Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

domingo, 25 de outubro de 2015

O PACTO E A ALIANÇA DO SINAI: O POVO DE DEUS E A LEI

1  No terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia desse mês, vieram ao deserto do Sinai.
2  Tendo partido de Refidim, vieram ao deserto do Sinai, no qual se acamparam; ali, pois, se acampou Israel em frente do monte.
3  Subiu Moisés a Deus, e do monte o SENHOR o chamou e lhe disse: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel:
4  Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim.
5  Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
6  vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.
7  Veio Moisés, chamou os anciãos do povo e expôs diante deles todas estas palavras que o SENHOR lhe havia ordenado.
8  Então, o povo respondeu à uma: Tudo o que o SENHOR falou faremos. E Moisés relatou ao SENHOR as palavras do povo (Êx 19.1-8).
Introdução
Vinte e cinco anos depois de Deus prometer a Abraão fazer dele uma grande nação nasce Isaque, filho de Abraão e Sara, os quais vêem o início do cumprimento da promessa. Deus continua a sua obra de redenção e, conforme prometeu, através das gerações, tem reconfirmado Suas promessas sendo o Deus de Isaque (filho de Abraão) e Jacó (neto de Abraão) como fora o Deus de Abraão. E conforme Deus preanunciou, os filhos de Jacó desceram ao Egito em busca de alimento, por causa de um período de muita fome, vindo seu pai, Jacó, morar definitivamente no Egito com toda a sua família. Com o passar dos anos, multiplicando-se os hebreus no Egito, tornaram-se escravos dos egípcios, pois os mesmos ficaram com medo de serem dominados no futuro pelo povo hebreu.
Os egípcios logo se esqueceram de José e se enriqueceram através da mão de obra escrava dos hebreus. Debaixo da mão opressora de Faraó, os filhos de Israel não significavam mais nada para o Egito, a não ser mão de obra barata para a opulência dos egípcios. Porém, não era assim para Deus, porque para Ele aqueles escravos eram, na verdade, herdeiros de uma terra em que manava leite e mel, ou seja, cheia de riquezas, cheia de cidades prontas para serem habitadas. Mas o que tinham os hebreus de especial para receber tamanho benefício? Com certeza nada! Eles apenas eram herdeiros de uma promessa feita por Deus ao pai Abraão quatro séculos antes.
Deus jamais se esquece de Suas promessas. Liberta o Seu povo da escravidão do Egito, mas não sem antes mostrar a Faraó e aos egípcios o Seu grande poder e autoridade. Deus envia dez pragas ao Egito e cobra dos egípcios por cada chibatada dada em seus herdeiros, por cada gota de suor do duro trabalho de seus herdeiros, por cada herdeiro Seu jogado no Nilo ao nascer, por cada dia de escravidão dos seus herdeiros, e por cada centavo ganho da exploração de seus herdeiros. Para completar a saída vitoriosa do Egito, o Mar Vermelho se abre e o povo hebreu atravessa aquele mar por terra. Vindo os egípcios atrás do povo, tentam também atravessar o mar aberto, mas Deus consume a Sua ira contra o Egito fazendo o mar se fechar sobre eles.
E o povo chega ao deserto para atravessá-lo e se dirigem para a posse da terra prometida. A grande questão é: Como transformar um bando de escravos em uma nação? Como nacionalizar um povo que durante gerações viveu em outra cultura, falando uma língua diferente, com costumes diferentes, com códigos de leis diferentes e religião diferente? Deus disse a Abraão: Anda na minha presença e se perfeito e ele o fez. A ordem de Deus a Abraão foi suficiente para fazê-lo andar com Deus, mas será que isso seria suficiente para tornar Israel uma nação que anda com Deus? Naturalmente que não! Para isso Deus amplia a revelação do Seu plano redentivo, dando ao povo de Israel uma “constituição de vida e fé”: A Lei do Senhor, por meio da qual Israel se tornaria uma nação e andaria na presença de Deus. Esse é o tema da nossa lição de hoje que muitas lições têm a nos ensinar. Vamos a elas.
01 – A INSTITUIÇÃO DA TEOCRACIA: A REVELAÇÃO DA LEI DE DEUS
O que é Teocracia? Teocracia (do grego Teo: Deus + cracia: governo) é um termo de origem grega que significa “governo divino”. Nesse sentido, definimos a teocracia como todo governo em que a religião orienta a formação do poder instituído. Na maioria dos casos, o chefe político é visto como um representante direto de alguma divindade ou chega a assumir a condição de divindade encarnada. O exemplo mais famoso desse tipo de governo aconteceu no Egito Antigo, quando o faraó era adorado como filho do deus Amon-Rá e reconhecido como a encarnação de Hórus, o deus-falcão.
Ao libertar o povo de Israel do Egito com Sua poderosa mão, Deus institui a teocracia em Israel. Mas no caso dos hebreus, a concepção de teocracia era tomada por outras características. Sendo uma civilização monoteísta, não admitiam que seus líderes políticos galgassem alguma condição de natureza divina, não permitia a adoração a qualquer rei ou a qualquer líder, seja político ou religioso. Nesse sentido, tais líderes tinham a importante função de intermediar a relação do povo com O SENHOR, único Deus adorado. A Lei passaria a ser o instrumento utilizado para este fim.
A – A entrega da Lei: Regras para o Relacionamento entre Deus e o Seu Povo
Moisés foi o grande libertador, preparado por Deus, para tirar o povo de Israel do Egito. Quando finalmente o povo foi libertado, dirigiram-se até o deserto e acamparam-se ao pé do monte Sinai por algum tempo. Deus fez ali um Pacto com Seu povo, tendo Moisés como mediador, o qual subiu ao monte e recebeu, diretamente de Deus, os Dez Mandamentos, que é uma súmula de toda a vontade de Deus para o homem. Todo o relacionamento entre Deus e Seu povo é descrito nestes mandamentos: Não terás outros deuses diante de mim; não farás para ti imagem de escultura; não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão; lembra-te do dia de sábado; Honra teu pai e tua mãe; Não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho contra o seu próximo; e não cobiçarás.
Dentre muitos objetivos da Lei, consolidar o relacionamento do povo de Israel com o Seu Deus era um dos fundamentais. Deus governava o povo através de intermediadores, que após a posse da terra prometida foram chamados de juízes, e para um Deus Santo como O Senhor é extremamente necessário que quem se relaciona com Ele também se santifique. Tudo isso foi suprido com a Lei. Ela trouxe os parâmetros necessários para conduzir o relacionamento do povo com Deus e rege todos os princípios imprescindíveis para uma vida de santidade perante Deus.
B – A Lei como Fator de Unidade do Povo
A Lei, além de oferecer diretrizes para o relacionamento do povo com Deus, tinha a finalidade de manter o povo unido. A nação de Israel, embora dividida em doze tribos que conquistaram e ocuparam diferentes regiões na Palestina, mantinham-se unidos em torno do amor a Deus e da vida no Pacto através da obediência à Lei. Eles amavam a Lei e esta consideração pela Lei os mantinha unidos. O salmista expressa isso muito bem quando diz:
A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.
Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos.
9  O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos.
10  São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.
11  Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa (Sl 19.7-11).
O verdadeiro israelita amava a Deus de todo o seu coração e expressava este amor quando obedecia aos mandamentos divinos. Havia união no povo quando este andava nos caminhos de Deus e obedecia a Lei de Deus.
C – A Obediência à Lei como Condição de Posse de Deus
Deus sempre lembra o povo de Israel que foi a Sua mão poderosa que os libertou da escravidão do Egito, que os tirou da terra do Egito e os conduziu pelo deserto até a terra prometida. Esta grande façanha, de um Deus único, dava a Deus toda autoridade de posse do povo de Israel. Mas na verdade, para a efetivação desta posse, havia uma condição imprescindível: Obedecer a Lei. Somente na obediência eles poderiam se considerar posse de Deus:
5  Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
6  vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.
A posse não estava ligada ao sangue, ao fato de se ser filho legítimo da descendência de Abraão, mas à obediência à Lei. Além dos Dez Mandamentos vários outros preceitos foram concedidos a Israel, tudo para que a vida em Israel fosse divinamente orientada pela Lei. Estes preceitos orientavam o povo sobre: O casamento, a família, o governo, o culto, os sacrifícios e ofertas, o tabernáculo, o templo, as relações sociais e comerciais, a saúde e higiene do acampamento, e etc. Você encontra tudo isso em Êxodo nos capítulos 21 a 23. Leia! Em síntese, todo o sistema de vida da nação era regido pela Lei do Senhor. O resultado disso foi uma teocracia, ou seja, o povo era governado por Deus. Permaneceu assim até o dia em que o povo pediu um rei. Por causa disso que Deus falou para Samuel as seguintes palavras quando o povo pediu um rei:
4  Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá,
5  e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações.
6  Porém esta palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos governe. Então, Samuel orou ao SENHOR.
7  Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele (1 Sm 8.4-7).
Parece que eles se cansaram de serem governados por Deus. Eles jamais encontraram um rei tão justo como o Senhor para governá-los. Recusaram o governo de quem sempre lhes demonstrou misericórdia para caírem nas mãos implacáveis dos homens.
02 – PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES DO HOMEM PERANTE A LEI
No Pacto com Adão havia direitos e deveres. No Pacto com Noé e com Abraão também havia direitos e deveres. O mesmo acontece com o Pacto no Sinai. Paulo cita os privilégios dos israelitas em Romanos:
4  São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas;
5  deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém (Rm9.4-5)!
Israel tinha o privilégio de ser o povo escolhido de Deus, mas todo privilégio tem também responsabilidades. Israel, por ser o povo de Deus, deveria ser exemplo para as demais nações, eles foram constituídos como “luz para as nações”. Deus falaria aos outros povos por intermédio deles. E em que eles deveriam ser modelos?
A – A Responsabilidade de Adorar ao Único Deus Vivo e Verdadeiro
2  Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus (Êx 20.2-5).
Deus sempre foi enfático, desde o começo, quanto a questão da idolatria. Deus abomina a idolatria, portanto, jamais a toleraria entre Seu povo. E a razão é simples: Foi Deus quem sempre fez tudo por aquele povo. Deus humilhou os deuses do Egito quando enviou a dez pragas e nenhum deus deles puderam fazer qualquer coisa para livrá-los. Deus mostrou ao povo hebreu Seu tremendo poder ao sustentar, por 40 anos, toda aquela multidão no deserto. Jamais na História da humanidade se viu tal coisa. Deus humilhou os deuses cananeus quando, cidade por cidade foi sendo conquistada por Israel, não mediante o poderio militar de Israel, mas mediante a mão poderosa do Senhor dos exércitos. Nenhum deus cananeu pode fazer qualquer coisa para deter Israel. Estes méritos são de Deus! Acha que Ele permitiria que alguém tomasse o seu lugar? Por isso que Ele diz:
8  Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura (Is 42.8).
Jamais Deus tolerará que alguém glorifique a outrem pelas obras que Ele realizou. Jamais o Senhor Jesus salvará àquele que intercede à outra pessoa que não seja Ele, pois somente Jesus conquistou o direito de ser o mediador entre Deus e os homens. Deus exigia do povo um zelo completo pelo Seu Nome. E o zelo por Deus deveria ser tal que não se deveria tomar o nome dele em vão:
Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
Deus é único! Nenhum outro Deus provou para a humanidade a sua existência e o seu poder. Realmente eles são aqueles que têm boca, mas não falam, têm ouvidos, mas não ouvem, têm mãos, mas nada podem fazer. Deus é espírito, Ele não tem boca, não tem ouvidos e não tem mãos, mas quando Ele fala ninguém pode resistir, quando Ele ouve ninguém pode deter as suas mãos para responder. Só Ele é digno de todo louvor.
B – A Responsabilidade de Ter uma Vida Santa e Obediente aos Preceitos da Lei
Deus detesta o pecado e a desobediência, portanto, o povo de Deus deveria ser um povo santo e obediente. A santidade permeava todas as dimensões da vida em Israel. Santidade era a essência da felicidade de Israel. Israel não era feliz somente por ser o povo escolhido de Deus, pois mesmo sendo o povo escolhido viveram grandes períodos de amarguras, mas Israel era feliz quando se santificava ao Seu Deus. Este era o zelo de Deus: Preservar a santidade de Seu povo:
5  ... porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem
6  e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos (Êx 20.5,6).
Esta era a vontade de Deus para o seu povo: Santidade! E a Lei veio para trazer ao povo detalhada orientação em como viver em santidade. Depois dela, o povo não poderia se justificar por ignorância. A Lei era clara e objetiva quanto ao que se devia fazer para agradar a Deus e se santificar a Ele:
3  Não terás outros deuses diante de mim.
4  Não farás para ti imagem de escultura...
7  Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão..
8  Lembra-te do dia de sábado, para o santificar...
12  Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.
13  Não matarás.
14  Não adulterarás.
15  Não furtarás.
16  Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
17  Não cobiçarás a casa do teu próximo...(Êx 20.3,4,7,8,12-17).
A obediência a estes preceitos tornaria o povo santo e privilegiado e eles se tornariam em um reino de mediadores do Pacto:
5  Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.
Israel tinha o direito de ser um reino de mediadores do Pacto, era um privilégio imensurável, mas para isso eles tinham que cumprir com os deveres de obediência à Lei do Seu Deus, Lei que eles receberam do próprio Deus no monte Sinai com demonstrações da glória e majestade de Deus que deixou o povo aterrorizado mediante tamanha grandeza.
C – O Direito de Ter a Lei mais Justa da Terra
Deus odeia a injustiça, portanto, a justiça deveria permear aquela nação. E a justiça era o alicerce do sistema social daquela nação. Observem alguns desses preceitos que regulamentavam a vida em comunidade:
Todo cidadão tinha direito à vida (Não matarás);
Todo cidadão tinha sua propriedade respeitada e protegida (Não furtarás);
O matrimônio era para ser mantido inviolável (Não adulterarás);
A nação descansava um dia da semana (Lembra-te do dia de sábado);
Todo trabalhador receberia do fruto do seu trabalho:
15  No seu dia, lhe darás o seu salário, antes do pôr-do-sol, porquanto é pobre, e disso depende a sua vida; para que não clame contra ti ao SENHOR, e haja em ti pecado (Dt 24.15).
Não haveria em Israel qualquer tipo de exploração sobre os pobres, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros:
21  Não afligirás o forasteiro, nem o oprimirás; pois forasteiros fostes na terra do Egito.
22  A nenhuma viúva nem órfão afligireis (Êx 22.21,22).
Qual povo tinha uma lei tão justa assim? Não somente os ricos, mas todo o cidadão tinha o direito à justiça. E quanto à aplicação da Lei, a pena deveria ser equivalente à falta, nem maior e nem menor e deveria ser aplicada a todos, sem distinção:
17  Quem matar alguém será morto.
18  Mas quem matar um animal o restituirá: igual por igual.
19  Se alguém causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito:
20  fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará.
21  Quem matar um animal restituirá outro; quem matar um homem será morto.
22  Uma e a mesma lei havereis, tanto para o estrangeiro como para o natural; pois eu sou o SENHOR, vosso Deus (Lv 24.17-22).
Outra questão que refletia a justiça àquela nação era a justa distribuição da riqueza, como base do sistema econômico da nação. A fundamentação deste sistema econômico se baseava na questão do povo sair da escravidão do Egito e receber, de graça, uma terra com cidades fortificadas e suas plantações. Em face disso, a pobreza era inaceitável. E mesmo as grandes crises econômicas deveriam ser amenizadas no ano do jubileu, quando as propriedades compradas eram devolvidas aos seus donos e as pessoas libertas da servidão.
10  Santificareis o ano qüinquagésimo e proclamareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família (Lv 25.10).
A nação de Israel nasceu do relacionamento estabelecido entre o Senhor e os filhos de Jacó. Toda a sua existência estaria para sempre alicerçada nesse relacionamento. Amar a Deus era equivalente a uma vida abundante e próspera, tornando isso um resumo de toda a Lei:
Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força (Dt 6.5).
E este amor deveria ser estendido ao próximo:
18  Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR (Lv 19.18).
A espiritualidade e a santidade da nação estavam inseparavelmente associadas ao amor a Deus a ao próximo. Qual outra nação ensinava tal coisa? Qual nação enfatizava tanto o amor? Qual nação havia lei tão justa quanto a Lei de Deus? Hoje, a nação que destituir suas leis e constituição, e instituir a Lei de Deus em seu lugar, seria a nação mais feliz e mais justa da terra. Duvida disso? Leia a Lei e entenderás! Limite-se a Êxodo capítulos 21 a 23 e já terás uma noção.
Entre os privilégios concedidos a Israel estava o de ser povo guardião das Sagradas Escrituras. Além disso, os israelitas eram o único povo da terra a ter acesso direto à presença de Deus, simbolizada pela Arca do Testemunho. Israel, como uma monarquia teocrática, era a nação agente usada por Deus para comunicar a todos os povos da terra o plano redentivo de Deus. Atrair as nações para a Aliança era o propósito divino para Israel. O salmista vai nos dizer isso:
1  Seja Deus gracioso para conosco, e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o rosto;
para que se conheça na terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação (Sl 67.1,2).
Deus os havia engrandecido o suficiente para não serem ignorados pelas nações vizinhas. Se havia uma nação no mundo que tinha motivos para ser feliz, essa nação era Israel. Não somente pela presença da justiça em todos os seus relacionamentos, mas principalmente pela parceria com Deus, por meio do Pacto renovado no monte Sinai.
03 – A LEI E O PLANO DA REDENÇÃO
Nesta lição vemos Deus realizando mais uma fase de Seu plano redentivo, agora, com o Pacto da Lei. Portanto, Israel deixa agora de viver debaixo do Pacto da Promessa para viver debaixo do Pacto da Lei. Será que esta troca trouxe prejuízos para a nação? Parece que o primeiro era mais vantajoso que o segundo. O Pacto com Abraão era constituído de promessas, mas havia também os deveres, que era a pronta obediência a Deus.
Acontece que o Pacto com Abraão exigia obediência, mas não definia os meios para se chegar até ela. O Pacto da Lei veio para reger esta obediência a Deus; ele trouxe parâmetros à obediência. Agora, com a Lei, o povo sabia o que tinha que fazer e o que não podia fazer para agradar a Deus e santificar a sua vida. E considerando que a promessa a Abraão não foi anulada, o Pacto da Lei veio complementar o Pacto com Abraão, pois sem a promessa a Lei jamais teria sido dada.
A Lei se tornou para os filhos de Abraão a maneira de viver como nação santa e sacerdócio real diante dos povos gentios. A Lei, por si só, não era o Pacto e nem era o elo entre Deus e o Seu povo. Mas, agora, seria ela que regeria a vida dos que viveriam no Pacto, dos que haviam sido declarados santos. E quem é declarado santo deverá viver como santo de acordo com o padrão estabelecido pela Lei. A promessa de que Deus seria o Deus de Abraão e de seus filhos precisava ser confirmada com os israelitas. Para isso eles guardariam a Aliança com Abraão obedecendo a Lei do Senhor. Paulo confirma isso tudo quando diz:
17  E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa.
18  Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão (Gl 3.17-18).
A Lei desempenhou vários papéis até chegar o Pacto da Graça. É quando veio a graça que começamos a deslumbrar o papel da Lei no plano de Redenção de Deus. Vamos a eles:
A – A Revelação do Pecado Através da Lei
7  Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás (Rm 7.7).
Ensinar a respeito do pecado era uma das funções da Lei. Ela era o professor oficial do pecado. A palavra final sobre concepção de pecado. Ela esclareceu de forma lúcida o pecado. Em consequência disso, a Lei também desempenha o papel de juiz daquele que a transgride. Paulo diz:
10  E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte (Rm 7.10).
Por quê? Porque a Lei despertou o pecado. Ela aponta nossos erros, nossos pecados, nossa desobediência. Quando Paulo viu que todos aqueles preceitos de vida evidenciavam o pecado e mostravam toda a miséria do homem e sua incapacidade diante dela foi que ele chegou a esta conclusão de morte. Por isso que, na redenção, ele vai desclassificar a Lei e enaltecer a graça. Ele consuma isso quando diz:
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9  não de obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9).
28  Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (Rm 3.28).
11  E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé (Gl 3.11).
A Lei apenas aponta o erro, mas não o corrige, não restaura, não redime, não justifica, não regenera, não transforma, não limpa, não perdoa. A Lei é implacável!
B – A Lei é a Testemunha do Relacionamento Entre Deus e o Seu Povo
A Lei tornou-se guardiã da integridade do relacionamento entre o povo e o Senhor. Era a Lei que revelava o que causava o prazer do Senhor, a obediência do povo a ela, mas também era a Lei a causa de Sua indignação, quando o povo se esquecia dela e desobedecia. Ela deveria ser ensinada com persistência às gerações:
18  Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos.
19  Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-vos.
20  Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas (Dt 30.18-20)
E para que? Para que o povo se relacionasse corretamente com Deus e fosse por Ele abençoado.
21  para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a vossos pais, e sejam tão numerosos como os dias do céu acima da terra.
22  Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os guardardes, amando o SENHOR, vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes,
23  o SENHOR desapossará todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.
24  Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, desde o deserto, desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será vosso.
25  Ninguém vos poderá resistir; o SENHOR, vosso Deus, porá sobre toda terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito (Dt 30.21-25).
Ou, caso desobedecessem, fossem por Ele advertidos:
26  Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição:
27  a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno;
28  a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes (Dt 11.26-28).
Dessa forma, a Lei era como uma escritura de usufruto da terra prometida. Deus nunca os desterraria enquanto fossem fiéis ao Pacto:
16  se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o SENHOR, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o SENHOR, teu Deus, te abençoará na terra à qual passas para possuí-la.
17  Porém, se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido, e te inclinares a outros deuses, e os servires,
18  então, hoje, te declaro que, certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais, passando o Jordão, para a possuíres (Dt 30.16-18).
E a testemunha disso era a Lei. Era através dela que o povo era inocentado ou culpado diante de Deus. Era através dela que o povo era abençoado ou amaldiçoado por Deus. A resposta de Deus ao povo seria em consequência da resposta do povo à Lei de Deus.
C – A Lei serviu de ponte até Cristo
23  Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.
24  De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25  Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio (Gl 3.23-25).
A Lei nos conduziu até Cristo. Como um professor, ela nos guiou até Cristo, ela nos guiou até que a promessa de Abraão se cumprisse plenamente em Cristo.
16  Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo (Gl 3.16).
Cristo é a consumação da Lei. Ele cumpriu a Lei, sendo circuncidado ao oitavo dia. Ele era o Cordeiro de Deus sem nenhum defeito, conforme a Lei exigia, para sacrificar-se pelos eleitos de Deus. Deus aceitou a justiça de Cristo e por ela nós somos justificados diante de Deus. Não estamos mais debaixo do poder da Lei, mas da graça. Não que a Lei tenha perdido o seu valor, mas a obediência à Lei sem fé na promessa de Deus nos transforma em meros legalistas. É por isso que a letra mata e o espírito vivifica. Ao nos revelar o pecado e a condenação do pecador, a Lei nos empurra para a fé na graça e na justiça de Jesus Cristo. É nesse sentido que ela é o nosso aio. Ela nos guia a confiar tão somente em Cristo para a nossa salvação.
Conclusão
E quanto a nós hoje, será que temos alguma coisa a ver com a Lei? Será que estamos livres de qualquer relacionamento com Ela? Claro que não! Os Dez Mandamentos são confirmados no Novo Testamento. Os filhos que honram aos seus pais, conforme o quinto mandamento, continuam sendo enriquecidos com toda sorte de bênçãos. A guarda do sábado é ampliada no ensinamento de Jesus sobre adoração, pois ela não deveria acontecer apenas em um dia da semana, mas sim em todos os dias da semana.
Embora o Senhor Jesus Cristo tenha abolido todo o cerimonial do culto judaico, o Decálogo, que são os Dez Mandamentos, jamais foram abolidos e sempre serão uma fonte de bênçãos para o crente da Nova Aliança, na medida em que o orienta a andar nas boas obras que Deus, de antemão, preparou para que andasse nelas. Que Deus nos abençoe a andar com obediência em Seu santo Caminho! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.
Revista Palavra Viva: O Pacto da Graça. Editora Cultura Crista


Nenhum comentário:

Postar um comentário