Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

terça-feira, 18 de julho de 2023

ROMANOS: A ORIGEM DA IDOLATRIA

Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm 1.21-23).

INTRODUÇÃO:

O texto acima faz parte da explicação que o Apóstolo Paulo está dando à Igreja de Roma na carta que ele escreve a respeito do estado em que a humanidade vive. O propósito de Paulo é convencer a Igreja de Roma que é necessário pregar o Evangelho aos pagãos, aos gentios, àqueles que estão longe, que nunca ouviram o Evangelho. E Paulo tem em mente, especialmente, a região da Espanha, onde Cristo ainda não havia sido anunciado.

Obviamente, muita gente naquela época poderia pensar que, uma vez que as pessoas nunca ouviram falar de Cristo ou nunca ouviram a Lei de Deus, que nunca tiveram contato com a revelação que Deus fez na Bíblia, essas pessoas estariam inocentes no dia do juízo, porque em que base Deus haveria de julgá-las ou condená-las? Elas nunca ouviram falar de Jesus. Elas não conhecem a Lei de Moisés. Seria Deus justo em condenar essas pessoas que vivem longe da civilização cristã? Povos que vivem em regiões como os desertos, povos que vivem nos polos, indígenas, povos inalcançados ainda e que nunca ouviram e que nunca tiveram contato com a civilização ou com a Palavra de Deus? Em que base Deus vai julgar esse pessoal, uma vez que esse pessoal não tem o conhecimento do Evangelho e nem ainda do Antigo Testamento, da Lei de Moisés?

Uma vez que nós entramos por esse pensamento de que o desconhecimento do Evangelho e o desconhecimento da Lei de Deus deixa as pessoas inocentes, nós ficamos pensando: Qual é a base para a tarefa missionária da Igreja? Porque veja bem como fica a dificuldade. Está lá aquela tribo, morando lá no interior do Amazonas, nunca tiveram contato com o Evangelho, portanto, seus membros não sabem quem é Jesus. E lá eles têm a sua religião, adora aos seus deuses e segue os seus costumes. Seguindo a linha deste pensamento estão salvos, porque eles nunca ouviram falar de Jesus. Então, Deus não vai poder perguntar a eles: Por que que você nunca aceitou Jesus? Porque a resposta vai ser: Eu não sei quem é Jesus. Agora, pense, eles estão lá, morrendo e indo para o céu (conforme este pensamento) e chega o missionário e prega Jesus para aquela tribo. Metade da tribo aceita Jesus e a outra metade não aceita. De acordo com este pensamento era melhor o missionário não ter ido, porque todo mundo estava indo para o céu, aí ele chegou lá, falou de Jesus e condenou a metade da tribo. Mas as coisas não são assim.

O Apóstolo Paulo começa a Carta aos Romanos dizendo do estado real de toda a humanidade, de todas as pessoas de todas as tribos, povos, línguas e nações. E qual a situação deles diante de Deus? Segundo Paulo a situação é de condenação. Só que a condenação será proferida por Deus, passada por Deus, não com base no Evangelho ou na Lei de Moisés, mas com base naquilo que nós chamamos de revelação natural e que Paulo explica nos Versículos iniciais de Romanos, que estudamos no estudo anterior.

No verso 18 nós vimos que a ira de Deus se revela do céu. Deus, lá do céu, fala aos homens que Ele existe e que Ele está irado. Ele diz isso na consciência dos povos de forma que eles têm o conhecimento da existência de Deus. E esse conhecimento vem na consciência das pessoas e Deus está irado porque as pessoas detêm a verdade pela injustiça. Essa revelação que Deus faz dele mesmo é encontrada dentro de nós, em nosso interior. E Deus está irado pela rejeição dos homens que sufoca a verdade, trazendo com isso a impiedade e a perversão.

No verso 19 Paulo diz que a Ira de Deus é justa porque o que de Deus se pode conhecer se manifestou entre eles. Então, eles não são tão inocentes assim. Deus se revelou na consciência deles. Eles sabem, lá no íntimo do coração, de que existe alguém maior do que eles, um ser superior a eles e que esse ser superior está irado, pela maneira como os homens se comportam.

E no verso 20 Paulo vai mais além, ele diz que além desse conhecimento de Deus, na consciência, existe também o conhecimento de Deus na natureza, pois o verso 20 diz:

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis (Rm 1.20).

Os atributos invisíveis de Deus, ou seja, as qualidades invisíveis de Deus, elas se tornam visíveis por meio das coisas que foram criadas. A natureza diz que Deus existe, que Ele é poderoso, que Ele é eterno e que Ele é distinto da sua criação. Por isso Paulo termina o verso 20 dizendo que estes homens são indesculpáveis no dia do juízo. Eles não vão poder apresentar ignorância como sendo a base da sua inocência, porque Deus vai lhes dizer: Eu não estou lhe julgando porque você rejeitou a Jesus, Eu estou lhe condenando porque você sabia que Eu existia, você sabia que Eu sou santo, você sabia que Eu sou eterno, que Eu sou todo poderoso, que Eu criei todas as coisas, que Eu tenho um código do que é certo e do que é errado, mas o que é que você fez? Você suprimiu essa verdade, você rejeitou o meu conhecimento na sua consciência e o conhecimento que vem através da análise da contemplação da natureza, que desde o início da criação do mundo fala com clareza que Eu existo.

Essa é a razão pela qual Paulo quer ir pregar o Evangelho na Espanha, porque os espanhóis estavam perdidos. E não só os espanhóis, mas todo o mundo pagão. Há séculos estas pessoas vem morrendo, indo para o inferno, e não há injustiça em Deus, porque elas rejeitam em seus corações a verdade de Deus, exposta na sua consciência e na natureza que brilha ao nosso redor. Por isso que missões é tão urgente e tão importante.

E do verso 21 até o verso 23, que é o nosso texto de hoje, o Apóstolo Paulo explica esse processo de rejeição. Qual foi o mecanismo, como é que isso acontece, como é que as pessoas, partindo da revelação de Deus na consciência e da natureza, elas se afastam de Deus e são o que são e se tornam o que são no dia de hoje. Nós encontramos, então, esse processo descrito pelo Apóstolo Paulo aí nesse texto. Vamos a eles.

01 – AS PESSOAS TÊM O CONHECIMENTO DE DEUS:

Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato (Rm.21).

Em primeiro lugar, Paulo diz que essas pessoas que se afastaram de Deus têm o conhecimento de Deus. Conhecimento, aqui, é a consciência da realidade de que existe um Deus e que Ele não é como nós, que Ele é distinto de nós, que foi o que Paulo explicou nos versos anteriores. Então, em todo ser humano há um conhecimento de Deus. Em Teologia nós chamamos isso de a imagem de Deus, baseado lá no relato de Gênesis, onde diz que Deus criou o homem à sua imagem e à sua semelhança. Com isso, os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos, eles vão trazer e transmitir essa imagem de Deus. A humanidade foi feita à imagem e semelhança de Deus. Então, todo ser humano que vem a esse mundo, ele já traz o conhecimento e a semente de Deus em seu coração.

O ateísmo, o virar as costas para Deus, o ignorar a Deus, fazer de conta que Ele não existe, viver sem levar em consideração a existência de Deus e rebelando-se contra os princípios de Deus não é natural do ser humano, mas é o resultado de uma decisão deliberada que a pessoa toma de Ignorar as evidências claras, na sua consciência e na natureza, de que existe um Deus e que esse Deus não é igual a criação.

Eles têm o conhecimento de Deus. Ninguém pode alegar ignorância no dia do juízo, nem eles e nem nós. E muito menos nós, que recebemos, além da revelação na consciência e na criação, a revelação especial de Deus, onde Ele, com muito mais clareza do que na criação, diz quem Ele é, quem nós somos, o que que nós somos e Ele apresenta o convite e nos chama para nos reconciliarmos com Ele mediante o seu Filho Jesus Cristo. Jesus confirma esta teoria quando envia setenta discípulos para pregarem nas cidades circunvizinhas. Ele diz:

Quando, porém, entrardes numa cidade e não vos receberem, saí pelas ruas e clamai:
Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós outros. Não obstante, sabei que está próximo o reino de Deus. Digo-vos que, naquele dia, haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade
(Lc 10.10-12).

E assim Ele falou das cidades que ouviram a sua mensagem e presenciaram aos seus milagres:

Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza. Contudo, no Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras (Lc 10.13-14).

Ora, se esses povos, que nunca ouviram, são indesculpáveis diante de Deus, quanto mais você, que além da revelação na consciência e da criação ainda tem o privilégio de ter recebido a revelação especial de Deus, nasceu em um lar cristão, foi educado desde cedo no conhecimento da verdade. O julgamento será ainda mais severo para aqueles que tiveram mais luz e tiveram mais conhecimento de Deus.

Mas o ponto é esse: Todos têm conhecimento de Deus. Ninguém nasce ateu. É uma decisão que alguém toma, é uma opção que alguém faz, de ser agnóstico e idólatra, de rejeitar a Deus e viver como se Ele não existisse. É uma decisão que alguém toma, não é algo natural, por nascimento, que lhe impele, embora nossa natureza seja manchada pelo pecado e ela esteja corrompida, mas não ao ponto de sufocar, totalmente, a consciência de que há um Deus.

02 – MAS MESMO TENDO O CONHECIMENTO DE DEUS NÃO O GLORIFICAM COMO DEUS:

Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato (Rm.21).

Paulo diz o que é que as pessoas fizeram com esse conhecimento. Aliás, o que elas não fizeram, pois elas deveriam ter feito duas coisas. Primeiro, elas deveriam ter glorificado a Deus à luz da consciência e da criação. Veja como Paulo diz:

Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus ...

Pelo menos duas coisas os pagãos, os gentios, aqueles que nunca ouviram o Evangelho e nem sabem quem é Deus, poderiam ter feito. Eles podiam ter glorificado a Deus do tipo assim: Eu não sei o nome de quem fez todas essas coisas, eu não conheço em detalhes quem é essa pessoa, mas claramente o mundo não apareceu do nada, claramente o mundo não é fruto do acaso, há um poder por detrás disso tudo. A matéria não apareceu do nada, a matéria não gera matéria e do nada, nada se produz, tinha que ter alguma coisa antes e o ser humano deveria ter se curvado diante desse poder, diante dessa realidade e glorificado o nome de Deus. Não é que eles seriam salvos por isso, porque isso não poderia anular os seus pecados, mas seria a reação que Deus esperaria da humanidade.

Em segundo lugar elas deveriam ter dado graças a Deus. Veja como Paulo diz:

Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; ...

Deveriam ter dado graças a Deus, reconhecido que a saúde, o alimento, a vida, o sustento, as estações do ano, as colheitas, as chuvas, tudo isso vem desse Deus que cuida, que provê, que sustenta e que abre a sua mão generosamente para sustentar o ser humano que Ele criou. Mas não é isso que a humanidade fez. E o que que a humanidade fez? Paulo descreve começando ainda no final do verso 21 até o verso 23, mostrando um processo de abandono, de negação de Deus, que tem quatro etapas.

03 – AS ETAPAS NO PROCESSO DE NEGAÇÃO DE DEUS:

Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, ...

a) Em Primeiro Lugar a Mente: Eles se Tornaram Nulos em seus Próprios Raciocínios:

Em vez de glorificar a Deus e agradecer a Deus eles se tornaram nulos em seus próprios raciocínios. Esta é a primeira etapa do processo, a primeira fase do processo, que é quando a pessoa começa a raciocinar sem levar Deus em consideração. Não é que raciocinar é errado. Às vezes, cria-se uma antítese falsa entre razão e fé. Não é uma antítese real essa. Uma pessoa pode crer em Deus e usar muito bem a sua razão. Aliás, a razão foi dada ao homem para que ele pudesse ler a natureza, interpretar a natureza, compreender as coisas de Deus e ter uma noção da existência de Deus e da sua ação e atuação no mundo.

O problema não é raciocinar. Há muitos intelectuais cristãos que raciocinaram. Os que nos deram a ciência moderna muitos deles eram cristãos. Os primeiros cientistas que nos deram a ciência moderna, nos seus vários e diferentes ramos, em sua maioria eles eram crentes em Deus. Então, não existe incompatibilidade entre o raciocínio e a crença, entre a glorificação e a gratidão a Deus, o problema é quando você começa a raciocinar e você deixa Deus de fora. E aí você perde a referência, você começa a pensar que a razão, por si só, ela pode explicar o mundo, pode explicar a nossa origem, quem nós somos, por que que nós estamos aqui, para onde nós vamos e como é que o Universo funciona.

Mas fora do conhecimento de Deus não tem como achar respostas para estas grandes questões que a humanidade vem fazendo desde que ela se entende por humanidade. São as questões mais antigas que sempre acompanharam a raça humana. Os homens entronizaram a razão pensando que o raciocínio lógico, a análise racional das coisas, o método científico ou a razão pura poderia obter essas respostas e chegar finalmente as respostas destas questões, mas a realidade é que isso não aconteceu.

Paulo, provavelmente, ao dizer que eles se tornaram nulos nos seus raciocínios, quis dizer que eles não descobriram as respostas e muito menos quem é Deus e muito menos os levaram ao conhecimento ou chegar a esse Deus. A palavra “nulo”, aqui, significa inútil, ou seja, esses raciocínios não levaram a lugar nenhum. Paulo, provavelmente, está se referindo à filosofia da sua época, pois Paulo vivia no auge da filosofia grega. A Grécia é o berço da filosofia, dos filósofos, dos inquiridores, das grandes escolas de pensamento. Até hoje estudar filosofia começa com estudo da filosofia da antiguidade, da Grécia, como o berço do pensamento.

Paulo está aqui dizendo que os raciocínios humanos que deixam Deus para trás, eles não podem nos dar a resposta final para todas as coisas. Com isso ele não está sendo contra a razão, ele está sendo contra o racionalismo, que é você entronizar a razão como sendo a medida de todas as coisas. Alguns séculos atrás um movimento surgiu na Europa, chamado de Iluminismo e que tinha como objetivo exatamente dizer isso. O Iluminismo foi uma revolta contra a religião e contra o controle da Igreja sobre as universidades e sobre as decisões do povo. Então, no movimento Iluminista, o homem queria ser o seu próprio senhor, queria se libertar das teias da religião e da fé, e achava que pelo raciocínio alcançaria todas as respostas, mas isso não aconteceu.

Surge o racionalismo, surgiu o empirismo, surgem movimentos que tentam explicar o mundo, surgem filósofos como Regan com a dialética da história, como Max com a teoria social para explicar a história, como é que ela funciona e onde isso nos levou. Surge Darwin com o evolucionismo, que achava que o processo de seleção natural, alimentado por mutações randômicas e aleatórias e transmitidas à descendência, promovendo a sobrevivência do mais rápido, explicaria a origem da vida e a sua pluralidade. Hoje, a teoria de Darwin já vai para uma terceira revisão e há rumores de que vai ter uma quarta, porque depois que descobriram o DNA e a linguagem do DNA, não dá mais para explicar, não dá mais para sustentar que a inteligência e a informação contida no DNA surgiram por acaso. Não tem como, o acaso não gera informação inteligente. Aliás, todas as mutações elas provocam não avanço, mais mutilação. Então, já precisa mudar essa teoria. Todas estas teorias surgiram buscando respostas, mas até hoje ninguém tem as respostas. Continuam sem respostas. E a cada dia aparece uma teoria nova achando que tem as respostas. Paulo diz que todas eles se tornaram nulos nos seus próprios raciocínios. É assim que você começa rejeitando a Deus e abandona a Deus como referencial do seu pensamento.

b) Em Segundo lugar o Coração: Obscureceu-lhes o Coração Insensato:

Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato (Rm.21).

Segunda coisa, segunda etapa, chega ao o coração, pois por causa dessa insensatez de abandonar a Deus, o coração se tornou escuro. Nós não temos luz própria dentro de nós. Pensando fisicamente, a luz vem de fora e ela entra através dos nossos olhos que informa a mente do que é que está acontecendo, mas a luz vem de fora, se cessar a luz lá fora nós vamos entrar em trevas. Todo mundo sabe o que é ficar em um quarto escuro, de noite. Não tem luz e, portanto, você está na mais completa escuridão, está em trevas.

Jesus veio exatamente para resolver esta questão de trevas. O prenúncio de sua vinda diz:

O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz (Is 9.2).

E quando Jesus veio ele dizia:

De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida (Jo 8.12).

Agora aqui a figura é muito clara, uma vez que você rejeitou aquele que é a luz do mundo, uma vez que você rejeitou aquele que é a fonte de todo o conhecimento, o seu coração se escurece, o coração fica perdido, como quem está trancado em um labirinto escuro, não sabe quem é, de onde veio e nem para onde vai e não sabe a diferença do certo e do errado. Exatamente aquilo que Jesus disse:

São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! (Mt 6.22-23).

Que figura maravilhosa para descrever a situação do homem hoje. O seu coração está em trevas. O homem está perdido, ninguém mais sabe o que é certo, ninguém mais sabe o que é errado, pois para eles a verdade é relativa. Estão misturando tudo, estão acabando com todos os pilares e fundamentos da nossa civilização. O coração está em trevas, o homem não sabe para onde vai e ele não tem respostas, ele está perdido. E nesta situação o que lhe resta é o suicídio, o pragmatismo, o viver por prazer, o viver para as drogas, encher a cara de bebida, eleger algum deus a quem ele vai servir. Essa é a situação que muitos estão vivendo nos dias de hoje.

c) Com o Coração e a Mente Infectados Ocorre a Perda do Senso:

Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos (Rm 1.22).

O pior nessa terceira etapa é que a humanidade perdeu o senso de auto avaliação. Se inculcando por sábios tornaram-se loucos. Inculcar quer dizer se reputar, se considerar. Eles começaram a se considerar como sábios, acharam que agora eles estavam sendo inteligentes, porque abandonaram a Deus e estavam achando suas próprias respostas, estavam criando suas próprias teorias ou achando a solução para os grandes enigmas do mundo. Então, eles começaram a achar que eles eram sábios, mas Paulo disse que na verdade eles estavam se tornando loucos.

Uma pessoa pode ser intelectualmente muito capaz, ter PHD e tudo quanto é de título que tem por aí. Mas isso sem o conhecimento de Deus é loucura. Absolutamente loucura. Há várias pessoas com doutorado em faculdades de renome, mas completamente perdidos na vida pessoal, com casamento arrebentado, ex-mulher brigando, filhos totalmente desregrados. Tornam-se em até pessoas difíceis de se conviver, cheias de raiva, completamente incertas. Cheios de diploma na parede dizendo-se sábios, mas abandonaram a verdadeira sabedoria que é o conhecimento de Deus e tornaram em loucos. Paulo confirma esta verdade quando diz:

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são pensamentos vãos (1 Co 3.19-20).

A sabedoria do conhecimento de Deus é a verdadeira sabedoria. A sabedoria começa com o conhecimento de Deus, senão, caso contrário, ela vai se tornando cada vez mais em loucura. Começa na mente, desce para o coração e próximo passo é você já não enxergar mais a verdade sobre você. É quando você pensa que é sábio, quando na verdade você está sendo louco, você não consegue mais entender, você não se enxerga mais, não tem mais capacidade de diagnóstico da sua real situação.

d) Com a Perda do Senso a Consequência é Tornarem-se Idólatras:

E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm 1.23).

E que ironia é isso aí. Eles que rejeitaram ao Deus Criador, Senhor dos Céus e da Terra, mas não conseguem ficar sem deuses. O homem é religioso por definição, porque ele foi feito à imagem de Deus, a natureza dele clama para se prostrar diante de algum poder superior e ele não tem como fugir disso. O homem é religioso por definição. Se ele não vai adorar o verdadeiro Deus, ele vai criar algum deus para adorar. O homem sempre será encontrado diante do altar de algum deus, se não for do Deus verdadeiro será diante de um deus que ele inventou, mas todo homem é religioso, todo homem tem uma religião. Ateísmo é uma religião, agnosticismo é uma religião, não tem como escapar disso.

E no caso aqui essa religiosidade leva o homem à idolatria. Paulo diz: E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. O que Paulo Está se referindo é ao fato de que o mundo pagão era um mundo de idolatras, esse mesmo mundo que se achava sábio, que começou a raciocinar, usar um intelecto para descobrir a verdade, era um mundo mais idólatra que havia naquela época. A ironia disso aí é que os gregos, berço da filosofia, eram idólatras.

Paulo esteve em Atenas, capital da Grécia, capital intelectual do mundo da época, conhecida pelas suas escolas de filosofia, pelas suas bibliotecas. Lá viveram os grandes filósofos, era lá que eles discursavam. E Paulo chega em Atenas o que que ele vê em cada esquina? Um Altar a um deus. Ele não podia dar dois passos que não encontrasse um altar a algum Deus. Tinha até um altar ao Deus desconhecido.

Paulo diz que a idolatria que caracteriza aquele mundo é o resultado dessa etapa. Você rejeita o verdadeiro Deus e você vai acabar debaixo de um falso Deus, mas você não vai ficar sem um deus, quer seja o verdadeiro, quer seja o falso, porque você não pode escapar disso, pois isso é da natureza do homem, feito à imagem e semelhança de Deus. E Paulo acrescenta que o que ele diz aqui mostra a bobagem, a troca que eles fizeram. Eles trocaram a glória de Deus para adorar a criação. O Deus glorioso foi trocado pela sua criação caída. Trocaram a glória do Deus incorruptível para adorar homens, animais, bestas, aves e répteis corruptíveis, que quer dizer mortais, que se corrompem, que vão morrer e o corpo vai apodrecer.

Trocaram a glória de Deus pela imagem de uma imagem de uma imagem. Pensam nisso aqui. O homem é a imagem de Deus, e eles fizeram uma imagem do homem, que é uma semelhança da imagem de Deus que está no homem. São três passos aqui, são três imagens. Quando você deixa a realidade, você acaba adorando uma imagem da imagem da imagem.

E Paulo deixa claro que a gente não pode olhar para essas religiões politeístas como sendo expressão inocente de pessoas sinceras, que sente que tem um deus, mas não conhece a verdade. Creio que muita gente pensa isso. Também é muito popular isso de que as religiões, as outras religiões, elas são expressão da sinceridade do coração de pessoas que não conhecem a Deus e adoram quem eles acham que é deus. Mas não é assim que Paulo vê. Paulo vê as religiões idolátricas, politeístas, como sendo expressão da rebelião do coração contra o conhecimento de Deus. A natureza e a consciência dizem que Deus não é a árvore, não é o sol, não é a lua, não é uma estrela, não é o pau, não é o gesso, não é a pedra ou qualquer outra criatura. Portanto, idolatria é a rejeição do conhecimento de Deus. Não tem religião fruto da inocência à parte do conhecimento verdadeiro de Deus.

Paulo está se referindo as religiões da sua época. Quando ele disse que eles adoram homem a gente pensa no César. César era adorado como Deus. Pensa logo no Faraó, que era considerado filho dos Deuses lá no Egito. Aves logo vem à cabeça o pássaro íbis, que era adorado no Egito. Quadrupedes, o boi ápis, adorado no Egito. Répteis, o crocodilo do Nilo, que era considerado como um deus. A relação é grande dos animais que eram adorados, cultuados até ao dia de hoje, pois temos a vaca na Índia e em tantos outros lugares você vai encontrar adoração da criatura ao invés do Criador.

Quer saber de uma versão mais científica disso é o movimento ecologicamente correto, que olha para a terra como a mãe terra. A Terra é vista como um organismo divino e muitos fazem da defesa do meio ambiente, da ecologia, uma verdadeira religião, a ponto de se jogar na frente de navios, dos baleiros, em frente das usinas e fazer protestos e tudo mais. É uma religião adorar a terra. Não estou dizendo que a gente não deve lutar pelo meio ambiente. O cristão mais do que qualquer um deveria lutar pelo meio ambiente, porque esse é o planeta que Deus nos deu para viver. Mas as pessoas acham que a Terra é divina e adoram a terra. Essas pessoas são chamadas de panteístas, deus é tudo e tudo é deus.

E quando eles não estão diante dessa idolatria grossa, rudimentar, eles estão adorando outra coisa, o dinheiro por exemplo. O dinheiro é chamado na Bíblia de mamon, que é o nome de um deus. O dinheiro é um deus rival do Deus verdadeiro. Quem que você serve? Para quem você trabalha? O que lhe traz prazer? O que que você almeja mais na sua vida? Invariavelmente, o nome dinheiro acaba aparecendo nessas respostas. E se isso é verdade na sua vida, então, saiba que você está sendo um idólatra, pois o Apóstolo Paulo disse que a avareza é idolatria. Avareza é o apego ao dinheiro e ela é idolatria. O homem moderno é avaro, ele vive para o dinheiro, ele quer enriquecer, ele vive para isso. Não é que nós não precisamos trabalhar, economizar e ajudar outras pessoas, mas é diferente de você amar o dinheiro e correr atrás do dinheiro como sendo o deus da sua vida.

Sexo prazer também podem se tornar em idolatria. As pessoas fazem do prazer a razão da sua existência e elas vão de uma forma de prazer para outro. O que querem é se sentir bem, satisfazer aos seus desejos. O prazer se tornou grande deus, o grande ídolo da sociedade pós-moderna. E tantos outros poderiam ser colocados aqui como nossos ídolos. Nossos filhos podem virar nossos Ídolos, o marido, a esposa, o namorado, a namorada, quanta coisa que a gente pode colocar no lugar de Deus. A verdade é que sempre você vai ter alguém a quem você presta, a quem você entrega o seu coração, sempre vai ter alguém a quem você rende a sua mente e a sua alma. E o Apóstolo Paulo está dizendo que a humanidade fez isso adorando a criação, adorando a criatura e rejeitando o verdadeiro conhecimento de Deus.

O último passo que Paulo menciona nós vamos ver na próxima mensagem, que é a imoralidade, a corrupção final de todos os costumes que está do verso 24 até o verso 32. Mas vamos ficar por aqui hoje e terminar com algumas orientações práticas do que nós estudamos aqui.

CONCLUSÃO:

A primeira coisa que eu queria chamar sua atenção é que você pedisse a Deus para que Ele abrisse aos seus olhos, para que você veja o verdadeiro estado do seu coração. Isso aqui, embora Paulo tinha um mundo pagão em mente, é uma descrição do seu coração, é uma descrição do meu coração. Todos nós temos um ateu dentro de nós. Todo crente tem um ateu dentro dele, alguém que quer rejeitar o conhecimento de Deus, que quer ser autônomo, que quer seguir a sua própria vida, que quer adorar a quem ele deseja, adorar o deus que ele inventar, que foge da submissão a Deus. Isso está no meu coração e no seu coração e por isso nós não podemos, nem por um momento, baixar guarda. É você baixar a guarda que o ateu dentro de você se levanta e você tem que fazer o que? Você tem que calar a boca dele, fazer ele ficar quieto.

A gente passa boa parte do tempo cuidando das coisas legítimas da vida, mas a gente esquece da tendência do nosso coração que é fugir de Deus e rejeitar a Deus e seguir os seus próprios caminhos. Essa é a razão pela qual muita gente que frequenta a igreja não tem um comportamento de crente. Ela confessa a Deus com a boca, mas é um ateu na prática, vive como se Deus não existisse e este é o pior tipo de ateísmo, que é professar a Deus, mas negar a Deus pelas suas obras. Paulo menciona isso na segunda carta ao Timóteo, aqueles que professam a Deus, mas negam a Deus pelas suas obras, pelo seu comportamento, pela sua atitude.

Então, examine sua vida à luz disso. Essa palavra está sendo pregada, ensinada, para que você examine o seu coração e a sua vida. Talvez, seja preciso que você se quebrante diante de Deus, reconheça esse processo degenerativo no seu coração e na sua mente, identifique isso e diga: Deus eu quero uma mudança de paradigma, de mentalidade, de cosmovisão. Eu quero uma mudança da maneira como eu enxergo o mundo, salva-me de mim mesmo, porque se o Senhor me abandonar eu estou perdido, estarei como esses idólatras aqui.

Espero também que essa palavra nos ajude a deixar claro porque é que você precisa de Jesus Cristo. Por que que você precisa de perdão, por que que você precisa do poder do Espírito Santo. Esse processo degenerativo ele nos mutilou de tal maneira que o que nós precisamos não é de band-aid, nós precisamos não é de uma cirurgia, emenda aqui, emenda ali, nós precisamos de ressurreição, de transformação. Precisamos de uma mudança que só Deus pode fazer e Ele faz isso pelo Evangelho de Jesus Cristo.

Não há outro poder que possa impedir esse processo de degeneração mental e espiritual em você, que não seja o poder de Deus, mediante Jesus Cristo, para lhe dar uma mentalidade cristã, um olhar cristão para o mundo e você entender o mundo a partir de Deus e da verdade dele e se submeter a Deus. Não há outra esperança a não ser realmente no Evangelho e que hoje seja a ocasião em que você se curve diante do Senhor, Criador dos Céus e da Terra e diga: Deus, tem misericórdia de mim, pecador. Eu preciso da tua graça, da tua luz, estende a tua mão e me tira dessa situação em que eu vivo. Que Deus nos ajude, que Ele ouça a nossa oração e que Ele tenha misericórdia de nós e que no Evangelho do seu Filho nós encontremos plena paz, perdão, redenção e uma mudança de vida para vida eterna. Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:

Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Rev. Augustus Nicodemus. Mensagem da Série Romanos: A Origem da Idolatria. YouTube.

 

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