31 Eis
aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e
com a casa de Judá.
32 Não
conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para
os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não
obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR.
33
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também
no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34 Não
ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior
deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados
jamais me lembrarei (Je 31.31-34).
Introdução
Chegamos
à Nova Aliança, a aliança contemporânea. Começamos com Adão, passamos por Noé,
Abraão, Moisés, Josué, Davi e, finalmente, a Jesus Cristo, O Messias prometido,
o Descendente prometido lá no Éden. Em todos estes personagens notamos o
maravilhoso plano de Deus e neles podemos observar as etapas, o desenrolar ao
longo da História do plano redentivo de Deus.
Diante
de tanta quebra do Pacto por parte do homem, diante de tanta rebeldia do homem
para com Deus, diante de tanta desobediência do homem aos termos do Pacto,
podemos ver que Deus é fiel e Ele nunca desiste desta criatura tão infiel, mas
que Ele tanto ama. A história do Pacto nos mostra que, apesar de Deus nunca
desistir do homem, nunca desistir do Seu povo, Ele nunca deixou de punir toda e
qualquer desobediência. Chegamos ao topo desta história com a Nova Aliança, mas
por que uma Nova Aliança? Neste estudo você entenderá porque que Deus realiza
uma Nova Aliança com o Seu povo.
01 – A INEFICIÊNCIA DA LEI: A
IMPOSSIBILIDADE DE JUSTIFICAÇÃO POR INTERMÉDIO DA LEI E DAS OBRAS
A
Lei veio para nos dar as diretrizes para o nosso relacionamento com Deus.
Através dela sabemos o que devemos fazer e o que devemos evitar em nosso
relacionamento com Deus. Ela distinguiu com clareza o que é certo do que é
errado, mas ela não pode ir além desses objetivos e as necessidades do homem
vai muito além de diretrizes para sua vida. Ele é um ser degenerado, que perdeu
seu maior tesouro que é seu relacionamento com Deus. Ele precisa voltar ao
estado original que fora criado lá no Éden. Ele precisa de justificação, e a
Lei não pode oferecer para ele a justificação necessária para estar novamente
na presença de Deus. Então, podemos claramente definir que o Pacto com a Lei
não é a parte final do plano de Deus para salvar o homem. Ainda haveria uma
nova etapa a ser revelada deste plano. Esta é uma das razões de Deus estar
realizando com o Seu povo uma nova aliança. Deus valoriza a fé e deixa claro os
limites da Lei. Paulo, ao apresentar a realização da promessa de Deus feita a
Abraão e sua descendência, começa falando que a mesma não fora dada por
intermédio da lei:
13 Não foi por intermédio da lei que a
Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.
Não
foi mediante a Lei que Deus prometeu a Abraão, e à sua descendência, que seriam
herdeiros do mundo. Por isso a promessa de Deus não dependia das forças de
Abraão, de modo que ele não tem de que se gloriar diante de Deus, como que se
ele tivesse alcançado alguma justiça por meio das obras. Paulo confirma isso
quando diz:
1 Que, pois, diremos ter alcançado
Abraão, nosso pai segundo a carne?
2 Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de
que se gloriar, porém não diante de Deus (Rm 4.1,2).
Portanto,
não foi por esforço seu que Abraão se tornou herdeiro de Deus. A promessa de
Deus a Abraão é que nele seriam benditas todas as famílias da terra e que a sua
descendência habitaria a terra de Canaã.
1 Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai
da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei;
2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção!
3 Abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1-3).
Abraão
não conseguiria isso pela Lei, mas mediante a justiça da fé:
3 Pois que diz a
Escritura? Abraão creu em Deus, e isso
lhe foi imputado para justiça (Rm 4.3).
Imputar
é atribuir a alguém. Sendo atribuída a Abraão a justiça de Deus, ele foi
justificado mediante a sua fé, e Abraão se tornou herdeiro das bênçãos de Deus.
No livro de Gálatas, Paulo vai falar muito sobre a Lei, lá ele diz:
6 É o caso de Abraão, que creu em
Deus, e isso lhe foi imputado para
justiça.
7 Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.
8 Ora, tendo a Escritura previsto
que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em
ti, serão abençoados todos os povos.
9 De modo que os da fé são
abençoados com o crente Abraão.
10 Todos quantos, pois, são das
obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo
aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las.
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus,
porque o justo viverá pela fé.
12 Ora, a lei não procede de fé,
mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá.
13 Cristo nos resgatou da maldição
da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito:
Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção
de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl
3.6-14).
Portanto,
não é mediante a Lei e nem por intermédio das práticas das obras que nos
tornamos herdeiros das promessas de Deus. Não foi assim com Abraão e não será
assim conosco. Além do mais, caso a salvação seja pela prática das obras,
invalida-se o sacrifício de Cristo bem como a graça de Deus, e desta forma
ignoramos a salvação pela fé, conforme revelado nas Escrituras Sagradas.
02 – A ADMINISTRAÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA:
A CONSUMAÇÃO DO PLANO DA REDENÇÃO EM JESUS CRISTO
Chegamos
à Nova Aliança, mas até aqui muitas coisas aconteceram, muitos milagres foram
realizados, muitas manifestações poderosas de Deus aconteceram, mas nada é
comparável ao desenrolar do plano de Deus nas gerações. Deus é o Senhor da
História. A História é o resultado da vontade ativa de Deus. Ele mesmo diz:
12 Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não
houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou
Deus.
13 Ainda antes que
houvesse dia, eu era; e nenhum há que
possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá (Is
43.12,13)?
O
desenrolar da História é ação direta de Deus. Em todas as coisas está a
presença da Sua poderosa mão. É assim que a visão bíblica compreende todos os
acontecimentos da vida, sejam eles fatos importantes e significativos ou
acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia.
20 Disse Daniel: Seja bendito o
nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21 é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis;
ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
22 Ele revela o
profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz (Dn
2.20-22).
29 Não se vendem dois
pardais por um asse? E nenhum deles
cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai (Mt 10.29).
E
assim todos os acontecimentos da História cumprem os propósitos de Deus. E dessa
forma podemos crer que Deus administra a História. Especificamente na redenção,
a administração de Deus na História pode ser vista através do Pacto. Um pacto é
o modo de Deus administrar o seu relacionamento com a sua criação e os termos
do Pacto estabelecem um compromisso de obediência a Deus. Veja como deveria
ser:
3 E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de
toda a obra que, como Criador, fizera (Gn 2.3).
18 Disse mais o SENHOR Deus: Não é
bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
19 Havendo, pois, o SENHOR Deus
formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os
ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos
os seres viventes, esse seria o nome deles.
20 Deu nome o homem a todos os
animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o
homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea.
21 Então, o SENHOR Deus fez cair
pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e
fechou o lugar com carne.
22 E a costela que o SENHOR Deus
tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe.
23 E disse o homem: Esta, afinal,
é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do
varão foi tomada.
24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os
dois uma só carne (Gn 2.18-24).
15 Tomou, pois, o
SENHOR Deus ao homem e o colocou no
jardim do Éden para o cultivar e o guardar (Gn2.15).
Esses
mandatos foram dados como ponto de partida para que o homem cumprisse todo o
seu propósito de existir debaixo do Pacto. A Queda interferiu no processo de
obediência do homem e desestruturou o seu funcionamento, gerando rompimentos. E
vemos isso já lá no Éden:
8 Quando ouviram a voz do SENHOR
Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por
entre as árvores do jardim.
9 E chamou o SENHOR Deus ao homem
e lhe perguntou: Onde estás?
10 Ele respondeu: Ouvi a tua voz
no jardim, e, porque estava nu, tive medo,
e me escondi (Gn 3.8-10).
11 Perguntou-lhe Deus: Quem te fez
saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12 Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore,
e eu comi (Gn 3.11,12).
17 E a Adão disse: Visto que
atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não
comesses, maldita é a terra por tua causa; em
fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.
18 Ela produzirá também cardos e
abrolhos, e tu comerás a erva do campo.
19 No suor do rosto comerás o teu pão, até
que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás
(Gn 3.17-18).
E
diante da desobediência e da incapacidade do homem de atender os propósitos
para o qual fora criado, Deus não o abandonou, mas estabeleceu com ele um Pacto.
Esse Pacto da Redenção tem como base a atitude graciosa de Deus, que vai ao
encontro do homem para resgatá-lo de sua prisão, o pecado, restaurando-o para
viver e servir a Deus. Esse pacto é apresentado no decorrer da História por
meio de sucessivas renovações, que vai de Noé a Jesus Cristo. Com Noé Deus
renova a sua aliança revelando a sua vontade de preservar para sempre a sua
Criação:
8 Disse também Deus a Noé e a seus
filhos:
9 Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência,
10 e com todos os seres viventes
que estão convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os animais
selváticos que saíram da arca como todos os animais da terra.
11 Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída toda
carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra.
12 Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço
entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, para
perpétuas gerações:
13 porei nas nuvens o meu arco;
será por sinal da aliança entre mim e a terra.
14 Sucederá que, quando eu trouxer
nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco,
15 então, me lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres
viventes de toda carne; e as águas não mais se tornarão em dilúvio para
destruir toda carne.
16 O arco estará nas nuvens;
vê-lo-ei e me lembrarei da aliança
eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra.
17 Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança estabelecida
entre mim e toda carne sobre a terra (Gn 9.8-17).
Após
o dilúvio, a História mostra que o homem continuou em sua maldade, mas o Senhor
renova a Sua Aliança com Abraão, revelando o propósito de usar um povo para
abençoar a todas as famílias da Terra:
1 Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai
da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei;
2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção!
3 Abençoarei os que te abençoarem
e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias
da terra (Gn 12.1-3).
7 Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no
decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua
descendência.
8 Dar-te-ei e à tua
descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em
possessão perpétua, e serei o seu Deus (Gn 17.7,8).
Com
Moisés, Deus estabelece um novo momento de seu pacto ao dar e instituir a Sua
Lei ao seu povo:
9 Subindo eu ao monte a receber as
tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o SENHOR fizera convosco, fiquei no
monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.
10 Deu-me o SENHOR as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus;
e, nelas, estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado convosco no
monte, do meio do fogo, estando reunido todo o povo.
11 Ao fim dos quarenta
dias e quarenta noites, o SENHOR me deu
as duas tábuas de pedra, as tábuas
da aliança (Dt 9.9-11).
Deus
guiava a conduta de seu povo por meio de suas prescrições e com isso
consolidava a nação escolhida e a incumbia de cumprir os seus propósitos:
5 Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e
guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre
todos os povos; porque toda a terra é minha;
6 vós me sereis reino
de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de
Israel (Ex 19.5-6).
Mais
à frente, na História, percebe-se o descaminho do povo e a sua incapacidade de
servir a Deus com integridade. Começa os governos humanos e com ele todo o seu
egocentrismo. Deus, então, revela um novo momento de seu pacto através de sua
aliança com Davi:
12 Quando teus dias se cumprirem e
descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu
descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.
13 Este edificará uma casa ao meu
nome, e eu estabelecerei para sempre o
trono do seu reino.
14 Eu lhe serei por pai, e ele me
será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com
açoites de filhos de homens.
15 Mas a minha misericórdia se não
apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.
16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu
trono será estabelecido para sempre.
17 Segundo todas estas
palavras e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi (2 Sm 7.12-17).
É
com Davi que Deus começa a consolidar a Sua Aliança, consumando-a em Jesus
Cristo. Todas essas fases da aliança da redenção são administradas por Deus no
decorrer da História e todas elas apontam para a última e definitiva etapa e
culminam com ela: a Nova Aliança em Cristo:
25 Por semelhante
modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue;
fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim (1 Co 11.25).
Portanto,
todas as alianças apontavam para Cristo e o seu governo redentivo. Elas ocorreram
no transcorrer da História humana pela providência de Deus.
03 – A RESPOSTA NEGATIVA DE
ISRAEL A DEUS: A EXTENSÃO DO PACTO AOS GENTIOS
Embora
fosse considerado por Deus como raça eleita, nação santa, reino de sacerdotes,
Israel não vivia como povo eleito, não agia como povo santo, não intercedia
pelas nações como sacerdote. Deus não deixou seu povo impune, mas corrigiu-os
duramente ao longo das gerações. Deus é amor, mas também é justo. Os olhos
humanos jamais contemplaram novamente tamanha manifestação do poder de Deus
como as dez pragas do Egito para libertar o povo de Israel da escravidão e na
providência de Deus ao sustentar seu povo por 40 anos no deserto, mas mesmo
tamanha manifestação não foi suficiente para impedir que o povo agisse com
incredulidade no deserto. Por causa disso nenhum deles entrou na terra
prometida com exceção de Josué e Calebe porque creram. Deus nunca deixou a
rebeldia impune.
Ao
longo da história do povo de Israel podemos notar o tanto que a rebeldia foi
trazendo trágicas consequências para Israel. Depois da morte de Salomão, o
reino foi dividido em Reino do Sul, chamado de Judá, e Reino do Norte, chamado
de Israel. Duas nações permaneceram no Reino do Sul sob o reinado de Roboão e
dez ao Reino do Norte sob o reinado de Jeroboão. A partir daí a História nos
mostra uma sucessão de altos e baixos. Os reis de ambos os lados, mas
principalmente em Israel, foram gradativamente se afastando da vida e santidade
requeridas no Pacto. O povo havia traído ao Senhor, e o coração de Deus estava
ferido por causa disso. O profeta Ezequiel expressa muito bem a indignação de
Deus contra o povo:
8 por
isso, assim diz o SENHOR Deus: Eis que
eu, eu mesmo, estou contra ti; e executarei juízos no meio de ti, à vista
das nações (Ez 5.8).
11
Portanto, tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, pois que profanaste o meu santuário com
todas as tuas coisas detestáveis e com todas as tuas abominações, eu retirarei, sem piedade, os olhos de ti e
não te pouparei (Ez 5.11).
18
Pelo que também eu os tratarei
com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que me
gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei (Ez 8.18).
O
grande problema para Israel, em chegar a essa condição de divórcio espiritual,
era a sua infidelidade a Deus. Mas era também a fidelidade de Deus, porque Deus
prometeu que, caso Israel fosse infiel, eles seriam espalhados pelo mundo e
habitariam no meio de povos estranhos:
25
Quando, pois, gerardes filhos e filhos de filhos, e vos envelhecerdes na
terra, e vos corromperdes, e fizerdes alguma imagem esculpida, semelhança de
alguma coisa, e fizerdes mal aos olhos do SENHOR, teu Deus, para o provocar à
ira,
26 hoje, tomo por testemunhas contra vós
outros o céu e a terra, que, com efeito, perecereis, imediatamente, da
terra a qual, passado o Jordão, ides possuir; não prolongareis os vossos dias
nela; antes, sereis de todo destruídos.
27 O SENHOR vos espalhará entre os povos,
e restareis poucos em número entre as gentes aonde o SENHOR vos conduzirá.
28 Lá,
servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não
vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram (Dt 4.25-28).
E
Deus sempre cumpre o que promete. Obediência era a principal resposta requerida
por Deus ao povo de Israel. E tão fiel quanto foi em cumprir a promessa de
fazer o povo herdar a terra, fiel seria o Senhor para arrancá-los desta terra
por desobediência, coisa que Ele fez com Israel que foi levado cativo para
Samaria e Judá, que foi levado cativo para Babilônia. Portanto, tanto o favor
de Deus quanto a Sua ira são aspectos da fidelidade de Deus.
Israel,
ao quebrar os preceitos do Pacto, ofendeu a natureza, a santidade e a soberana
vontade de Deus, provocando, assim, a Sua ira. Quando se arrependiam e se
voltavam para Deus, alcançavam o favor de Deus e Ele lhes restaurava a terra e
sua liberdade. Em tudo, tanto na obediência quanto na desobediência, havia o
santo propósito de saberem que o Senhor é Deus. Os profetas usaram esta
expressão: “Saberão que Eu Sou O Senhor”
dezenas de vezes. Israel saberia que O Senhor é fiel em recompensar tanto a
desobediência quanto o zelo e a dedicação de seu povo.
Foi
nesta situação de decadência espiritual de Israel que Deus, por meio de seu
profeta Jeremias, revelou o estabelecimento de uma Nova Aliança. Mas por que
uma nova aliança? Lembra da promessa de Deus a Abraão de nele serem benditas
todas as famílias da terra? A Nova Aliança é o ponto desta promessa. A rejeição
de Israel a Deus e ao Pacto abriu a oportunidade para que Deus bendiga todas as
famílias da terra, firmando um novo Pacto. Nosso texto básico diz:
32 Não
conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para
os tirar da terra do Egito; porquanto
eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o
SENHOR.
O
auge desta rejeição aconteceu quando Cristo veio a este mundo. O povo aguardava
o Messias, mas quando Ele veio não foi bem recebido. Por isso que a Bíblia diz
que:
11
Veio para o que era seu, e os
seus não o receberam (Jo 1.11).
Eles
não o receberam porque não esperavam um Messias que pregasse o amor aos seus
inimigos, porquanto eles esperavam que seriam libertos de seus inimigos pelo
Messias. Eles seriam libertos sim, de seu principal inimigo, do jugo do pecado,
mas eles não entenderam isso. Nosso texto básico é do Antigo Testamento. Uma
profecia feita pelo profeta Jeremias, mas ela já falava dos planos de Deus em
firmar esta Nova Aliança:
31 Eis
aí vêm dias, diz o SENHOR, em que
firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.
Já
estava na mente de Deus a realização de outra aliança com Seu povo. Observe que
neste versículo Deus menciona os dois reinos, Judá e Israel, mas no versículo
33 Ele diz:
33 Porque esta é a aliança que firmarei com a
casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes
imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo.
Deus
fala novamente da Aliança, mas desta vez dirige-se ao Seu povo, não ao Reino do
Norte ou ao Reino do Sul, mas a Israel. Observe que o propósito dessa nova
aliança é unir as casas de Israel e Judá, na época separadas. Na verdade Deus
quer um povo para Si. E quem é este Israel aqui mencionado? O Apóstolo Paulo
responde. Ele diz que os verdadeiros descendentes da promessa não são os
israelitas descendentes da carne:
6 E
não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas;
7 nem por serem descendentes de Abraão são
todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8 Isto
é, estes filhos de Deus não são
propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os
filhos da promessa (Rm 9.6-8).
E
quem são estes filhos da promessa? Ele responde ao dizer quem são os
verdadeiros israelitas:
15
Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.
16 E, a todos quantos andarem de conformidade
com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de
Deus (Gl 6.15,16).
E
que regra era esta? A regra de ser nova criatura. E o que acontece com aqueles
que aceitam a Cristo como seu salvador?
17 E,
assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co
5.17).
Eles
se tornam nova criatura. Quem está em Cristo é descendente de Abraão. Vimos
acima que Jesus não foi recebido e aceito por Israel, e o que aconteceu àqueles
que O receberam?
12
Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no
seu nome (Jo 1.12)
Vimos
que o verdadeiro israelita não vem do sangue. E de onde vêm estes que são
chamados de filhos de Deus?
13 os
quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
de Deus (Jo 1.13).
Eles
também não têm nada a ver com a descendência por sangue. O Israel a quem se
dirige a Nova Aliança é um povo transformado, nova criatura, novo coração. A
profecia de Jeremias aponta para um Novo Pacto que haveria de gerar um novo
povo de Deus. Pedro, ao falar à Igreja, diz:
9 Vós,
porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz;
10
vós, sim, que, antes, não éreis
povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado
misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia (1 Pd 2.9,10).
O
povo é novo, mas os objetivos são os mesmos: Proclamar as virtudes de Deus. A
rejeição de Israel abriu as portas para Deus se manifestar aos povos gentios,
povos que não são judeus, e formar, destes povos, um povo exclusivamente Seu: A
Igreja de Cristo.
04 – A SUBLIMIDADE DA NOVA ALIANÇA
Deus
havia prometido uma nova aliança, uma aliança superior, diferente, não como as
anteriores. O autor da Carta aos Hebreus nos fala desta Nova Aliança:
6 Agora, com efeito,
obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em
superiores promessas (Hb 8.6).
Viu
por que a Nova Aliança é superior? Porque o Seu mediador é superior e as suas
promessas também são superiores. E ele diz o porquê que está sendo buscado uma
nova aliança:
7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira
alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda (Hb 8.7).
A
primeira apresentava um defeito: Não podia justificar ao homem diante de Deus. E
nesta Nova Aliança a misericórdia e a graça de Deus é o seu alicerce:
12 Pois, para com as
suas iniqüidades, usarei de misericórdia
e dos seus pecados jamais me lembrarei (Hb 8.12).
E
ele diz ainda o que aconteceria com a Aliança anterior:
13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a
primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a
desaparecer (Hb 8.13).
E
o que Deus promete nesta Nova Aliança? Logicamente, alguma coisa iria mudar
nesta Nova Aliança, e mudou muito! Estando debaixo da Nova Aliança, a aliança
da graça, gozamos e desfrutamos dos benefícios desta Nova Aliança. As
principais bênçãos desta Aliança da graça são:
A – A regeneração por obra do Espírito Santo
3 Pois
nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de
toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e
odiando-nos uns aos outros.
4
Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o
seu amor para com todos,
5 não
por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador
e renovador do Espírito Santo,
6 que
ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador,
7 a
fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a
esperança da vida eterna (Tt 3.3-7).
B – A justificação pela fé
1 Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo (Rm 5.1).
C – A adoção de filhos
12
Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no
seu nome (Jo 1.12)
D – A garantia da ressurreição dos mortos
5 Porque, se fomos unidos com ele na
semelhança da sua morte, certamente, o
seremos também na semelhança da sua ressurreição (Rm 6.5).
E – A vida eterna
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
E
tem muito mais. Nesta Nova Aliança a Lei de Deus será gravada na mente e no
coração. Ela não seria escrita em tábuas, como Moisés recebeu a Lei lá no monte
Sinai, mas ela será escrita no coração do povo. Na Nova Aliança o conhecimento
do Senhor será acessível a todos. Nos Pactos anteriores homens eram os
mediadores, mas na Nova Aliança há apenas um único Mediador: Jesus Cristo, o
Filho de Deus, provido com poder suficiente para ensinar, para persuadir, para
revelar o conhecimento de Deus. Na Nova Aliança o perdão é definitivo. O sangue
não seria mais de sacrifícios de animais, mas do Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo. O pecado não seria apenas coberto, mas apagado totalmente da
memória de Deus. Todas estas bênçãos apresentam um grande progresso na
revelação do plano redentivo de Deus.
Conclusão
A
Nova Aliança aponta para os efeitos do Evangelho de Cristo, que haveria de ser
revelado com a vinda do Senhor Jesus. É o Evangelho que, uma vez escrito em
nosso coração pela mediação do Espírito Santo, permite que a obediência não nos
seja penosa. Além disso, na Nova Aliança, temos a mudança da natureza humana, o
perdão definitivo, a santificação e a dispensa do sacrifício de animais pela
eficácia do sacrifício de Jesus Cristo. Temos ainda o conhecimento pessoal de
Deus pela mediação de Cristo que nos dá o Espírito Santo. Os preceptores
humanos são dispensáveis, uma vez que, habitando no coração do crente, o
Espírito Santo o faz amar a obediência, indispensável em todos os Pactos.
Deus
esperou a plenitude do tempo para enviar Seu Filho, a fim de que os
descendentes da promessa fossem salvos por Ele. Que Jesus Cristo transforme a
sua vida e habite em seu coração. Seja Ele gracioso para contigo como tem sido
comigo! Que Ele te abençoe! Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida.
Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura
Cristã.
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