Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 19 de julho de 2023

A ALIANÇA: SEU CONCEITO E FINALIDADE

Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem? Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor, teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão somente o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê. Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz. Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes. Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito. Ao Senhor, teu Deus, temerás; a ele servirás, a ele te chegarás e, pelo seu nome, jurarás. Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e temíveis coisas que os teus olhos têm visto. Com setenta almas, teus pais desceram ao Egito; e, agora, o Senhor, teu Deus, te pôs como as estrelas dos céus em multidão (Dt 10.12-22).

INTRODUÇÃO:

Temos visto até aqui os mistérios que envolvem a Aliança de Deus com a humanidade para tentarmos compreender os propósitos de Deus. Vimos que Deus, o instituidor da Aliança é quem toma toda iniciativa. Ele decidiu criar ao pactuante à sua imagem e semelhança, dar a ele uma glória superior às demais criaturas e fazer com ele uma Aliança, a fim de relacionar-se com sua criatura, criando entre os dois um laço de amor, amor este imensurável por parte do Criador.

Como instituidor é Deus quem determina as regras do jogo, porque Ele não está em pé de igualdade com sua mais bela criatura, porque Deus é Eterno, Imortal, e possui a virtude da misericórdia na mais completa perfeição. Mas Ele também é justo e firme, e nunca um Zé Mané levado pelas ondas e influenciado pela ignorância, pelo egoísmo, pelo orgulho do pactuante. Esta superioridade do Instituidor da Aliança é a segurança que temos do cumprimento da parte de Deus no acordo, porque se dependesse do pactuante a Aliança não teria passado da primeira fase. É exatamente isso que estamos descrevendo ao longo deste estudo. Que Deus abra o seu coração e a sua mente para entender a verdade e não venhas a cair nas velhas tradições humanas que exaltam o homem e negam a sublimidade do sacrifício de Cristo.

01 – O CONCEITO DA ALIANÇA:

O grande objetivo da Aliança de Deus com a humanidade é oferecer ao homem a oportunidade de relacionar-se com Ele, pois uma aliança é um acordo, um tratado, um compromisso feito entre um grupo de pessoas que regulamenta os direitos e os deveres de cada um. E em nosso caso a questão é a Aliança de Deus com a humanidade. Basicamente, esta Aliança são as diretrizes do relacionamento entre Deus e as suas criaturas. Deus vinha todos os dias ao Jardim do Éden para falar com o homem face a face para saber como fora o seu dia, refletindo aí o verdadeiro conceito da Aliança. Fico imaginando quais seriam os conteúdos diários desta conversa íntima com Deus. Foi assim até ao dia em que o homem quebrou o acordo e perdeu este relacionamento íntimo e perfeito com Deus.

E como o homem decaído tem aversão a Deus, esse relacionamento é restaurado por Deus através de um laço de amor. E este laço de amor é constituído de promessas, deveres, leis, bênçãos e maldições. E as promessas de Deus representam um sinal e afirmam a fidelidade de Deus. Deus tem sido fiel ao cumprimento de suas promessas e tem estabelecido deveres ao pactuante, mas este tem negligenciado seus deveres, rejeitados as bênçãos da Aliança e colhido as consequências de sua negligência.

Quantos aos deveres do pactuante, eles estão constituídos em leis, mandamentos, estatutos e regras para que os cumpramos, os quais determinam como deve ser nosso relacionamento com Deus. Para vermos sobre o conceito e finalidade da Aliança, vamos avançar um pouco, para a renovação da Aliança com Moisés, momento em que nos foi dada a Lei, a qual diz:

Agora, pois, ó Israel, QUE É QUE O SENHOR REQUER DE TI? NÃO É QUE TEMAS O SENHOR, TEU DEUS, E ANDES EM TODOS OS SEUS CAMINHOS, E O AMES, E SIRVAS AO SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO E DE TODA A TUA ALMA, PARA GUARDARES OS MANDAMENTOS DO SENHOR E OS SEUS ESTATUTOS QUE HOJE TE ORDENO, PARA O TEU BEM (Dt 10.12-13)?

Deus quer relacionar-se com suas criaturas, mas pela sua justiça e santidade haveria regras para isso, sendo os mandamentos constituídos por essa finalidade. E estes mandamentos e estatutos foram muito bem resumidos por Jesus em apenas duas ordenanças que, quando lhe perguntaram, disse:

Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: AMARÁS O SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO, DE TODA A TUA ALMA E DE TODO O TEU ENTENDIMENTO. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22.36-40).

Jesus está dizendo que o que Deus quer é relacionar-se com sua criatura e que este reflita este relacionamento em sua relação uns com os outros, que demonstre ao seu próximo a mesma ternura, o mesmo amor que Ele teve e tem pelo homem que criou. Este é um verdadeiro resumo dos termos da Aliança de Deus com a humanidade, de forma que, se nós realmente o cumprirmos não quebraremos os termos da Aliança, porque quando quebramos a Aliança com Deus, basicamente, ou transgredimos contra Deus ou transgredimos contra o nosso próximo. Outra forma de resumo pode ser encontrada nos primórdios da Lei:

Eis que, hoje, eu ponho diante de vós A BÊNÇÃO E A MALDIÇÃO: A BÊNÇÃO, QUANDO CUMPRIRDES OS MANDAMENTOS DO SENHOR, VOSSO DEUS, QUE HOJE VOS ORDENO; A MALDIÇÃO, SE NÃO CUMPRIRDES OS MANDAMENTOS DO SENHOR, VOSSO DEUS, MAS VOS DESVIARDES DO CAMINHO QUE HOJE VOS ORDENO, para seguirdes outros deuses que não conhecestes (Dt 11.26-28).

Este conceito esteve presente desde o princípio, pois se o homem tivesse permanecido fiel ele estaria até hoje recebendo todos os dias a visita de Deus e estava assim se relacionando com Ele até aos dias de hoje. Se não tivesse quebrado a Aliança o homem não teria conhecido a morte, não teria se separado de seu Criador, não tinha perdido a comunhão com Ele e a Terra não teria sido amaldiçoada e passasse a produzir também caldos e abrolhos, mas permaneceria perfeita para sempre, assim como o novo Céu e a nova Terra permanecerá por toda a eternidade.

A fidelidade a Deus, aos termos da Aliança, sempre foram valorizados e destacados por Deus. Quando você olha para a Antiga Aliança, para a vida dos patriarcas, dos profetas, de reis e tantos outros homens e mulheres, você pode observar que o que fez a diferença em suas vidas foi o relacionamento que tiveram com Deus. E como obtiveram intenso relacionamento com Deus? Observando aos preceitos da Aliança. Fizeram o que Adão e Eva deveriam ter feito: Permanecido fiel. E onde encontraram base para este relacionamento? Na Palavra de Deus. O salmista destaca muito esta verdade. Ele diz:

LÂMPADA PARA OS MEUS PÉS É A TUA PALAVRA E, LUZ PARA OS MEUS CAMINHOS (Sl 119.105).

A Palavra de Deus era o seu guia. Ele confirma essa verdade quando diz:

DE QUE MANEIRA PODERÁ O JOVEM GUARDAR PURO O SEU CAMINHO? OBSERVANDO-O SEGUNDO A TUA PALAVRA (Sl 119.9).

Porque ele tinha em mente a valorização dos preceitos de Deus e submetia-se a eles dizendo:

TU ORDENASTE OS TEUS MANDAMENTOS, PARA QUE OS CUMPRAMOS À RISCA (Sl 119.4).

Ele tinha firme em sua mente a importância de obedecer a Deus. Ah! Como que Adão e Eva tinham que ter tido isso firme na mente quando estavam lá no Jardim do Éden. O guia de suas vidas deveria ter sido a ordenança de Deus quando disse:

De toda árvore do jardim comerás livremente, MAS DA ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL NÃO COMERÁS; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.16-17).

Mas eles não se mantiveram firme nesta palavra, foram infelizes e com ele toda a humanidade. E, hoje, se alguém deseja se relacionar com Deus não há outra maneira a não ser por intermédio de Jesus Cristo e a sua permanência em sua palavra. Quem assim o faz é feliz e colhe as mais ricas bênçãos de Deus, conforme diz o salmista:

BEM-AVENTURADOS OS QUE GUARDAM AS SUAS PRESCRIÇÕES E O BUSCAM DE TODO O CORAÇÃO; NÃO PRATICAM INIQUIDADE E ANDAM NOS SEUS CAMINHOS (Sl 119.2-3).

É muito feliz aquele que obedece a Deus e se relaciona com Ele. E como estamos hoje em que vivemos sob a Nova Aliança? Antes de partir Jesus deixou estabelecido um memorial para não nos esquecermos da Aliança quando disse:

Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: ESTE CÁLICE É A NOVA ALIANÇA NO MEU SANGUE; FAZEI ISTO, TODAS AS VEZES QUE O BEBERDES, EM MEMÓRIA DE MIM (1 Co 11.25).

E a finalidade desta Nova Aliança continua sendo a mesma: Andar com Deus. E Jesus sempre deixou isso bem claro quando dizia:

PERMANECEI EM MIM, E EU PERMANECEREI EM VÓS. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim (Jo 15,4).

Isso trás a ideia de relacionamento, justamente a ideia do conceito da Aliança. E o que acontece com aquele que não se relaciona com Deus? Jesus responde:

SE ALGUÉM NÃO PERMANECER EM MIM, SERÁ LANÇADO FORA, à semelhança do ramo, E SECARÁ; E O APANHAM, LANÇAM NO FOGO E O QUEIMAM (Jo 15.6).

Ou seja, quem não se relaciona com Deus não gozará a eternidade no Céu, na presença de Deus, mas sim no inferno, onde há a absoluta ausência de Deus.

Desde os dias de Cristo o homem ouve as boas-novas do evangelho, no qual Deus apresenta o sacrifício de Seu Filho, Jesus Cristo, como suficiente para cumprir as exigências de Deus na restauração e salvação do homem. Caso o homem aceite e viva nos termos da Aliança ele se relaciona com seu Criador, mas caso venha a rejeitar a Cristo e não crer nele, se ele morrer nesta condição, as maldições da Aliança será a única alternativa para ele, sendo ela a de perecer eternamente no inferno por rejeitar a salvação de Deus. Deus cumpriu a sua promessa providenciando o Messias e quando Ele veio ofereceu o bem mais precioso deste mundo ao dizer:

EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA E A TENHAM EM ABUNDÂNCIA (Jo 10.10).

Aproveite a oportunidade de restauração que Deus lhe oferece hoje e volta-se para Ele, porque, como no princípio, Deus quer se relacionar com você. Pense nisso!

02 – A ALIANÇA E SUA FINALIDADE: ANDAR COM DEUS:

Quando Deus criou o homem, formando-o do pó da Terra, soprou em suas narinas o sopro da vida e ele passou a ser alma vivente. A partir deste momento a sua alma jamais morrerá porque ela é uma extensão de Deus. A vida lhe entrou pelas narinas, em seu íntimo, em seu interior e dali vivificou o corpo. Este ato maravilhoso da graça de Deus tinha uma finalidade: Criar uma criatura à imagem e semelhança dele para relacionar-se com ela. Mas Deus é perfeito e Santo e só pode relacionar-se com alguém em igual perfeição e santidade. A Bíblia diz que DEUS É LUZ E NÃO HÁ NELE TREVA NENHUMA (1 Jo 1.5).

E quando o homem perdeu seu estado original de perfeição e santidade, ele perdeu seu relacionamento com seu Criador. No Éden, Deus vinha todos os dias conversar face a face com o homem. Não era um relacionamento espiritual, mas pessoal. E o homem, com a queda, perdeu esta comunhão. Deus, em sua infinita graça, resolveu restaurar este relacionamento ao invés de por um fim nele, mas para isso haveria algo a se fazer, um preço a se pagar, porque uma dívida foi criada.

E neste contexto entra a Pessoa do Filho de Deus, que não é somente uma extensão de Deus, como o homem, mas o próprio Deus. E porque este relacionamento não é mais algo natural e espontâneo para o homem, ele acontece somente através de uma guerra que acontece no íntimo, no interior, na parte provinda do sopro de Deus que fora afetada pelo pecado. Então, para relacionar-se com sua criatura, Deus estabelece uma Aliança e é através desta Aliança que as criaturas que habitam na Terra se relacionam com Deus.

Deus fez com sua criatura um acordo, um trato, um compromisso regulamentado por direitos e deveres de cada um. E os preceitos desta Aliança tornam-se as diretrizes do relacionamento entre Deus e as suas criaturas. Com a quebra do homem no acordo Deus, motivado por um amor imensurável, toma a iniciativa e estabelece critérios para restabelecer o relacionamento entre Ele e a sua criatura. É a parte fiel do Instituidor da Aliança que mantêm vivo o acordo, mas pela sua justiça Deus estabelece mais uma vez os deveres do pactuante, constituídos em leis, mandamentos, estatutos e regras para que os cumpramos, os quais determinam como deve ser nosso relacionamento com Deus. Moisés expressa muito bem isso quando escreveu:

Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, E ANDES EM TODOS OS SEUS CAMINHOS, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, PARA GUARDARES OS MANDAMENTOS DO SENHOR E OS SEUS ESTATUTOS QUE HOJE TE ORDENO, PARA O TEU BEM (Dt 10.12-13)?

O objetivo principal dos deveres do pactuante estipulados por Deus é regulamentar o relacionamento entre o homem para com Ele. Relacionar-se com Deus era o objetivo da Aliança e seus preceitos tinham uma finalidade: Conduzir o homem a andar com Deus.

E quando tudo parecia perdido e que o objetivo da Aliança parecia ter fracassado, surge dentre os perdidos um que anda com Deus: Enoque. Este conseguiu vivenciar em sua vida os preceitos da Aliança e cumpriu, prazerosamente, com seus deveres instituídos pelo Criador. Aquilo foi tão agradável a Deus que este o trasladou deste mundo para o Reino de Deus sem que este conhecesse a morte. Deus não precisa de motivação, mas a vida de Enoque era como que se estivesse falando a Deus que vale a pena continuar fiel à sua Aliança. E quando o Messias prometido veio a sua mensagem era de relacionamento, sendo o ápice desta mensagem João capítulo 15, onde Jesus diz:

EU SOU A VIDEIRA, VÓS, OS RAMOS. QUEM PERMANECE EM MIM, E EU, NELE, ESSE DÁ MUITO FRUTO; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5).

E o grande mandamento da Lei era de relacionamento, pois Jesus disse quando lhe perguntaram:

Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: AMARÁS O SENHOR, TEU DEUS, DE TODO O TEU CORAÇÃO, DE TODA A TUA ALMA E DE TODO O TEU ENTENDIMENTO. Este é o grande e primeiro mandamento (Mt 22.36-38).

E só conseguiremos expressar este amor se andarmos com Deus. E Jesus relaciona este relacionamento com Deus com o relacionamento com nosso próximo quando disse:

O segundo, semelhante a este, é: AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22.39-40).

Por isso João diz:

Se alguém disser: AMO A DEUS, E ODIAR A SEU IRMÃO, É MENTIROSO; POIS AQUELE QUE NÃO AMA A SEU IRMÃO, A QUEM VÊ, NÃO PODE AMAR A DEUS, A QUEM NÃO VÊ (1 Jo 4.20).

Impossível amar a Deus e odiar ao seu irmão. Logo depois da queda o relacionamento com o próximo entra em colapso. Primeiro, com Adão e Eva jogando a culpa um no outro e depois quando Caim mata a Abel, seu irmão. E porque isso aconteceu? Porque Caim parou de andar com Deus. Esta foi a grande diferença entre Caim e Abel: O relacionamento com Deus, a proximidade com Deus. E estes dois grandes mandamentos de Jesus é um verdadeiro resumo dos termos da Aliança de Deus com a humanidade, de forma que, se nós realmente o cumprirmos não quebraremos os termos desta Aliança, porque quando quebramos a aliança com Deus, basicamente, ou transgredimos contra Deus ou transgredimos contra o nosso próximo, de forma que não somente o nosso relacionamento com Deus é relevante, como também nosso relacionamento com o próximo, pois não é a toa que seis dos dez mandamentos referem-se ao relacionamento com nosso próximo, sendo eles:

Honra teu pai e tua mãe; Não matarás; Não adulterarás; Não furtarás; Não dirás falso testemunho contra o teu próximo; Não cobiçarás (Ex 20.12-17).

Pode-se notar a importância que Deus dá aos nossos relacionamentos. A Aliança está relacionada com andar com Deus, sendo esta a melhor expressão para a compreendermos, pois ela trás a ideia de um relacionamento motivado pelo amor de Deus para com a sua criação, para com o homem, fazendo-o viver novamente para a glória de Deus. Noé andava com Deus, Abraão andava com Deus e andar com Deus era a exigência principal dos estatutos de Deus a Israel, seu povo. E quando alguns homens se dispuseram a seguir a Jesus, Ele deixou bem claro que seguir a Ele implicava em renúncia e devoção quando disse:

Então, disse Jesus a seus discípulos: SE ALGUÉM QUER VIR APÓS MIM, a si mesmo se negue, TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME (Mt 16.24).

Este é o preço de andar com Cristo. Esse é o espírito da Aliança. E esse relacionamento com Deus está sempre alicerçado na Palavra de Deus que assegura as suas condições com promessas, com bênçãos, mas também com maldições, caso o homem seja infiel. Embora todas as maldições advindas do pecado tenham sido removidas por Cristo na cruz, o princípio da obediência é eterno, e Deus jamais terá por inocente o culpado. Que Deus te abençoe a permanecer fiel aos princípios da Aliança. Amém!

03 – A ALIANÇA E SUA FINALIDADE: SER O TEU DEUS E DA TUA DESCENDÊNCIA:

Deus, em sua soberania, criou os Céus, a Terra e o homem e instituiu uma Aliança com ele. Uma das finalidades desta Aliança é que o homem se relacione com Deus e ande com seu Criador. E qual seria a outra finalidade desta aliança? Desta vez vamos avançar para a renovação da Aliança com Abraão. Deus mesmo responde quando diz:

ESTABELECEREI A MINHA ALIANÇA entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, Aliança perpétua, PARA SER O TEU DEUS E DA TUA DESCENDÊNCIA (Gn 17.7).

Observe a finalidade da Aliança: Para ser o teu Deus e da tua descendência. Esta finalidade faz parte da Aliança desde o Éden, pois é para “ser o seu Deus” é que Deus redime e restaura o homem. E esta finalidade vai se repetir em todas as renovações da Aliança ao longo da História e faz parte também do plano da Redenção. Esta era a finalidade da Aliança com Noé, com Abraão, com Israel, com Davi e também com a Nova Aliança efetivada por Jesus Cristo, o Messias, mostrando que o grande desejo de Deus era estar sempre presente com o seu povo, relacionando-se assim com ele. Foi exatamente isso que Jesus falou aos seus discípulos naquele momento de despedida, quando disse:

E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, PARA QUE, ONDE EU ESTOU, ESTEJAIS VÓS TAMBÉM (Jo 14.3).

Ele é o bom pastor e seu desejo é estar junto a suas ovelhas para ser o seu pastor, o seu Deus. Esta ideia de relacionamento entre Deus e sua criatura está muito presente na Aliança. No princípio da Nova Aliança, quando um anjo anunciou o nome do filho de Maria, ele fez referência a Emanuel, que quer dizer Deus conosco. Quando o Senhor Jesus inicia seu ministério escolhe discípulos para estarem com Ele, e afirmou que na casa de seu Pai há muitas moradas, e que era seu propósito que onde quer que Ele esteja seus discípulos estivessem também com Ele. E quando Jesus estava para ser elevado às alturas, as suas últimas palavras foram:

E EIS QUE ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS ATÉ À CONSUMAÇÃO DO SÉCULO (Mt 28.20).

Esta presença, este relacionamento era para estabelecer Deus como único Deus de suas vidas. Sempre que Jesus menciona nosso relacionamento com Ele, Jesus afirma que este relacionamento deve acontecer para a glória de Deus:

NISTO É GLORIFICADO MEU PAI, em que deis muito fruto; E ASSIM VOS TORNAREIS MEUS DISCÍPULOS (Jo 15.8).

Tornamo-nos discípulos de Cristo no momento em que glorificamos a Deus como Senhor de nossas vidas. Isso significa que relacionar com Deus não é apenas levantar as mãos na hora do apelo na igreja, mas permanecer em Deus. Quem não permanece nele e em suas palavras não pode chama-lo de meu Deus.

Quando Jesus entrou triunfantemente em Jerusalém Ele sabia que a sua hora estava chegando. A partir daquele momento Jesus começa a se despedir de seus discípulos. E uma das palavras mais repetida por Jesus neste momento foi a palavra “permanecer”. Em uma destas vezes Ele disse:

Eu sou a videira, vós, os ramos. QUEM PERMANECE EM MIM, E EU, NELE, ESSE DÁ MUITO FRUTO; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5).

E em outro momento Ele disse:

AQUELE QUE TEM OS MEUS MANDAMENTOS E OS GUARDA, ESSE É O QUE ME AMA; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele (Jo 14.21).

Muitos cristãos estão confundindo a vida na Aliança, que é um constante andar com Deus, com mera religiosidade. Quando Jesus convidou os discípulos para estarem com Ele, Jesus estava estabelecendo um relacionamento de vida com eles. E antes de partir Jesus enfatizou a necessidade da permanência deste relacionamento, porque permanecer é interagir com Deus. O mesmo Ele pretende fazer hoje com você, pois quando Jesus nos convida para ir até Ele, não nos convida para entrarmos em uma denominação, mas nos convida para segui-lo e estabelecer com Ele um relacionamento.

A Bíblia fala da necessidade de obediência ao evangelho de Deus em que estão os termos da Nova Aliança. Fomos eleitos não somente para sermos salvos. Salvação é o direito da eleição, mas a obediência é o nosso dever quanto a ela. A Bíblia diz:

Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, AOS ELEITOS que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, ELEITOS, SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DE DEUS PAI, em santificação do Espírito, PARA A OBEDIÊNCIA e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas (1 Pd 1.1-2).

Quem não obedece não permanece nas palavras de Cristo. Muitas pessoas têm sido levadas a pensar que estão salvas pelo simples fato de um dia terem levantado as suas mãos em um culto, dizendo com isso aceitar a Jesus. Triste engano! Aceitar a Jesus é crer nele, na sua Palavra. Aceitar a Jesus é mudar de vida, é nascer de novo. Aceitar a Jesus é andar com Ele e perseverar em estar em sua presença, porque ser o seu Deus é a finalidade principal da Aliança, ser o seu Deus é a razão do sacrifício de Cristo na cruz por você, ser o seu Deus é o motivo da ressurreição de Cristo e é por ser e para ser o seu Deus é que um dia Ele voltará nas nuvens para buscar a sua Igreja. Esta é a finalidade da Aliança.

CONCLUSÃO:

Podemos concluir que o coração da Aliança, segundo a Bíblia, é a restauração da comunhão entre Deus e os homens, perdida lá no Jardim do Éden e restaurada no sacrifício de Cristo. Por isso que falar da Aliança é falar de um relacionamento iniciado por Deus, sustentado por Deus, e mantido eternamente por Deus e somente por Deus. E por quê? Porque Ele quer ser o nosso Deus. E não foi exatamente isso que profetizou o profeta Jeremias quando disse:

Porque ESTA É A ALIANÇA QUE FIRMAREI com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; EU SEREI O SEU DEUS, E ELES SERÃO O MEU POVO (Je 31.33).

Isso não seria possível pela iniciativa própria do homem. Era necessária uma aliança entre um soberanamente posicionado e o outro completamente decaído e impossibilitado de qualquer reação positiva voltada para Deus.

Entendeu a lógica da Aliança? Relacionar-se com Deus e ter Ele como Senhor de sua vida? Consegue vislumbrar isso com a morte de Cristo? A Aliança da redenção, estabelecido no dia em que o homem pecou e caiu de seu estado natural, foi motivado pela graça de Deus, pois o homem, na condição de pecado e miséria em que ficou precisava mais do que a bondade de Deus, ele precisava agora da justiça e da misericórdia de Deus, justiça esta encontrada somente em Cristo. Que Deus nos abençoe e nos ajude a andar com Ele todos os dias de nossa vida para que tenhamos com o nosso Deus um relacionamento de vida e assim podermos chama-lo de nosso Deus, pois somente quem permanece nele e em suas palavras, obedecendo aos seus mandamentos pode chama-lo de Aba, Pai! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Cristã.

 

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