Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

quarta-feira, 12 de julho de 2023

ROMANOS: A REVELAÇÃO NATURAL

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis (Rm 1.18-20).

INTRODUÇÃO:

Dando continuidade a nossa série de estudos na Carta aos Romanos, pedimos a Deus que ilumine o nosso entendimento e que a tua Palavra fale ao nosso coração. Que o Senhor, a Si mesmo se revele à nossa consciência, e que através da tua Palavra, pelo poder do Espírito Santo, que todos nós tenhamos a consciência de estar na presença de Deus e que essa consciência mude a nossa vida e o nosso comportamento.

Relembrando, Paulo escreveu essa carta com o objetivo de expor o Evangelho que ele prega. Ele escreveu a carta para os cristãos da Igreja de Roma, a quem ele pretendia visitar. O plano de Paulo era passar um tempo na Igreja de Roma e convencer os romanos a apoiarem o seu projeto missionário que era pregar o Evangelho na Espanha, mais ao norte, onde Cristo ainda não havia sido anunciado. A Igreja de Roma não conhecia Paulo, embora muitas pessoas lá o tivessem conhecido em outras situações. Também corriam muitos boatos e rumores sobre o apóstolo Paulo, oriundos da comunidade judaica e Paulo entendeu que precisava esclarecer estas coisas. Ele escreve essa carta no final da sua terceira viagem missionária, a caminho de Jerusalém, onde ia levar uma oferta para os pobres. A carta foi planejada pelo Apóstolo Paulo e escrita com o propósito de se apresentar e apresentar ao Evangelho que ele prega, e também relatar os seus planos de ir à Igreja de Roma.

Nos Capítulos iniciais desta carta Paulo fala da perdição de toda a raça humana, tanto dos gentios pagãos que nunca ouviram o Evangelho, que não tiveram a Lei de Moisés, como dos judeus que as tiveram. Todos eles estão perdidos. Paulo começa a falar disso no capítulo um, no texto que vamos estudar hoje. Depois, ele diz, no capítulo dois, que os próprios judeus, que receberam a Lei de Moisés e a revelação de Deus, no Antigo Testamento, também estão perdidos, porque eles não guardam essa revelação. A conclusão, que ele fala no capítulo três, é que todos estão perdidos. Ele resume isso dizendo: Todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23).

E a partir da metade do capítulo três ele fala como que Deus justifica o pecador através da obra de Cristo Jesus, realizada na cruz do Calvário e na sua ressurreição. Ele vai até o capítulo cinco falando de como Deus perdoa, tanto os judeus como os gentios, mediante a fé em Jesus Cristo, porque não há diferença entre judeus e gentios, pois todos são pecadores e são salvos pela mesma graça de Deus em Cristo Jesus.

Do capítulo seis até ao capítulo oito Paulo vai mostrar como aqueles que foram perdoados devem andar. E no capítulo nove até o capítulo onze ele vai explicar qual é o papel de Israel, da nação de Israel na história da Redenção, nessa história maravilhosa que está se desenvolvendo. E do capítulo doze até ao final Paulo traz algumas orientações práticas para a vida da Igreja, terminando no Capítulo dezesseis com saudações àquelas pessoas que ele conhecia.

O que nós vimos até agora é que Paulo se apresenta, se identifica como Apóstolo de Jesus Cristo, fala a respeito do Evangelho que se concentra na Pessoa de Jesus Cristo, se dirige aos romanos e fala de sua intenção de visitá-los e estar com eles, e o objetivo dele é pregar o Evangelho lá em Roma, porque Paulo não se envergonha do Evangelho, porque o Evangelho é o poder de Deus para salvar a todo aquele que crê, que a justiça de Deus se revela no Evangelho de fé em fé.

E a partir do verso dezoito, Paulo começa a expor a necessidade que todos têm do Evangelho. Ele começa a falar do pecado da humanidade e da ira de Deus contra a humanidade. Então, nesse estudo de hoje, no texto básico acima, o apóstolo Paulo fala de uma revelação que Deus fez de Si mesmo na consciência de todos os homens e através das coisas que foram criadas, deixando, portanto, a humanidade indesculpável. Não tem pessoa alguma, desde o início do mundo, que possa alegar ignorância a respeito da existência de Deus e de quem é esse Deus. Todos têm esse conhecimento na consciência, no coração e brilhando ao nosso redor na natureza. Paulo fala desta revelação que os teólogos chamam de Revelação Natural que é o que vamos estudar agora.

Essa revelação que Paulo fala do verso 18 até o verso 20 é mencionada logo depois dele ter dito, no verso 17, que a justiça de Deus se revela no Evangelho. A pergunta é de que forma o pecador pode ser justificado dos seus pecados diante de Deus? Ele diz no verso 17 que essa forma, essa justiça de Deus, se revela no Evangelho. É no Evangelho de Cristo, pela fé, que Deus justifica o pecador, recebe o pecador e o perdoa dos seus pecados. Mas enquanto Deus está revelando a sua justiça, através do Evangelho, porque o Evangelho está sendo pregado no mundo todo, há uma outra revelação que já vem acontecendo desde a criação do mundo e desde que Deus colocou o homem nesse planeta e ele pecou, que é a revelação da ira de Deus.

Pode-se perceber o contraste existente nestas duas revelações. No verso 17 a justiça de Deus se revela no Evangelho e no verso 18 a ira de Deus se revela do céu. São duas revelações que estão acontecendo agora, nesse instante. Por um lado, o Evangelho está sendo pregado ao mundo e em Cristo Jesus Deus revela de que maneira Ele quer nos perdoar. Por outro lado, do céu Deus revela a sua ira, Ele está revelando a sua ira. Essas duas revelações acontecem ao mesmo tempo, mas elas vão levar a destinos distintos. Essa revelação que Deus faz no Evangelho, ela traz perdão e vida eterna, mas essa revelação que Deus faz na natureza e na nossa consciência é apenas para mostrar que Deus está irado com a humanidade e que a humanidade, em seus pecados, será condenada eternamente. Vamos ver, então, sobre essa revelação.

01 – HÁ UM DEUS E ELE ESTÁ IRADO:

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou (Rm 1.18-19).

Paulo nos diz aqui, a respeito dessa revelação natural que Deus faz, que a ira de Deus se revela do céu. Existe um Deus e esse Deus está irado e Ele revela a sua ira do céu, o local da sua habitação, do mundo espiritual, da sua existência e do seu poder. Deus mostra para o homem que Ele existe e que Ele está irado.

Deus faz isso na consciência das pessoas. Por isso que o sentimento religioso é universal. Qualquer país do mundo, em qualquer época do mundo, você vai encontrar pessoas com medo de um poder superior. A prova disso é que todas as religiões vão incluir algum tipo de pagamento de pecado, de culpa, tentativa de apaziguar essa divindade, pois essa consciência em que o homem entende que existe algo superior, faz com que ele viva aterrorizado. O sentimento de culpa é universal. Você vai encontrar gente sentindo culpa na China, nos Estados Unidos, entre os povos mais bárbaros, entre os índios que sacrificam suas crianças, que fazem sacrifícios brutais de animais. Deus fala na consciência do homem e mesmo o homem mais bruto sabe, lá dentro, em seu íntimo, que existe um Deus e que esse Deus está irado com seus atos. A ira Deus se revela do céu. Existe um Deus e Ele está irado.

A ira de Deus não pode ser comparada com a raiva humana, porque a raiva humana, frequentemente, envolve egoísmo, desejo de vingança, compensação. A ira de Deus é o desprazer que esse Deus Santo sente diante da rebelião das suas criaturas. É o propósito determinado que Ele tem de que Ele vai punir essa desobediência e esse pecado. É a resolução imutável do seu ser em rejeitar o pecado. E, finalmente, tratar com justiça àqueles que desafiam a sua existência e a sua autoridade. Essa é a ira de Deus. É a retribuição da sua natureza Santa, diante da ofensa que o pecador lhe faz.

Do céu a ira de Deus se revela e essa revelação é feita em nossa consciência. Nós sabemos disso por intuição, mesmo os povos mais distantes, aqueles que nunca ouviram falar de Deus ou receberam a Lei de Deus têm essa consciência de que há um Deus a quem eles ofenderam. A prova disso são a existência de religião, pois desde que o homem existe ele sente necessidade de se curvar diante de um altar e tentar apaziguar um ser superior, e é exatamente por isso que do céu a ira de Deus se revela, porque não se curvam diante do Deus verdadeiro e único.

02 – DEUS ESTÁ IRADO CONTRA TODA IMPIEDADE E PERVERSÃO:

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens ...

Segunda coisa que Paulo nos ensina aqui é que Deus está irado contra toda a impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça. A ira de Deus é contra duas coisas. Ele está irado por conta de duas coisas. A primeira é o que Paulo chama aqui de impiedade. Impiedade é um termo que significa a falta de religião. É você viver como se Deus não existisse. Uma pessoa piedosa é uma pessoa que reconhece a Deus, anda nos caminhos de Deus, adora a Deus e quer servir a Deus. Uma pessoa impiedosa é uma pessoa que não reconhece Deus na sua vida e vive como se Ele não existisse; não leva Deus em consideração. É isso que a Bíblia chama de impiedade. Então, a ira de Deus é contra a impiedade da humanidade, porque a humanidade não o reconhece como Deus, não o trata como Deus, não busca a Ele, não o serve e não o adora.

Mas tem outra coisa do porque Deus está irado. Não é somente contra a impiedade de toda raça humana, mas Ele está irado contra a perversão dos homens. Enquanto que a impiedade fala do relacionamento do homem com Deus, perversão fala do relacionamento do homem com o homem. A perversão, aqui, é perverter o direito, perverter a dignidade, perverter a justiça. É o tratamento imoral, injusto e opressor de uma pessoa com a outra. E Deus está irado contra isso também. Não somente porque as pessoas não o adoram e o buscam, mas porque elas se maltratam, se odeiam, se enganam, se defraudam, se oprimem; o homem prejudicando e fazendo o seu semelhante sofrer. Deus está irado contra isso. Agora, como é que a humanidade chegou nessa situação de impiedade e perversão?

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça ...

Eles detêm a verdade pela injustiça. A verdade aqui é a verdade a respeito de Deus, que Ele revelou de Si mesmo, quer seja na natureza, quer seja em nossa consciência. A verdade é que há um Deus e esse Deus é Santo e esse Deus deve receber respeito, adoração, ação de graças de todos os povos, mesmo daqueles que nunca ouviram do Evangelho, nunca ouviram da Lei de Moisés, porque esse conhecimento inato está no coração do homem e por conta disso o homem deveria fazer isso. Mas o que é que o homem faz com a verdade? Paulo diz aqui que o homem detém a verdade pela injustiça. Presta atenção nessa palavra. Deter significa, literalmente, manter embaixo. E a ideia aqui é de matar alguém por afogamento, pegar a cabeça de alguém e empurrar para baixo da água, até que vai sufocando, até que a pessoa morre. É isso que a palavra deter aqui significa.

O homem não pode mudar a verdade, mas ele pode sufocá-la, ele pode reprimi-la, ele pode suprimi-la e a ira de Deus é exatamente por isso, porque Ele se revelou à humanidade na criação e na nossa consciência, e o que é que a humanidade faz com o conhecimento de Deus? Empurra para baixo, sufoca, reprime e como resultado vem a impiedade e vem a perversão.

Ninguém nasce ateu, pois o conhecimento de Deus é inato a todo ser humano. Nós nascemos com a imagem de Deus em nós e a consciência de que existe um Deus. Esse conhecimento de Deus é inato a todo ser humano. O ateísmo, a impiedade, o materialismo é uma deliberação que a pessoa toma depois, quando adulto, mas ninguém nasce ateu, a pessoa toma essa decisão mais tarde. E para fazer isso ela tem que suprimir a luz de Deus que brilha no seu coração e na sua consciência, ela tem que fazer isso para poder viver como se Deus não existisse. Ela tem que suprimir essa revelação de Deus no seu coração para que ela possa tomar a decisão de ser ateu.

03 – A IRA DE DEUS É JUSTA:

... porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

Paulo está dizendo que essa ira de Deus é justa porque alguém poderia dizer: Mas é justo Deus ficar irado? Os homens conhecem realmente a Deus? Existe esse conhecimento de Deus, tão claro assim, para que Deus possa cobrar do homem, responsabilizar cada ser humano por isso? A resposta de Paulo é sim. Deus está irado porque o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

É certo que esse Deus é infinito e nós nunca o poderemos conhecer plenamente. Deus é infinito no seu Ser, Ele é infinito nos seus atributos, nas suas qualidades, na sua santidade, no seu poder, na sua onipresença, na sua onisciência, na sua justiça, na sua santidade, na sua misericórdia. Esse Deus extrapola toda e qualquer possibilidade de conhecimento exaustivo por parte da criatura. Mas Ele deu a conhecer algumas coisas a respeito dele. Paulo fala aqui que o que de Deus se pode conhecer (porque tem coisas que nós não podemos por causa da nossa limitação, pois nós somos criaturas limitadas) é manifesto entre nós. E além disso, pecadores não podem compreender o Ser de Deus completamente, totalmente, mas apenas algumas coisas que Deus deu a conhecer a respeito de Si mesmo. E Ele deu a conhecer essas coisas.

Paulo diz: Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles. Eles, aqui, são os homens, a humanidade em geral. É manifesto entre eles, não é a eles, mas entre eles, com a intimação de que essa manifestação de Deus é dentro de nós. Portanto, a ira de Deus se revela do céu. Deus se manifestou entre nós ou no nosso meio, dentro de nós. Esse conhecimento inato de Deus, que nós temos desde o nosso nascimento, e que é a imagem e semelhança de Deus em nós, que ainda apesar do pecado essa imagem permanece em nós, e é por isso que todos nós somos religiosos, pois todos nós temos essa necessidade, essa consciência de que alguém, além desse mundo, alguém superior a nós, a quem vamos prestar contas, de quem nós dependemos, Ele existe, Ele é real e Ele se manifestou a nós.

Essa necessidade que o homem tem de Deus e esse reconhecimento no coração está lá dentro, em seu interior, sufocado e, às vezes, o homem descuida e esse conhecimento vem à tona, especialmente nas tragédias. A pessoa vive como se Deus não existisse, mas basta acontecer uma tragédia ou um sofrimento pessoal muito grande e aí valha-me Deus. Como alguém já disse: Só existe ateu enquanto o pitbull não pula a cerca. Depois que o pitbull pulou a cerca valha-me Deus, socorre-me. Não é isso? Então, esse conhecimento possível de Deus é manifesto no nosso coração porque Deus lhe manifestou, de outra maneira nós não conheceríamos a Deus.

Pode-se perceber de quem é a iniciativa até aqui. Quem é que revela a sua ira? Deus! Quem é que diz que está irado por causa da perversão dos homens? Deus! Quem é que manifesta o conhecimento de Deus? Ele próprio! Então, pode-se perceber que se não fora essa iniciativa de Deus de se revelar a nós a humanidade andaria em trevas, a humanidade não teria a menor ideia do que ela está fazendo aqui nesse planeta, quem nós somos, de onde viemos, por que estamos aqui, qual o propósito da vida. A humanidade andaria em trevas. Deus é quem toma a iniciativa de revelar-se, manifestar-se à humanidade, porque Ele deseja que nós o reconheçamos, que nós o amemos, que nós o sirvamos de todo o nosso coração.

04 – A REVELAÇÃO DOS ATRIBUTOS DE DEUS:

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis (Rm1.120).

A quarta coisa que Paulo fala aqui é a respeito das coisas possíveis de se conhecer e que Deus revelou. Primeira coisa há um Deus, Ele está irado e Ele diz isso nas nossas consciências. Segunda coisa Ele está irado contra a impiedade e perversão dos homens, porque os homens sufocaram a luz da verdade em seu coração e a trocaram pela injustiça. Terceira Deus é justo por estar irado porque o que se pode conhecer de Deus Ele manifestou ao homem, Ele se revelou na consciência e no coração humano. Agora, em quarto lugar, Deus revelou alguns atributos ou algumas coisas a seu respeito na criação.

Paulo diz que os atributos invisíveis de Deus, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem por meio das coisas criadas. No verso anterior Paulo disse que o que de Deus se pode conhecer é manifesto aos homens em nossa consciência, mas aqui ele diz que este conhecimento de Deus que está manifesto em nós, não é só manifesto em nossa consciência e no nosso coração, mas ele brilha ao nosso redor, nas coisas que foram criadas, de maneira que um complementa o outro.

A natureza, a criação, a beleza do Universo, a sua harmonia, a sua imensidão, não faria nenhum sentido para mim se dentro de mim eu já não tivesse essa consciência de que há um Deus e que Ele é o autor disso tudo. Então, há uma harmonia entre a consciência que eu tenho de Deus e a criação, o mundo ao meu redor. Eu só posso olhar para a criação e deduzir que existe um Deus porque a luz dele já brilha em mim. Então, a criação, ela apenas confirma aquilo que a minha consciência já diz, que há um Deus e esse Deus, de acordo com o que a criação manifesta, Ele é um Deus cujos atributos são invisíveis.

A palavra atributo significa simplesmente qualidade. Por exemplo, se você tem a barba branca é um atributo seu, da mesma forma se você for careca ou cabeludo, alto ou baixo, gordo ou magro. Então, atributos é o que me define é o que me caracteriza o que me torna conhecido. Então, Deus tem atributos e a Bíblia menciona vários desses atributos, desde a sua santidade até a sua misericórdia. São muitos os atributos de Deus. E alguns atributos pertencem só a Deus, como, por exemplo, onipotência, onisciência, onipresença, eternidade, só Deus tem essas qualidades. Mas alguns outros dos seus atributos Deus transmitiu para nós, como inteligência, criatividade, consciência, arbítrio, sentimento, são coisas que Deus passou para nós.

Nós somos feitos à imagem desse Deus e é por isso que nós somos assim e é por isso que, por definição, nós clamamos por Ele, sentimos que Ele existe e percebemos que Ele existe olhando ao nosso redor, mas esses atributos são invisíveis, porque Deus é Espírito. Deus nos deu uma coisa que Ele mesmo não tem, Ele nos deu um corpo, embora séculos depois Ele resolveu assumir um corpo também, na pessoa do seu Filho Jesus Cristo. Mas Deus é espírito e, portanto, Ele é invisível. Só que esses atributos invisíveis de Deus, essas qualidades que o olho não pode ver, elas se tornam visíveis pela nossa mente. Os olhos da mente, contemplando a criação e já tendo consciência de que existe um Deus, consegue ver que há um Deus.

Os atributos invisíveis de Deus se veem claramente. Parece até uma contradição, aquilo que é invisível se vê, mas é o que Paulo está dizendo aqui, aquilo que é invisível aos olhos, aos nossos olhos carnais é visível pela nossa mente e pela nossa consciência. Há um Deus que criou todas as coisas e que fez todas as coisas. Os atributos invisíveis de Deus nos passam essa mensagem.

E Paulo menciona dois desses atributos que estão entre aquelas coisas possíveis de serem conhecidas. O primeiro é o seu eterno poder. O primeiro atributo de Deus que dá para perceber, pelas coisas criadas, é o eterno poder de Deus. O que Paulo está dizendo aqui é que, pela observação da criação e da natureza, nós devemos perceber que a natureza não se gerou a si mesma, como dizem os materialistas, os evolucionistas e os naturalistas, que o Universo se gerou a si mesmo, que a matéria se gerou a si mesma.

Outra opção que eles dizem é que a matéria é eterna. Paulo diz aqui que, observando a natureza, nós vemos que existe um poder eterno, que existia antes da natureza e que deu origem a ela, que estas coisas, com esse nível de complexidade da criação, do cosmos, do ser humano, do microcosmos, do Universo, das partículas subatômicas, tudo isso é impossível que tenha vindo do acaso ou que isso foi gerado do nada, que o Universo se gerou. Há um poder por detrás disso. Esse é um dos atributos invisíveis de Deus que Deus nos deu a conhecer através da criação e que é percebido pela nossa consciência. Não é possível que tudo isso que existe por aí tenha surgido do nada, há um poder eterno que antecede ao Universo e que deu origem a tudo isso.

O segundo atributo invisível de Deus, que Paulo menciona aqui, é a sua própria divindade. Está no verso 20. Ele fala do eterno poder e da sua própria divindade. E o que é a divindade de Deus? É uma expressão que significa simplesmente que Deus não é criado, que Ele não é como nós, mas Ele é totalmente outro. Ele não é limitado como nós, Ele não é finito, Ele não teve um começo e não terá fim, Ele não faz parte da sua própria criação. Deus não é a alma do mundo, Deus não é o mundo e o mundo não é Deus, mas Ele é Divino, Ele está acima da sua criação.

E, aliás, foi essa concepção que deu origem a ciência moderna. Vocês já se perguntaram por que que a ciência moderna nasceu na Europa Cristã da Idade Média e não em civilizações mais antigas e mais avançadas, como por exemplo, os mesopotâmicos, os egípcios, os gregos e os chineses? Eles eram civilizações bem mais avançadas e antigas do que aquela civilização europeia da Idade Média, cristianizada. Mas por que a ciência moderna não nasceu naquelas civilizações e veio nascer a 500 anos atrás? Ou menos, talvez, 400 anos atrás, lá na Europa Cristã? A razão é que todas essas civilizações elas eram panteístas, elas acreditam que Deus é o mundo e o mundo é Deus, por isso adora vaca, adora árvore, adora o sol, adora estrela, adora os animais, adora o crocodilo. Os deuses são apresentados como sendo manifestações da natureza. Na mitologia grega os deuses moravam em árvores, moravam em cavernas, haviam as fadas que estão ligadas as árvores e flores. Então, nessas religiões e nessas culturas, a visão é de panteísmo. Pan quer dizer tudo e teísmo quer dizer Deus. Tudo é Deus e Deus é tudo, como se Deus fosse a alma do mundo.

Por isso, ninguém se atrevia a investigar os fenômenos naturais, pois acreditavam que quando tem um trovão é Deus que está com raiva, que quando cai um raio isso é os deuses, Zeus, aquele deus do Olimpo, que joga aquele raio. Dizem que é Zeus que está fazendo isso. Ninguém queria saber como é que funciona. Aí chegou o cristianismo, dizendo que no princípio criou Deus os céus e a terra, que o mundo é uma criação de Deus e não é uma extensão de Deus, que Deus criou o mundo com base em leis naturais, que regem, explicam os fenômenos. Então, o cristianismo libertou o homem do misticismo dessas religiões e o homem, agora, se sentiu livre para examinar a natureza. O cristianismo desmistificou a natureza. A natureza não é divina, o boi não é divino, a ave não é divina, portanto, eu posso pesquisar os fenômenos naturais.

Todos os autores dos modernos ramos da ciência são cristãos. Há bons livros a respeito da história da ciência que fala e mostra que os grandes ramos da ciência moderna tiveram início com a pesquisa de cristãos, que queriam saber mais a respeito de Deus e da Glória de Deus, porque eles viam o Universo como expressão, não como extensão da Glória e da majestade de Deus, da sua divindade, do seu eterno poder. Então, pela natureza, nós podemos ver isso, que há um poder eterno e que esse poder é majestoso, é glorioso, é inteligente, é pessoal, e que tudo isso aqui não surgiu do nada, não veio do acaso, não se auto gerou. É isso que Paulo diz aqui, que esses atributos invisíveis de Deus se revelam na natureza, o seu poder eterno e a sua divindade.

05 – ESTA REVELAÇÃO É CLARA, ANTIGA E UNIVERSAL:

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis (Rm1.120).

Paulo diz que essa revelação que Deus fez de Si mesmo, na consciência e na criação, que ela é clara, antiga e universal. Paulo está dizendo que há um Deus e que esse Deus é santo, que Ele está irado e isso claramente se percebe na criação. E se você não percebe o problema não é com Deus e nem com a criação, o problema é com você, pois Paulo está dizendo que dá para ver, com clareza, que existe um Deus, que isso é natural, que está em nossa consciência, que existe um Deus e esse Deus é superior a nós, que Ele está irado com os nossos pecados, que Ele é Todo Poderoso e que Ele é distinto da criação. Isso dá para se perceber claramente. Diz o Apóstolo Paulo que essa revelação é clara.

Segunda coisa, essa revelação é antiga. Ele diz aqui que isso é desde o princípio do mundo. Desde quando Deus criou o mundo e colocou o homem nele, a sua glória e a sua Majestade estão impressos na consciência do homem e nas coisas criadas, de maneira que, desde Adão, até ao último homem que nasceu hoje, ele tem esse conhecimento de Deus. Isso é perceptível, dentro dele e fora dele, a glória de Deus brilha dentro de nós e fora de nós.

A terceira coisa que Paulo diz é que esse conhecimento é universal. Esse conhecimento está em toda criatura que já pisou o solo desse planeta, em todo o país e toda língua, povo, tribo, nação, porque todos têm consciência e todos têm acesso à natureza. Eles podem perceber isso e esse não é um conhecimento secreto, privado, particular, esotérico, mas é um conhecimento público, que Deus fez de si mesmo na criação e na consciência de todos os homens.

06 – OS HOMENS SÃO POR ISSO INDESCULPÁVEIS:

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis (Rm1.120).

Sexto ponto que Paulo fala é que tais homens são indesculpáveis. Essa é a conclusão do que Paulo está dizendo aqui. Tais homens são esses homens, são aqueles que detém a verdade pela injustiça, rejeita o conhecimento de Deus, não tem piedade e são perversos. Então, tais homens são indesculpáveis diante de Deus.

Essa palavra indesculpável aqui é uma palavra que Paulo está tirando da linguagem jurídica dos seus dias. Literalmente, no grego, essa palavra é apologia. Apologia é uma defesa que você apresenta ao ser acusado de algum crime e é uma tentativa que a pessoa acusada faz de se justificar, tipo assim: Eu sou inocente, não fiz isso, e se eu fiz, eu fiz por conta disso. Então, há diversos atenuantes aqui. O que Paulo está dizendo é que no dia do juízo nenhuma pessoa terá uma apologia a apresentar diante de Deus, do tipo assim: Eu não sabia que existia um Deus, eu não sabia que isso era errado, eu não sabia que esse Deus se ira contra o pecado, eu não sabia de nada disso. Ninguém tem desculpa diante de Deus. É isso que Paulo está dizendo aqui. Por isso, tais homens são indesculpáveis.

Portanto, há um Deus e este Deus está irado. Ele manifesta a sua ira em nossa consciência. A ira dele é contra a impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça. É justo que Deus esteja irado porque o que se pode conhecer de Deus, Ele manifestou a nós, pela consciência e pela criação. Pela criação nós vemos algumas coisas que podem ser conhecidas de Deus, como seu eterno poder e a sua própria divindade. E essa revelação é clara, universal e antiga.

Não tem inocente diante de Deus, nem aqui, nem no Amazonas, nem na Antártida, nem no Polo Norte, nem no deserto árabe, nem nas florestas mais ocultas do mundo. Nunca teve e nunca haverá um inocente diante de Deus, porque os homens detêm a verdade pela injustiça, eles adoram outros Deuses, eles adoram a natureza, eles vivem como se Deus não existisse, eles se matam, se perseguem, se odeiam e se oprimem por isso. A Ira de Deus está sobre o mundo pagão. É isso que Paulo está falando aqui.

CONCLUSÃO:

Algumas implicações para nós. Isso aqui é importante para mim e para você para que nós possamos entender porque é preciso o Evangelho, porque que o Evangelho é necessário, porque que é preciso de uma outra revelação além da revelação da natureza. Essa revelação aqui da Ira de Deus ela é suficiente para deixar você sem desculpa, mas ela não é suficiente para lhe salvar, porque ela não diz de que maneira você pode escapar da Ira de Deus. As árvores, o mar, os rios, as estrelas, a lua, o sol, o Universo, eles não vão dizer para mim de que maneira eu posso me reconciliar com esse Deus de perdão e ser aceito por Ele. Eles não vão me dizer isso. Eles só vão mostrar que há um Ser todo poderoso, maior do que eu, por trás de todas as coisas, mas como eu posso me reconciliar com esse Ser a natureza não vai me dizer, é preciso uma outra revelação e essa é a revelação que nós chamamos de revelação especial que Deus deu, através de Jesus Cristo, seu Filho, que é o Evangelho de Cristo.

Essa revelação Paulo vai desdobrar aqui na Carta aos Romanos. Ele vai explicar, mais adiante, que essa revelação é a única forma pela qual nós podemos ser salvos da Ira de Deus e para que você entenda a necessidade do Evangelho e a exclusividade do Evangelho, primeiro é necessário que você entenda a perdição da raça humana toda. Estamos debaixo da Ira de Deus, não há inocente diante de Deus. Então, essa é a primeira reação prática que eu quero lhe mostrar. Medite nisso e valorize o Evangelho, privilégio que você está tendo nessa hora de ouvir este Evangelho, enquanto que milhões nunca ouviram falar deste Evangelho, embora estejam condenados com justiça pela rebelião dos seus corações da Revelação que Deus fez de Si mesmo na sua consciência e na criação. O fato de você estar lendo este Evangelho seria motivo de você se pôr de joelhos diante dele e dizer: Deus, como é que eu continuo ainda a viver como se o Senhor não existisse? Como que eu continuo a viver ainda sem levar o Senhor em consideração? Por que que eu continuo desafiando ao Senhor? Por que que eu continuo sendo indiferente para contigo? Reflita nisso.

Segunda coisa que eu queria que você pensasse é que você examinasse o seu coração, especialmente se você é uma daquelas pessoas que têm dificuldade de acreditar em Deus, argumentando coisa do tipo: Evolução da ciência, das descobertas científicas, da racionalidade. Queria que você pensasse que o ateísmo não é a consequência lógica da ciência. A negação de Deus e o materialismo é o resultado da repressão dessa luz de Deus no coração de todo homem. O problema não é intelectual, o problema é moral, o problema é espiritual. Examine o seu coração para ver se lá no fundo, essa sua recusa em acreditar em Deus não seja resultado de alguma amargura, alguma raiva, algum sentimento de injustiça ou uma tentativa de justificar um comportamento seu. Você não quer que Deus exista porque se ele existir você vai ter que mudar de vida, por isso você não quer que Ele exista. Então, muito dessa negação de Deus não é resultado de intelectualidade, mas é um problema moral, é um problema espiritual.

Terceira coisa que eu queria que você pensasse é que aqui está a razão pela qual nós insistimos em evangelização e pregar o Evangelho, exatamente porque os povos precisam ouvir o Evangelho, receber a revelação especial de Deus. Por isso que nós mandamos missionários. É por isso que nossa igreja faz viagem missionária. É por isso que nós apoiamos aqueles que vão para países distantes, levar o Evangelho de Deus. É por isso que nós insistimos com os cristãos, que compartilhem a fé deles para com as pessoas, porque elas estão perdidas. Ninguém vai se salvar com base na ignorância da moralidade. Não há salvação fora do Evangelho de Jesus Cristo e você que conhece esse Evangelho e tem acesso a essa revelação especial do Evangelho, você é responsável por leva-lo avante, por transmitir ele a outras pessoas.

E a última coisa que eu queria que você pensasse é a respeito do seu estado diante de Deus. Há um Deus e esse Deus é um Deus Santo. Ele é um Deus que se ira, ao contrário, talvez, do que você ouviu por aí, de outras pessoas dizerem de um Deus que é só amor. Deus é amor, mas Ele é Santo também e porque Ele é Santo, Ele está irado pelos seus pecados. E você não tem desculpa nenhuma para viver longe dele, não há nenhuma apologia que você possa oferecer para justificar a sua vida ímpia ou a sua vida de imoralidade ou a sua vida de materialismo, consumismo, totalmente alheio a Deus, como se Deus não existisse. Não tem nada que justifique isso, não tem nada que justifica a sua idolatria, você adora imagens de escultura como se Deus pudesse ser representado, adora outros deuses que não é o Deus Supremo, que se revela na natureza e no Evangelho. Que nessa hora você também reconheça que esse Deus tem compaixão de pecadores que reconhecem que são pecadores, que estão perdidos e que o buscam humildemente, não para dizer a Deus o que Deus tem que fazer, mas com a mão estendida e de joelhos, dizendo: Deus, tenha misericórdia de mim, pecador. Não mereço nada a não ser a tua Ira e o teu justo castigo. Espero na tua misericórdia, já que o Senhor tomou iniciativa de se revelar. Isso mostra que o Senhor deseja me conhecer, que o senhor deseja que eu te conheça plenamente. Me ilumina, me guia mediante Jesus Cristo, para que eu possa me reconciliar contigo e viver para tua glória. Você pode fazer isso nessa hora e se curvar diante do Todo Poderoso, criador dos céus e da terra e aproveitar a misericórdia dele, enquanto Ele ainda lhe permite viver e escutar esse Evangelho. A Ele toda glória! Amém!

Termino fazendo essa oração: Bendizemos o teu nome ó Pai, pela tua Majestade e pela tua grandeza. Os céus refletem a tua glória e o firmamento fala da obra das suas mãos. Te damos graças, ó Deus, pelo teu grande poder e pela tua divindade. Pedimos perdão pelo sufocamento da tua verdade, pela impiedade e pela perversão. E se alguém nessa hora, Senhor, que ainda não compreendeu a plenitude do teu Evangelho, porque precisa do Evangelho, que isso fique claro em seu coração. Desperta em nós gratidão a Ti pela tua misericórdia e nos dá o conhecimento de Cristo. Abençoa a tua Igreja para que ela seja um farol, composta de pecadores redimidos que levam o Evangelho a outras pessoas. Oramos pela tua igreja no Brasil também, tenha misericórdia de nós. Em nome de Jesus! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Rev. Augustus Nicodemus. Mensagem da Série Romanos: A Revelação Natural. YouTube.

 

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