Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

domingo, 11 de junho de 2023

ROMANOS: O EVANGELHO: PODER DE DEUS PARA SALVAR

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé (Rm 1.16-17).

INTRODUÇÃO:

Que a paz do Senhor Jesus esteja contigo! Convido-o a estudar a Palavra de Deus na carta de Paulo aos Romanos, dando prosseguimento a nossa série de estudo desta carta tão preciosa. E chegamos aqui hoje a esses dois versículos que são uma declaração gloriosa do que é a mensagem central do cristianismo e ao mesmo tempo o tema da carta. Que o Espírito Santo o ilumine para compreensão da Palavra do Senhor, para a compreensão do Evangelho de Deus, para que vejas as maravilhas do Evangelho, que te conduza e inclina o seu coração, ilumine os olhos do teu entendimento para que possas contemplar, sem impedimento, a verdade que o Senhor quer te revelar.

Na mensagem anterior vimos como o Apóstolo Paulo revela aos crentes de Roma a intenção que ele tem de fazer-lhes uma visita. Os planos de Paulo eram de chegar em Jerusalém. Ele estava indo para lá levando uma oferta para os cristãos pobres da região da Judeia. E uma vez estando em Jerusalém, Paulo planejava tomar um navio e ir até a cidade de Roma e lá ele queria ser hospedado pela igreja. Paulo não é o fundador da Igreja de Roma, havia algumas pessoas na igreja que conheciam a Paulo e a relação delas está descrita no final da carta. Mas, embora Paulo não era conhecido oficialmente da igreja, Paulo desejava estar com aqueles irmãos. Queria compartilhar com eles o Evangelho. Queria ser abençoado no convívio com eles. E Paulo tinha planos de ser enviado pela Igreja de Roma para a Espanha, onde ele queria pregar o Evangelho, aonde Cristo não havia sido ainda anunciado. Ele fala desses planos que tem no final da carta, onde ele detalha esse desejo que ele tem do apoio missionário da Igreja de Roma:

Essa foi a razão por que também, muitas vezes, me senti impedido de visitar-vos. Mas, agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia (Rm 15.22-24).

Paulo amava aquela igreja. Paulo orava por eles. Mesmo que não os conhecia, Paulo desejava ter comunhão com eles e ele diz que se sentia devedor aos romanos. Não somente aos romanos como também se sentia devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. Por isso que ele diz que estava pronto para ir a Roma anunciar ao Evangelho. E em seguida ele faz essa declaração que nós lemos aqui, que está no verso 16 e 17 e que é o resumo da Carta aos Romanos e também o resumo da mensagem do Evangelho.

São dois versos gloriosos, cheios de majestade, cheios de conteúdo. Foi lendo essa passagem que Martinho Lutero entendeu qual o caminho da salvação. Isso no século XVI e deu origem a Reforma Protestante. Lutero entendeu que a justificação de Deus, a maneira como Deus salva o pecador é mediante a fé, na pessoa de Jesus Cristo. Esses versículos têm influenciado a Igreja cristã através da História. Eles servem de base para a doutrina principal da reforma protestante que são os cinco Solas:

Sola Scriptura = Somente a Escritura;

Solus Christus = Somente Cristo;

Sola Gratia = Só a Graça;

Sola Fide = Só a Fé;

Soli Deo Gloria = Somente a Deus a Glória.

E são esses os dois versículos que vamos estudar hoje na expectativa de que Deus nos abençoe na compreensão de sua Palavra e que o teor das verdades que estão contidas aqui nos alcances plenamente. E vamos começar com a declaração que Paulo faz.

01 – PAULO NÃO SE ENVERGONHA DO EVANGELHO:

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16).

Paulo não tinha vergonha do Evangelho. Isso significava que ele não tinha vergonha de um dia ter crido em Jesus Cristo. Paulo era judeu. Paulo tinha sido um perseguidor do cristianismo. Ele tinha entendido que Jesus era um falso profeta e que os seus seguidores eram uma ameaça a verdadeira religião e que eles precisavam ser eliminados. Paulo manteve uma cruzada pessoal para eliminar os cristãos. Ele chegou a obter a autorização das autoridades em Jerusalém para caçar cristãos nas cidades circunvizinhas. Onde ele chegava que estourava uma casa de culto dos cristãos, ele levava esses cristãos presos para Jerusalém, onde eles eram interrogados, as vezes torturados, presos e em caso como o de Estevão, que está narrado no livro de Atos capítulo 7, eram apedrejados até a morte.

Um dia Paulo conheceu Jesus a quem ele perseguia no caminho de Damasco e o perseguidor se tornou em adorador, se tornou em discípulo. E aquilo que ele antes perseguia, que odiava e do qual tinha vergonha, agora é a própria fé que ele abraça. E não somente isso, ele dedica a sua vida a pregar o mesmo Evangelho que antes ele tinha perseguido. Então, essa declaração dele: Eu não me envergonho do Evangelho ganha um sentido extraordinário quando a gente lembra quem é que está dizendo isso. Era um homem para quem antes o Evangelho era motivo de vergonha para a nação de Israel. Um Carpinteiro pendurado em uma cruz, o Filho de Deus. Aquilo era escândalo. Mas, agora, Paulo se torna um cristão. E não somente isso, ele se torna um Apóstolo de Jesus Cristo, um pregador do Evangelho de Jesus e ele não se envergonhava deste Evangelho.

Na verdade, ele se sentia grato por ter crido no Evangelho, ele se sentia privilegiado, porque Cristo lhe apareceu e lhe mostrou a verdade. Ele se sente abençoado por Deus por ter tido aquela revelação no caminho de Damasco. E também porque Deus o constituiu um pregador do Evangelho. Essa era a razão pela qual ele diz que está pronto para anunciar o Evangelho também em Roma, porque ele não tem vergonha de dizer que é cristão e muito menos de pregar, onde for possível, o Evangelho de que Deus em Cristo salva o pecador.

E quando nós pensamos que ele está dizendo isso com relação a Roma, essa declaração dele ganha um sentido ainda maior, porque Roma era a capital do Império. Os romanos valorizavam a força, o poder, o domínio, eles eram uma nação dominadora da sociedade conhecida, do mundo conhecido da época. Os romanos haviam imposto o seu domínio através das suas legiões, através dos seus exércitos, do seu poderio militar, que fez com que Roma dominasse as outras nações, subjugasse as outras nações, impusesse o seu domínio. Todas as nações eram tributárias e subservientes à Roma naquela época, em que o romano valorizava o poder e a força.

Agora, imagina Paulo chegar nessa cidade, capital do Império, do poder, do domínio e da força para dizer que Deus veio salvar o mundo através de um carpinteiro que nasceu lá na cidadezinha obscura e que ninguém sabia direito quem era e que cresceu lá no meio do povo e não tinha educação, que quem seguia Ele era um bando de pescadores, que tinha um publicano, um cobrador de impostos, que foi traído por um dos seus seguidores, negado por outro, que foi condenado pelo seu próprio povo, que foi entregue à morte por um procurador Romano, Pôncio Pilatos, o qual decretou sua morte de cruz e Ele morre daquela forma, que para o Império Romano era a forma mais vergonhosa de se morrer, pois a cruz era um instrumento de crucificação e tortura para os piores criminosos em Roma. E era a pena que os romanos impunham aos inimigos políticos e aos piores criminosos.

Agora, Paulo vai na capital do Império dizer que aquele homem, que morreu pendurado em uma cruz, naquela forma de execução escandalosa, que foi rejeitado pelo seu povo e executado por ele, aquele, na verdade, era Deus, era Deus salvando o pecador. Eu imagino Paulo tendo que pregar isso nas cidades orgulhosas de Roma, aos ouvidos arrogantes dos Romanos. Por isso que ele disse: Eu não tenho vergonha. Eu vou, se preciso for, até Roma para anunciar esse Evangelho. Eu não me envergonho do Evangelho, não tenho vergonha nenhuma de proclamar que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Por isso que ele está disposto a fazer isso. E motivo pelo qual Paulo diz que não sentia vergonha de ser cristão e pregador do Evangelho ele coloca aí no resto do verso que é o nosso segundo ponto:

02 – PORQUE O EVANGELHO É A MANIFESTAÇÃO DO PODER DE DEUS:

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16).

Longe de ser uma fraqueza, como talvez os romanos pensariam, o Evangelho, na verdade, era a manifestação do poder de Deus. É no Evangelho que o poder de Deus se manifesta de maneira mais extraordinária e clara. Há vários pontos aqui que precisam ser explicados para que a gente entenda plenamente o que é que Paulo está dizendo ao escrever que o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.

a) A Depravação Total da Humanidade e Sua Incapacidade de Salvar-se por Si Mesmo:

Paulo está explicitando, ele está supondo, ele está assumindo o fato de que a humanidade está perdida, senão ele não podia falar do Evangelho como sendo o poder de Deus para salvação se a humanidade está salva, se todo mundo vai para o céu, se depois da morte todo mundo vai para um lugar feliz. Se for assim para que a salvação? Salvar de quê?

Então, ao dizer que o Evangelho é o poder de Deus para salvação, Paulo está pressupondo que a humanidade está perdida. E quando ele fala humanidade, quando falamos humanidade, estamos falando de maneira inclusiva, todos, sem exceção, os gregos e bárbaros estão perdidos. Paulo vai explicar isso nos versos seguintes que estudaremos posteriormente, se Deus quiser e assim o permitir. Ele vai dizer que mesmo os gregos e bárbaros, que nunca ouviram o Evangelho, estão perdidos, estão condenados, porque eles rejeitaram a revelação que Deus fez de Si mesmo na natureza. E embora eles têm suas próprias religiões e seus deuses, eles estão cegos, eles não conhecem a verdade, estão endurecidos e pensam que são sábios, mas estão debaixo da ira de Deus, estão caminhando para condenação eterna.

Eles precisam de salvação, por isso que Paulo quer ir para a Espanha pregar o Evangelho, por isso que ele quer ir para Roma, para que a igreja o apoie em seus esforços missionários, para chegar até os espanhóis com a pregação do Evangelho. Se Paulo não acreditasse que os espanhóis estavam perdidos, ele não teria plano nenhum de ir a Espanha e nem a Roma, mas quando ele fala: O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, ele está com isso dizendo que a humanidade está perdida e que a humanidade precisa de salvação.

E não somente os gregos, os bárbaros, os idólatras que viviam nas trevas da ignorância, mas os próprios judeus. Ele vai explicar isso a partir do capítulo 2 e metade do capítulo 3. Ele vai dizer que até os judeus, que receberam a revelação de Deus no Antigo Testamento, receberam a Aliança, as promessas, o Pacto de quem veio o Messias, de quem são as Escrituras, de quem é o culto, até os judeus estão perdidos, porque eles receberam a Lei de Deus, mas eles não entenderam como o Evangelho se revela nela, eles pensavam que ela era o caminho de salvação e criaram uma religião legalista, uma religião de mérito, tentando se salvar pelo cumprimento das obras da Lei. Tanto os gregos, romanos, espanhóis, os bárbaros, quantos os próprios judeus estão perdidos. É no capítulo 3 que Paulo faz aquela declaração que é tão conhecida: Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23).

Porque todos pecaram, todos, os judeus e não judeus, todos pecaram e carecem da glória de Deus. E essa condenação ela se estende a toda a raça humana, independente de nacionalidade, de gênero, de cor e de idade. Nossos filhos estão perdidos, as nossas crianças estão perdidas, os nossos adolescentes estão perdidos, os nossos jovens estão perdidos, os nossos adultos e os nossos velhos também, toda a raça humana, não tem exceção, estamos manchados pelo pecado e condenados por conta do pecado, porque Deus é justo, Ele é Santo e Ele conhece cada pessoa.

Então, essa declaração para ser entendida de que o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê ela pressupõe, primeiro, a verdade, o estado em que a humanidade se encontra. E é aqui que você vai perceber a diferença entre o cristianismo e as outras religiões. As outras religiões insistem em dizer que o homem é intrinsicamente bom, que existe uma bondade no coração do homem e que a salvação está dentro do homem, o homem apenas precisa olhar para dentro de si mesmo. É tão popular isso: Ouça o seu coração! Ouvir o coração porque a ideia é que o homem é bom, há uma bondade intrínseca no homem. Se ele é mau é porque ele nasceu no ambiente depravado. Você vê isso no próprio Brasil, quando você vê casos de estupro e dizem que a culpa é da sociedade que provoca, que cria essa mentalidade de estupro. A culpa é da sociedade, a culpa é da erotização, mas não é do estuprador. O estuprador é uma vítima, ele cresceu nesse ambiente de favela, ouvindo essas coisas e tudo mais. É uma sociedade que não admite pecado, que coloca a culpa na cultura, nos pais, na educação e o indivíduo foge da sua responsabilidade.

Essa é a religião do homem moderno, essa religião que agrada o coração. Quem que não gosta de uma religião que vai dizer para você que você é bonzinho? Que você não é responsável pelos seus atos? E que se você fizer alguns rituais religiosos, pagar algumas promessas, enfim, Deus vai ficar de bem com você, de boa com você, que está tudo resolvido? Isso não é cristianismo! Cristianismo começa com a má notícia de que você é pecador, que você quebrou a Lei de Deus desde que você era criança e que você está debaixo da ira de Deus, um Deus que é poderoso para fazer você sofrer eternamente no inferno. Isso que é cristianismo, começa dizendo isso que ele ensina, por isso que ele é diferente de todas as outras religiões, é o único nesse sentido. Então, essa é a primeira coisa que nós temos que observar aqui nesta declaração de Paulo.

b) Deus Salva Pecadores Mediante o Evangelho:

A segunda declaração de Paulo quando ele diz: O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê é que Deus salva pecadores e ele salva pecadores mediante o Evangelho.

O Evangelho é a boa notícia de que Deus, no seu grande amor por essa humanidade perdida, enviou o seu Filho Jesus Cristo, nascido de mulher, nascido como um de nós, participante da nossa natureza humana e que na cruz do Calvário, como nosso representante, Ele suportou a ira de Deus e o castigo que nós merecemos. Ele experimentou, naquela cruz, a ira desse Deus Santo.

Então, longe de ser um momento de fraqueza, como talvez os romanos pensariam, ali você tem a revelação do poder de Deus, quando aquele homem, na cruz, derrama sua última gota de sangue e grita: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? O quadro da fraqueza! Um crucificado clamando, se sentindo abandonado, quando, na verdade, era a manifestação do poder de Deus, porque ali Jesus estava levando sobre si a nossa iniquidade. E a salvação vem através do Evangelho, vem através do anúncio dessa verdade, desse fato, desse ato salvador de Deus em Cristo Jesus.

E quando Paulo aqui fala “salvação” nós temos que entender a palavra “salvação” no contexto da Carta aos Romanos. Quando a gente ler aqui “salvação”, a gente pensa, geralmente, que é somente salvação da condenação do inferno, mas na verdade o Evangelho nos salva em todos os sentidos. O Evangelho nos salva da culpa do pecado e, portanto, nos coloca em paz com Deus. O Evangelho nos salva do poder do pecado aqui nesse mundo. E por causa disso nós aprendemos a largar os nossos hábitos, a vencer os nossos pecados, as tensões do nosso coração, a subjugar os desejos mais ímpios da nossa alma e a viver fazendo o que é certo, que é amando ao próximo e perdoando.

O Evangelho nos livra da presença do pecado porque um dia esse Redentor voltará, a ressurreição dos mortos acontecerá e nós participaremos, com Ele, na consumação de todas as coisas, que é a redenção e a salvação final, quando, então, o pecado será extinto definitivamente da história da raça humana. É uma salvação completa, não somente da culpa, mas também do poder do pecado e da presença do pecado na ressurreição dos mortos. É assim que Deus salva pecadores. Não é de nenhuma outra maneira, não há nenhuma outra forma de salvação, dada aos homens, a não ser mediante ao Evangelho. Deus salva pecadores por meio do Evangelho.

c) A Salvação é a Maior Manifestação do Poder de Deus:

A terceira coisa que Paulo nos diz aqui quando escreve: Porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê é que a salvação que é a manifestação deste poder de Deus. A gente pode entender porque que Paulo diz que o Evangelho é a manifestação do poder de Deus. Eu gosto de pensar no Evangelho nesses termos. O Evangelho é o poder de Deus! Tem muita gente hoje atrás de poder. Na verdade, a gente pode quase que dizer que grande parte dos evangélicos vivem aquilo que a gente chama de “religião de poder”. Os evangélicos querem ser poderosos, eles querem ter poder. Poder para conquistar, poder para receber os seus sonhos, poder para vencer na vida, poder para derrubar os gigantes, poder para conquistar a terra prometida. Os evangélicos querem poder!

De fato, o Evangelho é uma religião de poder, mas nesse sentido aqui. A maior demonstração do poder de Deus não é conceder a você um carro do ano, uma casa própria, um bom emprego e um excelente casamento, mas a maior manifestação do poder de Deus está na salvação, na sua salvação, da culpa do poder e da presença do pecado, mais do que em qualquer outro ato miraculoso que Deus porventura queira fazer. Ressurreição de mortos, por exemplo, é fichinha perto disso aqui.

Deus pegar pecadores culpados como você e como eu e nos fazer filhos dele, perdoar as nossas iniquidades e nos fazer seus herdeiros, do novo Céu e da nova Terra, onde habita a justiça, isso é que é poder. E quando eu penso no Evangelho como sendo o poder, isso me leva à conclusão de que o cristianismo não é uma religião formal, que cristianismo é só você cumprir determinados atos, vir à igreja para escutar seu irmão todo Domingo, isso não é cristianismo, é você se tornar membro de uma igreja. Dar oferta, dar dízimo, participar de alguma atividade, participar dos adolescentes, da mocidade, cantar no coral, isso não é cristianismo. Cristianismo consiste, basicamente, em você experimentar esse poder de Deus.

Cristianismo não é uma religião formal, de realização humana, mas é, vitalmente, uma experiência libertadora que vem através do Evangelho em que você experimenta o poder de Deus. Vamos usar o termo “experimentar” no sentido de que envolve experiência, você sentir, você provar, mudar a sua vida. Tem muita gente que pensa que é cristão porque nasceu na igreja, porque cresceu em um lar evangélico, que canta no coral, que participa da mocidade, mas sentado no banco da igreja, escutando a pregação da Palavra, ouve e não entende nada, porque não está interessado e fica no WhatsApp na hora do culto. Pessoas que estão na igreja, mas que ainda não se converteram, não nasceram de novo, não foram transformados, lavados pelo lavar regenerador do Espírito Santo.

Não estou dizendo que você precisa ter uma experiência dramática como aquela de Paulo no caminho de Damasco. Deus tem maneiras diferentes de fazer com que as pessoas experimentem o poder do Evangelho. O que importa é que esse poder alcançou você, quando você era ainda uma criança, quando você era um adolescente, quando você era um jovem ou depois na idade adulta. Alguns experimentam esse poder através de um processo impactante, enquanto que outros tem uma epifania, de repente dá um clique e ele agora entende, ou então é um longo processo quando de repente você acorda, olha para trás e diz: Agora eu estou entendendo. Tem pessoas que nem sabem quando esse poder agiu pela primeira vez na sua vida.

Por isso que algumas pessoas não sabem dizer quando foi que elas tiveram a experiência de conversão, porque até onde elas se lembram, desde que eram crianças eram crentes, mas dá para ver o poder de Deus na vida dessas pessoas. Então, não se iluda, cristianismo não é só fazer parte do rol de membros de uma igreja. O Evangelho é o poder de Deus para salvar você da culpa do poder e da presença do pecado. Ele é um poder de Deus e não há salvação fora desse poder.

d) O Poder de Deus se Manifesta pela Fé:

Quarta coisa que Paulo nos diz aqui quando escreve: Porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê é que esse poder nos chega mediante a fé. Não é poder de Deus para salvar a humanidade, mas para salvar aquele que crê, ou seja, não é por mérito, não é por raça, gênero, idade, condição social, educação, moralidade, boas obras, caridade ou bondade, mas como Paulo diz: É de fé em fé. É o que ele vai dizer no verso 17. Ou seja, é fé do começo ao fim. É mediante a fé que a salvação nos alcança. E é por isso que a salvação pode ser estendida a todo aquele que crê, a judeus e a gregos, a grandes e a pequenos, a crianças e a velhos, porque eles podem crer pela graça de Deus.

Paulo diz que a salvação é primeiro do judeu, porque esse Evangelho foi anunciado, primeiramente, ao judeu, na Antiga Aliança, sobre a forma de símbolos, de tipos, de figuras. Eles foram os primeiros que ouviram o Evangelho. E depois esse Evangelho foi anunciado ao mundo todo e salva a todos àqueles que creem. Crer aqui não é somente acreditar que Paulo e os demais Apóstolos nos disseram a verdade a respeito de Cristo. Fé aqui não é simplesmente um sentimento intelectual, você concordar intelectualmente dizendo: Isso aqui é verdade, Jesus Cristo é o Filho de Deus, é o salvador, eu acredito nisso. Fé não é isso. O diabo também acredita nisso, o diabo também sabe que isso é verdade, mas você precisa ter mais fé do que o diabo para ser salvo.

Para ser salvo você precisa receber o Evangelho, apropriar-se dele, render-se a Jesus, colocar sua confiança completamente nele e na obra completa que ele fez na cruz do Calvário, dizer a Deus isso que Paulo está ensinando aqui: Eu sou um pecador perdido. Deus, se o Senhor me mandar para o inferno é justo, eu mereço por causa dos meus pecados, não tenho expectativa nenhuma em mim mesmo, não há mérito algum em mim, se o senhor não tiver misericórdia de mim, através do sacrifício de Jesus, eu estou condenado pelos meus pecados, aceita-me como pecador. É isso que é fé. É você abraçar esse Evangelho de todo o coração. Com sua mente você tem que entender, tem que concordar com ele, é verdade, e abraçá-lo com seu coração, envolver-se nele, render-se a Jesus e dizer: Eu estou disposto, ó Deus, pela tua graça, de viver para Ti e não quero viver um minuto mais sem essa comunhão preciosa contigo. Era dessa forma que esse poder de Deus nos é dado mediante a fé em Cristo Jesus.

03 – PORQUE É NO EVANGELHO QUE DEUS REVELA A SUA JUSTIÇA:

Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé (Rm 1.17).

Paulo termina explicando em que sentido o Evangelho é o poder de Deus para salvação. Ele explica um pouquinho mais e esse vai ser o tema da carta. Ele diz no verso 16: Não me envergonho do Evangelho porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. E em que sentido o Evangelho é o poder de Deus? É porque no Evangelho Deus revela a sua justiça e em nenhum outro lugar.

A justiça de Deus aqui não é somente aquela qualidade de Deus de que Ele é justo. Uma pessoa justa é aquela que trata a todos de acordo com o mérito. Um juiz justo é aquele que condena o culpado e absorve o inocente. Então, uma pessoa justa é aquela que trata as outras de acordo com o merecimento delas. E Deus é justo. Ele não faz acepção de pessoas. Se Ele encontrar um culpado, Ele vai condenar o culpado. E se Ele ver o inocente, Ele vai absolver o inocente. Então, Deus é justo.

A pergunta é: Não havendo um único justo na raça humana quem pode se salvar? Ou, então, colocando de outra maneira, como é que Deus pode salvar pecadores sendo Ele justo? Seria a mesma coisa de um juiz, diante de um condenado, uma pessoa acusada, culpada, sobre quem não resta menor dúvida, réu confesso, o juiz disser: Está absolvido, está livre, tem que pagar nada não, pega suas coisas e vai embora. Nós ficamos revoltados com isso. Há um senso de justiça na raça humana, não é verdade? A respeito disso basta que a gente veja agora a indignação nacional, quando determinados escândalos estão vindo à tona e determinadas decisões inocentando, livrando o culpado. Nós ficamos indignados, não é? Como é que a justiça deixa passar determinadas coisas?

E aí, agora, vem a mesma questão com relação a Deus. Como é que Deus pode, simplesmente, salvar pecadores? Pecadores merecem a condenação e se Deus é justo Ele tem que condenar. Deus não tem que salvar ninguém, tem que condenar a raça humana toda. Como é que Ele pode salvar? Aí a resposta está exatamente no Evangelho. No Evangelho é revelado como é que Deus pode ser justo e ao mesmo tempo justificar o pecador. E a resposta que nos chega no Evangelho é essa: Deus nos mandou seu Filho, que assumiu a nossa natureza, como nosso representante e o castigo que nos era devido, Deus fez cair sobre Ele. Então, na cruz, Deus mostra sua justiça, porque Ele está, na cruz, castigando o pecado, como Deus justo que é.

Ele tinha que castigar o pecado e o castiga em Jesus. Jesus leva o nosso pecado. Ele leva a nossa culpa. Ele sofre a nossa dor, a dor que nós merecíamos. E agora, Deus toma a justiça de Cristo, porque Ele era perfeito e sem pecado e a transfere para o pecador. É o que nós chamamos de imputação. Deus imputa a justiça de Cristo ao pecador, uma troca, na cruz do Calvário, Cristo leva a minha culpa e eu recebo a sua justiça. É assim que o Deus justo justifica pecadores. Ele continua sendo justo, o pecado foi castigado e agora ele transfere os méritos de Cristo para o pecador, de forma que Ele, agora, pode receber o pecador. Ele olha para o pecador em Cristo e não tem mais condenação. Mais adiante Paulo vai dizer isso no Capítulo 8:

Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1).

Porque Deus salva pecadores é que não há mais nenhuma condenação para quem está em Cristo Jesus. Não há mais nenhuma condenação porque Cristo a levou, toda, e Deus nos atribui a justiça de Cristo. É no Evangelho que isso se revela e em nem um outro lugar. O Evangelho, portanto, é o poder de Deus para salvar todo aquele que crê, porque é no Evangelho que Deus revela de que maneira Ele justifica o pecador, de fé em fé, do começo ao fim, a própria fé sendo um dom de Deus.

E Paulo termina citando uma passagem do Antigo Testamento: Como está escrito: O justo viverá por fé. Ou seja, aquele que, pela fé, é justo, viverá, aquele que, pela fé, foi tornado justo, viverá eternamente, será salvo da morte eterna e da condenação eterna. Aqui ele está citando o livro do profeta Habacuque capítulo 2, verso 4.

CONCLUSÃO:

Quero terminar com algumas aplicações práticas para nós. Primeiro lugar, para aqueles que, sinceramente, procuram como ser justo diante de Deus, você que já sentiu na sua consciência, no seu coração, o peso dos seus pecados, a culpa, o medo de morrer, o medo da morte, do que vem depois dela, atemorizado, talvez, do juízo de Deus, dos terrores de Deus na sua vida, hoje você está lendo a revelação de como Deus pode justificar você mediante a obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Hoje você pode crer em Jesus Cristo e receber esse experimentar, esse poder que transforma e que muda. Não há nenhuma razão pela qual você caminha daqui para a frente sem ter essa consciência de que no Evangelho Deus se reconcilia conosco e nos faz reconciliar com Ele mediante a fé. Creia nisso nessa hora!

Segunda palavra que eu queria trazer é para aqueles cujo cristianismo se resume a ouvir sermão. Vir à igreja não é algo ruim. Você vir à igreja, ouvir sermão, isso é muito bom, mas é insuficiente. Cristianismo é mais do que isso. Cristianismo é o poder de Deus para salvar você de todas as maneiras possíveis e você precisa experimentar esse poder. Examine a sua vida para verificar onde esse poder do Evangelho tem se manifestado. O Evangelho tem salvo você de hábitos pecaminosos, da desobediência aos pais, da teimosia, da infidelidade, da imoralidade, da desonestidade? Porque o Evangelho nos foi dado para isso. Não somente de nos perdoar os nossos pecados, mas de nos dar a força também, para nós vencermos, para que nós possamos vencer.

Uma palavra aqui para aqueles que são cristãos, mas estão no ambiente hostil, tipo: trabalho, universidade, não tenha vergonha do Evangelho. Não se envergonhe do Evangelho diante dos seus colegas. Não tenha vergonha porque o Evangelho é como um leão, você só tem que abrir a jaula e deixar ele sair, porque ele é o poder de Deus para transformar a vida dos mais radicais inimigos do Evangelho, como fez com Saulo de Tarso. É o mesmo Deus, é o mesmo Evangelho. Não tenha vergonha no seu ambiente de trabalho de dizer que você é cristão, que você crê em Jesus Cristo como Filho de Deus e de viver as implicações disso. Não se vergonhe daquele que, na cruz do Calvário, deu a vida dele pela sua. Não tenha vergonha dele, ao contrário, você pode dizer com humildade: Eu sou grato a Deus porque eu sou cristão. Sou grato a Deus pelo privilégio que Ele me deu de entender o Evangelho, de experimentar esse poder. Nunca se envergonhe do Evangelho.

E, finalmente, a todos nós, louvemos a esse Deus, esse Deus que quis salvar pecadores, cujo poder se revela na mensagem do seu Filho, pendurado na cruz, morto e ressurreto pelos nossos pecados. Louvemos a Deus porque Ele nos quis salvar. Louvemos a Deus porque nós conhecemos essa mensagem. Vivamos para a glória desse Deus, nos entreguemos a Ele e nos coloquemos diante dele dizendo: Ó, Senhor, de que maneira te poderei dar e de que forma que poderia retribuir pela manifestação do teu Evangelho, que é o teu poder na minha vida? Toma minha vida, usa-me para tua glória, onde quer que eu esteja, no meu trabalho, na minha família, onde quer que eu vá que eu seja o emissário da Cruz, que eu seja um proclamador desse Evangelho, sabendo que ele é o poder de Deus e que ninguém pode conter ou resistir. Que Deus nos ajude a vivermos à altura desse Evangelho maravilhoso. Amém!

Leia esta oração: Ó Deus, o teu poder se revela no Evangelho, a tua justiça se revela na cruz e a tua misericórdia chega até nós através dessa mensagem. Pai eu quero te pedir que nessa hora que Tu queiras esclarecer a cada coração o significado do Evangelho. Oro pelos nossos adolescentes, pelas nossas crianças, pelos nossos filhos. Senhor, que nenhum deles esteja enganado ou iludido, mas que possa perceber o seu pecado e a necessidade de crer. Oro por aqueles que estão na igreja a tanto tempo e que, talvez, nunca experimentaram o poder salvador, transformador do Evangelho. Oro por aqueles que estão presos a ressentimentos, mágoas, raivas ocultas e antigas, que aprendam a perdoar porque foram perdoados. Ó Deus, oro também por aqueles que estão sem direção, sem rumo ainda, preso aos seus pecados, que o teu Espírito Santo queira iluminar seus olhos do entendimento a abraçarem, pela fé, de viver esse Evangelho na sua plenitude. A Ti pedimos por amor de Jesus, o nosso Salvador. Amem!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Rev. Augustus Nicodemus. Mensagem da Série Romanos: O Evangelho: Poder de Deus para Salvar. YouTube.

 

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