4
Porém, naquela mesma noite, veio a palavra do SENHOR a Natã, dizendo:
5 Vai
e dize a meu servo Davi: Assim diz o SENHOR: Edificar-me-ás tu casa para minha
habitação?
6
Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de
Israel do Egito até ao dia de hoje; mas tenho andado em tenda, em tabernáculo.
7 Em
todo lugar em que andei com todos os filhos de Israel, falei, acaso, alguma
palavra com qualquer das suas tribos, a quem mandei apascentar o meu povo de
Israel, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedro?
8
Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o SENHOR dos
Exércitos: Tomei-te da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses príncipe
sobre o meu povo, sobre Israel.
9 E
fui contigo, por onde quer que andaste, eliminei os teus inimigos diante de ti
e fiz grande o teu nome, como só os grandes têm na terra.
10
Prepararei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei, para que
habite no seu lugar e não mais seja perturbado, e jamais os filhos da
perversidade o aflijam, como dantes,
11
desde o dia em que mandei houvesse juízes sobre o meu povo de Israel.
Dar-te-ei, porém, descanso de todos os teus inimigos; também o SENHOR te faz saber
que ele, o SENHOR, te fará casa.
12
Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei
levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o
seu reino.
13
Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o
trono do seu reino.
14 Eu
lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir,
castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.
15 Mas
a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei
de diante de ti.
16
Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti;
teu trono será estabelecido para sempre.
17
Segundo todas estas palavras e conforme toda esta visão, assim falou
Natã a Davi (2 Sm 7.4-17).
Introdução
Depois
de Adão, Noé, Moisés, Josué, chegamos ao rei Davi. Relembrando até aqui, depois
de 40 anos de peregrinação pelo deserto, os hebreus finalmente avistaram a
terra de Canaã. Moisés liderou o povo até a entrada da Terra Prometida, mas a
conquista das cidades ficou com Josué, que liderou o povo na conquista da
terra. Israel era uma teocracia, ou seja, um povo governado por Deus. A vida
espiritual, moral, ética, social e econômica era para ser regida pelas
disposições do Pacto. Moisés foi um grande líder, Josué o sucedeu e também
liderou a Israel com força. Mas depois da morte de Josué nenhum grande líder o
sucedeu, causando um agravamento na vida espiritual do povo:
25
Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto (Jz 21.25).
Havia
as estipulações do Pacto, mas naquele tempo cada um fazia conforme bem lhe
parecia, não obedecendo as estipulações do Pacto. E a razão para isso era o
desconhecimento do povo ao Seu Deus:
10 Foi
também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se
levantou, que não conhecia o SENHOR,
nem tampouco as obras que fizera a Israel (Jz 2.10).
O
autor está falando do período pós conquista da terra prometida. Josué havia
morrido, como também toda a geração liderada por ele, e a nova geração que se
levantou não conhecia ao Senhor e nem as obras que Deus fizera em Israel. Não
somente deixaram ao Senhor, como também se tornaram idólatras, servindo aos
deuses dos povos expulsos daquela terra. Então, conforme havia prometido, Deus
repreende ao seu povo, levantando povos para os afligirem. Quando, enfim, o
povo se arrependia de terem deixado ao Senhor, Deus levantava juízes, sobre os
quais vinha o Espírito Santo e os capacitava para livrarem a Israel. O juiz,
então, liderava o povo e restaurava a devoção do povo pelo Deus de Israel.
Israel
ficou neste rodízio de esquecimento e retorno a Deus por séculos. Os danos
dessa época para a unidade da nação foram profundos. Depois de Josué, surge,
por fim, um homem que se distinguiu na liderança do povo: Samuel. Mas mesmo
este grande líder teve dificuldades para manter o povo fiel à Aliança com Deus.
Por fim, os anciãos pediram um rei ao profeta Samuel, que os advertiu sobre os
custos da monarquia, mas mesmo assim insistiram na ideia e surge, então, Saul,
que é proclamado rei sobre Israel. Saul não andou com Deus, nem obedeceu ao
Pacto, e, em função disso, o reino de Israel lhe foi tirado.
15
Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então,
disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se desviou de mim e já não me
responde, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso, te
chamei para que me reveles o que devo fazer.
16
Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desamparou e se fez
teu inimigo?
17
Porque o SENHOR fez para contigo como, por meu intermédio, ele te
dissera; tirou o reino da tua mão e o
deu ao teu companheiro Davi.
18 Como tu não deste ouvidos à voz do SENHOR
e não executaste o que ele, no furor da sua ira, ordenou contra Amaleque, por
isso, o SENHOR te fez, hoje, isto.
19 O
SENHOR entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu
e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o SENHOR entregará nas
mãos dos filisteus (1 Sm 28.15-19).
Observe
que Saul está consultando uma médium, consultando os mortos, o que era proibido
por Deus a Israel. Não é a toa que todas estas consequências, por não atender
ao Pacto com Deus, tenham acontecido com Saul. Samuel, então, por ordem de
Deus, unge a Davi como rei de Israel e Deus começa a estabelecer com ele uma
aliança sem fim. Davi realiza grandes conquistas. Foi através de Davi que
Israel alcança o auge de sua história e das promessas do Pacto. Davi conquista
Jerusalém e a torna capital do reino unido, trazendo até Jerusalém a Arca da
Aliança. Finalmente, havia paz e segurança sob o reinado de Davi em todo o
território de Israel. Chegou, então, a hora de Deus estabelecer a Sua Aliança
com Davi e, com ela, garantir a continuidade do Pacto e o estabelecimento de um
reino que não perecesse.
01 – ALIANÇA DE CONTINUIDADE
SEM FIM: A CONFIRMAÇÃO DAS PROMESSAS FEITAS A ABRAÃO
Não
encontramos a palavra Pacto em nosso texto básico, mas nela Davi entendeu
claramente que a Palavra de Deus, vinda através do profeta Natã, era o
estabelecimento de um Pacto, pois mais à frente ele vai dizer:
3
Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que
domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus,
4 é
como a luz da manhã, quando sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor,
depois da chuva, faz brotar da terra a erva.
5 Não
está assim com Deus a minha casa? Pois
estabeleceu comigo uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura. Não
me fará ele prosperar toda a minha salvação e toda a minha esperança (2 Sm
23.3-5)?
Uma
aliança eterna. A continuidade está na confirmação das promessas feitas na
Aliança com Abraão. E quais foram estas promessas?
A – A promessa de um grande nome
Veja
a relação entre o que foi prometido a Abraão e o que aconteceu com Davi:
2 de ti farei uma grande
nação, e te abençoarei, e te
engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção (Gn 12.2)!
9 E
fui contigo, por onde quer que andaste, eliminei os teus inimigos diante de ti
e fiz grande o teu nome, como só os
grandes têm na terra (2 Sm 7.9).
Deus
engrandeceu a Israel pelas mãos de Davi. A Bíblia diz:
17 Assim se espalhou o renome de Davi por
todas aquelas terras; pois o SENHOR o fez temível a todas aquelas gentes (1
Cr 14.17).
E
Deus cumpre sua promessa de continuidade. Salomão, filho de Davi, o sucede no
trono e o Senhor continua a engrandecer o nome de seu povo por meio de Salomão,
que realizou a construção do templo, o palácio real e os muros de Jerusalém. A
sabedoria e a riqueza de Salomão encantaram o mundo da época e vinha gente para
visitá-lo de todos os povos. E isto se refletia também no lado espiritual, pois
um destes visitantes disse:
4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a
sabedoria de Salomão, e a casa que edificara,
5 e a comida da sua mesa, e o lugar dos seus
oficiais, e o serviço dos seus criados, e os trajes deles, e seus copeiros, e o
holocausto que oferecia na Casa do SENHOR, ficou como fora de si
6 e disse ao rei: Foi verdade a palavra que a
teu respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria.
7 Eu, contudo, não cria naquelas palavras, até
que vim e vi com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram a metade:
sobrepujas em sabedoria e prosperidade a fama que ouvi.
8 Felizes os teus homens, felizes estes teus
servos, que estão sempre diante de ti e que ouvem a tua sabedoria!
9 Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar
no trono de Israel; é porque o SENHOR ama a Israel para sempre, que te
constituiu rei, para executares juízo e justiça (1 Rs 10.5-9).
Deus
deu a Abraão um nome famoso na terra, mas engrandeceu mais ainda o nome de sua
descendência no tempo da monarquia, ou seja, no tempo de Davi e Salomão. Era a
promessa da continuidade.
B – A promessa de uma terra em que o seu
povo habitaria em paz
Veja
agora a relação entre a promessa feita a Abraão com o reinado de Salomão:
7
Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao
SENHOR, que lhe aparecera (Gn 12.7).
18
Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o
rio do Egito até ao grande rio Eufrates (Gn 15.18).
21
Dominava Salomão sobre todos os reinos desde o Eufrates até à terra dos filisteus e até à fronteira do Egito;
os quais pagavam tributo e serviram a Salomão todos os dias da sua vida (1 Rs
4.21).
A
promessa da conquista da terra se estendia do Rio do Egito ao Rio Eufrates.
Davi realizou esta conquista e seu filho, Salomão, a administrou. Deus prometeu
a Abraão aquela terra, mas a Davi, Deus promete que plantaria a Israel naquela
terra para jamais ser arrancado e perturbado, caso obedecessem às estipulações
do Pacto:
10 Prepararei lugar para o meu povo, para
Israel, e o plantarei, para que habite no seu lugar e não mais seja perturbado,
e jamais os filhos da perversidade o aflijam, como dantes (2 Sm 7.10).
Mais
uma promessa cumprida. Deus sempre promete o que cumpre. Se posteriormente,
Israel foi levado cativo e retirado desta terra, não fora por causa da
infidelidade de Deus, mas sim por causa da transigência de Israel. Mas mesmo
diante da transigência de Israel, Deus manteve a Sua Promessa de continuidade,
pois Judá voltou de seu cativeiro para a sua terra, apesar de nunca mais ter
sido na extensão prometida originalmente.
C – A promessa de continuidade na descendência
Verifique
mais uma vez a relação entre a promessa feita a Abraão com Davi:
2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção (Gn 12.2)!
12
Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu
descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino (2 Sm 7.12).
O
que Deus estava firmando com Abraão e confirmando com Davi era uma dinastia sem
fim. Dinastia é a linhagem de sucessores de uma mesma família. Enquanto o reino
de Israel teve, aproximadamente, seis dinastias diferentes em sua linha
sucessória, Judá, por sua vez, sempre permaneceu com uma única dinastia
sucessória: a de Davi. Deus elege a casa de Davi para estabelecer uma linhagem
através da qual Deus haveria de trazer ao mundo o Seu Filho, o Descendente que
esmagaria a cabeça da serpente, prometido lá em Gênesis a Adão.
A
questão de descendência era um drama terrível para Abraão. Ele e Sara eram
idosos e Sara ainda era estéril. Mas Davi não passava por este drama, pois ele
tinha muitos filhos e Deus lhe prometeu um sucessor pactual, ou seja, um
descendente que ande nas estipulações do Pacto. Este descendente construiria o
templo pretendido por Davi. Era a promessa de continuidade do Pacto.
E
quando olhamos para o lado espiritual, ou seja, para o Israel espiritual,
podemos notar a imensidão do cumprimento desta promessa, porque Abraão é
apresentado no Novo Testamento como o pai de uma categoria de pessoas, não por
vínculo sanguíneo, mas por semelhança espiritual. Jesus introduziu este
conceito quando disse:
39
Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras
de Abraão (Jo 8.39).
E
quais foram as obras de Abraão? Foram atos de fé. A qualidade de Abraão que o
destacou foi a sua fé em Deus. E da forma como esta palavra fé é difundida nos
dias de hoje, parece que todo mundo se tornou igual a Abraão! Será que a fé é
só isso? Observe que quando Jesus destacou o exemplo de Abraão no texto acima,
Ele falou em tons de repreensão dos religiosos, as pessoas que mais falavam de
Deus! Estes líderes religiosos usavam manobras políticas, mentiras e até
homicídio para manter seu controle sobre o povo. Táticas não tão diferentes
quanto ás empregadas por alguns outros religiosos ao longo da história. Jesus
frisou as atitudes de Abraão em aceitar a verdade, falar a verdade e agir
conforme a verdade.
A
fé de Abraão não foi superficial, mas foi a força que orientou cada passo de
sua vida, mesmo quando as pessoas ao seu redor não o apoiavam. Quando Deus
chamou Abraão para deixar seus parentes e mudar para uma terra desconhecida,
este homem foi sem hesitar. Quando Deus prometeu que ele e sua esposa, já
velhos, teriam um filho, Abraão acreditou sem vacilar. Quando o Senhor mandou
sacrificar este filho da promessa, a fé de Abraão era tão grande que colocou o
filho sobre um altar e pegou a faca para matá-lo. Deus não permitiu que o matasse,
mas deixou Abraão chegar a este extremo para provar a sua fé. Abraão obedeceu,
acreditando que Deus ressuscitaria este filho para ainda cumprir suas
promessas. Isso nos mostra que Abraão não obedecia somente quando concordava
com Deus ou quando entendia seus propósitos. Este patriarca obedecia porque
reconhecia a Soberania absoluta do seu Deus. Paulo, descendente carnal de
Abraão, disse que o importante não é a linhagem de sangue, e sim a descendência
espiritual:
28 Porque não é judeu quem o é apenas
exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne.
29 Porém judeu é aquele que o é interiormente,
e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo
louvor não procede dos homens, mas de Deus (Rm 2.28,29).
Paulo
levou esta ideia, a qual era muito radical para os judeus da época, ao ponto de
tratar todos os cristãos como descendentes de Abraão:
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes
de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gl 3.29).
Os
verdadeiros descendentes de Abraão demonstram a mesma fé obediente a Deus. Portanto,
não se preocupe com a sua genealogia carnal, mas tenha o coração de Abraão!
Descendência eterna é a palavra chave da Aliança de Deus com Davi, por isso o
assunto continua no próximo ponto.
02 – ALIANÇA DE NOVIDADE: UM
DESCENDENTE ETERNO E VITORIOSO
A
Aliança com Davi aconteceu quando Israel gozava de estabilidade política,
social e espiritual.
1
Sucedeu que, habitando o rei Davi em sua própria casa, tendo-lhe o SENHOR dado descanso de todos
os seus inimigos em redor (2 Sm 7.1),
O
que estava faltando a Israel? Eles tinham a terra, prosperidade, paz e
segurança sob a liderança do rei Davi. Que mais restava? O que faltava era
justamente a garantia da continuidade dessa situação. Deus queria estabelecer
um reino que não perecesse e essa garantia veio da forma de um Pacto: A Aliança
com Davi.
Quando
Davi termina suas conquistas, sentiu no coração o desejo de construir um templo
para Deus, a fim de abrigar a Arca da Aliança, pois a mesma permanecia, até
então, em uma tenda. Ele procurou o profeta Natã, o qual ficou a favor de sua
ideia.
2
disse o rei ao profeta Natã: Olha, eu moro em casa de cedros, e a arca de Deus se acha numa tenda.
3
Disse Natã ao rei: Vai, faze tudo
quanto está no teu coração, porque o SENHOR é contigo (2 Sm 7.2,3).
Mas
a reação de Deus ao plano de Davi foi a de revelar que, enquanto Davi pretendia
construir uma casa fixa para a Arca da Aliança, Deus pretendia realizar com ele
uma Aliança sem fim, uma Aliança de continuidade, pretendia estabelecer uma
dinastia para Davi, uma linhagem através da qual Deus haveria de trazer ao
mundo o Seu Filho o descendente eterno e vitorioso que esmagaria a cabeça da
serpente.
Sempre
houve progresso nas renovações do Pacto, sempre havia novidades em cada edição.
Se a Aliança com Abraão gerava um povo, a Aliança com Davi transformava esse
povo em um reino e lhes providenciaria um Rei para governar com justiça e por
toda a eternidade. Este reino teria a Lei para viver na terra, o rei para
governar com justiça, um trono e uma dinastia sem fim. O aspecto novo mais
extraordinário na Aliança de Deus com Davi era a eternidade.
16
Porém a tua casa e o teu reino serão
firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre
(2 Sm 7.16).
Qual
a importância de estabelecer uma dinastia? Por que o Messias não poderia nascer
de qualquer tribo de Israel? Por que deveria nascer na casa de Davi? A resposta
é: legitimidade! A legitimidade do Messias era um fator muito importante, pois
ela destacaria a fidelidade de Deus. A dinastia de Davi era legítima porque
fora estabelecida por Deus e selada pelo Pacto.
16
Porém a tua casa e o teu reino serão
firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
25
Agora, pois, ó SENHOR Deus, quanto a esta palavra que disseste acerca de
teu servo e acerca da sua casa, confirma-a
para sempre e faze como falaste.
26
Seja para sempre engrandecido o teu nome, e diga-se: O SENHOR dos Exércitos
é Deus sobre Israel; e a casa de Davi,
teu servo, será estabelecida diante de ti (2 Sm 7.25,26).
Deus
daria a Davi um sucessor em cujas mãos o reino seria entregue e jamais dele
seria tirado. A grande questão aqui era saber quem seria esse sucessor. Quem
teria tanto poder, sabedoria e longevidade suficiente para garantir o trono e o
reino para sempre? Certamente não seria um dos filhos carnais de Davi que o
sucederam no trono, pois eles, por mais grandiosos que tivessem sido, pereceram
juntamente com suas obras. A Aliança com Davi era um prelúdio da versão final
do Pacto, ou seja, a que viria depois dela: A Nova Aliança com Jesus Cristo.
Todo
o povo de Israel era consagrado ao Senhor, mas o ápice dessa consagração era a
casa de Davi. Como rei de Israel, ele era o pináculo da realeza. Como um tipo e
ancestral do Messias, Davi era a mais completa manifestação de realeza debaixo
da Soberania de Deus.
Mesmo
com o fim da monarquia em Israel a promessa não estava invalidada, pois Deus
sempre promete o que cumpre, e o cumprimento da promessa de um descendente de
Davi e um reino eterno, ainda levaria um longo tempo para acontecer, pois ela
se cumpriria na plenitude dos tempos, que é o nosso último tópico.
03 – O CUMPRIMENTO DA ALIANÇA: JESUS CRISTO
Do
que foi prometido a Davi ele viu se cumprir, antes dele morrer, a promessa de
um descendente: Salomão; a paz no reino de Israel; a prosperidade do reino de
Israel; a reputação e a glória do povo de Deus entre as nações. Mas a vinda do
sucessor eterno e glorioso, o rei cujo reino jamais passaria, estava reservada
para acontecer dali a mil anos. Chegada a plenitude dos tempos assim começa os
evangelhos:
1
Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1.1).
Lucas
abre o seu evangelho identificando Jesus Cristo como o cumprimento da Aliança
davídica.
31 Eis
que conceberás e darás à luz um filho, a
quem chamarás pelo nome de Jesus.
32 Este será grande e será chamado Filho
do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o
trono de Davi, seu pai;
33 ele reinará para sempre sobre a casa de
Jacó, e o seu reinado não terá fim
(Lc 1.32,33).
Por
que era tão importante, logo de início, anunciar a genealogia de Jesus Cristo?
Por uma questão de legitimidade. E também para anunciar que as promessas do
Pacto foram cumpridas. O propósito do Novo Testamento em associar o Senhor
Jesus Cristo ao Pacto é justamente mostrar a fidelidade de Deus à Aliança. A
promessa de Deus a Abraão foi clara e específica: O seu próprio filho será o
seu herdeiro.
4 A
isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu
herdeiro (Gn 15.4).
Mas
a grande questão é a seguinte: esta promessa de descendência deve ser entendida
em termos raciais ou espirituais? E como já vimos, o apóstolo Paulo esclarece a
questão em sua carta aos Gálatas:
16
Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E
aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo (Gl
3.16).
Todas
as promessas feitas a Abraão são cumpridas em Jesus. É por meio do maior Filho
de Abraão, Jesus Cristo, que a bênção falada em Gênesis alcançará os povos do
mundo. A linhagem racial se torna insignificante quando sabemos que podemos ser
herdeiros de Abraão, ainda que não sejamos árabes ou judeus. Jesus nasceu no tempo
determinado por Deus como o “descendente” de Abraão. A relação que temos com
Jesus se torna fator determinante se pertencemos realmente a Deus ou não. Paulo
resume isso ao declarar:
3 Assim,
também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos
rudimentos do mundo;
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus
enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a
fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.3-5).
26
Pois todos vós sois filhos de
Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
27
porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28
Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem
homem nem mulher; porque todos vós sois
um em Cristo Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes
de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gl 3.26-29).
Louvamos
a Deus porque nós, gentios, temos a oportunidade de encontrar a Jesus Cristo
nestes últimos tempos. Quando olhamos para o Novo Testamento, no dia de
Pentecoste, podemos ver a porta do Evangelho de Deus sendo aberta aos gentios
para a conversão.
8 E
como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?
9 Somos partos, medos, elamitas e os naturais
da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
10 da Frígia, da Panfília, do Egito e das
regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem,
11 tanto
judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas
próprias línguas as grandezas de Deus?
38
Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo.
39
Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os
que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.
40 Com
muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta
geração perversa.
41
Então, os que lhe aceitaram a
palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil
pessoas (At 2.8-11,38-41).
Deus
salva a todos, seja de qual descendência for e todos os salvos são inseridos na
descendência espiritual de Abraão, por intermédio de Jesus. Que a Igreja seja
capaz de reconhecer e compreender esta promessa de Deus. Deus, realmente, quer
que a sua mensagem alcance a todos, porque Deus é amor.
Conclusão
Em
Davi Israel adquire uma natureza real. Davi é um tipo do Messias, pois assim
como Davi pastoreou e exaltou o seu povo entre as nações, Cristo é o Supremo
Pastor das ovelhas, protegendo e glorificando a Sua Igreja. Davi trouxe
descanso ao seu povo na terra prometida. Jesus dará por herança aos mansos um
novo céu e uma nova terra. Ser um súdito de Davi era receber respeito e
dignidade, pois a glória do rei era compartilhada com toda a nação. A glória de
Cristo é herdada pelo crente em Jesus. Em Cristo, todos gentios regenerados são
benditos, porque herdam as promessas do Pacto, de um reino que jamais terá fim.
Jesus
é a última palavra, a promessa maior para o povo do Pacto, não somente aos
judeus, mas também aos gentios. A criança que fora gerada pelo Espírito Santo
em Maria era destinada ao trono. Não qualquer trono, mas o trono de Davi. Não
por um longo período, mas para todo o sempre. Na verdade, Jesus seria o último
sucessor, pois depois dele ninguém mais sentaria no Seu Trono, pois Ele viria a
ocupa-lo para sempre. Que Deus nos abençoe a permanecermos em Suas promessas!
Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida.
Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura
Cristã.
Impressionante o conteúdo, riquíssimo! Jesus continue te usando para levar está mensagem!abraço
ResponderExcluirAmém! À Deus toda glória!
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