Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O PACTO E SEU CONCEITO: ANDAR COM DEUS

12  Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma,
13  para guardares os mandamentos do SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem (Dt 10.12-13)?
Introdução
Vamos descrever sobre o Pacto da Graça em alguns estudos. Neste primeiro momento vamos ver um pouco do conceito bíblico de pacto. Estudar o Pacto é conhecer a maior história de amor já contada, amor este revelado primeiramente a um casal em um maravilhoso jardim, amor este provado dramaticamente por um homem crucificado em uma cruz, em um pequeno monte, diante de uma multidão e amor este confirmado gloriosamente em um túmulo vazio, sendo assim proclamado ao mundo.
A história do Pacto está na Bíblia, por isso que, antes de entrar no assunto do Pacto é muito importante descrevermos algumas coisas sobre as Escrituras Sagradas. E quando falamos em salvação, estudar as Escrituras é de suma importância, porque sua narrativa nada mais é do que o sublime drama da redenção, a qual nos é revelada progressivamente até o seu grande final com a vitória do Cordeiro no livro de Apocalipse.
1 – A BÍBLIA E O PACTO
Qual o tema principal da Bíblia? Há muitas respostas para esta pergunta. Podemos citar o amor de Deus, a santidade, a salvação e etc. Porém, pensando em nosso tema, pensando em pacto, vamos analisar esta pergunta em três temas básicos: o Reino de Deus, o Pacto e o Mediador.
A – O Reino de Deus
Para definir o Reino de Deus precisamos pensar em alguns aspectos essenciais como: Rei, Trono, Domínio e Reinado. O Reino de Deus focaliza a pessoa do Soberano Rei, que é o Senhor Deus, e quem é Ele? Ele é aquele que criou todas as coisas, aquele que governa sobre toda a sua criação, aquele que sustém a sua criação, aquele que redime ao que foi corrompido, aquele que restaura ao que foi perdido, aquele que julga os homens, e aquele em quem tudo se consuma. É assim que a Bíblia apresenta Deus:
9  Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim;
10  que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade;
11  que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei (Is 46.9-11).
O ser humano é que equipara pessoas a Deus, mas a verdade é que ninguém deste mundo pode ser equiparado a Deus. Ninguém! E quem é rei tem um trono e o trono significa o centro a partir do qual o poder é exercido. Deus está assentado no Trono e dele governa todo o Universo. Ao seu comando segue as estrelas, o sol, a lua, o mar, o vento, a natureza e toda a humanidade. A Bíblia descreve a glória deste Trono:
2  Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;
3  e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.
4  Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.
5  Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.
6  Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.
7  O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando.
8  E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.
9  Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos,
10  os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando:
11  Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas (Ap 4.2-11).
Há um glorioso Trono no céu e alguém está assentado nele: Deus! O Reino também pressupõe um domínio e quem é rei tem um governo, que no caso de Deus abrange todo o Universo, o universo material e também o universo espiritual. Nada nem ninguém estão fora deste domínio, portanto, seja o fiel e seja o rebelde, seja o crente e seja o pagão, seja o justo e seja o ímpio, todos, independentemente de sua crença, estão sob o domínio do reinado de Deus. Faraó do Egito era um homem idólatra que não cria em Deus, mas isso não o impediu de estar sob o domínio de Deus, pois a Bíblia diz que Deus endureceu seu coração para que não deixasse o povo de Israel partir antes do acontecimento das dez pragas. Isso significa que Deus agiu na vida de Faraó mesmo contra a própria vontade de Faraó, e ele teve que se curvar ante a majestade de Deus, não para adorá-lo, mas para reconhecer que Ele Reina e Domina sobre todos. E isso acontecerá com todos, inclusive àqueles que não crêem, não acreditam, e não servem a Deus, pois a Bíblia diz:
11  Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus (Rm 14.11).
9  Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
10  para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,
11  e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.9-11).
E isso acontecerá independente da sua fé, independente da sua vontade ou de quem quer que seja, pois até mesmo aqueles que negaram e blasfemaram de Jesus nesta terra terão que se prostrar diante dele e reconhecer a Sua Soberania.
E este Rei, que está assentado no Trono e tem o domínio sobre todos tem um reinado e este reinado tem muitas particularidades que sobrepõe a qualquer reinado deste mundo. O reinado de Deus é eterno, ele nunca teve e nunca terá fim. Seu reinado é exercido com autoridade, pois Deus é irresistível, ninguém pode resistir a Ele, ninguém pode questioná-lo, ninguém pode enfrentá-lo, ninguém pode discutir com Ele, ninguém pode argumentar com Ele. A Bíblia diz:
13  Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou?
14  Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?
15  Eis que as nações são consideradas por ele como um pingo que cai de um balde e como um grão de pó na balança; as ilhas são como pó fino que se levanta (Is 40.13-15).
33  Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!
34  Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?
35  Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?
36  Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém (Rm 8.33-36)!
Quem? Ninguém! A eternidade do reinado de Deus lhe dá esta superioridade. Seu reinado é justo porque Ele é perfeito e porque Ele é perfeito Ele faz as coisas com perfeição e porque Ele faz tudo com perfeição Ele tem a autoridade de ser inquestionável. O sábio Salomão disse:
30  Não há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o SENHOR (Pv 21.30).
Não há! Não existe! Um fato que não podemos nos esquecer é que a humanidade está incluída no reinado deste Rei Eterno e Soberano. A humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus e ela está designada para servir e adorar ao Rei Criador. E por Deus ter o domínio de tudo em suas mãos, tudo o que vemos e tudo que acontece ao nosso derredor nada mais é do que a execução da vontade de Deus, independente de nós concordarmos ou não, de acharmos justo ou não, de acharmos certo ou não. Quem somos nós, súditos pequenos e miseráveis, limitados no tempo e no conhecimento para sugerirmos a Deus que as coisas que Ele fez e faz não está certo, não é o correto, não é o melhor, não é justo? Quem somos nós?
Somos tentados a pensar, como o filme “Fúria de Titãs” e tantos outros, que querem nos fazer pensar, que Deus precisa de nós, que Deus precisa de nossa adoração, que Deus precisa de nossas orações e que Ele pode ser manipulado. Mas Deus não pode ser manipulado por nada e nem por ninguém, e Ele também não necessita de coisa alguma. Por isso Ele tem toda a autoridade para realizar pactos com a natureza, com a humanidade e com todo o Universo, que nada são além de criação de Deus.
B – O Pacto
As criaturas que habitam no Reino de Deus relacionam-se com Ele por meio do Pacto. E o que é um pacto? Um pacto é um acordo, um trato, um compromisso feito entre um grupo de pessoas que regulamenta os direitos e os deveres de cada um. Em nosso caso a questão é o Pacto de Deus com a humanidade. Basicamente, um pacto são as diretrizes do relacionamento entre Deus e as suas criaturas. Como o homem decaído tem aversão a Deus, esse relacionamento é sempre iniciado por Deus através de um laço de amor. E este laço de amor é constituído de promessas, deveres, leis, bênçãos e maldições. As promessas de Deus representam um sinal e afirmam a fidelidade de Deus. É a segurança que temos do cumprimento da parte de Deus no acordo e vamos descrevê-las em um tópico mais a frente. Quantos aos nossos deveres, eles estão constituídos em leis, mandamentos, estatutos e regras para que os cumpramos, os quais determinam como deve ser nosso relacionamento com Deus. Nosso texto básico expressa isso muito bem:
12  Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma,
13  para guardares os mandamentos do SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem (Dt 10.12-13)?
E estes mandamentos e estatutos foram muito bem resumidos em apenas duas ordenanças:
36  Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
37  Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
38  Este é o grande e primeiro mandamento.
39  O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
40  Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22.36-40).
Este é um verdadeiro resumo dos termos do pacto de Deus com a humanidade, de forma que, se nós realmente o cumprirmos não quebraremos os termos do Pacto, porque quando quebramos a aliança com Deus, basicamente, ou transgredimos contra Deus ou transgredimos contra o nosso próximo. Outra forma de resumo pode ser encontrada nos primórdios da Lei:
26  Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição:
27  a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno;
28  a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes (Dt 11.26-28).
Apesar do Pacto de Deus ter como base o amor de Deus não significa que ele será amenizado, ou seja, fácil de ser cumprido, nem subjetivo, pois é para todos sem nenhuma exceção e nem que será tolerada qualquer violação de seus termos, ou seja, aquele jeitinho brasileiro de querer se livrar da mão da justiça. E não é isso que ouvimos por aí? Que Deus é amor e por isso não castiga ninguém? Mais uma vez temos a tentativa de equiparar Deus ao ser humano. Não é porque temos a incapacidade de disciplinar nossos filhos, quando estes erram, que Deus não vá fazê-lo com o rigor merecido às suas criaturas. Deus é amor sim, mas Ele também é perfeito e justo, e a Sua perfeição e a Sua justiça não podem permitir qualquer violação sem o devido castigo. Portanto, é a justiça de Deus, e não o Seu amor, que determina que os desobedientes vão para o inferno e os remidos pela justiça de Cristo vão para o céu. Portanto, o amor de Deus não lança ninguém no inferno, pois seu infinito amor providenciou o livramento, vai para lá quem se recusa e não aceita o livramento de Deus.
C – O Mediador
Por que um mediador? Qual o papel de um mediador? Ele está relacionado a santidade de Deus e a imperfeição do homem. Nunca podemos perder de vista esta situação humana: Sua incapacidade. Pelo fato do véu do Santo dos Santos (Único lugar em que havia comunicação direta com Deus através da intermediação sacerdotal) ter se rasgado de alto a baixo quando da morte de Cristo, abrindo o caminho para orarmos direto a Deus pela intermediação de Cristo, isso muitas vezes embaraça este sentimento de incapacidade humana e nos leva a nos ensoberbecermos diante de Deus nos achando ser alguma coisa diante dele. A santidade de Deus não permite que Ele trate as coisas diretamente com o ser humano, pois aconteceria conosco o que aconteceu com Nadabe e Abiú:
1  Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara.
2  Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR (Lv 10.1-2).
Por isso o mediador. E o povo de Israel entendeu isso, tanto que disseram a Moisés:
18  Todo o povo presenciou os trovões, e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante; e o povo, observando, se estremeceu e ficou de longe.
19  Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos (Ex 20.18,19).
O reino é a criação de Deus, o pacto administra o relacionamento entre Deus e suas criaturas no reino e o mediador é o agente que ministra o pacto aos homens. Os mediadores recebem mandatos e responsabilidades para que se tornem meios pelos quais Deus efetive as suas promessas a humanidade. É nesse sentido que devemos olhar para a mediação de Adão, Noé, Abraão, Moisés e os profetas, mediadores das bênçãos, das promessas e dos deveres da aliança com Deus. Hoje, nós temos Jesus Cristo, o Messias, como único, eterno e definitivo Mediador entre Deus e os homens.
5  Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,
6  o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos (1 Tm 2.5,6).
Um só mediador. Cristo conquistou isso com a sua morte lá na cruz e Ele não repassa este título a ninguém mais, nem mesmo aos santos da igreja católica, seja ele qual for, nem mesmo aos profetas do islamismo ou a qualquer outro. Em tudo o que descrevemos até aqui se baseia o tema principal da Bíblia. Agora que já definimos isso podemos passar para a fundamentação bíblica de pacto.
2 – PACTO: RELACIONAMENTO ESTABELECIDO
A Palavra Pacto ou Aliança na língua hebraica dá a ideia de um acordo entre duas partes iguais. Temos alguns exemplos de acordos na Bíblia:
10  Assim, deu Hirão a Salomão madeira de cedro e madeira de cipreste, segundo este queria.
11  Salomão deu a Hirão vinte mil coros de trigo, para sustento da sua casa, e vinte coros de azeite batido; e o fazia de ano em ano.
12  Deu o SENHOR sabedoria a Salomão, como lhe havia prometido. Havia paz entre Hirão e Salomão; e fizeram ambos entre si aliança (1 Rs 5.10-12).
14  Se eu, então, ainda viver, porventura, não usarás para comigo da bondade do SENHOR, para que não morra?
15  Nem tampouco cortarás jamais da minha casa a tua bondade; nem ainda quando o SENHOR desarraigar da terra todos os inimigos de Davi.
16  Assim, fez Jônatas aliança com a casa de Davi, dizendo: Vingue o SENHOR os inimigos de Davi (1 Sm 20.16).
Nesses acordos as partes assumem deveres e responsabilidades de uma para com a outra, por meio de um juramento. Naquela época, os pactos incluíam uma descrição do rei, dos benefícios que ele concederia ao pactuante, bem como as estipulações que o pactuante deveria obedecer para permanecer no pacto. Havia também maldições previstas caso uma das partes não cumprisse com a sua parte na aliança. Estes pactos da cultura do Oriente Médio que aconteciam na Antiguidade são um reflexo das renovações do Pacto que Deus estabeleceu com o seu povo na revelação progressiva do plano da redenção. Estas renovações nós vamos estudar em outra ocasião.
No caso do Pacto estabelecido por Deus temos que observar algumas peculiaridades. Primeiramente, o Pacto é soberano e unilateral, ou seja, não é um contrato de dois iguais, mas entre um Deus Todo-Poderoso e sua criatura decaída, entre um Deus Santo e o homem pecador. Consequentemente, o homem nada acrescenta ao Pacto, ou seja, Deus é quem estabelece as condições soberanamente, cabendo ao homem apenas de ser um recipiente das condições do Pacto, pois o Pacto é soberanamente instituído por Deus.
Outro aspecto é que, se o estabelecimento do Pacto é unilateral e soberano, por outro lado o Pacto é bilateral em sua resposta, ou seja, Deus não força o homem a aceitar os termos do Pacto e cumpri-los, nem tampouco responde pelo homem, mas convida-o a entrar no Pacto e a andar com Ele. O retorno para o homem depende da resposta dele ao Pacto, ou ele recebe as bênçãos do Pacto quando o aceita e o cumpra, ou ele recebe as maldições do Pacto quando o rejeita. Não há meio termo. Não há um aviso final para aderir ao Pacto, a oportunidade é nesta vida, enquanto estamos vivos, porque depois da morte vem apenas a sentença.
Por isso que temos que dar hoje a resposta a este Pacto. Quando Deus chamou a Abraão a sua resposta foi sair imediatamente do meio de seus parentes e partir para uma terra estranha conforme Deus solicitou; quando Deus chamou a Noé a sua resposta foi construir a arca e quando Deus estabeleceu a Lei sob a liderança de Moisés a resposta do povo foi aceitar as condições do Pacto:
3  Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos (Ex 24.3).
Eles concordaram, mas não cumpriram, e sabemos das consequências desta desobediência: nenhum deles entrou na terra prometida a não ser dois deles que se destacaram pela obediência. Hoje, o homem ouve as boas-novas do Evangelho, no qual Deus apresenta o sacrifício de Seu Filho, Jesus Cristo, como suficiente para cumprir as exigências de Deus na salvação do homem. Caso o homem venha a rejeitar a Cristo e não crer no Mediador da Nova Aliança, se ele morrer nesta condição, as maldições do Pacto será a única alternativa para ele, sendo esta alternativa a de perecer eternamente no inferno por rejeitar a salvação de Deus.
Outro aspecto importante do Pacto é a sua validade. Este aspecto recai somente sobre Deus, porque somente Ele é fiel para manter o Pacto sobre vigor, ou seja, a manutenção das condições do Pacto no decorrer das gerações é exclusivamente dele, porque somente Ele permanece absolutamente fiel, por isso que a infidelidade do homem não macula o Pacto. Hoje, muitos pensam que as exigências de Deus evoluíram como evoluiu o mundo, mas elas permanecem intactas. A Bíblia nos adverte:
7  Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.
Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.
Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam (Hb 13.7-9).
Deus nunca muda e a Sua Palavra também não. Ouvimos muito hoje que a Bíblia é coisa do passado, que o mundo mudou, que papel aceita tudo, que as coisas não são assim tão rígidas como pensamos, que Deus vai relevar no final e assim por diante. Ora, se é na Bíblia que encontramos os termos do Pacto, se o homem não tem participação nenhuma nos termos deste Pacto, desfigurar a Bíblia ou anulá-la nos dias atuais é desclassificar os termos do Pacto. E aí, como ficam os termos para nossos dias? Serão elaborados por homens? Nunca!
Lembremos que constituições de Igrejas e doutrinas não são termos do Pacto, apesar de que eles também devem estar fundamentados na Bíblia para terem valor e aceitação diante de Deus. Além do mais, dizer que os termos do Pacto caíram por terra é negar a Soberania de Deus, pois nele está fundamentada a permanência do Pacto nas gerações vindouras. Outro fator importante a ser lembrado é que a consumação do Pacto não é os nossos dias atuais, pois mesmo que estejamos vivendo um grande progresso na qualidade de vida, por outro lado, nunca vimos tantas pessoas atormentadas e sofrendo, e sabemos que na consumação do Pacto não haverá qualquer maldição e que Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima. Portanto, o Pacto continua em vigor e seus termos continuam inalterados.
Relacionamos o Pacto com andar com Deus porque entendemos ser esta a melhor maneira de compreender a ideia do Pacto, a ideia de um relacionamento motivado pelo amor de Deus para com a sua criação, para com o homem, fazendo-o viver novamente para a glória de Deus. Noé andava com Deus, Abraão andava com Deus e andar com Deus era a exigência principal dos estatutos de Deus à Israel, Seu povo e quando alguns homens se dispuseram a seguir a Jesus Ele deixou bem claro que seguir a Ele implicava em renúncia e devoção.
24  Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (Mt 16.24).
Esse é o espírito do Pacto. Esse relacionamento está sempre alicerçado na Palavra de Deus que assegura as suas condições com promessas, com bênçãos, mas também com maldições, caso o homem seja infiel. Embora todas as maldições advindas do pecado tenham sido removidas por Cristo na cruz, o princípio da obediência é eterno, e Deus jamais terá por inocente o culpado.
O último aspecto importante do Pacto são as promessas. Ela merece uma atenção muito especial porque elas são o alicerce do relacionamento estabelecido por Deus com o seu povo. Vamos estudá-las em nosso último tópico.
3 – AS PROMESSAS DO PACTO: UM ALICERCE INABALÁVEL
Relembrando o que vimos até aqui, Pacto é o relacionamento de amor entre Deus e o seu povo e entre as características singulares deste relacionamento é que o Pacto é de iniciativa exclusiva de Deus. Foi Deus quem decidiu criar e foi Deus quem decidiu relacionar-se com a sua criação. Não vemos em Gênesis o homem como um ser ignorante perguntando: Quem sou eu? De onde eu vim? O que estou fazendo neste lugar? Deus o criou e revelou-se a ele como seu Criador. Deus abençoou a Adão e Eva lá no Jardim do Éden estabelecendo assim um relacionamento com eles. Este relacionamento tem como base o amor de Deus e não a solidão do homem, pois foi movido pelo seu infinito amor que Deus estabelece este relacionamento com as suas criaturas desde o princípio.
O Pacto é um relacionamento alicerçado na promessa de Deus. Esta é a parte de Deus no Pacto: cumprir as Suas promessas! O não cumprimento de qualquer uma delas implicaria em anulação do Pacto, o que seria um desastre para o povo de Deus. Entende no que implica a luta de Satanás contra Deus? Ele não tem a pretensão de matar Deus, pois sabe que jamais poderá fazer isso, mas se ele conseguir colocar uma mancha em Deus, por menor que seja ela, terá manchado a reputação imaculada de Deus. Encontramos a primeira grande promessa feita por Deus logo após a Queda:
15  Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.15).
Esta promessa reflete todo o plano da redenção. Percebemos nela que um conflito foi estabelecido por Deus em que a humanidade foi dividida, de um lado estão os que amam a Deus e o serve, e do outro lado estão os que se rebelam contra Ele e serve a Satanás. O prometido descendente da mulher, que sabemos ser o Senhor Jesus Cristo, foi quem feriu a cabeça da serpente na cruz do Calvário:
13  E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;
14  tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz;
15  e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz (Cl 2.13-15).
Nesta vitória a serpente desferiu um ferimento no descendente em seu calcanhar, que significa um ferimento recuperável (o ferimento na cabeça não é recuperável), ferimento este que foi a cruz e a morte, a qual foi vencida no terceiro dia com a ressurreição. Entendeu a lógica desta promessa? Consegue vislumbrar ela com a morte de Cristo? O pacto da Redenção, estabelecido no dia em que o homem pecou e caiu de seu estado natural, foi motivado pela graça de Deus, pois o homem, na condição de pecado e miséria em que ficou precisava mais do que a bondade de Deus, ele precisava agora da justiça e da misericórdia de Deus.
O Pacto da Redenção foi progressivamente, no decorrer da História da Humanidade, sendo revelado à raça humana. Foi a promessa de redenção feita lá no Jardim do Éden que levou Deus a não destruir completamente a vida na terra por meio do dilúvio, depois que a maldade do homem se multiplicou na terra. Deus firmou um Pacto com Noé e seus filhos e os abençoou com a mesma bênção que havia dado a Adão e Eva, prometendo não mais destruir a terra pelo dilúvio.
E Deus continua revelando o Pacto da Redenção ao longo da História, agora, com Abraão, acrescentando uma nova promessa: a constituição do povo de Deus. A aliança com Noé preservava a vida na terra onde o Messias haveria de vencer a serpente, e a aliança com Abraão separava e preparava um povo para Deus, por meio do qual viria o Messias, o Descendente descrito lá em Gênesis:
Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência (Gn 17.7).
E mais uma vez Satanás tenta colocar Deus em cheque-mate tentando destruir a Israel, o povo de Deus, pois se ele conseguisse destruir este povo impossibilitava a Deus de cumprir a Sua promessa. Entende agora porque a nação de Israel é tão odiada e perseguida neste mundo? Entende porque esta nação não pode ser destruída? É a fidelidade de Deus que está em jogo, a nação é apenas um instrumento nesta luta de Satanás contra Deus.
Observe a finalidade do Pacto: Para ser o teu Deus e da tua descendência. Esta finalidade faz parte do Pacto desde o Éden, pois é para “ser o seu Deus” é que Deus redime e restaura o homem. E esta finalidade vai se repetir em todas as ampliações do Pacto da Redenção ao longo da História, sendo assim com o Pacto com Israel, com o Pacto com Davi e também com o Novo Pacto efetivado por Jesus Cristo, o Messias, mostrando que o grande desejo de Deus era estar sempre presente com o seu povo, relacionando-se assim com ele.
Esta ideia de relacionamento entre Deus e sua criatura está muito presente no Pacto. Quando um anjo anunciou o nome do filho de Maria, ele fez referência a Emanuel, que quer dizer Deus conosco. Quando o Senhor Jesus inicia seu ministério escolhe discípulos para estarem com Ele, e afirmou que na casa de Seu Pai há muitas moradas, e que era Seu propósito que onde quer que Ele estivesse, seus discípulos estivessem também com Ele. E quando Jesus estava para ser elevado às alturas, as suas últimas palavras foram:
20  ... E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mt 28.20).
Mas é no último capítulo da História humana, na consumação, no Novo Céu e na Nova Terra, que o Pacto da Redenção, inaugurado lá em Gênesis é consumado. João, ao ver toda aquela multidão procedente de toda raça, tribo, língua e nação, exclama:
3  Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.
4  E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram (Ap 21.3,4).
Podemos concluir que o coração do Pacto, segundo a Bíblia, é a restauração da comunhão entre Deus e os homens perdida lá no Jardim do Éden. Por isso que falar do Pacto é falar de um relacionamento iniciado por Deus, sustentado por Deus, e mantido eternamente por Deus e somente por Deus.
Conclusão
O Senhor Jesus é o Mediador da Nova Aliança, que é o relacionamento com Deus com base nas promessas de Deus. Muitos cristãos estão confundindo a vida no Pacto, que é um constante andar com Deus, com mera religiosidade. Quando Jesus convidou os discípulos para estarem com Ele, Jesus estava estabelecendo um relacionamento de vida com eles. O mesmo Ele pretende fazer hoje com você, pois quando Jesus nos convida para ir até Ele, não nos convida para entrarmos em uma denominação, mas nos convida para segui-lo.
A Bíblia fala da necessidade de obediência ao Evangelho de Deus em que estão os termos do Pacto. Muitas pessoas têm sido levadas a pensar que estão salvas pelo simples fato de um dia terem levantado as suas mãos em um culto, dizendo com isso aceitar a Jesus. Triste engano! Aceitar a Jesus é crer nele, na Sua Palavra, é mudar de vida, é nascer de novo, é andar e perseverar em andar com Deus. Que Deus nos abençoe e nos ajude a andar com Ele todos os dias de nossa vida para que tenhamos com o nosso Deus um relacionamento de vida! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Crista


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