1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz
com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente
acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na
esperança da glória de Deus.
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos
nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
4 e a perseverança, experiência; e a
experiência, esperança.
5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor
de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado.
6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos
fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo;
pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados
pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já
reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
11 e não apenas isto, mas também
nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem
recebemos, agora, a reconciliação (Rm 5.1-11).
Introdução
A ideia de que seguir a Cristo
é receber uma vida livre de problemas não é verdade. Jesus, em seu ministério,
sempre falou ao contrário disso. Ele fala que todo discípulo seu deve tomar a
sua cruz para segui-lo e que devemos estar cientes de que no mundo passaremos
por aflições.
Entretanto, passar por
aflições como um cristão é muito diferente de enfrentá-las como um ímpio, porque
o cristão, ao ser justificado por meio do sacrifício reconciliador de Jesus Cristo,
recebe os benefícios da paz com Deus. Os benefícios da justificação em Cristo
nos permitem lidar com os problemas da vida como sendo eles instrumentos nas
mãos de Deus para a nossa edificação.
Platão afirmou que alcançamos
vantagem quando passamos por dores e sofrimento. São palavras heróicas e
positivas de um sábio. Entretanto, a grande questão é: Que vantagem é essa a
que se refere? Porque sofrer para alcançar vantagens sugere a ideia de que o
sofrimento por si só é capaz de nos purificar, o que, segundo a Bíblia, não é
verdade.
A Bíblia nos ensina que o
sofrimento é um instrumento utilizado por Deus, pois Ele é Soberano e pode
controlá-lo, e por meio dele nos faz o bem, e não o mal. O estudo de hoje vai
nos deixar conscientes da paz com Deus, da esperança da glória e da glória nas
tribulações como benefícios da justificação e da reconciliação que temos em
Jesus Cristo.
Para muitas pessoas, tornar-se
um cristão é uma perda de tempo, pois é viver enclausurado, é deixar de viver a
vida. Estas pessoas não podem fazer ideia dos maravilhosos benefícios que
recebem aqueles que seguem a Jesus. São benefícios que não se incluem em padrões
mundanos, por estarem muito acima deles.
Viver em Cristo é desfrutar de
uma vida abundante, sem paralelos com o que se imagina ser bom neste mundo. Os
benefícios que temos em Cristo devem ser valorizados e compartilhados. Vamos a
eles.
1
– ESPERANÇA POR CAUSA DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO EM JESUS CRISTO
Tendo tratado sobre a garantia
e a certeza da nossa justificação, o Apóstolo Paulo passa a demonstrar agora os
efeitos benéficos e abençoadores que recebemos na justificação. Tudo que era
necessário ser realizado para a nossa segurança, Jesus o fez por nós para nos
garantir a salvação. Não temos mais com o que nos preocupar no que se refere a nossa
salvação, porque Cristo a conquistou por nós. A morte de Cristo e sua
ressurreição são suficientes para nos assegurar plena comunhão com Deus e a
vida eterna. Por isso ele declara:
1 Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta
graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
Temos muito a aprender com o nosso
texto básico. Para iniciar, tendo sido estabelecido a nossa justificação, temos
o primeiro efeito abençoador que recebemos de Deus:
A
– A Paz com Deus
1 Justificados, pois, mediante a
fé, temos paz com Deus ...
A paz a qual Paulo se refere
não pode ser confundida com paz de consciência ou tranquilidade nas horas
difíceis ou até mesmo com paz interior. Paulo especifica bem que essa paz é com
Deus, ou seja, nos foi concedido um relacionamento restaurado com Deus, uma
comunhão perfeita e harmoniosa com Ele. Antes, enquanto ainda vivíamos no
pecado, não tínhamos esta comunhão restaurada, e por causa disso não existia
esperança para nós. Antes da restauração da comunhão éramos inimigos de Deus:
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte
do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua
vida;
Mas agora, além de seus
aliados e amigos, somos muito mais do que isso, pois somos também chamados de
seus filhos:
12 Mas, a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus,
a saber, aos que crêem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus (Jo
1.12-13).
O que é maravilhoso é que
aquilo que em nós era odioso a Deus foi cancelado. O verbo usado por Paulo é “temos”.
Ele está no tempo presente, indicando algo que possuímos de maneira permanente.
Esta paz que temos com Deus, nós a temos não pelos nossos méritos, mas pela
mediação de Jesus Cristo:
1 ... por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta
graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
Foi o Senhor Jesus, o Cordeiro
de Deus, que nos deu inteiro acesso a Deus Pai. E por ter sido conquistada
definitivamente por Cristo na cruz, a nossa paz com Deus jamais nos será tirada.
Ela ainda nos garante liberdade de oração, de culto, de súplicas e de
compreensão da vontade de Deus para a nossa vida. Para termos uma ideia no que
isso significa precisamos ver como era antes este acesso a Deus. No Antigo
Testamento, o único que poderia entrar na câmera interna do Templo chamada de Santo
dos Santos era o sumo sacerdote, e isso apenas uma vez por ano. Veja como era o
ritual:
29 Isso vos será por estatuto perpétuo: no
sétimo mês, aos dez dias do mês, afligireis
a vossa alma e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que
peregrina entre vós.
30 Porque, naquele
dia, se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de
todos os vossos pecados, perante o SENHOR.
31 É sábado de descanso solene para vós outros,
e afligireis a vossa alma; é estatuto perpétuo.
32 Quem
for ungido e consagrado para oficiar como sacerdote no lugar de seu pai
fará a expiação, havendo posto as vestes de linho, as vestes santas;
33 fará expiação pelo santuário, pela tenda da
congregação e pelo altar; também a fará pelos sacerdotes e por todo o povo da
congregação.
34 Isto vos será por estatuto
perpétuo, para fazer expiação uma vez
por ano pelos filhos de Israel, por causa dos seus pecados. E fez Arão como
o SENHOR ordenara a Moisés (Lv 16.29-34).
Havia um véu que separava o
Santo dos Santos. Quando Jesus Cristo expirou lá na cruz foi este véu que se
rasgou de alto a baixo:
37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.
38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo (Mc
15.37,38).
Este ato significa que agora o
nosso acesso ao pai é direto, permanente e ininterrupto. Não precisarmos mais
de outros mediadores, porque Jesus Cristo é o nosso mediador:
5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em
resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos (1 Tm
2.5,6).
Este direito Ele conquistou lá
na Cruz do Calvário, porque Ele é o nosso Sumo Sacerdote e entrou no Santo dos
Santos com o Seu sangue e nos purificou para sempre:
11 Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o
maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta
criação,
12 não por
meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no
Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.
13 Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha,
aspergidos sobre os contaminados, os
santificam, quanto à purificação da carne,
14 muito
mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu
sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para
servirmos ao Deus vivo!
15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que,
intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira
aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados (Hb
9.11-15).
O fundamento de nossa
segurança é a graça de Deus. Ela é que nos dá a certeza das bênçãos de Deus. E
como sólido fundamento que não pode desmoronar e nem perder a sua consistência,
a graça de Deus não pode ser desgastada com o tempo e nem perder a sua eficácia,
pois ela é eterna e os efeitos que ela produz em nós também o são. Isso tudo
deve ser motivo de muita alegria para nós:
2 ... e gloriamo-nos
na esperança da glória de Deus.
3 E não somente isto, mas também
nos gloriamos nas próprias
tribulações ...
Mas cuidado, pois gloriar-se
pode causar uma impressão errônea de orgulho e prepotência, e não é isso que
Paulo está dizendo aqui. Afinal, como poderíamos nos gloriar por algo que
recebemos de graça? Portanto, essa glória não é presunçosa, antes, é uma glória
de alegria por recebermos libertação e redenção em Cristo Jesus. A alegria que
sentimos por recebermos as bênçãos que Cristo conquistou para nós é semelhante
àquele sentimento de júbilo quando adquirimos alguma coisa muito valiosa que
nunca imaginaríamos conseguir.
B – A
Esperança da Glória de Deus
Paulo também afirma que devemos
nos gloriar na esperança da Glória de Deus:
2 por intermédio de quem
obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de
Deus.
Esperança implica em algo que
ainda não recebemos. Afinal, se alguém já tem o benefício não espera mais por
ele. O autor de Hebreus declara:
9 Portanto, resta um repouso para o povo de Deus (Hb 4.9).
E ainda não chegou o dia deste
repouso. Esta é uma referência ao grande Dia, quando todos nós estaremos face a
face com Deus e finalmente seremos declarados justos no Tribunal de Deus. Embora
esperemos algo que ainda não obtivemos plenamente, pois ainda somos pecadores,
nós nos gloriamos com a justiça de Cristo que já possuímos pela fé; e também
nos gloriamos enquanto esperamos a chegada da Glória de Deus. Nós nos gloriamos
enquanto vivemos esta vida e aguardamos pela segunda vinda do nosso Redentor,
quando enfim receberemos a revelação consumada de Cristo.
É muito importante sentirmos
esta glória, porque quando nos orgulhamos de alguma coisa isso se fixa em nossa
mente e nos deixam mais felizes e satisfeitos. É como um pai de família que se
sente mais confortável quando vê a sua esposa e seus filhos felizes e saudáveis.
Ele se sente mais encorajado e tranquilo para enfrentar os problemas e as
pressões do trabalho. Da mesma forma, se alguém se orgulha da esperança que
carrega desde o dia em que foi convertido e salvo, então isso também deve
prender a sua atenção de forma a estar sempre presente em sua mente como um
grande e poderoso conforto para todos os momentos.
Podemos não ter garantia ou
certeza de muitas coisas nesta vida, mas temos a garantia de todas as bênçãos celestiais
que Cristo conquistou para nós. Isso é um motivo e tanto para nos gloriarmos e
deve renovar as nossas forças a cada dia:
16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se
corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.
17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,
18 não atentando nós nas coisas
que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as
que se não vêem são eternas (2 Co 4.16-18).
C
– A Glória nas Tribulações
Paulo aponta para outro motivo
de glória para os cristãos se gloriarem: em suas próprias tribulações:
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias
tribulações ...
Como isso pode acontecer? Como
se alegrar quando, na verdade, se está chorando? A Bíblia nos ensina que não
devemos fixar a nossa atenção somente nas alturas, esquecendo das coisas deste
mundo, de suas responsabilidades e de seus problemas. Com seus ensinos sobre a
justificação, Paulo eleva nossas mentes às alturas do Céu, mas traz-nos de
volta ao falar sobre as tribulações, pois ainda vivemos neste mundo tenebroso e
elas são realidades constantes na vida do cristão. E Paulo, homem que sabia o
que era sofrer por causa de Cristo, pelo fato de ser um cristão, sempre deu
este testemunho pelas igrejas que passava para motivar aos seguidores de Cristo
a seguirem o seu exemplo.
10 Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos,
para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna
glória (2 Tm 2.10).
E porque ele acreditava que
não existe nenhuma dor sem um divino fim. E para esclarecer isso, Paulo
continua:
3 ... sabendo que a tribulação produz perseverança;
Deus sempre tem um objetivo
para nós, seja para nos aprimorar, nos tornando mais humildes, seja para nos
dar um entendimento superior dos acontecimentos dessa vida. Deus sempre dirige os
seus filhos para um bom propósito, mesmo que por meio da dor. Muitos cristãos
experimentados e maduros já passaram por severas aflições sem saber exatamente as
razões de elas terem acontecido, mas todos os que perseveram colhem frutos
doces de suas experiências com Deus.
Talvez, algumas pessoas possam
questionar: Será que Deus não tem um modo melhor para nos fazer crescer? Porém,
esse questionamento não é prudente, não apenas porque Deus é Soberano, mas
também porque a pequenez da nossa imaginação é tamanha que não conseguimos
enxergar o panorama da nossa vida como Deus o vê.
É claro que se pudéssemos escolher,
escolheríamos não passar por problemas, traições, mentiras e humilhações. Entretanto,
as nossas escolhas não poderiam produzir resultados benéficos e santificadores
que Deus produz em nós mediante as tribulações. E segundo Paulo, o primeiro
desses resultados é a perseverança. Quem não sofre não persevera. Isto é,
desiste rápido e abandona o caminho certo. Quem não passa por aflições não é
aprimorado, não desenvolve a sua fé, nem tem um caráter aprovado. Como Deus nos
ama, Ele permite dificuldades em nossa vida na medida exata de que precisamos
para nos tornar melhores, mais santos do que éramos antes:
13 Não vos sobreveio tentação
que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar ( 1 Co 10.13).
Precisamos crer nisso para não
questionarmos Deus quando algo de ruim nos acontece. Em segundo lugar, o texto
diz que a perseverança produz experiência. Essa palavra pode ser entendida como
caráter aprovado. As tribulações nos tornam perseverantes nos caminhos de Deus.
Todos os servos do Senhor que passaram por privações e perseveraram se tornaram
aptos para transmitir um conhecimento profundo da vida com Deus que muitos não
conhecem.
Em terceiro lugar a
experiência produz esperança. A Bíblia nos dá o exemplo de José, que depois de
ter sofrido nas mãos de seus irmãos, chega aonde chegou tornando-se governador
do Egito. José conseguiu enxergar muito além de sua situação pessoal ao perdoar
seus irmãos, e muito além do seu tempo, alegrando-se pela libertação que Deus
daria ao seu povo da escravidão que ainda viria sobre eles.
Os profetas, em meio às dores
e humilhações, fixaram os olhos nas promessas de Deus, de que julgaria a terra
e daria descanso eterno para todos os que o amam e guardam os seus mandamentos.
Mas cuidado, pois a nossa fé pode sofrer uma pane quando a esperança da
salvação não alivia a nossa dor. Paulo, prevendo este problema, objetivando
tirar a incredulidade do nosso coração, nos dá a plena certeza do que está
falando:
5 Ora, a esperança não confunde ...
Confundir aqui significa não
se envergonhar. A ideia é que essa esperança não vai nos deixar passar vergonha,
não nos decepcionará. Deus não está obrigado a satisfazer cada capricho ou
responder a cada dúvida nossa, mas Ele mesmo se obrigou a cumprir a sua própria
palavra. Paulo nos diz:
11 Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele;
12 se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos
negará;
13 se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma
pode negar-se a si mesmo (2 Tm 2.11-13).
Portanto, se esperamos pelo
cumprimento de suas promessas, então esperamos por algo que certamente está
para se cumprir a qualquer momento e em qualquer dia. E não somente por isso
cremos, mas também:
5 ... porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi outorgado.
Isso é uma obra de cima para
baixo, sobrenatural e totalmente divina. É uma obra do Espírito Santo. A obra
do Espírito Santo é nos alimentar das virtudes espirituais para suportarmos
todas as coisas em nossa vida, especialmente o amor de Deus que ele asperge
sobre nossos corações.
Não conhecemos o tamanho do poder
de Deus, mas podemos afirmar que é maior do que qualquer situação difícil que
possamos viver. Ninguém consegue descrever ou sequer imaginar a profundidade ou
a extensão do amor de Deus; e Ele não economiza o seu amor por nós, antes, Ele
derrama e o faz transbordar em nossas vidas. A maior prova que temos disso é a
salvação, pois o que nos era impossível Deus realizou em Cristo Jesus.
2
– ESPERANÇA POR CAUSA DA NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS ATRAVÉS DE JESUS CRISTO
O amor de Deus se mostra incondicional.
Amém por isso, porque não há nada que nós poderíamos lhe oferecer em troca da
nossa reconciliação e salvação.
A
– Fomos Reconciliados com Deus e por Deus Quando Ainda Éramos seus Inimigos
Quando fomos reconciliados, estávamos
muito longe da condição de justos ou bons:
6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a
morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela
sua vida;
Quando éramos fracos, na
verdade significa que éramos miseráveis e totalmente sem condições de auto
defesa perante o julgamento de Deus. Foi por isso que Cristo morreu por nós.
Paulo nos chama de pecadores porque somos transgressores da lei de Deus por
natureza, e quando ainda estávamos nessa situação, Cristo morreu por nós. E de
inimigos passamos a ser amigos de Deus.
Talvez esse seja um dos
aspectos mais impressionantes da salvação: Deus não redimiu seus amigos, mas sim
quem lhe era hostil; somos identificados como seus inimigos, porque não
tínhamos e nem queríamos qualquer vínculo com Deus:
11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12 todos se extraviaram, à uma
se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer (Rm 3.11,12).
Paulo contrasta essa obra
grandiosa com o fato de que, nas relações naturais e humanas, alguém
dificilmente morreria por um justo. Pelo contrário, grandes amigos e até irmãos
de sangue são capazes de brigar e romper laços por causa de dinheiro, ganância
e cobiça. Porém, Cristo morreu por nós sem reservar interesses para si, mesmo
porque nada poderíamos lhe oferecer.
B
– Nossa Reconciliação com Deus nos Livra de Sua Ira
O amor de Deus, oferecido aos
pecadores no sacrifício de Cristo, além de nos garantir a nossa reconciliação
com Deus nos salva de sua ira:
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos
por ele salvos da ira.
O sacrifício do Senhor Jesus
impede que Deus derrame sobre nós a sua ira, pois ela já foi derramada
definitivamente no nosso substituto, na cruz. E além da absolvição, recebemos
também a reconciliação mediante a morte de Cristo. Reconciliação significa
estabelecer a paz, a aliança; é uma consignação de harmonia, em um laço de amor
e fidelidade. O sangue de Jesus, além de nos livrar da ira, nos tornou amigos
de Deus. E esse é outro motivo para nos gloriarmos:
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso
Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a
reconciliação.
O advérbio de tempo “agora”
ressalta a presença e permanência da reconciliação. Paulo disse “agora” para os
romanos e podemos dizer “agora” para nós também. Do mesmo modo que todas essas
pessoas foram reconciliadas com Deus, no passado, igualmente nós também o somos
hoje. A doutrina da reconciliação nos apresenta Jesus como alguém próximo e
amigo. Alguém que se preocupa conosco e quer se relacionar continuamente
conosco.
Temos um novo status de
reconciliados e não perderemos esse status nunca, porque não obtivemos por
nossos méritos passageiros, mas pelo sangue do filho de Deus, e isso é o que
nos dá a garantia em nossa vida terrena de que habitaremos eternamente com
Deus, no seu Reino.
3
– TRÊS PASSOS PARA A RECONCILIAÇÃO COM DEUS
Antes de qualquer coisa é
necessário estarmos cientes de que todos nós nos tornamos inimigos de Deus.
Todos aqueles que ainda não se reconciliaram com Deus estão de costas viradas
para Ele. Entre Deus e o homem existe uma imensa barreira que não o permite
estar em comunhão com Ele. Da maneira que ficou, depois da Queda, não existe
nenhuma possibilidade de ele entrar no céu por si só. Paulo nos diz isso lá em
Romanos:
12 Portanto, assim como por um
só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram
(Rm 5.12).
Partindo deste princípio,
então, podemos dizer que a nossa carne, e o que provém dela, para nada servem, mas
o Espírito Santo é que nos dá vida. Jesus nos ensina sobre isso lá em João:
63 O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras
que eu vos tenho dito são espírito e são vida (Jo 6.63).
Portanto, ainda que venhamos a
cantar ou tocar na igreja, se não for pelo Espírito que estivermos praticando
tais coisas, de nada adiantará. Para que as nossas obras tenham valor diante de
Deus, precisamos nos reconciliar com Ele. E como isso acontece?
A
– Para reconciliar-se com Deus é necessário aproximar-se dele com fé
A fé no Senhor Jesus Cristo é
o primeiro princípio do evangelho. É um dom espiritual e ela é essencial para a
nossa salvação. A fé é um dom de Deus e a iniciativa da reconciliação parte de
Deus, mas se a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus, então pense em como ela soa
aos seus ouvidos. Ela é interessante? Ela lhe parece digna de crédito ou é algo
que não lhe traz nenhum interesse? O modo como se encara as coisas sagradas
abre ou fecha as portas para a reconciliação com Deus. O modo profano despreza
tudo que é de Deus e afasta do caminho de Deus àqueles que assim vivem. Quando
alguém tem interesse pelas coisas santas torna-se agradável a Deus e tem as
portas de seu coração abertas para Deus.
Considerando que as coisas
santas lhe atraem, saiba que Deus se deixa achar por aqueles que o buscam.
Tomemos como exemplo a Zaqueu. Ele queria apenas ver a Jesus, mas acabou
recebendo o convite dele para uma visita inesperada em sua casa. A um desejo
sincero da parte humana, despertado por Deus, sempre corresponderá à boa
vontade de Deus.
B
– Para reconciliar-se com Deus é necessário aceitar a Jesus como Senhor e
suficiente Salvador
Mas o que é aceitar a Jesus? É
você concordar que é um pecador, que precisa de salvação, que o sacrifício de
Jesus na cruz é suficiente para garantir a sua salvação e que com Ele você não
necessitará da intervenção ou intercessão de qualquer outro por mais
privilegiado que este possa ser.
A Bíblia diz que todos nós
pecamos e cometemos atos ruins durante toda a nossa vida. Como resultado do
nosso pecado, todos nós merecemos a ira e o julgamento de Deus, pois Ele é
Santo. A única punição justa para os pecados que cometemos contra um
Deus eterno é a punição eterna. É por isso que nós precisamos de um Salvador!
Jesus veio a terra e morreu em nosso lugar. A morte dele, como Deus em carne,
foi um pagamento eterno por nossos pecados. Ele morreu para pagar a dívida
pelos nossos pecados. Jesus pagou um alto preço, para que nós não
tenhamos que pagar.
A ressurreição de Jesus dentre
os mortos provou que a Sua morte foi suficiente para pagar toda a nossa pena. É
por isso que Jesus é o único Salvador do mundo. Você está confiando em Jesus
como seu Salvador? O ato de aceitar Jesus como seu Senhor e Salvador lhe
garantirá de imediato a salvação de sua alma e é o único caminho que temos para
nos reconciliar com Deus, nos livrar da condenação do inferno e chegarmos ao Céu.
Você já foi convidado para
muitas coisas nesta vida, certo? Para alguns desses convites você disse sim e a
outros não. Hoje eu estou fazendo um novo e especial convite para você: aceitar
a Jesus como seu Senhor e Salvador! O convite está feito, porém, a decisão é
exclusivamente sua. Ninguém poderá forçá-lo a aceitar Jesus, até porque é algo em
que você tem de permanecer até a sua morte ou até a volta de Jesus.
C
– Para reconciliar-se com Deus é necessário arrependimento
Há cinco coisas que fluem do
verdadeiro arrependimento: Convicção, contrição, confissão de pecado, conversão
e confissão de Cristo diante do mundo. Quando um homem não está profundamente
convicto de seus pecados, é um sinal bem certo de que ainda não se arrependeu
de verdade. A experiência tem mostrado que as pessoas que têm uma convicção
muito superficial de seus pecados, cedo ou tarde recaem em suas velhas vidas.
A próxima coisa é a contrição,
que é um profundo sentimento de tristeza, provinda de Deus, por causa do
pecado. Se não houver verdadeira contrição, o homem voltará direto para o seu
velho pecado. Se tivermos verdadeira contrição, ela nos levará a confessarmos
os nossos pecados. A confissão leva à verdadeira conversão, e não pode haver
uma verdadeira conversão, até que se tenha dado esses três passos. Se você é
convertido, o próximo passo é confessar isso abertamente. Paulo diz:
9 Se, com
a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Porque com o coração se crê
para justiça e com a boca se confessa a
respeito da salvação (Rm 10.9-10).
Uma lavadeira arrumou uma
trouxa de roupas sujas e desceu para o riacho para lavá-las. Lá, muitas outras
já estavam trabalhando. Com vergonha de mostrar a sujeira das suas roupas,
entrou no riacho e afundou a trouxa nas águas e voltou para sua casa. As roupas
foram lavadas? Certamente que não. Ela deveria esfregar cada peça com sabão até
não ficar nenhum vestígio de sujeira.
Da mesma forma, se você quer
se reconciliar com Deus deve entrar no seu quarto ou onde puder ficar a sós com
Deus. Ali, ajoelhe-se como se Deus estivesse presente e conte a Ele cada
mentira, cada mágoa, cada ódio e cada um de seus maus costumes. Não deixe
nenhum pecado sem lavar.
Se você se sente hoje longe de
Deus, se sente solitário, sente que está caminhando sozinho nesta jornada tão
difícil, sente um vazio tremendo no coração mesmo tendo tantas coisas, sente
que sua vida está sem nenhum sentido, parecendo que chegou ao fim da linha,
você precisa reconciliar-se com Deus. Siga cada passo e verá como a sua vida
mudará para sempre.
Conclusão
Deus nos deu plena salvação
por meio do sangue de Jesus. Essa doutrina nos foi entregue para o nosso
conforto e segurança. Portanto, pela fé, recebemos a justiça de Cristo.
Baseados nessa mesma fé nos gloriamos na esperança da glória de Deus, no dia em
que seremos recebidos no Reino Eterno dos Céus. Também nos gloriamos nas tribulações,
porque elas robustecem a nossa fé. Os problemas e as dificuldades nos tornam
perseverantes, e por meio dessa perseverança, Deus torna o nosso caráter
aprovado.
Não desanime por causa das
dificuldades e problemas. Em vez disso, dedique se a descobrir como Deus
pretende usar isso na sua santificação. Seja paciente e persevere em fazer
aquilo que agrada a Deus, ainda que a sua vida não esteja de acordo com o seu
agrado pessoal. Que Deus lhe abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida.
Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva: A
Obra Consumada de Cristo. Editora Cultura Crista
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