luz

Três pontos fundamentais destacam o Reino da Luz: amor, graça e redenção. E eles podem ser encontrados já lá no Jardim do Éden:

9  E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás (Gn 3.9)?

É bonito esse registro da graça Divina através de um chamado de amor compassivo. Negro como se apresentava o cenário naquele momento, serve para revelar, mais claramente, as riquezas da Graça de Deus. E se Deus os tivesse entregado aos eternos agrilhoes sob as trevas como Ele fez aos anjos quando pecaram? Teria sido muito rigor? Não! Teria sido simplesmente mera justiça! Era tudo o que eles mereciam! Mas, não! Na Sua infinita condescendência e abundante graça, Deus dignou-se a ser aquele que busca, e desceu ao Éden bradando: Onde estás? W. Griffith Thomas resumiu convincentemente o sentido desta pergunta com as seguintes palavras:
A pergunta de Deus a Adão ainda soa no ouvido de cada pecador: Onde estás? É o chamado da justiça Divina, a qual não pode fechar os olhos ao pecado. É o chamado do pesar Divino, que aflige o pecador. É o chamado do amor de Deus que oferece redenção do pecado. Para cada um de nós o chamado é reiterado: Onde estás?
Na esfera da redenção, Cristo não somente reverteu os efeitos da Queda, mas por causa dela, conduziu o homem para uma coisa ainda melhor. Os redimidos ganharam mais através do último Adão do que perderam através do primeiro. Eles ocupam uma posição mais exaltada! Antes da Queda, Adão habitou num Paraíso terreno, mas os redimidos foram feitos para assentarem-se com Cristo nos lugares celestiais.
Também pela redenção os redimidos foram abençoados com uma natureza mais nobre. Antes da Queda, o homem possuía uma vida natural, mas, agora, todos em Cristo foram feitos participantes da natureza Divina. Também eles obtiveram uma nova posição diante de Deus. Adão era simplesmente inocente, mas os crentes em Cristo são justos. Ainda compartilhamos uma herança melhor. Adão era senhor do Éden, mas os crentes são herdeiros de todas as coisas, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. Pela graça, os crentes em Cristo se deleitam em um relacionamento mais próximo de Deus do que era possível antes da Queda. Adão era simplesmente uma criatura, mas nós somos chamados de filhos de Deus e somos membros do corpo de Cristo.
A Queda forneceu a necessidade de Redenção, e pela obra redentora da Cruz, os crentes têm uma posição que o caído Adão nunca poderia ter alcançado. Verdadeiramente, “onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Graça assim é encontrada somente no Reino da Luz. Estudaremos com mais detalhes sobre a redenção no terceiro pilar da fé cristã.

B – O reino das trevas

O reino das trevas é marcado pela falsidade e mentira. Ele não tem o domínio sobre a criação, mas usa da mentira para gerar no coração do homem uma falsa convicção da existência e do seu propósito. Satanás, o maioral deste reino, é chamado nas Escrituras de o pai da mentira:

44  Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44).

A esfera da atuação de Satanás é o reino espiritual. Seu objetivo principal é ficar entre a alma e Deus, afastar o coração do homem do seu Criador e inspirar confiança em si mesmo. Ele procura usurpar o lugar do Santíssimo, para fazer de Suas criaturas seus voluntários e filhos. Seu trabalho consiste em colocar suas mentiras no lugar da Divina verdade.
É um erro viver sem perceber a força e o poder controlador do pecado. Esse poder está presente no mundo e age de modo a aprisionar as mentes e corações. Muitos estão sendo conduzidos para longe de Deus e nem estão apercebidos disso.
O Senhor Jesus vai semeando a semente da verdade, que é a Palavra de Deus, e o maligno imediatamente o segue e semeia o joio. E o que é lamentável é que enquanto os homens se recusam a acreditar na Palavra do Deus vivo, não obstante eles são suficientemente crédulos para aceitar as mentiras de Satanás.

19  O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más (Jo 3.19).

Mas o reino das trevas terá um triste e merecido destino! Sua derrota será consumada na volta de Cristo!

C – A vitória da Luz sobre as trevas

A libertação do homem do poder das trevas é um exemplo da vitória da luz. Apesar de termos de admitir a interferência e o poder das trevas na nossa mente, em nossa vontade e em nossas emoções, como também na estrutura da mentira que controla o mundo, a Bíblia nos mostra a providência de Deus ao enviar a sua luz para nos libertar das trevas.

12  De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida (Jo 8.12).

Por que é que a Bíblia é tão desprezada? É porque aproxima mais o homem de Deus do que qualquer outro livro, e os homens ficam inquietos na presença de Deus e querem se esconder Dele. Por que é que a pregação da Palavra de Deus é tão pouco apreciada? É porque ela traz Deus para perto do homem e isto o torna desconfortável em seu pecado, procurando, então, fugir Dele. Fica evidente, então, de que todos compartilhamos do primeiro pecado e morremos em Adão, e por ter tido uma postura representativa leva ao fato de que todos os seus filhos compartilham da sua natureza e perpetuam sua transgressão. Mas o Senhor enviou a sua luz para nos libertar do império das trevas. E essa libertação é a sua grande vitória! Esta vitória será consumada na volta de Cristo!
O pecado original significa que o pecado não é meramente uma ação, mas também uma condição transmitida de nossos primeiros pais para cada um de nós. O pecado é algo que habita a nossa natureza humana. Este estado, condição ou hábito de pecar continua através da procriação, de geração a geração.
A cosmovisão cristã é uma consideração consciente de toda a influência e o poder da Queda bem como seus efeitos destrutivos, mas também uma proposta de reação redentiva que transporta o homem das trevas para o Reino do Filho de Deus.

Conclusão

Um bom diagnóstico é o melhor começo para o tratamento de qualquer doença. Um bom conhecimento a respeito dos efeitos da Queda do homem no coração humano e na inversão da estrutura existencial teocêntrica é fundamental para que possamos entender o mundo ao nosso redor.
Cristãos devem se lembrar sempre de que a estrutura da Criação é a verdade, e que a verdade não mudou. Deus continua sendo o Senhor Soberano e Absoluto. O que mudou foi o funcionamento do coração humano, que, sob a influência do pecado, passou a viver uma falsa realidade, obra de todas as artimanhas de Satanás. Que Deus nos abençoe! Amém!

Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

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